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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2. Análise da qualidade microbiológica da água pelas técnicas de

O Quadro 5 apresenta os resultados das análises físico-químicas para amostras de água do manancial, de resfriamento de amônia e industrial diferentes daquelas apresentadas no Quadro 3. Constata-se também nestas amostras, de forma semelhante as análises do Quadro 3, as diferenças nas características avaliadas para as diferentes amostras.

Quadro 5 - Análises físico-químicas das águas selecionadas para a avaliação da técnica de bioluminescência. Média de três repetições.

Amostras de

Água Análises Físico-químicas

Turbidez * (UT) pH Acidez** (mg/L) Alcalinidade*** (mg/L) Cloretos**** (mg/L) Dureza** * (mg/L) Manancial 10,86 6,95 7,24 54,49 11,90 51,56 Resfriamento de amônia 5,86 8,54 0,00 278,63 163,76 251,78 Industrial 0,98 6,74 7,41 56,55 15,26 54,67 * Unidade de turbidez ** expressa em CO2 *** expressa em CaCO3 **** expressos em NaCl

A análise de variância mostra que há diferença significativa (p< 0,05) entre a quantidade de ATP total, livre, e microbiano e também nas contagens

de mesófilos aeróbios e de coliformes totais para as amostras de água avaliadas (Quadro 6).

Quadro 6 - Resumo das análises de variância dos logaritmos decimais (log10) da concentração de Unidades Relativas de Luz (URL) ATP total, livre e microbiano, de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) de mesófilos por mL e de Número Mais Provável (NMP) de coliformes por 100 mL de amostras de água de manancial, resfriamento de amônia e industrial. Quadrado Médio FV GL ATP total ATP livre ATP microbiano Mesófilos aeróbios Coliformes totais Tratamento 2 0,404** 0,194* 1,177** 14,68** 5,993** Resíduo 6 0,030 0,028 0,105 0,053 0,124

** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F

Verifica-se pelo Quadro 7 que as amostras de água de manancial e de resfriamento de amônia não apresentaram diferença significativa (p≥0,05), pelo teste de Tukey, para as quantidades de ATP total, livre e também para as contagens microbianas. Verificou-se, ainda, como esperado, que a amostra de água industrial foi aquela que apresentou a menor concentração dos diferentes tipos de ATP avaliados e também as menores contagens microbianas.

Em relação à água industrial, houve a concordância entre os métodos de bioluminescência e de contagem de mesófilos aeróbios e coliformes totais. Para a técnica da bioluminescência, o fabricante (BIOTRACE, 2000) recomenda valores menores que 150 URL, que corresponde ao log10 de 2,18, para que a água seja considerada em condições higiênicas satisfatórias. Independente da origem do ATP, os valores encontrados para a água industrial, encontram-se abaixo do recomendado. No entanto, deve-se ressaltar que esta técnica não diferencia as espécies microbianas contaminantes. Os resultados das análises microbiológicas de mesófilos aeróbios e coliformes totais estão dentro dos padrões legais vigentes (BRASIL, 1990, 2001).

Quadro 7 - Média da concentração dos Logaritmos decimais (Log10) de Unidades Relativas de Luz (URL) para ATP total, livre e

microbiano, de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) por mL e de Números Mais Prováveis (NMP) por 100 mL de amostras de água de manancial, resfriamento de amônia e industrial. Média de três repetições. Amostras de Água ATP total (URL) ATP microbiano (URL) ATP livre (URL) UFC/mL NMP/100 mL Resfriamento de amônia 2,47 a 1,92ab 2,31a 4,23a 2,38a Industrial 1,97b 1,22b 1,86b 0,33b 0,30b Manancial 2,69a 2,47a 2,28a 4,09a 3,00a

* Médias, com mesma letra, numa mesma coluna, não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

No que se refere à água do manancial, observa-se que as concentrações de ATP total e livre encontram-se acima daquelas obtidas para a água industrial. As características microbiológicas, de turbidez e cor diferenciam estas amostras. Comparando as três amostras avaliadas, as concentrações de ATP total e microbiano foram as mais elevadas para a água de manancial e foram consistentes com os resultados das contagens de mesófilos aeróbios e coliformes totais. Os resultados das análises pela técnica de ATP-bioluminescência sugere que a água do manancial encontra-se em condições insatisfatórias, acima de 300 URL para ATP total, e em condições de alerta entre 150 e 300 URL, para ATP livre e microbiano. Assim, os resultados sugerem que a determinação do ATP total é o recomendado para avaliar a qualidade microbiológica da água de manancial. Neste caso, não é um problema considerável o fato da técnica não diferenciar espécies microbianas, já que a água receberá tratamentos, como sedimentação com coagulantes, floculação, filtração e cloração, para o controle da turbidez e o controle microbiológico.

Apesar da concentração relativamente elevada de coliformes totais, os valores encontrados estão dentro dos padrões legais exigidos para água a ser potabilizada (BRASIL, 1986).

A água de resfriamento de amônia foi selecionada em função das consideráveis diferenças em suas características físico-químicas e microbiológicas. Esta água foi considerada em situação de alerta para a determinação de ATP total e livre e em boas condições de higiene para determinação do ATP microbiano. Também, neste caso os resultados indicam que teste de ATP total é mais recomendado. Talvez a qualidade físico-química da água tenha influenciado a determinação da bioluminescência, diminuindo a formação de luz. Esta água apresentou valores elevados de turbidez, pH, alcalinidade, cloretos e dureza. Pesquisas mostram que diversas substâncias detergentes e sanificantes afetam a técnica da bioluminescência. GREEN, et al. (1998), trabalhando com seis sanificantes químicos e três fontes de ATP, para avaliar o seu efeito na reação de bioluminescência encontraram que o ácido lático e o fosfato trissódico reduziram significativamente as leituras de bioluminescência para as três fontes testadas. O hipoclorito de sódio e a amônia quaternária não tiveram efeito significativo sobre a medida de bioluminescência. O peróxido de hidrogênio a 0,1% não apresentou redução significativa nas leituras de URL, mas a 1% reduziu em 40% as medidas de bioluminescência de todas as fontes de ATP. O sanificante triclosan a 0,25% não apresentou redução significativa na leitura de bioluminescência para nenhuma das fontes. Entretanto, em concentrações de 0,5% e 1% afetou significativamente.

As informações acima mencionadas sugerem que esses sanificantes causam reduções nas medidas de ATP quando entram em contato direto com os reagentes da bioluminescência, podendo levar a uma falsa conclusão de que os equipamentos de processamento estão corretamente sanificados, quando na verdade o sanificante pode ter reduzido a leitura de URL.

Resultado semelhante foi obtido por VELAZQUEZ e FEIRTAG (1997) que avaliaram o efeito do hipoclorito de sódio e de um composto quaternário de amônia sobre uma suspensão de 108 UFC/mL de Escherichia coli O157:H7. Observaram que os resíduos da concentração de 100 mg/L de CRL (Cloro Residual Livre) aumentaram ligeiramente a medida de URL e não detectaram diferença significativa (p≥ 0,05) entre os resíduos da concentração de 500 e 1000 mg/L de CRL com o controle. Os resíduos das concentrações de 10000 e 50000 mg/L de CRL diminuíram a leitura de ATP bioluminescência. Os

resíduos das baixas concentrações 100,500 e 1000 mg/L de CRT (Cloro Residual Total) não diminuíram a medida de ATP não foram efetivos contra E. coli O157:H7, e se esses microrganismos estivessem presentes nas superfícies, seriam detectados pela técnica, de ATP-bioluminescência exigindo para isso um novo procedimento de higienização. O composto quaternário de amônia provocou um aumento de 10% na avaliação de URL nas concentrações avaliadas, sendo efetivo contra a E. coli somente a 800 mg/L o que não constitui um risco, pois a superfície seria considerada suja, necessitando, portanto de um processo de higienização mais rigoroso.

4.3. Avaliação de adesão microbiana em superfície de aço inoxidável e

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