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3. METODOLOGIA

3.4 Análise dos Dados

Para Creswell (2010), a análise de dados consiste em uma interpretação, ou seja, na extração de sentido de dados que são, inicialmente, brutos, porém contem significado e precisam de um procedimento de análise para que sejam reveladas as descobertas da pesquisa. Yin (2005) sugere que análise de dados seja realizada por meio do exame, categorização, classificação em tabelas, testes ou recombinação das evidências, para que, desta maneira, o pesquisador consiga captar os padrões que possam surgir dos dados. Conforme suas palavras:

“O processo de análise envolve extrair sentido dos dados do texto (...). Envolve preparar os dados para análise, conduzir diferentes análises ir cada vez mais fundo no processo de compreensão dos dados (...).” (Creswell, 2010)

Para esta pesquisa, os dados foram preparados por meio das transcrições das entrevistas que, junto às reportagens de jornais e revistas, foram inseridas em uma ferramenta de pesquisa de computador, o Atlas.ti, que se mostrou útil na organização, codificação e categorização dos dados, além de facilitar a localização destes durante a análise e cruzamento. O Atlas.ti também auxiliou na organização dos dados e resultou na construção de uma base de dados, deixando mais claro os padrões que emergiam dos dados.

Yin (2010) elege a análise de evidências como o aspecto menos desenvolvido e mais difíceis dentro do estudo de caso, citando que existem poucas fórmulas prontas que possam ajudar o pesquisador. Sendo assim, a análise depende muito do próprio investigador e seu estilo de raciocínio.

Quanto à validade do estudo, Yin (2010) destaca que três importantes princípios. O primeiro deles, sobretudo nos estudos de caso, é a utilização de múltiplas fontes de dados. Isso possibilita o desenvolvimento de linhas de convergentes de investigação, ou seja, as constatações são corroboradas por mais de uma fonte. No caso desta pesquisa, foram utilizadas múltiplas fontes (como já citado anteriormente: entrevistas, observação e documentos) e as mesmas foram trianguladas, de maneira a confirmar a validade da constatação.

O segundo princípio é a criação de uma base de dados para o estudo de caso. Segundo Yin (2010), esta base de dados é constituída por notas (feitas pelo próprio pesquisador durante a entrevista, observação ou análise de documentos), documentos para o estudo de caso (que podem estar em formato físico ou de documento portátil - PDF), tabelas (no caso desta pesquisa, foram usadas tabelas para melhor visualizar os padrões que emergiram das entrevistas) e narrativas (produzidas pelo próprio pesquisador, ao final da coleta de dados). Para esta

pesquisa, a base de dados foi composta por documentos, entrevistas e anotações da observação.

O terceiro princípio recomenda o encadeamento das evidências, ou seja, possibilitar que outro indivíduo alheio à pesquisa consiga seguir os passos que foram dados no estudo atual para chegar às conclusões finais (YIN, 2010). No caso deste estudo, parte do banco de dados está explícito na seção 4 (a seguir), seguidos de relatos dos próprios entrevistados – de maneira que o leitor possa verificar um exemplo da evidência mostrada na tabela a que se refere. Yin (2010) também solicita um protocolo de estudos de caso (Anexo A) e as questões utilizadas na pesquisa (Anexos B e C). Deste modo, todo processo metodológico adotado para esta pesquisa pode ser visualizado na Figura 7, extraída de Yin (2010).

Desenvolve a teoria Projeta o protocolo de coleta de dados Seleciona os casos Conduz segundo estudo de caso Conduz primeiro estudo de caso Conduz estudos de caso remanescentes Escreve um relatório de caso individual Escreve um relatório de caso individual Escreve um relatório de caso individual Escreve um relatório de casos cruzados Desenvolve implicações políticas Modifica a teoria Chega a conclusões de casos cruzados

DEFINIÇÃO E PLANEJAMENTO PREPARAÇÃO, COLETA E ANÁLISE

ANÁLISE E CONCLUSÃO

Figura 7: Fluxograma para elaboração de um estudo de caso múltiplo Fonte: Yin (2010)

Este estudo realizou as etapas representadas na Figura 7, iniciando pelo referencial teórico (onde verificou a teoria relevante para a pesquisa), selecionou os casos, projetou um protocolo (Anexo A) e por meio do campo, conduziu o estudo de caso em cada Município do LN. Para a análise, o método de adotado foi o within-

máximo possível com cada caso pesquisado por meio da descrição (na Figura 7, esta etapa é representada no quadro “Escreve um relatório individual de caso”). A autora destaca que estas descrições são fundamentais para o surgimento de percepções, de modo que podem ser relacionadas à teoria. Deste modo, alguns padrões que são únicos aos casos irão emergir e, posteriormente, os padrões serão generalizados pela comparação entre os casos (representado na Figura 7 pelo quadro “Chega a conclusões de casos cruzados”).

Para a comparação e surgimento de padrões, Eisenhardt (1989) sugere que sejam feitas categorias. Estas podem ser feitas a partir da literatura ou o próprio pesquisador pode criá-las, de acordo com os dados. Para este estudo, as categorias foram delimitadas das duas maneiras sugeridas pela autora: algumas seguindo a teoria e outras foram estabelecidas segundo a necessidade percebida pelo pesquisador. A partir das categorias, foram identificadas subcategorias e, como subgrupo delas, temas relevantes citados nas entrevistas. Os padrões emergiram a partir da análise e comparação das entrevistas com os MHs e com representantes dos Municípios.

Assim, os dados foram estruturados da seguinte maneira para fins deste estudo: a princípio, será apresentado um relato sobre as quatro cidades separadamente (Ilhabela, São Sebastião, Ubatuba e Caraguatatuba) e os respectivos MHs, já contendo dados do campo. Em seguida, serão apresentados e analisados, por meio de comparação e formação de categorias, os nove MHs, de maneira a responder os objetivos específicos propostos neste trabalho.

As entrevistas com secretarias, associações de classe e organizações não governamentais foram fundamentais para a compreensão da situação do turismo nas cidades como um todo. Os dados conseguidos nestas entrevistas foram utilizados para confirmar e ampliar, de maneira a esclarecer, algumas situações colocadas nos relatos de donos de MHs.

Sendo assim, este capítulo descreve a metodologia utilizada para a realização deste estudo, explicando o design da pesquisa, de que modo os casos foram escolhidos, a maneira na qual os dados foram coletados, qual foi a amostra final utilizada e o método de análise dos dados coletados. O próximo item traz a

descrição dos casos, conforme método within-case descrito acima, iniciando pelo LN como um todo para em seguida descrever individualmente os Municípios desta região e seus respectivos MHs contidos na amostra deste estudo.

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