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2.2 Completação

2.2.1 Definição

Após a perfuração do poço, é iniciada a completação, que diz respeito ao ato de completar o poço, ou seja, colocar a tubulação do poço (revestimento e filtro), o cascalho (pré-filtro) e o cimento (cimentação). Trata-se de conjunto de operações para equipar o poço de forma a deixá-lo em condições de produzir petróleo de forma segura e econômica, com o objetivo de minimizar a necessidade de futuras intervenções para manutenção (workover) e otimizar a vazão de produção (Thomas, 2000).

A etapa de projeto e planejamento da completação de um poço e sua análise econômica deve ser bastante criteriosa, pois serão atividades que terão repercussão em toda vida produtiva do poço.

A completação consiste na instalação, tanto no interior do poço quanto em sua superfície, de diversos equipamentos, componentes e subsistemas que permitem de maneira segura e controlada que o reservatório seja conectado à Unidade Estacionária de Produção (UEP). Estes equipamentos são responsáveis pelo controle da vazão dos fluidos e de funções auxiliares como elevação artificial do poço, aquisição de dados e controle da produção de areia (Thomas, 2000).

O método de completação a ser utilizado difere com relação ao tipo de reserva petrolífera a ser completada, principalmente com relação ao tipo de cabeça de poço e ao tipo de árvore de natal. Podendo ser uma completação seca ou molhada, como por exemplo:

 Em poços onshore, o posicionamento da cabeça de poço fica na superfície ou a poucos metros do solo (completação seca);

 Em poços offshore, tem-se a completação seca quando a cabeça do poço e a árvore de natal localizam-se acima da superfície do mar em uma plataforma fixa, e permitem intervenções através de sondas de superfície instaladas na própria plataforma produtora. A completação molhada é indicada para águas mais profundas, onde é inviável transportá-la até a superfície, ficando a cabeça do poço e a árvore de natal molhada (ANM) localizadas no fundo do mar. Este tipo de poço geralmente é perfurado e completado através de uma sonda- submersível, com técnicas de perfuração e completação submarina.

Existe flexibilidade em utilizar a completação molhada a partir de uma unidade desenvolvida para completação seca, mas somente com um sistema secundário, pois o primário obrigatoriamente será o de completação seca.

Quanto ao revestimento de produção, a completação pode ser a poço aberto, com liner canhoneado ou rasgado e com revestimento canhoneado. Quando a estrutura (formação) do poço é bem consolidada, o poço é colocado em produção com zona produtora totalmente aberta (Thomas, 2000).

Quando a perfuração atinge o início da zona produtora, é instalada a tubulação e cimentado seu espaço anular. Em seguida, continua-se a perfuração até a profundidade final, iniciando-se a produção logo após com poço aberto. Algumas das vantagens de um poço aberto é a maior vazão de fluxo e a redução de custos no revestimento, e a principal desvantagem é a seletividade, não permitindo futuras correções quando há produção de fluidos indesejáveis, como a água por exemplo.

Segundo Thomas (2000), poços com liner rasgado, já descido rasgado, são posicionados em frente à zona produtora, ou cimentado e posteriormente canhoneado (utilização de cargas explosivas para interligar o interior do poço à formação produtora). A vantagem do liner rasgado é similar ao poço aberto, acrescido da vantagem de estruturar/sustentar as paredes do poço em frente à zona produtora, mas com a desvantagem do adicional em custos. Em poços com revestimento conhoneado, são utilizadas cargas explosivas para interligar o poço ao reservatório. O poço é perfurado até a profundidade final, depois é descido o revestimento de produção, cimentado o espaço anular entre os tubos e a parede do poço, e em seguida o revestimento é canhoneado em frente às zonas produtoras.

Atualmente é o processo mais utilizado, pela seletividade da produção em diversos intervalos de interesse e maior facilidade para atividades de restauração ou estimulação. A desvantagem é o custo e o risco de danificar a formação, que poderá ser causada pela operação de cimentação.

A completação pode ser simples ou múltipla. Quando uma única tubulação ou coluna (quando a tubulação é equipada) é descida no interior do revestimento de produção da superfície até próximo a apenas uma zona produtora, produzindo e controlando de maneira independente, é chamada completação simples. A

completação múltipla permite a produção de duas ou mais zonas através de uma

Além da vantagem do menor custo, devido a diminuição do número de poços necessários para produzir um dado campo, as completações múltiplas possibilitam a drenagem simultânea de diversas zonas produtoras, através de um mesmo poço, sem prejudicar o controle do reservatório. Também viabilizam a produção de reservatórios menores, em conjunto com a produção de zonas maiores, pois o custo de produção direcionado apenas a pequenos reservatórios os tornaria economicamente inviável. Porém, devido à complexibilidade do sistema, exige maior número de manutenções e dificulta métodos artificiais de elevação do petróleo (Thomas, 2000).

Intervenções em poços de petróleo (workover) são necessárias para manter a produção ou casualmente realizar melhorias na produção. No caso de pequenas manutenções, como por exemplo, abertura ou fechamento das camisas deslizantes (sliding sleeves), substituição de válvulas gas lift, registros de pressão, e outros componentes/subsistemas que possibilitem operação através de arames (wireline), podem ser executados sem instalação da sonda.

Geralmente utiliza-se a sonda quando se necessita corrigir falhas mecânicas na coluna de produção ou revestimento, restrições que ocasionam a redução da produtividade, produção excessiva de gás ou água e produção de areia.

Segundo Thomas (2000), as intervenções de workover são classificadas de acordo com a atividade a ser realizada para reabilitar o poço. A intervenção para estudo e diagnóstico das causas de um determinado problema é chamada de avaliação. A atividade de substituição da zona de produção ou inserção de uma nova zona é chamada

recompletação, e é realizada quando não há mais interesse em produzir em uma

determinadazona e esta é abandonada, então o poço é recompletado para produzir em outro intervalo, ou quando se deseja converter o poço produtor em injetor de água, gás, vapor, etc. Restaurar o poço significa colocá-lo para funcionar em condições normais de fluxo do reservatório para o poço, eliminando/corrigindo as falhas mecânicas no revestimento ou na cimentação, reduzindo a produção excessiva de gás (RGO) ou água (RAO). A interferência da água e do gás aumentam custos de produção, devido à necessidade da separação e descarte dos mesmos, sendo seu surgimento normal após determinado período de produção do poço. Falhas mecânicas e vazões restringidas também são corrigidas através da restauração. A limpeza é uma atividade periódica realizada no interior do revestimento de produção, cuja finalidade é a eliminação de resíduos no fundo do poço e substituição de equipamentos da subsuperfície para possibilitar um melhor rendimento. Esta atividade elimina a deposição de sólidos no

fundo do poço tamponando os canhoneados, furos na coluna de produção, vazamentos no obturador, necessidade de reposicionar componentes da coluna de produção, vazamentos em equipamentos de superfície, etc.

Geralmente poços são surgentes no início da vida produtiva. Após um determinado tempo de produção necessitam um sistema de elevação, e quando ocorrem falhas nestes sistemas é necessária substituição dos mesmos, conhecido como mudança

de método de elevação. A estimulação é uma atividade que visa aumentar a

produtividade ou injetividade do poço, através do fraturamento hidráulico, que consiste na aplicação de pressão transmitida pelo fluido de fraturamento contra a rocha reservatório até a sua ruptura. A fratura parte do poço e se propaga pela formação através do bombeio do fluido acima da pressão de fraturamento. O aumento da produtividade se dá devido a modificação do modelo do fluxo do reservatório para o poço. Aumenta a área do reservatório exposta ao fluxo para o poço, percorrendo caminhos com menor resistência. A acidificação, outro procedimento de estimulação, consiste em injetar ácido à uma pressão inferior à de fraturamento da formação para remover o dano de formação. Após a acidificação todo ácido deve ser removido, para não vir a formar produtos danosos à formação. Por fim, tem-se o abandono do poço, que pode ser definitivo ou temporário. O abandono definitivo se dá quando o poço chega ao final de sua vida produtiva ou quando é avaliado como sub-comercial ou seco após a perfuração e o temporário, quando há previsão de retorno do poço: geralmente em poços marítimos, enquanto eles são avaliados, são abandonados temporariamente até se mostrarem viáveis e assim ter início os procedimentos para instalação da plataforma de produção. Ambos são tamponados de acordo com as normas vigentes, para evitar riscos de acidentes e danos ao meio ambiente.

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