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PROPOSTA DIDÁTICA DE INCLUSÃO NO 1ºCICLO DO ENSINO BÁSICO

5.4. Análise dos dados

No que concerne à análise de dados, debruçámo-nos sobre o diário de investigação e as entrevistas aos participantes, definindo as categorias de análise, que entendemos de maior enfoque para a perceção dos resultados que iam ao encontro das nossas questões de investigação.

A partir destas, procedemos à análise de conteúdo que, na visão de Bardin (2004) é “um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (p.33). Ou seja, parece-nos que de acordo com esta autora, a análise de conteúdo vai muito para além de um instrumento, uma vez que é “marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações” (p.27). Por sua vez, Quivy e Campenhoudt (2008) acrescentam que a análise de conteúdo consiste num procedimento que pode ser aplicado a situações muito diversas, que vão desde diferentes tipos de documentos escritos até registos não-verbais. Nas perspetivas destes autores, a sua aplicação pode incidir não só sobre mensagens contidas em obras literárias como em artigos de jornais, atas de reuniões ou mesmo relatórios de entrevistas. Para eles, descodificar estas mensagens requer a aplicação de processos técnicos precisos que visam apontar os “termos utilizados pelo locutor, a frequência, a disposição e a construção do discurso” (p. 226).

Consideram que o material simbólico recolhido nas entrevistas de resposta aberta, é constituído por respostas muito variadas, por vezes enviesadas e veem na análise de conteúdo uma forma de descobrir, para além deste material verbal, algumas atitudes, alguns traços pessoais ou mesmo a estrutura cognitiva dos entrevistados. A análise de conteúdo que fizemos na nossa investigação foi mais ao encontro desta visão, tendo em conta que não foi nosso objetivo limitar-nos a contabilizar frequências e ocorrências dos termos utilizados. Reconhecemos que este procedimento técnico pode ser mais preciso por evitar que o investigador se norteie apenas pelos próprios valores e padrões acerca da realidade, no entanto, consideramos que na temática da supervisão e no processo de inclusão, objeto do nosso estudo, considerar a visão pessoal e as vivências dos entrevistados merece também a nossa atenção.

Segundo Bardin (2004), o recurso a este conjunto de técnicas é útil na análise de comunicações, dado que permite compreender para além dos significados imediatos. A utilização desta técnica na investigação qualitativa irá permitir na sua opinião, a superação da incerteza e o enriquecimento da leitura.

A autora afirma ainda que, a análise de conteúdo deveria ser aplicada a todas as formas de comunicação e que na prática, possui duas funções que podem ou não dissociar-se: uma função heurística, que enriquece a tentativa exploratória e aumenta a propensão à descoberta; e, uma função de “administração da prova”, em que hipóteses sob a forma de questões ou de afirmações

67 provisórias podem servir de diretrizes e apelarão para o método de análise sistemática, ou seja, para serem confirmadas ou infirmadas (p.25).

Não obstante as mais-valias inerentes ao fato de termos optado por este método, estamos cientes que este tipo de análise acarreta igualmente algumas limitações. A este propósito, Quivy e Campenhoudt (2008) afirmam que se por um lado, a análise de conteúdo permite tratar de “forma metódica informações e testemunhos que apresentam certo grau de profundidade e complexidade (p.227), por outro, este tratamento, nem sempre é fácil de ser concretizado já que este exige um elevado rigor metodológico.

Considerações tecidas face ao método de análise de conteúdo, e após a justificação da nossa escolha por este procedimento técnico, facilmente sintetizamos aqui algumas das suas vantagens mais evidentes. Em concordância com Quivy e Campenhoudt (2008), todos os métodos de análise de conteúdo são adequados ao estudo do implícito, ao estudo daquilo que o locutor não revela diretamente no seu discurso. Outra vantagem consiste na neutralidade que é exigida ao investigador, ou seja, este é obrigado a manter as suas ideias, valores e juízos afastados de forma a conseguir evitar interpretações espontâneas. Um outro aspeto positivo é o facto de ela poder ser realizada de uma forma metódica e sistemática, sem prejudicar a profundidade do trabalho. Dado que os objetos de análise se encontram em suporte material, escrito ou gravado, tal circunstância permite o acesso recorrente ao material recolhido. Já no que concerne as limitações deste procedimento estas prendem-se, essencialmente, com a validade dos resultados, a fidelidade, a produtividade da análise e as suas condições normativas e limitativas (Quivy & Campenhoudt, 2008).

Dando continuidade a este procedimento, e tendo por base o objetivo principal do nosso estudo – compreender de que forma a elaboração conjunta de uma PD, visa a inclusão de um aluno com NEE, e promove aprendizagens na sala de aula do ensino regular, bem como o trabalho colaborativo entre docentes – emergiram da leitura dos nossos dados, as seguintes categorias de análise.

68 Quadro 5.2

Grelha de redução de dados

Questões Categorias

Mudança nas atitudes/ perceções

em relação às NEE e

problemática da inclusão

 Ideias sobre NEE

 Conhecimentos sobre Inclusão

 Atitudes Inclusivas

 Práticas Inclusivas

Perceção sobre a colaboração

 Atitudes e perceção em relação à colaboração

 Barreiras ao trabalho colaborativo

 Benefícios do trabalho colaborativo

 Aspetos que facilitam o trabalho colaborativo

Aprendizagens proporcionadas do grupo/turma e aluno com NEE

- Académicos (Cognitivo)

- Sociais (Inclusão)

Em suma, neste capítulo, fundamentamos a metodologia selecionada, optando por o Estudo de Caso qualitativo, dado o seu caráter descritivo e explicativo, bem como a possibilidade de analisar o processo de conceção e implementação da PD, permitindo-nos responder às nossas questões de investigação e atingir os objetivos definidos. Apresentamos os participantes e descrevemos cada um dos métodos de recolha de dados, sendo que optamos por recorrer a um conjunto (recolha documental, entrevista, observação), que nos possibilitasse fazer a sua triangulação, para tornar os resultados do estudo mais credíveis e válidos.

Esquematizadas as etapas da investigação, descrevemos a análise dos dados, optando pela análise de conteúdo, método que consideramos de um elevado rigor metodológico e definimos as categorias de análise, expostas numa grelha de redução de dados.

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CAPÍTULO 6