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Para a organização dos dados coletados nesta pesquisa, valemo-nos da Técnica de Análise de Conteúdos, proposta pela professora da Universidade de Paris V, Laurence Bardin

(1987, p. 38):

A análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise das comunicações,que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. O interesse não reside na descrição dos conteúdos, mas sim no que estes nos poderão ensinar após serem tratados.

A abordagem qualitativa analisa os conteúdos subjacentes ao discurso dos entrevistados com o propósito de elucidar as mensagens implícitas sobre o assunto em questão.

Krippendorff ([19--] apud ENGERS, 1994, p. 104), amplia o conceito de Bardin e define a Análise de Conteúdo como ―[...] uma técnica de investigação destinada a formular, a partir de certos dados, inferências reproduzíveis e válidas que possam aplicar-se a seu contexto.‖

A partir dos pontos de vista de diversos autores, Moraes ([19--] apud ENGERS, 1994, p. 104), compõe uma definição atualizada da Análise de Conteúdo:

A análise de conteúdo constitui-se de técnicas e instrumentos empregados na fase de análise e interpretação de dados de uma pesquisa, aplicando-se, de modo especial, ao exame de documentos escritos, discursos, dados de comunicação e semelhantes, com a finalidade de uma leitura crítica e aprofundamento, levando à descrição e interpretação destes materiais, assim como a interferências sobre suas condições de produção e recepção.

O esforço de interpretação, segundo propõe esta metodologia de análise, oscila entre o rigor da objetividade e a fecundidade da subjetividade, colocando o pesquisador na desafiadora tarefa de ―desocultar‖. Os objetivos da análise de conteúdo, segundo Bardin (1987), podem ser assim categorizados: ultrapassagem da incerteza - o que se vê na mensagem existe efetivamente? -; enriquecimento da leitura - acredita-se que a leitura atenta aumentará sua produtividade e pertinência.

O método ―Análise de Conteúdo‖ estuda as comunicações entre os homens, principalmente da linguagem escrita e oral. A matéria-prima da ―Análise de Conteúdo‖ pode ser qualquer material proveniente de comunicação verbal ou não-verbal - cartas, jornais, revistas, livros, cartazes, diários, autobiografias, discos, filmes, fotografias, vídeos, gravações, entrevistas...

Bardin (1987) assinala três etapas da análise de conteúdo, organizadas na seguinte ordem: a pré-análise; a exploração do material e o tratamento dos resultados; a inferência e a interpretação.

A organização do material da pesquisa faz parte da pré-análise. Neste momento, o pesquisador decidirá a forma a ser usada para reunir as informações. No nosso caso, escolhemos a entrevista semi-estruturada para a coleta das informações. As entrevistas foram sendo escritas à medida que aconteciam. Isto permitiu verificar se as informações estavam de acordo com os objetivos da investigação. A análise preliminar dos textos permitiu conhecer o discurso e colher as primeiras impressões. Nessa fase, constituímos o ―corpus” da investigação, que será submetido aos procedimentos analíticos adiante.

A exploração do material para obtenção dos resultados exigiu um estudo aprofundado do material colhido, a fim de organizar e selecionar os elementos primordiais do discurso dos entrevistados. A leitura integral das entrevistas realizadas foi indispensável, devendo ser

seguida pela leitura das falas de cada entrevistado a respeito dos tópicos específicos da entrevista. Este procedimento permitiu destacar os pontos importantes de cada fala. A seguir, uma nova leitura dos aspectos grifados foi feita, a fim de perceber novos destaques. Esse procedimento foi repetido para cada tópico da entrevista.

A análise e a interpretação ocorreram quando os diferentes aspectos do discurso dos entrevistados foram selecionados e agrupados em eixos temáticos, que nortearam a análise da pesquisa. É a fase da interpretação intensiva dos aspectos destacados. Além do conteúdo manifesto do discurso, o esforço fundamental consiste em trazer à tona o conteúdo latente das falas. Ambos são essenciais para a análise de cada eixo. Neste momento, os elementos significativos do discurso dos entrevistados são perceptíveis nos pontos de convergência e divergência. A elaboração do texto de análise foi enriquecido com recortes das falas dos entrevistados.

Feita a análise, foi possível traçar as considerações finais, focando as questões propostas na pesquisa.

Os nossos procedimentos foram os seguintes:

Paradigma e abordagem da pesquisa Paradigma qualitativo

Abordagem descritivo-interpretativa

Participantes da pesquisa Professores com formação superior em artes

Ambientes da pesquisa Colégio Anchieta

E.M.E.F. Presidente Vargas

Procedimentos para coleta de dados  Solicitação ao Coordenador do Programa de Pós-graduação em Educação de carta de apresentação à Secretaria Municipal de Educação e à direção do Colégio Anchieta

 Solicitação de permissão à Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre e à direção do Colégio

Anchieta para efetuar entrevistas com os arte-educadores

 Apresentação da pesquisadora às escolas para exposição dos objetivos e agendamento das entrevistas

 Preenchimento do termo de consentimento por parte dos professores que participarão das entrevistas

 Entrevista com os sujeitos, utilizando entrevista semi-estruturada

 Transcrição das entrevistas e análise dos dados, utilizando a Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (1987)

 Contrastação dos elementos encontrados, utilizando a Análise de Conteúdo

Quadro 5 – Procedimentos Metodológicos Fonte: Elaborado pela autora.

O binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo

(Fernando Pessoa, apud Buoro, 2003, p.29)

Os dados coletados, mediante entrevistas semi-estruturadas, foram analisados, utilizando a Técnica de Análise de Conteúdos de Bardin (1987), e as unidades e temas que emergiram da exploração do conteúdo das entrevistas foram agrupados em categorias.

As categorias são divididas em subcategorias, com o propósito de explicitar melhor as unidades de análise encontradas.

De acordo com os depoimentos dos participantes da pesquisa, emergiram três categorias:

a) Arte, Afeto e Sentimentos. As atividades artísticas são ―sentidoras‖, ou seja, mais que uma expressão de imagens perceptivas, mais que um excelente meio para comunicar sentimentos enclausurados, a arte é um acesso ao mundo exterior, numa tentativa de ajustamento do indivíduo à sociedade. Assim, a arte estabelece uma harmonia entre a sociedade e os indivíduos que a compõem - tarefa fundamental da educação. Dividimos Arte, Afeto e Sentimentos em três subcategorias,

- A Arte Comunica - afeto, sentimentos, idéias, pensamentos, comportamentos, desejos;

- A Arte Humaniza - melhora a auto-estima, a autoconfiança, o autoconhecimento, os relacionamentos e os vínculos afetivos;

- A Arte Enriquece - de saberes práticos e teóricos;

b) A Prática Pedagógica como Potencializadora da Manifestação de Afeto. Concordando, com Read (2001, p. 183), defendemos que ―A arte é o melhor guia para um sistema educacional que tenha alguma preocupação com as diversidades naturais de temperamento e personalidade.‖ Aprofundamos esta idéia nas subcategorias: O Ensino da Arte tem o Afeto como Base e o Ensino da Arte: Elo entre a Criação do Aluno e seus Sentimentos.

c) A Arte e a Formação Integral do Sujeito. Centralizamos nesta estratégia o foco de nossa dissertação, tratando a questão em dois sub-temas: Aula de

Artes: Contribuição Afetiva e Cognitiva e Professor de Artes: Agente Transformador da Educação.

Estas categorias podem ser melhor visualizadas no Quadro 1, onde aparecem, de forma estruturada e seqüencial, as etapas tratadas por nossa Dissertação.

Categorias Subcategorias

1- Arte, Afeto e Sentimentos 1.1 - A Arte Comunica 1.2 - A Arte Humaniza 1.3 - A Arte Enriquece 2 - A Prática Pedagógica como

Potencializadora da Manifestação de Afeto

2.1 - O Ensino da Arte tem o Afeto como Base

2.2 - Ensino da Arte: Elo entre a Criação do Aluno e seus Sentimentos

3- A Arte e a Formação Integral do Sujeito

3.1 - Aula de Artes: Contribuição Afetiva e Cognitiva

3.2 - Professor de Artes: Agente Transformador da Educação

Quadro 6 – Categorias da Pesquisa Fonte: Elaborado pela autora.

6 DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS SOBRE OS ACHADOS DAS CATEGORIAS

A arte é um rio cujas águas profundas irrigam a humanidade com um saber outro que não o estritamente intelectual, e que diz respeito à interioridade de cada ser.

(Berg, apud Barbosa, 2005, p. XII)