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Análise Crítica do Modelo de Tarifas Dinâmicas de Venda a Clientes Finais se-

Para a realização da simulação deste modelo foi escolhido um comercializador considerado “grande”, ou seja, que adquire grande quantidade de energia horária. Todos os dados utilizados acerca deste foram obtidos através da base de dados de mercados da Rede Elétrica Nacional.

4.4.1 Resultados do Modelo eme/MWh

Tal como já explicado aquando da metodologia associada a estes modelos, comparativamente com o modelo segundo a visão do sistema, a única tarifa que permanece inalterada é a tarifa de acesso às redes como um todo, ou seja, no que toca à tarifa de uso das redes e à tarifa de uso global do sistema. Assim, a análise feita a este nível numa fase anterior é também válida para este modelo.

No entanto, quanto à tarifa de energia e de comercialização, o mesmo não acontece. Assim sendo, nesta secção será realizada uma análise comparativa entre estas tarifas numa prespetiva dinâmica do sistema e do comercializador.

Quanto à tarifa de Energia esta, para além de englobar os preços do mercado SPOT também tem em consideração os contratos a longo prazo que cada comercializador possa ter realizado. Em termos comparativos com a visão do sistema, o que se espera com esta alteração é que, sendo os contratos a longo prazo feitos com valores de preço fixo para todas as horas, a curva do preço da energia elétrica seja suavizada, ou seja, não obtenha variações tão bruscas no preço. Na figura

4.21são apresentadas duas curvas da tarifa de energia representadas através da média horária para o ano de 2014.

Figura 4.21 – Médias horárias das tarifas de energia, para o ano de 2014

Através da figura acima observa-se, tal como era de esperar, a suavização da curva da tarifa de energia - visão comercial - face à tarifa de energia segundo a visão do sistema. Uma vez que

esta componente apresenta um peso significativo no valor final da tarifa, tal como se vai poder ver mais à frente, é de esperar que tenha alguma influência e que traga alterações na curva da tarifa final.

Veja-se agora como se comporta esta tarifa em termos mensais, através da figura4.22.

Figura 4.22 – Média mensal das tarifas de energia, para o ano de 2014

Tal como acontecia com as médias horárias, também mensalmente a introdução dos contratos a longo prazo vem suavizar a curva relativa a esta tarifa.

Agora, como será que se comporta a tarifa de comercialização? Tal como já apresentado em3.2.3, nesta nova visão do modelo foi adiciono, aos custos dos desvios uma componente que permite amplificar os sinal relativo a estes. Na figura4.23é apresentada, a amarelo, a tarifa de comercialização mais simples, ou seja, considerando apenas o custo fixo de comercialização e o custo dos desvios e a azul a tarifa de comercialização completa, contendo a amplificação dos custos de desvios. Para além disso, a cor de laranja (eixo secundário) são apresentados os desvios que o comercializador apresentou, em média, em cada hora do dia.

Figura 4.23 – Médias horárias da tarifas de energia com e sem amplificação dos desvios e respetivos desvios obtidos, para o ano de 2014

De um modo geral, o preço da tarifa de comercialização, contendo a amplificação dos desvios apresenta valores mais elevados do que a outra tarifa dinâmica, sem essa amplificação. No entanto, e tal como era pretendido, quando o desvio apresenta valores mais elevados, ou seja, quando se afasta mais do valor médio, a tarifa de comercialização completa amplifica mais o seu valor, fazendo com que estas variações dos desvios possam ser mais notórias. Veja-se, por exemplo, as horas 20 e 21, em que o desvio apresenta valores negativos bastante significativos, o valor da tarifa de comercialização desce vertiginosamente até apresentar uma pequena redução face à tarifa mais simples.

No entanto, e tal como acontecia no modelo segundo a visão do sistema, esta tarifa representa uma percentagem muito pequena da tarifa final de energia elétrica, tal como se pode ver na Tabela

4.12, pelo que este sinal, enviado através da tarifa final não terá influência significativa para o consumidor.

Tabela 4.12 – Valor médio, eme/MWh, e peso, em %, de cada componente na tarifa final de energia elétrica segundo a visão do comercializador

Como se observa pela Tabela, comparativamente aos valores obtidos para a tarifa segundo a visão do sistema (Tabelas4.5 e4.6) é fácil perceber que o peso de cada componente mantém-se relativamente próximo, não apresentando grandes variações. No que toca ao valor médio de cada componente, o mesmo acontece, não se verificando grandes alterações desta visão para a visão do sistema.

Para concluir esta análise, na figura4.24apresenta-se a tarifa final de venda aos clientes para as duas visões analisadas, numa perspetiva média horária, para o ano de 2014.

Figura 4.24 – Tarifa final de venda a clientes em baixa tensão, para os modelos de visão do sistema e comercial

Como se observa pela figura, e tal como se esperava, na tarifa final de venda aos clientes segundo a visão do comercializador, observa-se uma suavização dos valores médios praticados, sendo a tarifa de energia responsável por estas alterações. De uma maneira geral, não existem grandes modificações e o comportamento da curva é precisamente o mesmo nas duas visões.

4.4.2 Impactos do Modelo nos Consumidores

Tal como na secção anterior, são agora analisados os impactos deste modelo nos consumidores finais. No entanto, contrariamente ao sucedido anteriormente em que se comparava com o tarifário atual, seguir-se-á a mesma lógica acima apresentada e a comparação será efetuada entre os dois modelos tarifários dinâmicos em estudo.

De notar que foram utilizados novamente os dados das mesmas indústrias em média tensão, assim como o mesmo perfil de baixa tensão.

Começando pelos clientes de média tensão, na tabela4.13, apresentam-se os valores a pagar, pelas indústrias, caso escolhessem um dos tarifários dinâmicos.

Tabela 4.13 – Preço final a pagar, eme, nos dois modelos tarifários dinâmicos, pelas indústrias de MT

Tabela 4.14 – Preço final a pagar, eme, nos dois modelos tarifários dinâmicos, para o cliente de BT

Através das Tabelas acima apresentadas, chega-se à conclusão que as diferenças entre um e outro modelo são bastante reduzidas, sendo que, no caso de média tensão escolhendo a visão co- mercial o consumidor fica a lucrar e, no caso de baixa tensão acontece o oposto. Para que a visão comercial possa ser vantajosa para ambos os níveis de tensão, cabe ao próprio comercializador adaptar o valor da tarifa fixa de comercialização para um valor mais apelativo para os consumido- res.

4.5

Análise Crítica do Modelo de Tarifas Dinâmicas para a Região