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5 METODOLOGIA

5.6 Análise dos Dados

Para a análise e visualização dos dados quantitativos utilizou-se o software R (versão 4.0.2), um software livre que trabalha com um conjunto integrado de recursos para manipulação de dados, cálculos e exibição gráfica. Ele oferece uma variedade de técnicas estatísticas e gráficas, como a modelagem linear e não linear, testes estatísticos clássicos, análise de série temporal, classificação, agrupamento, entre outros. Possui uma ampla extensão e pode funcionar em distintas plataformas, como UNIX e sistemas semelhantes (incluindo FreeBSD e Linux), Windows e MacOS (THE R FOUNDATION, 2021).

Ainda para essa parte, também foi realizado o entrelaçamento dos objetivos específicos do estudo com os indicadores, as variáveis de análise e os rótulos dos campos das patentes que são aderidos pela DII, como disposto no Quadro 2 a seguir:

Quadro 2 - Entrelaçamento dos objetivos com indicadores, as variáveis de análise e os rótulos dos campos da DII

Objetivos Específicos Indicadores Variáveis de Análise Rótulos do Campo da DII Especificar os maiores depositantes de patentes relacionadas ao babaçu Indicador de produção, patentes registradas por

empresa Códigos dos Depositantes AE (nome+código do depositante) Identificar os países prioritários no patenteamento do babaçu Indicador de produção, patentes registradas por país

Número da Patente PN (número da patente) Averiguar de maneira diacrônica a evolução dos pedidos das patentes

Indicador de produção, evolução da quantidade de patentes Data de Publicação PI (data da inscrição prioritária) Apontar as classificações e as suas respectivas coocorrências nas patentes de babaçu Indicador de produção, distribuição das patentes nas

áreas tecnológicas Classificação Internacional de Patentes IP (classificação internacional da patente) Fonte: Adaptado de Consoni (2017); Alves (2018); Santos (2018).

Os indicadores de produção tecnológica que foram utilizados na análise permitiram compreender o cenário da aplicabilidade industrial do Babaçu, pois a partir deles foi possível mensurar atividades técnicas que resultam na formulação de produtos tecnológicos, como por exemplo, as patentes (SILVA et al., 2018). Nesse sentido, os indicadores de produção tecnológica utilizados no estudo viabilizaram verificar os pedidos de patentes registradas por empresas e por país; a distribuição dos pedidos de patentes nas áreas tecnológicas; evolução diacrônica dos pedidos de patentes.

A parte qualitativa do estudo buscou reconhecer as categorias de uso do Babaçu a partir da CIP e analisar os resumos das patentes, para identificar o possível uso do conhecimento tradicional associado ao babaçu. Seguindo a linha metodológica da pesquisa, nessa etapa também foi realizado um entrelaçamento dos objetivos com as variáveis de análise e os rótulos dos campos da DII, como pode ser observado no Quadro 3.

Quadro 3 - Entrelaçamento dos objetivos com as variáveis de análise e os rótulos dos campos da DII

Objetivos Específicos Variáveis de Análise Rótulos do Campo da DII

Investigar a relação da classificação internacional de patentes com o reconhecimento das categorias de usos do babaçu Classificação Internacional de Patentes IP (classificação internacional da patente) Verificar o possível o uso do conhecimento

tradicional associado ao babaçu, a partir da análise dos resumos dos pedidos de patentes

Resumo das patentes AB (resumo) Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Com a finalidade de reconhecer os usos do Babaçu por meio da CIP, foram especificadas categorias para auxiliar o processo de investigação. Elas foram construídas com base nas fontes científicas consultadas para composição do referencial teórico do estudo e divididas em dois critérios: léxico e semântico. O critério léxico permitiu desenvolver as categorias segundo o significado das palavras e o critério semântico proporcionou estruturar categorias pela temática (Quadro 4).

Quadro 4 – Divisão das categorias de usos do babaçu Categorias de Usos do

Babaçu Critério Léxico Critério Semântico

COSMÉTICOS, HIGIENE E MEDICAMENTOS

- Cosméticos: produtos para tratar ou melhorar a aparência de alguém, para embelezar; - Higiene: conjunto de práticas para preservação e manutenção da saúde, práticas de limpeza; - Medicamentos: produtos para tratar afecções ou

manifestações patológicas.

- Produtos cosméticos para higiene pessoal;

- Medicação para tratamento de doenças;

- Óleos essenciais e perfumes; - Composições de detergentes e sabão.

ALIMENTOS

- Recurso necessário para o sustento, aquilo que serve para

alimentação.

- Produtos alimentícios, englobando preparo e

processamento de alimentos; - Óleos e gorduras comestíveis; - Adição para rações de ovinos e bovinos.

AGRICULTURA

- Atividade de cultivo do solo, integrando

métodos e técnicas para desenvolver essa atividade.

- Manuseio do solo;

- Processamento do produto colhido, incluindo maquinários;

QUÍMICA ORGÂNICA

- Ramo da química que estuda os compostos orgânicos, ou seja, compostos de carbono.

- Atividade de compostos químicos;

- Métodos, aparelhos para preparação de compostos orgânicos;

- Carvão, óleos e gorduras vegetais;

- Decomposição térmica de óleos;

- Biosorventes e tratamento e remoção de resíduos orgânicos e metálicos;

- Produção de fertilizantes e carvão vegetal;

- Biocombustíveis.

O resumo foi utilizado nas análises qualitativas por ser um componente que apresenta os pontos essenciais de um documento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003). Tendo em vista que os resumos dos documentos de patentes são instrumentos de pesquisa, o uso dele no estudo possibilitou apreender as características técnicas, as temáticas envolvidas e os principais usos da invenção a qual estava sendo requisitada a proteção.

Assim, na verificação dos resumos das patentes para identificar o possível uso do conhecimento tradicional associado ao Babaçu, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo. Este tipo de análise, conforme Bardin (2016) objetiva o enriquecimento da leitura, a partir das descobertas das estruturas dos conteúdos. De outra maneira, compreende-se o propósito da mensagem pela descrição dos mecanismos de ordenação dos conteúdos. A análise de conteúdo se caracteriza por ser “[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações [...] adaptável a um campo de aplicação muito vasto [...]” (BARDIN, 2016, p. 38).

A organização da análise conteúdo deu-se em três polos cronológicos: 1) a pré-análise; 2) a exploração material; 3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação (BARDIN, 2016). O polo da pré-análise se refere ao momento da sistematização das ideias iniciais, ou seja, estabelecer o cronograma dos percursos da análise. O segundo polo, a exploração do material, diz respeito a aplicação de tudo que foi planejado na etapa anterior, essa fase constitui-se “[...] essencialmente em operações de codificação [...]” (BARDIN, 2015, p. 132). E no terceiro polo cronológico, o tratamento e a interpretação dos dados obtidos são onde ocorrem as inferências, interpretações e possíveis descobertas, ou seja, é a fase em que os resultados das análises são validados (BARDIN, 2016).

Dessa maneira, optou-se por estabelecer previamente as categorias de análise, pois o fato delas serem predeterminadas permitiu que a análise de conteúdo ficasse mais clara e objetiva com relação aos conceitos que foram trabalhados no decorrer do estudo, como já especificado por Laville e Dionne (2008). Seguindo essa perspectiva, as categorias de análise foram construídas a partir do material disponibilizado na plataforma do MIQCB, que são publicações oriundas de projetos realizados pelo movimento, trabalhos com parceiros e estudos de colaboradores. As temáticas abordadas nestes documentos referem-se ao modo de vida das quebradeiras de coco babaçu, suas ações, as práticas de produção e

usos dos derivados do babaçu, tudo o que integra o conhecimento tradicional associado a este recurso genético natural (Quadro 5).

Quadro 5 - Categorias de análise dos usos tradicionais do coco babaçu Categorias/Partes do Fruto Usos Tradicionais

EPICARPO (parte externa - primeira camada do fruto)

- Fabricação Xaxim, vasos e recipientes;

- Queima em fornos caseiros para cozinhar os alimentos – carvão da casca do babaçu;

- Produção de adubo orgânico.

MESOCARPO (segunda camada)

- Produção de farinha do mesocarpo para alimentação humana e animal – fabricação de bolo, pão, biscoitos, mingau, doces, ração animal; - Carvão vegetal do mesocarpo;

- Remédios – antinflamatórios. ENDOCARPO (terceira camada)

- Produção de combustível substituto da lenha; - Produção de artesanatos diversos – fabricação de escovas, tapetes, cestos e outros materiais.

AMÊNDOAS (parte interna – última camada)

- Alimentação humana e animal – fabricação do óleo orgânico de babaçu, leite de babaçu, e manteiga de babaçu e farinha de amêndoa de babaçu;

- Cosméticos e produtos de limpeza – fabricação sabonetes, shampoos, sabão, detergentes, cremes, manteigas entre outros;

- Remédios – fabricação chás, cicatrizantes e antinflamatórios.

Fonte: Adaptado de Carrazza, Silva e Ávila (2012); Silva, Napolitano e Bastos (2016). Conforme visualizado no Quadro 5, as quatro categorias foram preestabelecidas segundo cada parte do fruto Babaçu e seus respectivos usos tradicionais. Observa-se que em cada categoria há mais de um uso tradicional, como por exemplo, na categoria Amêndoas se tem o uso para alimentação, para produção de cosméticos e para a fabricação de remédios. Todas as categorias possuem mais de uma finalidade de aplicação tradicional para uso do Babaçu.