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3.1 Confiabilidade de sistemas

3.1.1 Análise da confiabilidade de sistemas

Um sistema perfeito seria constituído de componentes e dispositivos, que durante um período pré-determinado de tempo desenvolvessem a atividade para a qual foram projetados, sem a ocorrência de falhas. Porém, projetistas não têm conhecimento total das condições de trabalho, de manutenção e produção de tais componentes e dispositivos, não sendo estes apenas os fatores limitantes, pois os custos de desenvolvimento, materiais, testes, entre outras etapas de projeto e produção de um sistema, encarecem demasiadamente o projeto, tornando economicamente inviável a construção de um sistema mais perfeito. Portanto, devido às limitações práticas e econômicas, sistemas, componentes e dispositivos não são perfeitos, sendo passíveis de falhas durante o tempo de vida.

As falhas são resultados da existência de desafios impostos sobre o sistema, determinadas condições internas que geram divergências na operação normal do sistema, como também a existência de condições externas, resultantes do trabalho desenvolvido em um determinado cenário. Tais obstáculos podem ser causados por agentes como o stress e o tempo. Cada sistema tem uma capacidade inerente de resistir

a determinados desafios, e esta capacidade pode ser reduzida através de condições internas ou externas específicas, e quando estes ultrapassam a capacidade do sistema, a falha ocorre.

Um dos objetivos da engenharia de confiabilidade é a prevenção de falhas, através de análises detalhadas para aquisição de dados de como e por que estes agentes conduzem às falhas. Estatisticamente, o conceito de confiabilidade segue alguns fatores como a quantificação em termos de probabilidade, a definição do cenário específico em que funcionará o sistema, a determinação do tempo de operação do sistema até a primeira falha e entre falhas, e a definição do ambiente em que o sistema foi projetado para funcionar, isto é, observações quanto a características inerentes ao meio, tais como, temperatura, pressão, umidade, vibração, impurezas, entre outras.

De uma forma geral, pode-se dizer que a confiabilidade de um sistema está relacionada com algumas características como a durabilidade, disponibilidade para operação imediata, não ocorrência de falhas, adquirindo um certo grau de confiança ao produto/sistema. É amplamente aplicada como informação fundamental de apoio à decisão no melhoramento do produto durante o desenvolvimento do projeto, na definição da margem de segurança inserida ao produto e na determinação de sua garantia de fábrica.

Alguns benefícios da aplicação de estudos de confiabilidade (Lafraia, 2001):

 redução de custos de manutenção (paradas não programadas), perda lucro pela parada de produção e menores possibilidades de acidentes;

 fornecimento de soluções às necessidades das indústrias como: aumentar a produção de produtos, obter maior flexibilidade para utilização de diversos tipos de carga, responder com maior rapidez às mudanças nas especificações dos produtos, cumprir a legislação ambiental e de segurança e higiene;

 viabilização de investimentos com base em informações quantitativas, segurança, continuidade operacional, meio ambiente;

 eliminação de causas básicas de paradas não programadas dos sistemas, diminuindo tempos de paradas programadas e através do aumento da mantenabilidade das instalações;

 atuação nas causas dos problemas e não nos sintomas, analisando: histórico de falhas e causas das falhas para prevenção de falha em equipamentos similares e determinação de fatores críticos para a mantenabilidade de equipamentos.

3.1.2 Definição

Uma definição amplamente aceita de confiabilidade é a habilidade de um item (produto, sistema, etc.) operar com sucesso sob determinadas condições por um período designado de tempo ou número de ciclos (Modarres, 1999).

Os estudos desenvolvidos para a compreensão de como e por que um item falha, e como pode ser projetado e testado para prevenir tais falhas de ocorrência e recorrência, são os principais aspectos da análise de confiabilidade.

Quantitativamente, a confiabilidade de um item é analisada através de métodos probabilísticos que a tratam como a probabilidade de realizar uma função planejada com sucesso em um determinado período de tempo, quando o sistema é operado/usado de acordo com as condições pré-determinadas.

Então, dada a variável aleatória contínua T, denominada tempo de falha de um componente/subsistema, sendo T ≥0, a probabilidade de falha em função do tempo Pr(t) é determinada como:

0

Pr(T ≤ =t)

t f t dt( ) =F t( )

Sendo F(t) a Função de Distribuição Acumulada (FDC), há probabilidade do item falhar em t ou antes de t;

A função confiabilidade R(t) pode ser definida como o complemento da probabilidade de falha:

( ) 1 ( ) R t = −F t R(t) de satisfazer as seguintes condições:

 lim ( ) 0

t

R t

→ ∞ =

 R t( )≥0, a função confiabilidade é monotônica decrescente para todo t.

Figura 3.01 – Função Confiabilidade (Fonte: Droguett, 2000)

Uma das aplicações da função confiabilidade é a comparação do comportamento de dois sistemas ou componentes em um determinado período de tempo.

Figura 3.02 – Comparação Entre Configurações Distintas Função Confiabilidade (Fonte: Droguett, 2000)

A Função de Densidade de Probabilidade (FDP) da variável aleatória T representa a forma da distribuição do tempo de falha:

( ) ( ) ( ) dF t dR t f t dt dt = = − ( )

 f t( )≥0  0 f t dt( ) 1, ∞ =

para todo t≥0

Figura 3.03 – Função Densidade Probabilidade (FDP) (Fonte: Droguett, 2000)

Integrando-se a função densidade de probabilidade, podem-se encontrar a função confiabilidade R(t) e a função de distribuição acumulada F(t).

 FDC: ( ) ( ) dF t f t dt = ∴ dF t( )= f t dt( ) ( ) (0) ( ) 0 ( ) F t t F dF t = f τ τd

∴ 0 ( ) t ( ) F t =

f

τ τ

d  R(t): ( ) ( ) dR t f t dt = − ∴ dR t( )= −f t dt( ) ( ) (0) ( ) 0 ( ) R t t R dR t = − f ν νd

∴ ( ) ( ) ( ) ( ) R R t dR t t f ν νd ∞ ∞ −

=

∴ ( ) ( ) t R t =

f

ν ν

d Algumas outras definições importantes são:

i. Tempo Médio de Falha (MTTF- Mean Time To Failure) – trata-se do tempo médio ou valor esperado da distribuição de probabilidade do tempo de falha T.

Elucida o tempo esperado em que o item desenvolverá a função a qual lhe foi designada com sucesso, isto é, sem a ocorrência de falhas. É definido por:

0 ( ) MTTF =

tf t dt que pode ser reescrito como:

0 ( ) MTTF =

R t dt

ii. Taxa de falha – é a probabilidade da falha por unidade de tempo de um item, dado que o mesmo está em operação até o instante t:

( ) ( ) ( ) f t h t R t =

A forma da distribuição da taxa de falha mostra as fases de vida de um item, isto é, apresenta as mudanças na probabilidade condicional da falha ao longo da operação. A

fase decrescente possui uma menor probabilidade de falha. É geralmente observada no

início da operação quando um componente/subsistema inicia sua atividade. Na fase

constante, a taxa de falha é aproximadamente estável durante um determinado período

de tempo; fase crescente, o componente está sujeito a processos de desgaste, consequentemente haverá uma maior probabilidade de falha. O formato da distribuição é conhecido como a curva da banheira:

Figura 3.04 – Curva da Banheira (Fonte: Droguett, 2000)

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