Análise da Entrevista realizada aos grupos no final da atividade

Após a realização da atividade realizou-se uma pequena entrevista aos grupos (anexo 3), para tentarmos compreender melhor se durante a atividade os alunos se tinham sentido motivados, se tinham recorrido a conhecimentos desenvolvidos na sala de aula para resolver as questões propostas pelo Guião Didático e se tinham adquirido novos conhecimentos a partir da utilização da app EduPARK e da exploração da Realidade Aumentada.

Para analisar as respostas à entrevista optei por transcrever respostas dadas pelos alunos, para depois fazer uma breve reflexão sobre cada questão.

À questão “Com a utilização desta aplicação sentem que aprenderam alguma coisa nova?” obtivemos respostas como: “Sim, aprendemos sobre as plantas!” “Aprendemos que não se pode deitar lixo para o chão nem para os lados, e também aprendemos um bocado de matemática.” “Sim, aprendemos sobre a natureza!”

Ouvindo as respostas que os alunos deram tornou-se claro que para além de os dispositivos móveis resultarem muito bem como ferramentas motivadoras para a aprendizagem, quando são utilizados de uma perspetiva pedagógica bem planeada são agentes facilitadores no processo de ensino e aprendizagem, como defendem Cruz & Meneses “[a] utilização de diferentes ferramentas ou tecnologias, utilizadas dentro ou fora do espaço físico – sala de aula – permitirão aumentar a interação e comunicação entre os intervenientes – professores e alunos -, sendo entendidas como estratégias apropriadas ao ensino contínuo no processo de aprendizagem de cariz construtivista.” (Cruz & Meneses, 2014, p.283).

À questão “Sentem-se motivados pela possibilidade de aprenderem fora da sala de aula?”, todos os alunos responderam “Sim!”, e ainda alguns responderam “É mais divertido!”

Durante a investigação visitei o Parque Infante D. Pedro quatro vezes, e notei que depois da primeira visita, quando informava os alunos que íamos até ao parque a motivação era imediata, sendo logo de seguida bombardeada com questões dos alunos sobre o que íamos fazer desta vez e o que iríamos aprender de novo.

Na questão “Caso tenham aprendido coisas novas, acreditam que esses conhecimentos ficaram para sempre na vossa memória?” obteve-se respostas como: “Sim. Não vamos esquecer que não podemos meter lixo para a água.” “Aprendemos o que as plantas dão.” “Sim! Aprendemos que a oliveira dá azeitonas!” “Aprendemos sobre a árvore da borracha, que dá latex!” “Aprendemos que podemos usar as folhas do loureiro na comida!”

Após ouvir as respostas dadas pelos alunos a esta questão notei que para além de admitirem terem aprendido coisas novas, foram capazes de enumerar aprendizagens que realizaram completamente diferentes uns dos outros, tendo associado algumas delas a aspetos do seu dia-a-dia, como no caso da utilidade medicinal ou culinária de algumas das espécies do parque.

À questão “Como descreveriam esta experiência se a tivessem de descrever a outros colegas?” encontramos respostas como: “Bem!” “Muito Bem!” “Foi muito divertido, e aprendemos muito com esta experiência!” “Gostámos muito, e repetia com os pais!” Esta questão fez-me sentir muito feliz quando ouvi respostas como “Gostámos muito, e repetia com os pais!”, porque percebi que o trabalho que desenvolvi não influenciou só as crianças com que partilhei esta experiência, mas também as famílias, pois várias crianças perguntaram como faziam para vir brincar na aplicação do EduPARK com os pais para o parque. Entendi assim que estas crianças não irão só a aprender e descobrir coisas novas em família, mas estarão ainda a construir bons hábitos de vida saudável e a melhorar a qualidade de vida das suas famílias.

Quando questionados se “Alguma vez tinham imaginado que o parque da cidade era um recurso para o vosso desenvolvimento e aprendizagem?” os alunos responderam: “Sim, e também para fazer exercício físico!” “Sim, e para brincar também!” “Não, eu não sabia!” “Não, eu achava que não!”

Uma visita ao Parque da Cidade é mais do que se pensa à partida, é uma oportunidade de partilha de experiências diversificadas, é uma oportunidade de aprendizagem e

descoberta, é uma oportunidade de construção de conhecimento científico e cultural, é uma oportunidade para brincar, fazer um pouco de exercício e criar hábitos de vida saudável, é sobretudo uma oportunidade para educar Cidadãos Conhecedores, Capazes de Tomar Decisões, Responsáveis e Participativos.

Na questão “Acreditam que esta experiência vos tornou cidadãos mais responsáveis e conscientes? De que forma?” os alunos responderam: “Sim. Não podemos deitar lixo para o chão e para os lagos!” “Sim, devemos tratar bem das plantas e dos animais!” “Sim, não devemos pisar nem arrancar as plantas!” “Aprendemos que não devemos gritar, porque pode incomodar as outras pessoas e afugentar os animais.” “Sim! Porque ao fazermos a atividade ficamos mais inteligentes, e é uma forma de ajudar os cidadãos a aprender sobre as árvores, as plantas e os animais!” “Aprende-se a não colocar o lixo no chão e no lago, e também temos de respeitar as outras crianças. Se elas quiserem brincar temos de partilhar, não é só para nós!”

Na questão “Durante as duas visitas que realizámos utilizaram conhecimentos que adquiriram na sala de aula? Conseguiram compreendê-los melhor?” encontrámos respostas como: “Sim utilizámos, e compreendemos melhor as plantas e aprendemos mais coisas dos animais.” “Sim, usámos Matemática, utilizamos a área, o perímetro e as conversões!” “Sim! Fizemos subtrações, somas e multiplicações!” “Algumas! Compreendemos melhor o perímetro, a área, …”

Após escutar com atenção os alunos, e de analisar as suas entrevistas conclui-se que a atividade desenvolvida no âmbito do projeto EduPARK foi um sucesso. Os alunos mostraram-se motivados desde o primeiro instante em que foi proposta a sua participação, envolveram-se nos desafios, em certos momentos cooperaram e assumem ter recorrido a conhecimentos adquiridos na sala de aula para resolverem alguns desafios. Assumem ainda terem aprendido coisas novas sobre o Parque da Cidade (como partes da sua história, e a sua contribuição para a saúde pública), aprenderam sobre a sua fauna e flora, e ainda desenvolveram novas aprendizagens que serão trabalhadas em sala de aula. Revelam ainda ter consolidado aprendizagens anteriores (como a área e as conversões) após a aplicação destes conceitos em situações reais, que podem encontrar no seu dia a dia.