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4. Método

4.4. Análise de dados

A análise dos dados da pesquisa foi feita a partir de várias ferramentas distintas e realizada de acordo com a natureza do instrumento, como detalhado a seguir.

As respostas ao item referente às MCGs, no primeiro caderno do questionário, foram digitadas em um arquivo de texto e submetidas à análise de conteúdo temática, conforme Bauer (2002) e Sommer e Sommer (1997). Para isto, foi tomado como base tanto o referencial teórico utilizado, quando leituras subseqüentes do material, a fim de delimitar os tópicos que se repetiam, formulando categorias de respostas.

As categorias e subcategorias evidenciadas foram, inicialmente, estabelecidas de acordo com os temas mais freqüentemente relacionados às MCGs e apontados por outros estudos, ainda que com abordagens metodológicas distintas (Cabecinhas et al., 2006; Dunlap, 1998; Sundblad, Biel, & Gärling, 2009; Uzzel, 2000). Subseqüentemente, houve a leitura e releitura do material para finalizar as categorias de acordo com o conteúdo exposto pelos adolescentes participantes; assim foi formulado o sistema de categorização desta pesquisa que visava abarcar o significado geral de cada categoria nas respostas dos participantes.

Percebe-se então que a análise de conteúdo, técnica para descrição sistemática do conteúdo de determinado material escrito ou falado (Sommer & Sommer, 1997), permite a aplicação simultânea de técnicas qualitativas e quantitativas, pois a partir deste processo qualitativo de categorização pode-se estabelecer as categorias representativas dos tópicos abordados que podem ser mensuradas, e relacionadas com outras variáveis (Bauer, 2002).

A análise de conteúdo incluiu uma análise das categorias por juízes externos, para evitar vieses oriundos de componentes afetivos e subjetivos da pesquisadora (Bauer, 2002; Sommer & Sommer, 1997). Foram convocados cinco juízes externos, todos alunos da graduação do curso de Psicologia e membros do Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa- Ambiente, que foram treinados no sistema de codificação estabelecido, para avaliar e categorizar uma amostragem de 50 respostas não-identificadas dos respondentes.

Essas respostas foram escolhidas obedecendo ao critério de 10 respostas por escola participante, considerando, ainda, as cinco que continham mais categorias e as cinco que continham menos categorias, de acordo com o sistema classificatório inicial. Os

julgamentos foram apresentados, discutidos, e o índice de fidedignidade obtido a partir da concordância entre juízes e pesquisador foi de 0,93, índice considerado muito alto, o que indica um sistema de codificação claro (Bauer, 2002). Este sistema de codificação utilizado para categorização das respostas encontra-se no Apêndice C, no qual também se encontram exemplos de respostas completas dos adolescentes.

As respostas categorizadas foram inseridas em banco de dados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), junto com as respostas de dados sócio- demográficos, de prática de cuidado ambiental, e das respostas às escalas supracitadas. A análise envolveu estatística descritiva, uni e multivariada, incluindo correlação e análise fatorial exploratória (AFE), detalhada abaixo.

A realização da AFE, para as três escalas utilizadas, levou em conta a adequação ao conjunto de participantes. Segundo critérios sugeridos por Laros (2005), é interessante contar com o mínimo de 10 participantes por item/ variável de uma escala, neste caso, a maior escala possui 33 itens, sendo necessário o uso de, no mínimo, 330 sujeitos. O presente estudo contou com a participação de 348 respondentes, possuindo, portanto, quantidade suficiente de respondentes para realização da AFE. Além disso, outros autores ressaltam como aceitável ao menos sete participantes, ou no mínimo cinco por item (Freitas & Borges-Andrade, 2004), e outros consideram, como regra geral, um mínimo de 300 participantes (Tabachnick & Fidell, 1996).

Para estas análises utilizou-se o método de extração de Componentes Principais, escolhido por ser adequado para reduzir um grande conjunto de variáveis em um conjunto menor de índices sumários que tenham máxima variabilidade e fidedignidade. Utilizou-se a rotação ortogonal Varimax, procedimento padrão e mais utilizado, a fim de maximizar a variância das cargas fatoriais por meio da maximização das cargas altas e diminuição das cargas baixas, gerando matriz de correlação entre as variáveis observadas e os fatores; e adotou-se o critério de cargas fatoriais mínimas de 0,40, considerando que valores abaixo destes representam cargas fatoriais pobres, que podem ser excluídas para realização de nova análise fatorial (Laros, 2005), apesar de o mínimo de 0,30 corresponder a um valor de carga fatorial aceitável (Tabachnick & Fidell, 1996).

Os critérios adotados para extração de fatores, além da perspectiva teórica adotada, foram o de valores próprios (eigenvalue) superiores a 1; a visualização do gráfico de sedimentação (scree plot); a porcentagem de variância explicada; e a saturação das cargas fatoriais dos itens nos fatores (Tabachnick & Fidell, 1996). Como o estudo se caracterizava por uma postura exploratória, esses critérios – nem sempre convergentes entre si – foram incluídos ou desconsiderados na solução fatorial adotada ao final, realizando-se AFEs

específicas para o grupo de respondentes, de modo a assegurar que os escores fatoriais assim obtidos fossem os mais adequados teórica e empiricamente às características dos participantes. A fatorabilidade das matrizes de cada instrumento foi verificada pelo índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), tendo sido aceitos índices iguais ou superiores a 0,60, e o teste de esfericidade de Bartlett com nível de significância inferior a 0,05 (Tabachnick & Fidell, 1996).

Finalmente, a partir das soluções fatoriais obtidas para cada escala, foram calculadas medidas de consistência interna de cada fator, por meio do Alfa de Cronbach, e foram gerados escores para cada uma das soluções por meio do cálculo da média ponderada: soma das multiplicações de cada item pela respectiva carga fatorial encontrada, dividida pelo número de itens pertencentes ao fator. Estes escores, então, puderam ser investigados em associação com os demais indicadores deste estudo. Para verificar as possíveis relações entre os diversos tipos de indicadores e variáveis empregadas no estudo, foram utilizados ainda: Prova de Qui-quadrado, Prova U de Mann Whitney e coeficientes Pearson de correlação.

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