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3 MARCO REFERENCIAL: PENSAMENTO COMPLEXO

4 GROUNDED THEORY: TECENDO OS FIOS DA INVESTIGAÇÃO METODOLÓGICA

4.4 ANÁLISE DOS DADOS

A codificação é o processo de análise dos dados coletados para posteriormente serem organizados, relacionados e conceitualizados, segundo a teoria fundamentada nos dados (ALCÂNTARA et al., 2005). A codificação exige por parte do pesquisador, sensibilidade, criatividade, flexibilidade com o propósito de entender/compreender o fenômeno estudado e ao mesmo tempo estabelecer relações entre os conceitos (BACKES, 2008). Codificar, significa categorizar segmentos de dados com uma denominação concisa que, simultaneamente, resume e representa cada parte dos dados (CHARMAZ, 2009, p. 69).

A TFD sustenta que a explicação teórica do fenômeno ocorra por meio de procedimentos que não se constituem de forma fixa e fechada, no intuito de ajudar o pesquisador a desenvolver a investigação. Esses procedimentos são identificados como análise comparativa, configurando-se uma das principais características específicas da TFD. A análise comparativa caracteriza-se como um processo dinâmico em que os dados são coletados e constantemente comparados entre si, entre eles e os códigos, entre os códigos e os conceitos, entre os conceitos e as categorias. Neste contexto, é necessário o pesquisador dispor de qualidades/habilidades durante o desenvolvimento da pesquisa, ao utilizar a TFD, pois a sensibilidade teórica poderá contribuir significativamente no sentido de atribuir significados aos dados. É a capacidade de entender e separar aquilo que é importante para o estudo, concomitantemente, potencializar avanços de saber e conhecimento (STRAUSS; CORBIN, 2008; SOUZA, 2008).

A codificação dos dados, segundo Strauss e Corbin (2008), é classificada em três momentos, dentre eles a codificação aberta, a codificação axial e a codificação seletiva. Na codificação aberta os dados são processados e analisados com o intuito de serem transformados em conceitos. Principalmente, durante a codificação aberta e axial, algumas estratégias podem contribuir para a construção das categorias e subcategorias, como por exemplo, o questionamento aos dados: quando ocorre, onde ocorre, por que ocorre, quem provoca, com quais consequências (STRAUSS; CORBIN, 2008).

A codificação aberta é etapa inicial do processo de analise. Este processo deve ser realizado de forma atenta e sensível, pois os códigos surgem na medida em que o pesquisador realiza uma analise minuciosa dos dados e posteriormente define seus significados dentre dele. Os códigos iniciais são provisórios e não definitivos, pois o pesquisador

deve manter-se aberto as demais possibilidades de analise e de ouros códigos que podem se adaptar melhor aos dados que vão surgindo (CHARMAZ, 2009). Nesta fase inicial, a codificação consiste no processo de separar, examinar, comparar e conceitualizar e categorização dos dados brutos em que o pesquisador explora e examina detalhadamente os aspectos relevantes que se destacam nos dados. Os dados brutos são analisados e para cada incidente, evento ou idéia é dado um nome, formando os códigos preliminares. Os dados são divididos em incidentes, idéias e eventos. Em seguida os códigos preliminares são unidos, por similaridades e diferenças, para elaborar os próximos códigos conceituais, ou seja, construir conceitos aos dados (CHARMAZ, 2009; STRAUSS; CORBIN, 2008) O exame minucioso também é chamado como a técnica de microanalise dos dados, sendo que o objetivo da analise é gerar e validar propriedades e categorias apoiadas nas comparações analíticas (BANDEIRA DE MELLO; CUNHA, 2006).

Na etapa da codificação axial foi realizado o reagrupamento dos dados para relacionar categorias às suas subcategorias que foram divididos durante a codificação aberta. Esta etapa é denominada axial porque ocorre em torno de um eixo de uma categoria buscando desvelar e compreender as especificidades e particularidades das propriedades e dimensões que permeiam o fenômeno do estudo (STRAUSS; CORBIN, 2008; SOUZA, 2008).

Na codificação seletiva, as categorias e subcategorias encontradas, foram comparadas e analisadas sucessivamente com o intuito de integrar e de refinar a teoria (STRAUSS; CORBIN, 2008), fazendo emergir dessa forma a categoria central. Este é o fenômeno ao redor da qual todas as categorias estão integradas, ou seja, ela tem a capacidade de reunir as outras categorias, formando um todo significativo. Neste sentido, é a partir da categoria central que será desenvolvida a explicação teórica. Uma categoria central deve expressar a essência do processo social que por sua vez explica o comportamento dos envolvidos e sua dinamicidade relacional e sua dinamicidade. A indissociabilidade entre as fases de coleta de dados e de analise também se materializa no processo de codificação. O movimento circular evolui no decorrer das etapas de codificação dos dados. O movimento circular que permeia a coleta e analise está apresentada pelo movimento de idas e vindas, a seguir (BANDEIRA DE MELLO; CUNHA, 2006).

Para organizar e explicar as conexões emergentes que emergiram da associação das subcategorias e categorias com a categoria central, foi construído um esquema organizacional, cujos autores

chamam de modelo paradigmático. Trata-se de uma estrutura analítica que “ajuda a reunir e a ordenar os dados sistematicamente, de forma que estrutura e processo sejam integrados”. (STRAUSS; CORBIN, 2008, p. 128). Esse modelo estabelece uma relação entre as categorias envolvendo a condição causal, o fenômeno, o contexto, as condições causais e intervenientes, as estratégias de ação/interação e as consequências.

Para melhor explicar o modelo paradigmático, os elementos constituintes podem ser definidos da seguinte forma: o fenômeno é a ideia/evento/acontecimento central aos quais as ações e interações estão relacionadas; as condições causais são os elementos/situações que possibilitam o surgimento e desenvolvimento do fenômeno; o contexto configura-se como o local e o momento no qual o fenômeno acontece e condiciona as ações/interações; as condições intervenientes são constituídas pelo tempo, espaço, cultura, situação econômica e tecnológica, história, que interferem ou alteram o impacto das condições causais no fenômeno; as estratégias são atos/ações para conduzir, lidar e responder a um fenômeno, e as consequências devem ser consideradas como o resultado/resposta, positiva ou negativa. Delinear consequências e explicar como elas alteram o fenômeno permite ao investigador explicações mais completas. (DANTAS, 2009; STRAUSS; CORBIN, 2008). A seguir, figura ilustrativa do modelo paradigmático (STRAUSS; CORBIN, 2008):

Figura 3: Modelo paradigmático da Teoria Fundamentada nos Dados, adaptado de Strauss e Corbin (2008).

Fonte: HIGASHI, 2012.

O processo de análise dos dados permitiu construir o modelo teórico o qual sustenta o seguinte fenômeno: Compreendendo a experiência das relações e interações complexas nas deliberações em gestão colegiada de enfermagem: entrelaçando divergências, convergências, diálogos, coletividades e diversidades. A validação deste Modelo Teórico foi efetivada com uma pesquisadora expertise em Teoria Fundamentada nos Dados.