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ANÁLISE DAS COPAS DO MUNDO FIFA DO SÉCULO XXI

3 COPA DO MUNDO FIFA 2014 – DA CAPTAÇÃO A REALIZAÇÃO

4.1 ANÁLISE DAS COPAS DO MUNDO FIFA DO SÉCULO XXI

A FIFA realiza este tipo de megaevento desde 1930 em diferentes continentes. As Copas do mundo do século XXI são: Japão-Coréia em 2002, primeira copa na Ásia e marca o rodízio mundial do torneio com dois países-sede; Alemanha, 2006 pós- queda do Muro de Berlim; a África do Sul em 2010, primeira no continente africano e a próxima acontecerá no Brasil em 2014, a 20ª edição do evento que marca o retorno à América do Latina após 18 anos, pois a última foi no México em 198610.

A Copa do Mundo tem um significado simbólico enorme e pode formar, reposicionar ou solidificar a imagem de um país. Um dos objetivos que norteou a Copa do Mundo FIFA 2006 foi reposicionar o estereótipo dos alemães como sendo povo receptivo e que sabe fazer boas festas (Lewis, 2006). Os organizadores, o governo e o Deutsche Zentrale für Tourismus (DZT) lançaram uma iniciativa de hospitalidade em nome do governo alemão, que incluía recursos de manutenção do governo, marketing

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local para a Alemanha, um programa cultural e um serviço de campanha e simpatia (IMC, 2005, p .15).

Na Copa de 2006 na Alemanha, conforme a FIFA, se podem destacar os seguintes pontos dos impactos: estímulo a dois milhões de visitantes na Alemanha durante os jogos, as diárias para estrangeiros nos hotéis cresceram 31%, as vendas avulsas de ingressos geraram dois bilhões de euros, investimento no valor de 1.5 bilhões de euros nos estádios a fim de adequá-los no padrão do evento, o “Green Goal”

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com a preocupação na sustentabilidade e crescimento Econômico (GDP) no país sede ficou estimado de 0.3%.

Segundo Watts (2002) após a Copa do Mundo de 2002, Coréia do Sul e o Japão se preocupam com o baixo uso e altos custos de manutenção dos estádios.

Segundo Kim; Gursoy; Lee (2004)12, apesar dos benefícios econômicos serem abaixo da expectativa, o saldo do intercambio social e cultural é alto após a realização do evento, pois nações que antes estavam envolvidas em problemas políticos, desenvolveram afinidades e valorizaram suas respectivas culturas.Os dados divulgados pela FIFA relacionados à Copa do Mundo da África do Sul indicam que: 3,1 milhões de espectadores assistiram aos 64 jogos do mundial nos 10 estádios situados em 8 das 9 províncias do país: Gauteng, Mpumalanga, Limpopo, Free State, Kwa-Zulu Natal, Western Cape, Northwest e Eastern Cape. E, que esta foi a terceira maior participação agregada depois dos Estados Unidos, em 1994, e da Alemanha, em 2006.

De acordo com o governo sul africano13 o orçamento para a Copa do Mundo de 2010 foi norteado por um protocolo de financiamento do tesouro nacional que priorizou o investimento em infraestrutura, logística, comunicação e segurança, itens necessários para garantir um legado duradouro. Assim, o investimento de 2,24 bilhões de dólares americanos direto do governo fez parte de um programa em que os gastos foram concentrados entre os anos de 2006 e 2010. Durante esse período, o governo investiu mais de 57,14 bilhões de dólares americanos na infraestrutura do país, com transporte

11 “Green Goal”, ou “Gol Verde” foi criado pelo governo alemão junto a FIFA e outros parceiros desde 2001, portanto cinco anos antes da Copa, estabelecendo entre outras coisas, a redução de 20% do consumo de energia e água e do volume de resíduos.

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KIM, H.J., GURSOY, D. and LEE, S. (2006) 'The impact of the 2002 World Cup on South Korea: comparisons of pre- and post-games', Journal of Tourism Management, Vol. 27, No. 1, pp.86-96. 13

ferroviário de mercadorias, produção de energia, comunicações, aeroportos e portos de entrada.

Este orçamento também contemplou a construção e a reforma de estádios, além de programas de esportes e recreação, artes e cultura, policiamento e serviços médicos de emergência, afinal, os financiamentos do governo nacional foram suplementados por contribuições dos governos provinciais, locais e outros parceiros de forma a contribuir com as necessidades de todos os envolvidos.

A preocupação ambiental também fez parte da Copa do Mundo de 2010, já que o projeto foi baseado na experiência da Alemanha, onde se experimentou o primeiro evento “Green Goal”. As cidades de Johanesburgo e a Cidade do Cabo se adaptaram ao projeto que visa à sustentabilidade.

O impacto econômico, segundo pesquisa realizada pela Grant Thornton, a Copa do Mundo FIFA 2010 tende a contribuir na geração de 415.400 empregos e aumento do fluxo em impostos de renda com 19.3 bilhões rands (2,5 de dólares americanos) a mais para o governo. O legado desta Copa ainda é difícil ser avaliado, pois o evento ocorreu há apenas quatro meses da confecção deste trabalho e muitos dados econômicos de 2010 ainda não foram divulgados pelo governo. No entanto, é importante observar a gestão dos recursos e investimentos realizados pelo governo, pois dentro dos três mundiais realizados no século XXI, este reune características semelhantes às que o Brasil tende a enfrentar já que ambos são países ainda em desenvolvimento e necessitam focar os investimentos em infraetsrutura urbarna.

A metodologia freqüentemente utilizada nos estudos de impactos de eventos esportivos é a análise de insumo-produto, que pode estimar os efeitos diretos e indiretos desses eventos na economia. Alguns autores consideram, entretanto, que os efeitos multiplicadores obtidos superestimam os efeitos reais, pois a metodologia utiliza hipóteses de oferta ilimitada de fatores de produção e desconsideram os efeitos de substituição e custos de oportunidade, tal como foi supracitado neste trabalho. Além disso, haja vista que os multiplicadores estão baseados numa estrutura de produção vigente da economia, não captam as mudanças que a realização do evento esportivo pode provocar nas relações produtivas. Existem também casos em que o método de

insumo-produto não é capaz de captar certos vazamentos durante o evento esportivo (Barclay, 2009; Madden, 2006; Porter, 1999).

Swinnen e Vandemoortele (2008) destacam algumas diferenças entre a Alemanha e a África do Sul como sedes da Copa do Mundo. A primeira diferença repousa no custo de investimentos em infraestruturas. Enquanto que, na África do Sul os investimentos requeridos foram altos para construir novos estádios, a Alemanha já possuía a maior parte da infraestrutura esportiva. Uma segunda diferença recai sobre o custo do capital e custo do trabalho nos dois países, uma vez que, o primeiro é maior nos países em desenvolvimento enquanto que o segundo é maior nos países desenvolvidos.

Contrapondo Barclay (2009) avalia que a construção de novos estádios pode aumentar a atividade econômica, mas também pode elevar os custos de oportunidade para o setor público, implicando na redução de outros serviços públicos, endividamento do setor público e/ou aumento dos impostos.

A falta de planejamento pode refletir negativamente no legado do evento, provocado pela subutilização das infraestruturas construídas e, com isso, produzir alto custo de manutenção. Existem grandes riscos para os países em desenvolvimento e os estádios construídos para o megaevento se tornem “elefantes brancos” (BARCLAY, 2009) tal como aconteceu na Coréia e tende a ocorrer na África do Sul, devido a pouca tradição no esporte e falta de planejamento a fim de que os estádios se tornem aptos a receberem outros esportes ou eventos que sejam mais de acordo com os costumes dos moradores das cidades-sede.

A infraestrutura deficiente, que frequentemente restringe o crescimento econômico de uma região, quando revitalizada em virtude de Copa do Mundo, pode produzir uma redução de custo e fornecer um impulso de produtividade à própria economia (SWINNEN; VANDEMOORTELE, 2008). Ainda de acordo com Barclay (2009), a Coréia do Sul despendeu 2 bilhões de dólares americanos em dez novos estádios e o Japão 4 bilhões na construção de sete novos estádios. A figura 2 elaborada pela Match Service,14 agencia da FIFA, contém as principais áreas de

14 A Match Service é agência responsávelé a empresa de serviços escolhida pela FIFA para fornecer os serviços de bilheteria, hospedagem e tecnologia da informação (TI) para a Copa das Confederações da FIFA, a Copa do Mundo da FIFA nas Copas de 2006, 2010 e 2014.

impacto nas cidades-sede durante a realização de uma Copa do Mundo: SPORTE GIONAL E LOCAL

Figura 2 - Áreas de impacto da realização da Copa do Mundo FIFA Fonte: Elaboração própria a partir dados Match Services15

A Copa do Mundo de 2014 representa outro grande evento esportivo programado para o Brasil16. Na sua preparação, uma série de obras de infraestrutura, reformas e construção de estádios estão sendo programadas. Em meados de 2009 as 12 cidades-sede da Copa, que abrigarão jogos da competição, foram escolhidas, tal como supracitado no item 3.4 deste trabalho. É provável que o Brasil tenha grande visibilidade com a promoção dos megaeventos esportivos agendados, contudo os benefícios econômicos que tais eventos proporcionam ao país-sede são difíceis de estimar, pois envolvem obras de infraestrutura urbana, reformas/construção de estádios, fluxos turísticos, investimentos privados (rede hoteleira, por exemplo) e divulgação internacional do país.

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Disponível em: http://pt.fifa.com/worldcup/organisation/matchag/index.html Acessado em 15 ago 2010

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O Brasil, em 30 de outubro de 2007, foi escolhido pela FIFA como país sede da Copa das

Confederações FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014. Além de ser sedeOlimpíadas Militares de 2011, Jogos Olímpicos de 2016 (Ministério do Esporte, 2010).

AEROPORTOS TRANSPORTE REGIONAL E LOCAL HOTÉIS CIDADES HOSPITALIDADE ESTÁDIOS A Auummeennttoonnoovvoolluummeeddeeppaassssaaggeeiirrooss,, c coonnffeerrêênncciiaaddeevviissttooss,,rreecceeppççããooddooss V VIIPPss––PPRRIIMMEEIIRRAAIIMMPPRREESSSSÃÃOO A Auummeennttooddoottrrâânnssiittoollooccaalleerreeggiioonnaall Q QuuaannttiiddaaddeeeeQQuuaalliiddaaddee S Seerrvviiççooss,,EEnnttrreetteenniimmeennttoo,,CCoomméérrcciioo,, S Seegguurraannççaa,,eettcc.. A Allttaaqquuaalliiddaaddeeddoosssseerrvviiççooss P PaaddrrããooIInntteerrnnaacciioonnaall

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