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Análise da entrevista realizada à Câmara Municipal

Capítulo VIII: Caso Estudo do Município de Castelo Branco

3. Análise das entrevistas

3.3. Análise da entrevista realizada à Câmara Municipal

Por último, foi feita uma entrevista ao vice-presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, seguindo a mesma lógica em relação às entrevistas realizadas aos representantes das Juntas de Freguesia, seguindo o mesmo guião de entrevista.

À semelhança das entrevistas realizadas aos representantes das Juntas, a primeira questão a ser colocada foi se “Costumam desenvolver ações que promovem a

participação por parte da população? (Orçamentos Participativos, Consulta de propostas para melhorar/desenvolver o município, etc.) ”, ao que foi respondido que

de acordo com a legislação em vigor, que não contempla nem obriga a que haja demasiada participação pública. O único tipo de participação que existe é quando são feitas as Assembleias Municipais, onde são ouvidos os representantes dos partidos da oposição e a Comissão Municipal da Juventude. O vice-presidente admite que poderia haver uma maior participação pública, mas que segundo as regras da democracia representativa não existe essa obrigatoriedade. Salienta o facto de também o Governo

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não por certos assuntos à discussão pública, que o Governo aprova os seus planos em Assembleia da República, onde há elementos devidamente eleitos que representam a população. Com esta pergunta foi possível verificar que a Câmara Municipal é um tanto ou quanto fechada no que respeita à participação pública e que não existe grande espaço para o cidadão expor as suas ideias, não querendo com isto dizer que é totalmente fechada. Apesar disso, a julgar pelo desenvolvimento da cidade, e pela opinião não só das Juntas de Freguesia, mas também das associações, a cidade está a seguir o rumo certo. Talvez o não envolvimento dos cidadãos por vezes também seja benéfico, uma vez que estes por vezes acham que a sua opinião deveria ser tida como que uma ordem, e por vezes torna-se difícil agradar a todos. Desta forma é possível à Câmara Municipal manter-se um pouco à margem, ouvindo todas as opiniões, tratando a informação e depois desenvolver as suas próprias conclusões, sem que nenhum cidadão se sinta assim excluído.

Quanto à pergunta: “Divulgam as medidas tomadas, informam os cidadãos

do que está a ser feito e do que se pretende fazer na freguesia? Se sim, quais os meios de divulgação”, a resposta foi de que existe de facto essa divulgação mas que

não têm um órgão específico para tal, que normalmente quem divulga essas informações é a comunicação social e destaca ainda o facto de toda a informação ser pública.

A pergunta seguinte foi “Como classifica as ligações com as associações

existentes na freguesia”, ao que foi respondido que existe uma boa relação e que

estas” nunca tiveram um estatuto tão privilegiado como têm agora connosco.” O vice- presidente diz ainda que não só ouvem o que estas têm para lhes dizer, como as ajudam sempre que podem e que inclusive todas essas ajudas que são disponibilizadas são passíveis de ser consultadas, isto é, que montantes foram atribuídos e a que associações, de maneira a que as pessoas percebam como tudo se processa.

Quanto à pergunta “Na sua opinião, acha que as associações desempenharam

e desempenham um papel importante no desenvolvimento do município”, a

resposta foi de que sim, que na sua grande maioria as associações desempenham um papel importante no desenvolvimento e que há parcerias, entre a Câmara Municipal e alguns associações, bastante boas e que funcionavam em pleno. Destaca ainda a importância das associações uma vez que “um município, um concelho é tanto ou mais interessante, quanto mais interessante for também o trabalho das associações, disso

98 não temos dúvida nenhuma e por isso é que nós as apoiamos e as incentivamos também a cada vez melhorarem mais o seu modo de intervir, porque também as associações são constituídas por pessoas que muitas vezes não têm experiência, são voluntários, fazem trabalho de cidadania o que também é muito importante e fazemos questão de reconhecer essa função.”

As duas perguntas seguintes seriam então: “Têm um registo das associações

existentes na freguesia”, ao que foi respondido que sim e que inclusive têm notado que

nos últimos tempos o tipo de associações que mais tem aparecido são as associações culturais que têm avançado com projetos bastante interessantes e que vêm “dar aqui uma pedrada no charco, promovendo outro tipo de culturas que até aqui eram pouco reconhecidas.” Continuando: “É do vosso conhecimento assim que abre uma nova

associação, ou encerre uma já existente”, com o vice-presidente a referir que têm esse

conhecimento, que tentam estar sempre informados de tudo o que se passa na cidade, inclusive quando fecha uma associação.

Seguidamente o vice-presidente foi questionado relativamente a “Como

classifica as relações com as Juntas de Freguesia do Município Castelo Branco” ao

que o vice-presidente respondeu que “as Juntas de Freguesia são órgão de soberania autónomos, portanto nós temos excelentes relações com todas as juntas de freguesia.” Destaca-se ainda o facto de “neste momento também temos a sorte e a felicidade de as J.F serem todas do mesmo partido político que a C.M, exceto uma, e isso também facilita de alguma maneira o nosso funcionamento, embora com aquela que não é da nossa área política também mantemos um ótimo relacionamento, porque nós não vemos estas questões no âmbito partidário, vemos as questões no âmbito do interesse das populações e isso ultrapassa o âmbito partidário.” Através desta resposta é assim possível perceber o motivo do desenvolvimento do município de Castelo Branco e da boa gestão de recursos, pois acima de tudo está sempre o interesse da população e só depois o interesse partidário. O que não acontece no que toca a Governos, em que primeiro está o interesse partidário e a imposição das suas ideologias e só depois então é que aparecem em segundo plano, os interesses das populações.

No seguimento da entrevista foi perguntado se “Faz parte da vossa ideologia

envolver os partidos da oposição nos vossos projetos, por forma a garantir a continuidade dos mesmos” e neste caso a resposta foi negativa, não existe a ideologia

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com uma maioria expressiva é porque as pessoas acreditam nos seus projetos e para o executivo a envolvência dos partidos da oposição não traria benefícios. Os partidos da oposição são ouvidos nas alturas e instâncias certas, nas Assembleias Municipais, onde expõem os seus projetos, que serão analisados pelo executivo e tidos em conta se realmente forem oportunos. Como explica o vice-presidente: “nós é que somos responsáveis pelo plano e pelo orçamento, se isto correr mal não vão pedir contas à oposição mas sim a nós, a quem tem a responsabilidade de dirigir esta Câmara.” Talvez este executivo também nunca tenha sentido a necessidade de incluir os partidos da oposição uma vez que o seu partido, Partido Socialista, se encontra no poder há 5 mandatos, 4 com o Presidente Joaquim Mourão e 1 com o Presidente LuísCorreia. São 20 anos de Partido Socialista.

Também ao vice-presidente da Câmara Municipal foi perguntado “O que o levou a querer ser vice-presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco e ao seu executivo”, ao que o vice-presidente respondeu que desde 1997 faz parte do

executivo e que ser vice-presidente partiu de um convite feito pelo atual presidente da Câmara Municipal, para este encabeçar a lista como nº2.

Por último o vice-presidente foi questionado relativamente a “Enquanto

presidente da C.M., o que pensa do desenvolvimento da cidade nos últimos anos”,

ao que este respondeu que a sua resposta poderia ser um pouco suspeita. Para o vice- presidente a cidade sofreu grandes alterações e melhoramentos a nível de estacionamento, havendo agora bastantes lugares de estacionamento, inclusive dois parques subterrâneos, parques esses que são os únicos lugares de estacionamento pagos. Todos os outros lugares de estacionamento existentes na cidade não têm qualquer custo para o utilizador, o que é bastante raro no país. Ainda em termos viários realça a construção das vias rodoviárias à volta da cidade, que fazem assim com que não haja problemas de trânsito na cidade e a construção da A23 apesar de esta ser da responsabilidade do Governo. Em termos urbanísticos hoje a cidade é uma cidade airosa, limpa e organizada. Destaca ainda o nível cultural, com a construção do Centro Cultural de Castelo Branco (CCCB), a recuperação do antigo edifício dos CTT, os museus do Cargaleiro e Tavares Proença Júnior e ainda o Jardim do Paço. A própria zona histórica, que foi em grande parte reabilitada. Por último destaca a zona industrial, uma zona industrial com grande possibilidade de expansão e que se tem mantido e onde têm nascido novas empresas, criando assim novos postos de trabalho.

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Capítulo IX: Análise Crítica às Dinâmicas Associativas em

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