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Análise dos dados estatísticos relativos ao Mercado Intra-comunitário Não vida

1.2. Mercado Segurador na Europa

1.2.1 Mercado de seguros Não vida

1.2.1.2 Análise dos dados estatísticos relativos ao Mercado Intra-comunitário Não vida

É importante referir que na análise dos dados estatísticos deve-se ter conta que estes foram recolhidos de diferentes formas, para diferentes fins e com diferentes bases. Assim, por um lado, os dados nem sempre são abrangentes ou comparáveis devido aos diferentes métodos utilizados em cada estudo; por outro lado, algumas estatísticas incluem o funcionamento de sucursais per si, enquanto outras incluem apenas agências e assim sendo a discrepância pode dar origem a uma base errada e macular a análise.

Outra ameaça relativamente à base estatística, provem da própria liberdade de circulação de capitais em vigor na União Europeia. Por exemplo, se na sequência de fusões ou aquisições as empresas com capital (maioritário ou não) de um diferente Estado-Membro fossem consideradas como operando em Livre Prestação de Serviços ou em Direito de Estabelecimento, a percentagem da atividade com base nestas liberdades seria substancialmente maior. Por exemplo, no período de 1999-2008, só na área das seguradoras que operam em ramo de Responsabilidade Civil Automóvel ocorreram 344 fusões ou aquisições de carácter nacional e intracomunitários das quais cerca de 30% foram intra- comunitárias22. A dispersão do capital das sociedades, (na maioria das vezes anónimas) por

vários países, e também, a variedade dos detentores das participações, dificulta o estabelecimento de uma fronteira entre o mercado meramente interno, intra-comunitário e extra-comunitário. No entanto, esta questão é complexa e extensa e seria matéria interessante para futuros estudos, nomeadamente no que concerne à sua influência na utilização das Liberdades de Estabelecimento e Liberdade de Prestação de Serviços.

A produção de seguros intra-comunitários representava em 2007 apenas 4,1% do volume total de prémios brutos inscritos na União Europeia. Ainda assim, tem sido uma preocupação das autoridades da União Europeia facilitar o comércio de seguros intra- comunitário que tem aumentado, principalmente no número de agências a operar em países que não os de sua origem, sendo que a internacionalização do Mercado Único é fundamental para a manutenção da posição competitiva da União Europeia no mercado global. Relativamente ao número efetivo de agências a operar numa base intra-comunitária sob o regime de Direito de Estabelecimento, o resultado é francamente mais positivo. Segundo as 22) EUROPEANUNION.INTERNAL MARKET[em linha]sítio Oficial da UE[consultado a

30.10.2014]disponivel na internet em:

estatísticas obtidas no Insurance Europe23, de 2003-2012, o número total companhias de

seguros Nacionais e sediadas no próprio país decresceu 14,31%, o que poderá explicar-se devido à ocorrência de uma das maiores crises económico-financeiras da Europa do pós guerra. Tal facto, no entanto, não fez reduzir o número de agências em Direito de Estabelecimento sediadas em países noutros Estados comunitários as quais aumentaram 57,41% e representavam em 2012 13,91% das marcas europeias. Este aumento não foi acompanhado pelo volume de negócios ao abrigo das Liberdades, o que parece demonstrar que existiu uma vontade por parte dos operadores em operar na Europa, aproveitando a utilização das Liberdades, mas cujo resultado em termos de vendas (volume de prémios) não acompanhou o crescimento da sua representação.

Quadro 1.10

Evolução de n.º de companhias de seguros na Europa a operar em LE e LPS

24 No que concerne ao volume da atividade seguradora intra-comunitária, de acordo com

os dados do “Retail Insurance market study” de 2008 relativa ao seguros Auto e Property, os prémios de seguro automóvel contratados com base no Direito de Estabelecimento representam 1,7% do total do mercado da União Europeia e a Livre Prestação de Serviços 0,6% do total do mercado; Já em seguro Property em Direito de Estabelecimento é responsável 5,2% e a Livre Prestação de Serviços 2,8%. Este volume pode considerar-se

23) INSURANCE EUROPE.[em linha] Site oficial da Insurance Europe[consultado em linha a

30.10.2014]disponível na Internet em: http://www.insuranceeurope.eu/facts-figures/statistical-publications 24) Idem

Evolução de nº de companhias de seguros na Europa a operar em LE e LPS Num ber 2003/12 Total 5.008 5.421 8,25% 3.724 3.192 -14,29% 74,36% 58,88% 479 754 57,41% 9,56% 13,91% 125 30 -76,00% Figura 10 All UE Num ber

National

National percentage EU branches

UE Branches percentage Non-EU branches

escasso relativamente à representatividade das marcas e regime de Direito de Estabelecimento que, tal como vimos anteriormente, é de 13,91% (dados de 2012).

As empresas mais importantes em matéria de seguro automóvel (mercado doméstico) a operarem em Direito de Estabelecimento e em Livre Prestação de Serviços, em termos relativos ao volume de negócios do seu mercado têm origem na Irlanda, Reino Unido, Letónia e Bélgica. Já em termos absolutos o mercado é dominado por companhias do Reino Unido, França, Bélgica e Irlanda, com 77,00% do total de negócios do Direito de Estabelecimento. É de notar que só o Reino Unido representa cerca de 1/3 do volume de vendas de seguro. Os maiores compradores de seguros, em volume, em Direito de Estabelecimento provêm da Bélgica, Alemanha, Irlanda, Itália e Reino Unido. Em termos relativos ao tamanho do mercado temos a Bélgica, Estónia, Irlanda e Luxemburgo com maiores taxas de compra em Direito de Estabelecimento. Ainda em termos relativos, os operadores mais importantes de base Livre Prestação de Serviços são o Reino Unido e a Irlanda com um conjunto de 80% do mercado do seguro automóvel. Também em termos absolutos o Reino Unido e a Irlanda dominam com 27% de todos os prémios de seguro em Direito de Estabelecimento auto a serem vendidos na União Europeia a provirem destes países; em Livre Prestação de Serviços a proporção é menor mas ainda assim, de 15%.

A Livre Prestação de Serviços representa uma pequena taxa de mercado, no entanto detém um papel importante, por exemplo, nos mercados entre países vizinhos sendo aproveitada principalmente por empresas com mercados maiores e mais desenvolvidos tal como o mercado do Reino Unido e ainda que a maioria dos negócios desenvolvidos ao abrigo das Liberdades tem como destinatários os clientes empresariais em detrimento dos clientes particulares, ou cujo volume de negócio seja mais pequeno, este fenómeno é motivado principalmente pelo lado da procura. Porém, o volume de seguro intra-comunitário é impulsionado principalmente pela disponibilidade de recursos do lado da oferta; (estabilidade da empresa, know-how, capital); pelo tamanho do mercado de destino; e pela distância geográfica. Ou seja, as empresas de maior dimensão provêm genericamente de países economicamente mais desenvolvidos e que, por razões que poderão estar ligadas à saturação do seu mercado interno, procuram novas oportunidades no exterior e, em primeira instância, essas empresas apostam nos países vizinhos.