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3.1 Sub-sistema ajuste da ferramenta

3.1.4 Análise das concepções

Apresentadas com mais detalhes as guias para o ajuste macrométrico da ferramenta, as concepções são agora avaliadas quanto ao tipo de posicionamento da ferramenta, sendo que o primeiro ajuste analisado é o da altura da ferramenta, conforme apresentado na Figura 3.6.

As três concepções utilizam guias prismáticas fechadas. A opção a utiliza uma guia tipo ‘cauda de andorinha’ e é acionada por um parafuso micrométrico ou um parafuso diferencial acoplado na parte móvel.

Figura 3.6 – Opções para ajuste da altura

A opção b utiliza duas guias duplo “V” e também é acionada por um parafuso micrométrico ou diferencial acoplado na base fixa. Por fim, a opção c utiliza uma guia tipo ‘cauda de andorinha’ e é colocada na posição com o uso de, por exemplo, um batente feito com blocos-padrão colocado entre a base fixa e móvel. Nesse caso, a guia é mantida na posição através do seu gib. Como se pôde observar, nenhuma das guias acima pode ser considerada como sendo uma guia determinada.

Guia do tipo ‘cauda de andorinha’ é uma boa aproximação de uma configuração sem excesso de restrições. No entanto sua configuração mais comum envolve o contato entre quatro pares de planos (os dois laterais e dois superiores). Uma configuração sem restrições é obtida com um par de plano superior e dois pares laterais.

Para o objetivo proposto, de prover uma ajustagem grosseira da altura, sem necessidade de um posicionamento rápido e muito preciso, as guias de deslizamento são uma opção de simples manufatura, baixo custo e alta rigidez.

Ainda baseadas nas concepções da Figura 3.6, as guias foram projetadas integradas nos dispositivos de posicionamento, proporcionando uma solução compacta e uma rigidez maior do conjunto, uma vez que a junção entre componentes atua como uma série de molas em série.6

Um ponto desfavorável essa concepção é que se o conjunto for projetado em peça única, será necessário levar em conta geometrias e formas que sejam fáceis de se fabricar. Isso evita o uso de máquinas específicas ou de um ferramental próprio, o que encarece a fabricação, ainda mais por se tratar de uma produção de um único exemplar.

Sendo assim, a opção mais simples é baseada na concepção c. Tanto a concepção a quanto a b seriam mais facilmente produzidas se fossem confeccionadas em partes e depois unidas, sacrificando um pouco a rigidez em prol da facilidade de manufatura.

Ajuste da distância da quina da ferramenta ao centro de giro da base

Não detalhadas até o momento nem ilustradas nas concepções, as guias instaladas entre o porta-ferramenta e a base possuem uma função importante na ajustagem da ferramenta.

6 =

å

n n e equivalent K K 1 1 1

, onde Ké a rigidez de cada uma das n interfaces. Logo a rigidez do sistema é regida pela

Se instalado sobre uma base q, o deslocamento horizontal da ferramenta, paralelamente à linha de centro que passa pela árvore, delimita o raio da peça gerada. Para se determinar a correta guia horizontal do porta-ferramenta, é necessário levar em consideração as dimensões da base q em que a guia será instalada, o raio que se deseja gerar, as forças envolvidas e, por fim, os ajustes necessários que a ferramenta deve sofrer.

Figura 3.7 – Guias para grandes deslocamentos

A Figura 3.7a mostra uma combinação entre uma guia do tipo ‘cauda de andorinha’ acionada por um fuso (não mostrado), montado sobre a base q, conforme a Figura 3.8.

Figura 3.8 – Montagem da opção a sobre uma base q.

No conjunto mostrado na Figura 3.7b a guia de deslizamento é substituída por uma guia de rolamento, podendo ser posicionada com o uso de blocos padrão ou um parafuso micrométrico, e travada por um elemento que mantenha o carro posicionado.

O conjunto mostrado na Figura 3.7c utiliza duplas guias em V com o acionamento por meio de, por exemplo, rodas de atrito. Neste caso, o acionamento poderá estar na guia ou embutido no corpo do porta-ferramenta.

O maior problema dessas concepções são suas dimensões máximas, uma vez que especificamente para o torno Moore/LMP a base q que se deseja usar possui um diâmetro de 120mm e uma altura que, na configuração atual do torno, está proxima de bloquear o movimento em Z (profundidade de corte) que a árvore do torno de ultraprecisão é capaz de executar. Esse problema é facilmente solucionado aumentando-se a altura do cabeçote em relação à base original do torno (ranhuras em T) onde é instalada a base q. Deve-se lembrar, no entanto, que

quanto menor o comprimento da linha de força entre a quina da ferramenta e a peça de trabalho, maior será a rigidez da máquina quando estiver usinando, melhorando assim o resultado final da peça de trabalho.7

Como em todas as três opções é necessário o uso da guia horizontal acoplada à base q, o comprimento total da guia será função dos maiores raios côncavos e convexos que se deseja fabricar e do tamanho do porta-ferramenta.

Para peças convexas de raio (Rcx) muito grande, maior terá que ser a guia, maior será o

momento ocasionado pela força peso sobre o mancal aerostático e, dependendo do perfil utilizado, maior será a deflexão da guia. (Figura 3.9)

Figura 3.9 – Comprimento total da guia horizontal em função dos raios e do tamanho do porta- ferramenta

O maior problema, para qualquer guia a ser escolhida, é a pouca área disponível para fixá-las, devido à forma e dimensões da base R-q existente no torno Moore/LMP.

Com isso, uma guia prismática de deslizamento tipo cauda de andorinha é um bom ponto de partida, pela facilidade e custo de fabricação e pela rigidez que oferece.

Adicionalmente, o ANEXO C apresenta uma tabela comparativa entre os diversos tipos de guias, o que auxilia na busca de soluções alternativas, caso se estejam buscando propriedades mecânicas mais específicas.

O sistema de microposicionamento da ferramenta será apresentado em detalhes no final do Capítulo 3.

7 Quanto maior a linha de força – linha imaginária que vai da ponta da ferramenta, passando pelo torno até atingir a

peça de trabalho - maior será o momento gerado pelas reações às forças de usinagem, causando um erro de posicionamento entre a ferramenta e a peça. No entanto, as forças de usinagem na ultraprecisão geralmente estão na ordem do mN.

Rco Rcx

Fpeso Base q