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Nesta pesquisa, procuramos identificar a construção do desporto na vida dos atletas, em que momento se deu o acesso ao desporto, como a Educação Física contribuiu para o sucesso desportivo e qual a relação entre suas histórias e o esporte.

Para a investigação proposta, consideramos como adequado o método análise de conteúdo dos estudos de Bardin (2002), conforme a análise de Trivinos (1997) que considera precisamente importante o referido método no campo da pesquisa qualitativa.

Bardin (2002, p. 42) define a análise de conteúdo como,

um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

A análise de conteúdo é uma metodologia de análise de textos, que incide sobre várias mensagens, dentre estas a entrevista, como aqui ocorre. A pesquisadora objetiva construir um conhecimento através da disposição e dos termos utilizados pelos locutores, no caso, os atletas.

A comunicação é caracterizada como o intercâmbio entre os sujeitos, conforme Bardin (2002, p.32) “qualquer comunicação, isto é, qualquer transporte de significações de um emissor para um receptor controlado ou não por este, deveria poder se escrito, decifrado pelas técnicas de análise de conteúdo” e a mensagem consiste no objeto da comunicação.

Portanto utilizaremos da análise de conteúdo no tratamento das mensagens e revelando pontos interessantes a respeito da vida dos atletas.

Para a concretização do caminho metodológico, Bardin (2002) aponta três etapas consideradas como básicas para a elaboração do trabalho com a análise de conteúdo: a pré- análise, a descrição analítica e a interpretação inferencial.

A pré-análise constitui-se basicamente na organização do material. Em nosso caso queremos realizar um estudo sobre a construção do desporto adaptado em atletas paraolímpicos medalhistas de ouro em Atenas 2004. O objetivo geral consolidou-se mediante a idealização das

questões que foram construídas no início e aperfeiçoadas no decorrer da construção do trabalho. “Embora o pesquisador possa mudar a direção e modificar as questões de acordo com o andamento do trabalho, o total abandono das questões originais é menos provável”, descrevem Thomas e Nelson (2007, p.299).

Por isso, optamos pela apresentação de questões baseando-nos nos estudos de Thomas e Nelson (2007, p. 299, grifo dos autores) que nos afirmam que,

“Houve tempo em que era comum, entre os que faziam pesquisa qualitativa, não apresentar nem hipóteses nem questões. Nos últimos anos, tem se tornado mais usual o estabelecimento de questões que serão o foco do estudo”. São questões, que segundo estes autores, fornecem grande quantidade de informações sobre o direcionamento do foco da pesquisa.

Mediante tais orientações, propusemos as seguintes questões: 1. Como se deu a trajetória dos atletas no segmento escolar?

2. Houve influência das aulas de Educação Física Escolar no sucesso dos atletas? 3. De que forma se deu o envolvimento do atleta com o desporto adaptado? 4. Qual foi o engajamento do trabalho na mídia?

5. Que papel exerceu o apoio familiar na construção do desporto adaptado do atleta?

6. Qual a influência que o apoio financeiro exerceu quando o atleta conquistou uma medalha de ouro?

7. Com o sucesso conquistado, o atleta pensa em algum projeto social que envolva a pessoa em condição de deficiência?

Neste caso, a técnica utilizada foi a entrevista semi-estruturada, obtendo-se um material a ser estudado pela análise de conteúdo o qual consistiu nas respostas coletadas dos atletas às entrevistas semi-estruturadas. Mas a pesquisa não se desenvolve somente baseada nesses aspectos, é preciso a realização da chamada leitura flutuante (primeiras leituras de contato com o texto) proposta por Bardin (2002) que permitiu a pesquisadora formular o objetivo geral da pesquisa, as hipóteses mais amplas e delimitar o campo no qual deva prender a sua atenção.

Bardin (2002, p. 34) apresenta como a segunda etapa para a análise de conteúdo a descrição analítica que “funciona segundo procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”.

A descrição analítica já se inicia na pré-análise objetivando submeter a um estudo aprofundado o material de documentos que inicialmente fora orientado pelas questões e referenciais teóricos. Este estudo se baseia nos procedimentos de codificação, classificação e categorização. Após toda esta análise realizada brotaram as apresentações das respostas que, neste caso, foram os pontos de vista dos atletas sobre as questões abordadas durante a realização das entrevistas semi-estruturadas. Mas durante a realização da análise descritiva observada nos recortes das entrevistas, não se restringiu somente nesse plano geral e análogo de opiniões, ela avançou no interior das mensagens captadas “na busca de sínteses coincidentes e divergentes de idéias, ou na expressão de concepções ‘neutras’, isto é, que não estejam especificamente unidas a alguma teoria”. (TRIVINOS, 1987, p. 161-162).

A terceira etapa, apresentada como fase de interpretação referencial, apoiada nas mensagens desde a etapa da pré-análise, ampliou-se. Neste momento foram realizadas as reflexões apoiadas nos embasamentos teóricos, estabelecendo-se relações, a entender:

CATEGORIAS:

I. A trajetória dos atletas no segmento escolar;

II. A participação dos atletas nas aulas de Educação Física Escolar; III. O envolvimento com o desporto adaptado;

IV. O olhar da mídia; V. O apoio familiar;

VI.A importância do apoio financeiro;

VII. As possíveis contribuições para com o desporto adaptado.

Para a interação dos materiais, Trivinos (1987) esclarece que, para que a pesquisa seja interessante, se faz necessário que o pesquisador vá além de sua análise no conteúdo manifesto dos documentos. “Ele deve aprofundar sua análise tratando de desvendar o conteúdo

latente que eles possuem”, explica Trivinos (1987, p. 162, grifo do autor). Entendemos desta

forma que se restringirmos as análises somente baseadas nos conteúdos apresentados pelas respostas das entrevistas, haverá somente denúncias da realidade sob a ótica dos atletas em relação a sociedade, o que poderá gerar uma visão estática da situação, ao passo que se formos

analisar abrindo, sem excluir os dados, mas desvelando as tendências e o que há por trás das falas dos atletas, o conteúdo obtido passará a ser dinâmico.

Capítulo VII

7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

O presente estudo pressupõe um importante processo da coleta de dados, que considerou a participação dos atletas nas entrevistas como um dos principais elementos para a construção teórica e científica deste trabalho. As respostas obtidas através dos relatos constituíram a fonte primária e essencial na elaboração da pesquisa.

As mensagens transportadas em histórias da vida dos atletas, através das entrevistas semi-estruturadas, foram realizadas com o intuito de que,

possam representar uma determinada coletividade, e que possam ainda, a partir do método proposto, transformar as linguagens manifestadas pelos entrevistados, ingênuos em relação à pesquisa, mas conhecedores de seu ambiente, em linguagem acadêmica e que confrontem e dialoguem com as teorias que compões a proposta deste estudo. (MONTAGNER, 1999, p.73).

Para que possamos entender nossos atletas, apresentamos abaixo o histórico da deficiência de cada um deles através de recortes de seus relatos durante a realização das entrevistas:

Histórico da deficiência

Atleta Deficiência Idade Histórico

A1 DV 29 anos

Na verdade eu nasci com a visão normal, tive uma doença chamada, com três anos de idade, dois anos e onze meses, chamada princípio glorioso ou corpo selvagem que são bolhas escuras e, ao mesmo tempo secas, e elas estouram e ficam em carne viva. Essas bolhas andam o corpo inteiro em função de duas coisas, primeira coisa a própria doença mesmo, ela é meio selvagem mesmo, meio que atropela tudo, e diagnóstico errado que a médica pensô que fosse catapora aplicô a injeção e saíram bem mais é, é ...bolhas.

A2 DV 33 anos

É, eu perdi a minha visão aos 16 anos, foi um acidente com arma de fogo. É isso aí.

A3 DV 28 anos

Eu fiquei deficiente aos 7 anos de idade devido a um glaucoma que atacou nesta época, e por um erro de cirurgia, alguma coisa mau controlada, eu perdi a visão totalmente. Eu nasci enxergando um pouco.

A4 DV 37 anos

É, ela foi adquirida. A causa do meu problema visual foi retinoblastoma, é um tumorzinho no olho e de um passou para o outro. Mas eu perdi totalmente mesmo a visão do olho quando eu tinha quase 5 anos. Foi detectado nessa época mesmo, eu tive um problema num dos olhos com uns 4 anos, e no outro tive o mesmo problema com quase 5 anos.

A5 DV 27 anos

Ah, eu nasci com glaucoma congênito.

A6 DV 30 anos

Eu nasci cego, depois de quatro cirurgias voltei a enxergar, é, parcialmente. Logo depois por um problema de um deslocamento de retina que não existe explicação médica. Perdi a visão totalmente e aí desde os 13 anos que eu sou cego.

A7 DV 25 anos

A minha deficiência, eu já nasci com problema de visão, com glaucoma. Só que aí, que eu enxergava bastante, só que eu fiz 3 cirurgias e através dessas cirurgias que eu fiz foi que ocasionô mais a minha cegueira. E com meus 16 anos eu ceguei geral, fiquei cego. Aí não vejo nada mais hoje em dia. Só claridade, nem coisa, nem nada, só claridade mesmo.

A8 DV 26 anos

Eu sou deficiente por hereditariedade. A família da minha mãe, ela tem alguns parentes distantes, né, alguns primos que tem deficiência, no caso da gente é glaucoma. Eu tenho mais dois irmãos e na época quando a gente nasceu a tecnologia era muito, a medicina era difícil, não era desenvolvida o quanto ela é hoje. Então, a gente só tinha um pouco de visão, eu tenho o resíduo visual que chama, né. A gente ia fazer a cirurgia para tentar combater, só que a gente não fez por conselho médico. O médico disse que a gente, com 15 anos, ia perder o resto da visão, é isso que o glaucoma faz. Eu tenho um irmão, por exemplo, que agora ele tá com 12 anos, que ele é considerado um B3. Ele já fez 3 cirurgias mas ele não corre o risco de perder mais. Então é isso, é congênito, o glaucoma.

A9 DF 29 anos

Nasci com paralisia cerebral, falta de oxigenação durante o parto, até os 2 anos de idade eu não andava, né, minha mãe foi descobri tardiamente a paralisia cerebral...

A10 DF 34 anos

Bom, eu me acidentei com 17 anos de idade, trabalhava na construção civil e cai de um galpão de sete metros de altura, fraturei a coluna.

A11 DF 26 anos

Uhum. Bom, é termo que dizem é amputação congênita porque eu já nasci deficiente, mas o certo mesmo seria má formação porque não foi uma amputação foi uma má formação dos meus dois membros

inferiores, minhas pernas e minha mão.

A12 DF 42 anos

Pesquisadora, a minha deficiência eu adquiri aos 9 meses. Eu tive pólio...

A13 DV 27 anos

Então, na verdade eu nasci prematura, de 6 meses e meio, aí eu fiquei na encubadora, né. Assim, vamos dizer assim, antigamente as pessoas falavam “Ah, erro médico, ah, foi erro médico”. Mas assim, hoje já se tem estudos que eu tenho a chamada retinoplatia da prematuridade. Hoje se tem estudos que falam que o oxigênio ele ajuda, afeta a deficiência, por nascer prematura, ter falta de oxigênio, a retina ela acaba não conseguindo ser formada inteira, fica tipo uma pele, como se fosse uma cicatriz, uma queimadura, e assim, hoje em dia já tem campanhas, né, pra tudo. Porque até os três meses de vida, assim, 3 meses já nascido, se for tratada ela pode ser amenizada muito! Mas quando minha mãe descobriu já tinha o que, quase 4 meses, né. E também, na época não...

A14 DV 27 anos

A minha é congênita, né. Desde que eu nasci já foi se agravando, foi evoluindo. Não sei se era 6 ou 7 graus.

A15 DF 36 anos

É, aos 17 anos de idade, morando em Redenção do Burguês, cidade do Piauí, interior, eu sofri um acidente, trabalhador de roça, produtor rural, né, e foi uma fatalidade que realmente eu não esperava na vida, mas aconteceu. ... depois de um acidente fazer uma amputação.

A16 DF 51 anos

É, eu acho que minha vida, assim, foi, meu problema foi na infância, né, 7 anos de idade, e eu tive as duas pernas amputadas, né, e nesse acidente a pessoa tava embriagada, jogou o carro em cima de mim, e da minha amiga de infância. E aos 7 anos de idade, foi no dia do meu aniversário, quando eu perdi as duas pernas, né, fiquei amputada,...

A17 DV 34 anos

Eu já nasci com deficiência visual, na minha família tem 4 com deficiência visual, eu e mais 3 irmãos e eu sou mais nova de todos. E minha mãe teve 9 filhos, 4 com deficiência visual e 5 não. Eu tenho retina dispigmentada, astigmatismo e seratoconia e quando eu nasci, até os meus 18 anos, eu enxerguei mais ou menos uns 10 a 12% e com 18 anos eu perdi. Foi assim, 8 meses que eu comecei a perder e depois de 8 meses já não conseguia ver mais, só a percepção de claridade, sei quando é dia ou noite. Mas ultimamente eu sinto que até isso está piorando, né. Antes quando tinha uma luz acesa eu via e agora não, às vezes, eu tenho dificuldade para ver dentro de casa se eu estou com a luz acesa ou não. É só assim que eu vejo, né, eu não vejo tudo escuro, isso não, mas não vejo você, não consigo ver seu rosto, infelizmente. Tu quer que acende a luz?

A18 DV 37 anos

Adquirida. Eu fiquei com deficiência no olho esquerdo com 13 anos brincando com estilingue e a mamona e do olho direito eu fiquei completamente cego por um deslocamento de retina provocado por infecção alérgica. Estilingue e a outra de infecção alérgica.... Brincando de estilingue no meio do mato acabaram acertando uma

mamonada no meu olho e eu acabei ficando deficiente.

... aos 19 anos... porque eu estava ficando cego da outra vista por um deslocamento de retina provocado por uma infecção alérgica.

Inicialmente, gostaríamos de apresentar as duas formas referentes à condição de deficiência: a deficiência adquirida é aquela que a pessoa adquire a partir de diferentes situações, de caráter transitório ou permanente e a deficiência congênita apresenta-se como uma condição de deficiência com a qual a pessoa nasce. (ARAÚJO, 2007).

Conforme podemos observar, dos 18 atletas entrevistados, 11 tiveram a deficiência adquirida e 7 a deficiência foi congênita. Dos atletas que tiveram a deficiência adquirida, esta predominantemente ocorreu no período da infância entre 4 meses a 7 anos, outros atletas a deficiência foi adquirida no período da adolescência, no intervalo dos 13 aos 17 anos. Desta forma entendemos que os atletas cuja deficiência adquirida foi um pouco mais tardia, estes tiveram que readaptar suas novas condições à suas novas vidas. Nos atletas A5, A11, A14 e A17 a deficiência foi congênita, o que também não significa que não se tenha a necessidade de adaptação, tanto pela família quanto pela vida em sociedade.

Os dados selecionados para nossa análise são partes dos conteúdos extraídos das entrevistas que estão integralmente no apêndice C e obedecem aos seguintes critérios e ordem: conteúdo relacionado ao segmento, ênfase que o entrevistado atribui para si, traços de importância que tem na formação do entrevistado e período de permanência no segmento como: a trajetória escolar; a sua participação nas aulas de educação física escolar; o envolvimento com o desporto adaptado; o olhar da mídia; o apoio familiar; o apoio financeiro e as possíveis contribuições para com o desporto adaptado. Além do rigor metodológico estabelecido na organização destes conteúdos, outro ponto para nossa justificativa desta forma de apresentação foi o destaque na organização das oportunidades que os segmentos ou temas selecionados tiveram na formação das pessoas envolvidas na pesquisa.

I. A TRAJETÓRIA DOS ATLETAS NO SEGMENTO ESCOLAR

Os atletas ao serem indagados sobre as suas trajetórias no segmento escolar, os conteúdos que eclodem de suas respostas podem ser assim destacados:

A1 DV

Freqüentei, freqüentei o instituto Benjamin Constant, da alfabetização a quarta série e continuei por lá mesmo porque depois eu fiz o segundo grau lá na cidade, que é longe da minha casa e eu era interno também. Eu tinha bolsa, né, era chamado de bolsista. Os alunos que terminam a oitava série continuam por lá, pra dormir, almoçar e jantar e eu fiquei no Benjamin Constant de 1990 a 2001.

A2 DV

Freqüentei. Aí eu voltei e fui estudá num instituto em Campina Grande. No instituto em Campina Grande, certo tempo que morei lá, mas depois vim morá num instituto em João Pessoa...

A3 DV

...porque na verdade, assim, eu fui para o internato muito novo, com 8 anos, né. Com 8 anos eu já fui deixado no internato lá pra ficar 6 meses lá, longe dos meus pais, em Belo Horizonte. Fiquei ao todo, na minha vida em internato, eu vivi 18 anos. Que foi a minha escola, a vida, né. Eu fiquei no internato 18 anos, na escola até os 17, depois eu fui ser interno numa entidade que amparava deficientes em Belo Horizonte. Depois eu fui para um instituto em Mato Grosso, também num internato. Aí fiquei até os 24 anos foi onde eu tomei a decisão que não queria mais morar em internato.

A4 DV

E acabei vindo pra Curitiba e ficando no internato em Curitiba, um lugar chamado Asa Branca, que é um lar de amigos dos deficientes visuais. E ali fiquei toda a minha infância, eu ia pra casa 2 vezes por ano, e o restante fiquei em Curitiba e a minha vida foi praticamente aqui, estudando, né. Não, eu só freqüentei escola especializada no início, mas bem no começo mesmo, pra eu aprender o braille. E quando eu aprendi o braille, eu já em seguida fui pra um colégio de crianças normais de visão.

A5 DV

Ah, eu estudei no colégio pra pessoas com deficiência visual, né. Então na realidade eu tive uma infância normal dentro de uma escola que procura atender esse tipo de pessoas. Então a gente brincava com as pessoas, nessa escola, também com a mesma deficiência que eu, e fora de casa, quer dizer, perto de casa, a gente brincava com meus amigos de lá e por eles terem crescido comigo, né, inicialmente eles nem sabiam que eu tinha deficiência, entendeu? Eu fiz o meu primeiro grau inteiro. Depois eu fui pra uma escola pública, normal, onde eu fiz segundo grau e faculdade.

A6 DV

Na realidade, eu estudei num colégio chamado Padre Chico grande parte do meu ensino fundamental. É uma escola exclusivamente para pessoas cegas.

A7 DV

Só depois que eu comecei a estudá, conheci, que fui pro estudo, em 94, daí eu comecei, graças a Deus, a ter uma melhora de vida, entendeu? Instituto dos cegos lá, entendeu?

A8 DV

...nesse caso na escola que eu fui estudar foi escola mesmo para deficiência...Então, era especializada.

A9 DF

Essa coisa da inclusão... não, na realidade sempre que eu estudei, eu participava depois de...de muito persistir porque não havia nada. Quando eu comecei a estudá, eu estudava em escola especial, porque tinha uma, tinha aquela lei pra que... pessoas com deficiência tinham que ser separadas, tinham que estudar com pessoas com deficiência, e pessoas ditas normais com normais, mas o meu pensamento hoje, ‘tem que havê alguma diferenciação?’ Tem, mas também tem que havê bom senso, né. Eu acho que principalmente bom senso. Porque na realidade, uma pessoa com a deficiência um pouco mais comprometida, realmente vai precisá de uma atenção especial e se ela ficar numa escola regular, uma escola convencional, não vai ter essa atenção especial. Talvez acabe prejudicando os alunos, os outros e principalmente ela, porque não vai ter essa atenção. Mas... outro caso, comigo, eu sempre gostei muito de estudar, apesar de nascê com paralisia cerebral, muitos acham, muitos acham que compromete a intelectualidade tudo, em alguns casos sim, mas a maioria não, né, e eu, eu poderia tá estudando em escola regular normalmente, né, então tem que haver esse, essa coisa de bom senso, tá.

A10 DF

Eu quando sofri o acidente tinha 17 anos e estava fazendo a quinta série do primeiro grau. Então isso foi em 1990, ..., eu passei 5 anos pra depois voltar a estudar novamente. Isso foi em 90, eu voltei a estudar em 95 aí conclui a quinta série, sexta, sétima, oitava, terminei o segundo grau, com muitas dificuldades, ...

A11 DF

Bom, minha infância foi boa, eu considero boa, porque eu tive mais 2 irmãos e sempre fui tratado como uma pessoa normal, nunca tive diferença. Muitas vezes eu esquecia que eu era deficiente e foi legal assim sempre pratiquei muito esporte, sempre joguei bola, sempre a gente ia pro clube e ficava o dia todo na piscina, praticava voleibol, basquete,

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