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NANOPARTICULADO SUBMETIDO À AÇÃO DE REFRIGERANTES E COLUTÓRIO A BASE DE

2.4 Análise dos dados

Para obtenção do Delta E (ΔE) foi utilizado uma equação que determina a diferença entre a posição espacial inicial da cor e a alcançada após cada medição. Conforme a equação:

ΔE= + ( - ² + (

L*f – luminosidade final L*o – luminosidade inicial

a*f – posição final no eixo a*a*o – posição inicial no eixo a* b*f – posição final no eixo b*

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156 As variações expressas em Delta E (ΔE) foram tabulados e analisados no SPSS (versão 21). Utilizou-se uma ANOVA fatorial com delineamento misto, onde tempo e solução foram tidos em conta com delineamento entre participantes e a clorexidina e o tempo com delineamento dentre participantes. Para corrigir o erro de conjunto, advindo das múltiplas comparações, utilizou-se o teste post hoc de Bonferroni. O erro aceito para todas as medidas foi de até 5%, ou seja, p ≤ 0,05.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

. Os resultados evidenciam que as maiores diferenças em função do tempo parecem ter ocorrido na Coca-cola. Além disso, quando consideradas apenas as soluções (Coca- cola, Guaraná- Antarctica e Fanta-Laranja) houve um aumento do Delta E (ΔE) em função do tempo, porém esta relação se inverte quando se considera a solução à base de clorexidina. Acrescenta-se, ainda, que as diferenças entre as soluções e a saliva aumentam à medida que o tempo passa.

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157 A tabela 1 mostra os efeitos das variáveis tempo, soluções e da interação dessas duas no Delta E (ΔE). Os resultados obtidos evidenciaram que tanto as soluções (p = 0,01), quanto a interação tempo-soluções (p= 0,01), foram estatisticamente significativos. Enquanto a variável tempo, não se apresentou significante (p = 0,06).

Tabela 1. Efeitos do tempo, da solução e sua interação sobre o ΔE. Soma dos quadrad os Gl Média dos quadrado s F Sig. Tempo 15,68 4 3,92 2,26 0,06 Solução 242,51 6 40,41 23,32 0,01 Tempo * Solução 251,54 21 11,97 6,91 0,01 R quadrado=0,50

Recentes estudos (BITTENCOURT et al., 2011; FONTES et al., 2009; LEAL, 2012; NASIM et al., 2010; REN et al., 2012; SZEZ et al., 2012; SAMRA et al., 2008),

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158 demonstraram que para uma adequada avaliação da constância de cor de resinas compostas pode ser utilizado o espectrofotômetro. Desta forma, neste trabalho foi empregado o espectrofotômetro para as medições de cor. Assim sendo, foi possível comparar as mudanças de ΔE ocorridas quando da imersão nas soluções, considerando o sistema CIEL*a*b*. Salienta-se que o presente trabalho levou em consideração três intervalos distintos: ΔE <1,0 (imperceptíveis ao olho humano), 1,0 <ΔE <3,3 (apenas pessoas qualificadas conseguem perceber, sendo, desta maneira, clinicamente aceitável) e, ΔE> 3,3 (facilmente notado, não sendo clinicamente aceitável).

Considerando as condições metodológicas e os períodos de tempo experimentais da presente pesquisa, observou-se que o Guaraná-Antarctica apresentou ΔE significativo estatisticamente no período de 30 dias (p=0,04), se comparado com o tempo de 1 hora, demonstrado que pouco influenciou na pigmentação da resina. Contudo, a Coca- Cola apresentou influência significativa na cor da resina, no período de 30 dias (p= 0,01), se comparado com o período de 1 hora, 24 horas e 7 dias, assim como a Fanta-Laranja, que apresentou variação de cor no período de 30 dias (p= 0,01), quando comparado com os tempos de 1 hora, 24 horas e 7 dias (TABELA 2)

Tabela 2. Comparações do tempo entre as soluções, Coca-Cola®, Guaraná- Antárctica® e Fanta -Laranja®.

Solução (I) Tempo (J) Tempo Diferença entre

as médias (I-J) Sig.

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159 7 dias -0,50 1,00 15 dias -1,63 0,19 30 dias -3,13* 0,01 24 horas 7 dias 0,01 1,00 15 dias -1,12 1,00 30 dias -2,61* 0,01 7 dias 15 dias -1,13 0,98 30 dias -2,63* 0,01 15 dias 30 dias -1,49 0,31 Guaraná 1 Hora 24 horas -0,18 1,00 7 dias -0,78 1,00 15 dias -0,76 1,00 30 dias -1,49* 0,04 24 horas 7 dias -0,59 1,00 15 dias -0,57 1,00 30 dias -1,30 0,11 7 dias 15 dias 0,02 1,00 30 dias -0,70 1,00 15 dias 30 dias -0,72 1,00 Fanta 1 Hora 24 horas 0,75 1,00 7 dias 1,10 0,92 15 dias -0,03 1,00 30 dias -1,62 0,14 24 horas 7 dias 0,35 1,00 15 dias -0,78 1,00 30 dias -2,37* 0,01 7 dias 15 dias -1,13 0,83 30 dias -2,73* 0,01 15 dias 30 dias -1,59 0,16

Diferindo do que foi encontrado por Domingos et al. (2011), constataram que a resina composta analisada por eles sofreu maior manchamento quando em contato com o café e que a Coca-Cola não se apresentou estatisticamente significante, pouco interferindo na coloração do material. Isso

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160 pode ser explicado pela metodologia empregada no estudo, que considerou, para avaliar o ΔE, o critério adotado pela National Bureau of Standards (NBS), que considera valores para ΔE: 0,0-0,5: mudança de cor extremamente leve; 0,5 a 1,5: ligeira mudança de cor; 1,5 a 3,0: mudança de cor perceptível; 3,0 a 6,0: mudança de cor marcada; 6,0-12,0: mudança de cor extremamente marcante; 12,0 ou mais: mudança para outra cor. Ainda de Lima (2013), cujo resultado apresentou o vinho tinto como principal agente corante, apresentando as maiores variações de ΔE, enquanto que a Coca-Cola não apresentou diferenças significativas em relação ao grupo controle. Isso pode ser explicado pelo fato de o vinho tinto apresentar álcool em sua composição, que conforme Sarret et al. (2000) pode atuar como um plastificador da matriz orgânica, degradando a interface matriz-carga, sendo este o mecanismo mais provável para o aumento da rugosidade superficial observada após a imersão em vinho. Além disso, a resina sofre a ação do baixo pH apresentado pelo vinho tinto, aumentando as chances de haver, adsorção de pigmentos sobre a superfície da resina, por esta mostrar-se mais porosa, aumentando o manchamento, apesar de a Coca- Cola apresentar o pH menor que o do vinho tinto.

Domingos et al. (2011); Lima (2013) e Santos (2008), relatam ainda que o tempo influenciou positivamente na pigmentação da resina, revelando que a medida que o tempo aumentou, alteração cromática também se elevou, corroborando com o encontrado nesse estudo.

O colutório à base de clorexidina, neste estudo apresentou-se estatisticamente significante quando comparada a saliva artificial e aos refrigerantes. Contudo, não apresentou ação potencializadora a pigmentação das soluções

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161 presentes nessa pesquisa, apresentando uma ação reversa, reduzindo o manchamento da resina composta à medida que o tempo foi passando (TABELA 3).

Tabela 3. Comparações das soluções entre si e os tempos.

Solução (I) Tempo (J) Tempo

Diferença entre as médias (I-J) Sig. 1 Hora Coca Guaraná 0,65 1,00 Fanta -1,68* 0,01 Saliva 0,66 1,00 Guaraná Fanta -2,34 * 0,01 Saliva 0,01 1,00 Fanta Saliva 2,34* 0,01 24 horas Coca Guaraná 0,98 1,00 Fanta -0,41 1,00 Saliva 0,95 1,00 Clorexidina (Coca) -0,27 1,00 Guaraná Fanta -1,40 0,62 Saliva -0,03 1,00 Clorexidina (Guaraná) -0,80 1,00 Fanta Saliva 1,37 0,71 Clorexidina (Fanta) 0,53 1,00 7 dias Coca Guaraná 0,37 1,00 Fanta -0,08 1,00 Saliva 1,59 0,40 Clorexidina (Coca) 0,51 1,00 Guaraná Fanta -0,45 1,00 Saliva 1,21 1,00 Clorexidina (Guaraná) 0,49 1,00 Fanta Saliva 1,67 0,30 Clorexidina (Fanta) -3,41* 0,01

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162 Fanta -0,07 1,00 Saliva 2,99* 0,01 Clorexidina (Coca) 1,87* 0,01 Guaraná Fanta -1,60 0,08 Saliva 1,46 0,17 Clorexidina (Guaraná) 0,48 1,00 Fanta Saliva 3,07 * 0,01 Clorexidina (Fanta) 1,65 0,10 30 dias Coca Guaraná 2,30* 0,01 Fanta -0,17 1,00 Saliva 4,01* 0,01 Clorexidina (Coca) 3,80* 0,01 Guaraná Fanta -2,47* 0,01 Saliva 1,71 0,09 Clorexidina (Guaraná) 1,63 0,10 Fanta Saliva 4,19 * 0,01 Clorexidina (Fanta) 3,74* 0,01

Distinguindo-se do estudo feito por Omata et al. (2006), cujo resultado revelou o aumento da pigmentação do material estético, quando da associação das soluções com uma solução de clorexidina. Possivelmente por apresentar a solução de clorexidina uma concentração de 0,2% e pelo tempo que os CPs ficaram imersos naquela, por 10 minutos, todos os dias por 30 dias. Ainda, da pesquisa realizada por Bernardino (2013), que avaliou dois tipos de resinas e dois colutórios, Periogard – 0,12% com álcool e uma solução a base de clorexidina – 0,12% com álcool e verificou que o Periogard – 0,12% com álcool apresentou maior ação descolorante. Dito isso, provavelmente por apresentar álcool em sua composição e este acentuar a adsorção de corantes

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163 na superfície, houve maior manchamento (SARRET et al., 2000). Além disso, no referido trabalho a solução de clorexidina manipulada não apresentava corante em sua composição.

Nahsan et al. (2009) avaliaram por meio de um radiômetro o comportamento da clorexidina isoladamente e constataram que não houve alteração de cor significativa da resina composta se comparado com o grupo da água destilada que serviu como controle. Já Festuccia et al. (2012) estudaram a rugosidade, microdureza e estabilidade de cor resinas compostas em cinco colutórios bucais, incluindo a base de clorexidina e chegou à conclusão semelhante.

Quanto aos refrigerantes Fanta Laranja®, Guaraná Antarctica®, não foram encontrados na literatura corrente, artigos que se refiram a alteração cromática provocada por essas soluções. Desta forma, faz-se necessário maiores estudos a cerca dessas bebidas.

4. CONCLUSÕES

Tomando como base os objetivos propostos e a análise estatística dos resultados obtidos e, considerando as condições metodológicas empregadas na presente pesquisa, pôde-se concluir que:

● A resina nanopaticulada (Filtek Z350 3M- ESPE®) não apresentou estabilidade de cor estatisticamente significante quando submetida à ação dos refrigerantes e do colutório à base de clorexidina;

● A Coca-Cola® apresentou a maior ação corante sobre a resina testada, seguida pela Fanta- Laranja® e pelo Guaraná-Antártica, respectivamente;

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164 ● O colutório à base de clorexidina a 0,12% (Periogard – Colgate®) não interferiu na ação corante dos refrigerantes estudados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Avaliação Microbiológica de Sujidades no Processo de Esterilização de Limas Endodônticas Utilizadas em Procedimentos de Necropulpectomia

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CAPÍTULO 12

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE SUJIDADES