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CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

3.8 Análise dos dados

Análise dos dados - Estudo 1

No presente estudo as entrevistas foram analisadas através da técnica de análise de conteúdo. Para a validade desta análise foram considerados um painel de 3 juízes, havendo entre eles uma concordância de cerca de 90%, tal como é defendido por Krippendorf (1980).

Assim, e tendo presente a perspectiva de círculo hermêutico da análise, proposta por Huberman e Miles (1991;1994), demos início à organização e tratamento dos dados, que desenvolvemos a dois níveis:

a) um “primeiro nível” constituído, fundamentalmente, pela análise de conteúdo das entrevistas, que, servindo de base a todo o estudo, dá corpo aos quadros de sistematização dos dados que configuram um primeiro momento da análise interpretativa;

b) um “segundo nível”, com recurso a procedimentos de organização e sistematização centrados, agora, na categorização resultante da análise de conteúdo,

O primeiro passo, neste processo, consistiu na passagem a escrito dos registos das entrevistas, tão fielmente quanto possível, na forma e no sentido, em função quer das respectivas gravações, quer das notas que tomamos no decurso da sua realização, e relativamente às quais, e afim de assegurar o anonimato dos entrevistados e o sigilo da informação, desenvolvemos os seguintes procedimentos:

a) elisão, no texto, dos nomes das pessoas, localidades e factos que poderiam fazer perigar a observância daqueles princípios;

b) codificação das entrevistas, pelas mesmas razões.

Elaboradas as transcrições das entrevistas e no sentido de dar continuidade à validação da informação, procedemos:

• ao levantamento, caso a caso, das discrepâncias, coincidências mais significativas e referências pouco claras a situações e circunstâncias;

• ao reencontro com 2 das entrevistadas para uma clarificação face a algumas afirmações proferidas ao longo das respectivas entrevistas.

Como procedimento imediato, seguiu-se a análise de conteúdo das entrevistas, dado que a generalidade dos autores é unânime em considerar a análise de conteúdo como a “técnica”, o “conjunto de técnicas”, ou mesmo, o “processo” mais adequado para transformar os “dados brutos”, obtidos através de entrevistas não-directivas ou semi-directivas, num corpus de informação significativo e passível de interpretação fundamentada (D’Unrug,1974; Bardin,1979; Ghiglione, Beauvois, Chabrol e Trognon, 1980; Estrela, 1984; Cohen e Manion, 1990; Patton, 1990; Huberman e Miles, 1991; Quivy e Campenhoudt, 1992; Garcia, 1992; Ghiglione e Matalon, 1993; Poirier, Clapier-Valladon e Raybaut, 1995, entre outros).

Em termos mais específicos, Patton (1990), numa formulação embora quase simplista, define a análise de conteúdo como “o processo de identificar, codificar e categorizar as primeiras sistematizações dos dados”, enquanto Bardin (1979), articulando as formulações conceptuais de vários autores, lhe constrói um sentido muito mais amplo e, simultaneamente, mais operativo, concebendo-a como “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.

Berelson (1986) definiu ainda a análise de conteúdo como uma “técnica que através da descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por fim interpretá-las.”

Krippendorf (1980) definiu análise de conteúdo como “uma técnica de investigação que permite fazer inferências, válidas e replicáveis, dos dados para os seu contexto”.

Centrada, embora, no discurso, a análise de conteúdo não visa compreender a linguagem enquanto tal, mas, a partir de aspectos formais da comunicação, os seus significados sociais ou políticos, ou o sentido social que da comunicação faz a pessoa que produz o discurso (Quivy e Campenhoudt, 1992).

Segundo Bardin (1979), é sobre a “palavra”, isto é, “o aspecto individual e actual da linguagem” que se constitui como objecto da análise de conteúdo, cujo objectivo é “extrair e classificar os significados” dessa mesma palavra (Léger e Florand,1985).

A análise de conteúdo visa, pois, ainda segundo Bardin (1979), a explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens e da expressão desse conteúdo, no sentido da elaboração de deduções lógicas e justificadas, tomados em consideração o emissor das mensagens, o seu contexto e, eventualmente, o efeito das mesmas.

Para a concretização destes objectivos, o investigador “possui à sua disposição todo um jogo de operações analíticas, mais ou menos adaptadas à natureza do material e à questão que procura resolver” (Bardin,1979), na medida em que, tal como afirmam Poirier, Clapier-valladon e Raybaut (1995), “ a análise de conteúdo não revela de princípios imutavelmente fixados, que bastaria aplicar concretamente, com maior ou menor facilidade, ao material recolhido”, antes sim “é tributária do corpus (…) e dos fins que se procura atingir.”

Situando-nos nesta linha de pensamento, e no que ao presente estudo respeita, optamos, genericamente, pelo processo de análise proposto por Bardin (1979), atendendo, embora, às etapas propostas por Lieblich, Tuval-Mashiach e Zilber (1998) Essas etapas ou fases são:”selecção do subtexto”, isto é, dos segmentos

ou partes do texto que servem os objectivos da investigação; “definição do conteúdo das categorias”; “distribuição do material pelas categorias”; e “tirar conclusões a partir dos resultados” (op. cit., pp.112-114)

não sem deixar de ter também presentes alguns aspectos propostos por Poirier, Clapier-Valladon e Raybaut (1995) para os materiais de natureza biográfica, bem como alguns aspectos procedimentais defendidos por U’Unrug (1974) e Ghiglione, Beauvois, Chabrol e Trognon (1980).

Devemos referir ainda que, em termos processuais, recorremos à técnica de análise de conteúdo mais tradicional e não informática, por entendermos que dada a natureza dos dados a analisar esta se mostraria mais adequada, permitindo-se assim a construção de 3 grandes categorias temáticas, sendo elas: - Importância do suporte familiar e social

- Lidar com o Luto

Características do Luto: dimensão individual e colectiva

Estas categorias são sub – categorizadas, nos quadros dos Resultados, para uma melhor explicitação dos mesmos. Assim,

1. Como tomaram conhecimento da tragédia 2. Sentimentos iniciais

3. Forma de lidar com o luto

4. Sentimentos face ao (não) aparecimento dos corpos 5. Mediatismo da situação/Luto Colectivo

6. Sentimentos actuais 7. Reflexões

8. Comportamentos ao longo da entrevista

Análise dos Resultados - Estudo 2

Neste Estudo foi utilizado o programa informático SPSS (Statistical Package from Social Sciences), versão 1.4, um software apropriado para a elaboração de análises estatísticas e tratamento de dados.

De acordo com o instrumento e o tipo de variáveis em causa adoptaram-se os seguintes processos:

- Estatística Descritiva

Apresentação dos cálculos dos parâmetros das medidas de tendência central (média) e dispersão (desvio padrão), respectivamente para as variáveis quantitativas e a sua distribuição de frequências para as variáveis em escala nominal e ordinal.

- Estatística Inferencial

Foram realizados estudos comparativos, através da realização de Testes t de Student e ANOVA.