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Impacto econômico de megaeventos: o caso da Copa do Mundo FIFA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO CURSO DE TURISMO

RENATA HAJE DE CARVALHO

IMPACTO ECONÔMICO DE MEGAEVENTOS – O CASO COPA DO MUNDO FIFA 2014

Niterói 2010

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RENATA HAJE DE CARVALHO

IMPACTO ECONÔMICO DE MEGAEVENTOS – O CASO COPA DO MUNDO FIFA 2014

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Prof. Dr. João Evangelista Dias Monteiro

Niterói 2010

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IMPACTO ECONÔMICO DE MEGAEVENTOS – O CASO COPA DO MUNDO FIFA 2014

Por

RENATA HAJE DE CARAVALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________ Prof. Dr. João Evangelista Dias Monteiro – Orientador - UFF

__________________________________________________________________ Prof. M. SC. Carlos Alberto Lidízia Soares – Departamento de Turismo - UFF

_________________________________________________________________________ Prof. M. Sc. Eduardo Antonio Pacheco Vilela – Convidado - UFF

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Aos meus familiares e amigos por tudo o que sou e pela inspiração diária de perseverança e determinação que me auxiliam a cumprir mais esta etapa de vida.

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AGRADECIMENTOS

A todas as forças superiores que me guiam e me fortalecem em minhas escolhas.

A minha mãe pelo apoio fundamental para realização de minhas conquistas desde o meu primeiro passo.

Aos meus familiares que me proporcionaram uma visão generosa sobre a vida sendo meus primeiros sócios, apoiadores e concorrentes.

Aos meus amigos e companheiros do curso de graduação de Turismo da UFF em especial aos ramiros, a Paola Lohmmann e Philipe Campello que foram essenciais para assimilar possibilidades e conhecimentos que a Universidade nos proporciona.

A todos os professores do curso de graduação de Turismo da UFF e da Universidad de Sevilla em especial ao Prof. M. SC. Eduardo Pacheco Vilela, ao Prof. Marcelo Tomé ao Prof. Dantas que me abriram as portas e incentivaram a seguir como turismóloga e ao meu orientador Prof. Dr. João Evangelista Dias Monteiro pelo apoio constante em transformar em realidade o que era apenas uma idéia.

A Profª. M.Ed. Erly Maria de Carvalho e Silva pela paciência e carinho na estruturação deste trabalho.

E, por fim a todos aqueles que passaram em minha vida, pois levaram um pouco de mim e deixaram um pouco de si, tornando meus horizontes mais amplos.

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O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção.

(7)

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo identificar os possíveis impactos econômicos do megaevento Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil. Para atingir este objetivo, apresenta e caracteriza o conceito de megaevento, as metodologias para mensurar os impactos econômicos de megaeventos, as fases de organização e agentes públicos e privados envolvidos, além de identificar experiências relevantes em outros países onde foi realizado o mesmo evento. Examina a atividade de captação de megaeventos como estratégia de fomento ao Turismo. Como maneira de contribuir para a realidade nacional este trabalho realiza projeções dos impactos econômicos previstos para o Brasil a partir da análise dos impactos econômicos de megaeventos esportivos, experiências de países-sede de Copas do Mundo da FIFA do século XXI e estudos econômicos que avaliam os impactos econômicos para o Brasil. Assim, pode-se obter um panorama geral de como o Brasil está estruturado para receber os impactos econômicos, assinalando-se que esses impactos podem ser tanto positivos como negativos dependendo da maneira como forem administradas as fases do pré-evento, o evento e seu posterior legado.

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ABSTRACT

This work aims to identify the possible economic impacts of mega event FIFA World Cup 2014 in Brazil. To achieve this goal, presents and characterizes the concept of mega event, the methodologies to measure the economic impacts of mega events, the stages of organization and public and private actors involved, and identify relevant experiences in other countries which had undertaken the same event. Examines the fundraising activity of mega events as a strategy for promoting tourism. As a way to contribute to the national reality this work analyzes the economic impact projections provided to Brazil from the analysis of the economic impacts of sports mega-events, experiences of countries to host the FIFA World Cups of the century and economic studies that assess the economic impacts for Brazil. Thus, one can obtain an overview of how Brazil is structured to receive the economic impacts, noting that these impacts can be either positive or negative depending on how they are given the stages of pre-event, the event and its subsequent legacy.

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LISTA DE ILUSTRAÇOES

Figura 1 Etapas da FIFA para escolha país sede Copa do Mundo 2014 36 Figura 2 Áreas de impacto da realização da Copa do Mundo FIFA 43 Figura 3 Mapa do Brasil com as 12 cidades-sede - Copa Mundial da

FIFA de 2014... 47

Figura 4 Aumento do Fluxo Turístico Doméstico 49 Figura 5 Impacto sobre o Turismo Internacional 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Os 10 principais países no mundo sede de eventos internacionais

em 2009 ... 20

Tabela 2 As 10 principais cidades nas Américas sede de eventos internacionais em 2009... 21

Tabela 3 Número de participantes, Permanência Média, e Número de Pernoites, por Segmentos... 22

Tabela 4 Gasto Médio Diário por Categoria - Visitante por Tipo de Evento (Em US$)... 23

Tabela 5 Gasto Médio Total da Viagem- Visitante por Tipo de Eventos (Em US$)... 24

Tabela 6 Investimentos previstos em obras para a Copa 2014 (R$ milhões)... 44

Tabela 7 Investimentos previstos por Cidades-sede para a Copa 2014... 46

Tabela 8 Impactos e Valores Econômicos da Copa FIFA 2014... 48

Tabela 9 Posição do Brasil no Ranking Mundial de Competitividade Econômica... 51

Tabela 10: Posição do Brasil no Ranking Mundial de Competitividade Turística... 52

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC - Agentes de Captação

BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social CBC&VB - Confederação Brasileira de Convention & Visitors Bureau CBF - Confederação Brasileira de Futebol

CVB - Convention & Visitors Bureau CVBx - Convention & Visitors Bureaux COI – Comitê Olímpico Interncional

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo FGV – Fundação Getúlio Vargas

FIFA – Fédération Internationale de Football Association FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

ICCA – International Congress and Convention Association MTUR – Ministério do Turismo

OMT – Organização Mundial do Turismo PIB – Produto Interno Bruto

SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas UIA - Union of International Associations

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 13

2 MEGAEVENTOS: CONCEITOS E RELEVÂNCIA ECONÔMICA... 15

2.1 CONCEITOS DE MEGAEVENTOS... 15

2.2 IMPACTOS DE MEGAEVETOS... 17

2.3 PANORAMA DE EVENTOS INTERNACIONAIS NO BRASIL ...19

2.4 RELEVÂNCIAS ECONÔMICAS DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS... 24

3 COPA DO MUNDO FIFA 2014 – DA CAPTAÇÃO A REALIZAÇÃO... 30

3.1 PROCESSO DE CAPTAÇAO DE EVENTOS ... 30

3.2 ESTRUTURA INSTITUCIONAL PARA CAPTAÇAO DE EVENTOS NO BRASIL... 33

3.3 AS ETAPAS PARA CAPTAÇAO E ESCOLHA DAS CIDADES-SEDE DA COPA DO MUNDO FIFA 2014... 36

4 POSSÍVEIS IMPACTOS DA COPA DO MUNDO FIFA 2014 NO BRASIL... 39

4.1 ANÁLISE DAS COPAS DO MUNDO FIFA DO SÉCULO XXI... 39

4.2 PROJETOS E INVESTIMENTOS PARA REALIZAÇÃO DA COPA FIFA 2014 ... 44

4.3 POSSÍVEIS IMPACTOS ECONÔMICOS DA COPA DO MUNDO FIFA 2014 NO BRASIL... 47

4.3.1 Impactos sobre Viagens Domésticas e Internacionais... 49

4.3.2 Impacto Sobre Emprego e Arrecadação Fiscal... 50

4.3.3 Legado e Impactos Sobre Competitividade... 51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 53

REFERÊNCIAS ... 56

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INTRODUÇÃO

Os megaeventos são em sua grande maioria de curto prazo com resultados e conseqüências de longo prazo para as cidades-sedes. O que está geralmente mencionado na literatura é relacionado à: infraestrutura, impactos econômicos e sociais, renovação ou criação da imagem do país ou cidades envolvidas através da mídia, especialmente da TV, e a revitalização econômica destes na realização do evento.

O processo de captação de eventos pressupõe a existência de uma rede de relacionamentos institucionais e operacionais que o viabilizam, constituído por vários agentes públicos e privados.

A questão que norteia este estudo é: quais são os possíveis impactos econômicos gerados pela realização do megaevento Copa do Mundo FIFA de 2014 no Brasil? O objetivo geral consiste em analisar esses prováveis impactos e dentre os objetivos específicos destacam-se: identificar a importância do megaevento e megaevento esportivo para as localidades onde são realizados; discutir a interferência na captação de eventos internacionais para os países, cidades-sede; elencar as cidades-sede brasileiras envolvidas neste processo; e explicar os processos de captação de eventos internacionais e megaeventos esportivos.

Para desenvolver esses objetivos optou-se por fazer uso da pesquisa exploratória e como procedimentos metodológicos dividiu-se a busca em três etapas. Na primeira foi realizada a revisão bibliográfica, a fim de identificar o material de pesquisa disponível, como livros, artigos e dados estatísticos, que dessem embasamento teórico ao trabalho proposto. Na segunda fase foi feito um levantamento de megaeventos e megaeventos esportivos como a Copa do Mundo FIFA realizados

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em outros países. Na terceira fase foram discutidas os possíveis impactos do evento Copa do Mundo FIFA de 2014 no Brasil.

Sendo assim, além dessa introdução, o trabalho está organizado da seguinte forma:

O capítulo dois apresenta conceituação de eventos e megaeventos, apresentação da relevância econômica dos megaeventos para os países e cidades que os sediam.

O terceiro capítulo discute o processo de captação de eventos, a estrutura institucional brasileira para este segmento, além disso, analisa as etapas para captação da Copa do Mundo FIFA 2014 e os critérios na escolha da cidade sede com respectivas influências para realização do megaevento.

No quarto capítulo são apresentados os possíveis impactos da Copa do Mundo de 2014 com base na análise da Copas do Mundo FIFA do século XXI; nos projetos e investimentos para a realização deste megaevento no Brasil a fim de apresentar as conseqüências econômicas por sediar este evento.

Por último, são apresentadas as conclusões dos principais pontos abordados no estudo.

Espera-se com este estudo construir um conhecimento que contribua com informações valiosas para área, abrindo caminhos para discussões mais amplas.

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2 MEGAEVENTOS: CONCEITOS E RELEVÂNCIA ECONÔMICA

Esse capítulo tem por objetivo a conceituação de megaeventos que serão utilizados no decorrer deste trabalho. Além disso apresenta a relevância econômica dos megaeventos para os países e cidades que os sediam e a dinâmica do mercado de eventsos internacionais no Brasil.

2. 1 CONCEITOS DE MEGAEVENTOS

De acordo com Allen (2003) a definição de megaevento consiste na magnitude afeta economias inteiras e repercute na mídia global. Entre eles podemos citar as Olimpíadas e as Feiras Mundiais, embora seja difícil a muitos outros eventos se encaixar nessa categoria. Getz (1993, p. 802), em contraponto, os define de acordo com os impactos produzidos:

“Seu volume deveria exceder um milhão de visitantes, seu orçamento deveria ser de, pelo menos, 500 milhões de dólares americanos e sua reputação deveria ser de um evento imperdível [...] Megaeventos, por sua grandiosidade ou significado, são aqueles que produzem níveis extraordinariamente altos de turismo, cobertura da mídia, prestígio ou impacto econômico para a comunidade local ou de destino”.

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Hall et al. (1993) como outros pesquisadores no campo de eventos e turismo, apresentam a seguinte definição:

“Megaeventos tais como as Feiras Mundiais e Exposições, a Copa do Mundo ou as Olimpíadas são eventos especificamente direcionados para o mercado de turismo internacional e podem ser adequadamente descritos como „mega‟ em virtude de sua grandiosidade em termos de público, mercado alvo, nível de envolvimento financeiro, do setor público, efeitos políticos, extensão de cobertura televisiva, construção de instalações e impacto sobre o sistema econômico e social da comunidade anfitriã.” (HALL et al., 1993, p.625)

Já para Roche (2000) o megaevento é reconhecido em geral, como “um evento de produção da mídia ” com impactos político, econômico e tecnológico. Em específico, os megaeventos esportivos tem definições próprias determinados historicamente. Segundo Barros et al (2005) :

“Os Jogos Pan Americanos são uma versão continental dos Olímpicos que conta com esportes do Programa Olímpico e com outros característicos dos países participantes do evento. E, podemos citar no Brasil eventos de porte exemplificadores dos impactos similares e necessidade de gestão típicos dos megaeventos como o Réveillon em Copacabana, o Carnaval no Rio de Janeiro, o show dos Rolling Stones em Copacabana, os Jogos Pan Americanos 2007, Conferência sobre o Meio Ambiente no Rio em 1992, o Rock in Rio em 1985 e 2001, Folclore em Parintins-Amazonas, São Silvestre em São Paulo, Festa do Peão Boiadeiro realizada em Barretos, estado de São Paulo, Oktoberfest realizada em Blumenau no estado de Santa Catarina, as festas de verão e carnaval de Salvador no estado da Bahia, Planeta Atlântida - Evento de Rock no Rio Grande do Sul “(BARROS et al., 2005, p.4)

Para Barbosa e Zouain (2003, p.6) “megaeventos são como catalisadores e indutores de um desenvolvimento local, regional e até nacional, podendo ser instrumento de políticas de desenvolvimento”. A literatura menciona a provisão de infraestrutura e os impactos econômicos e sociais como seus resultados e consequências. Jones (2001) argumenta que para muitas cidades os megaeventos podem ser o caminho e a forma para conseguir um reconhecimento nacional e global através da exposição de mídia, o que pode ser bom para um destino turístico caso o evento seja um sucesso, ou até mesmo, destrutivo caso o evento possua falhas perceptíveis para todos os participantes e envolvidos: atletas, familiares, imprensa, torcedores e telespectadores. Outro aspecto sempre lembrado é o grau de intervenção urbano, seja direto na construção dos locais do evento,como infraestrutura de apoio

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logístico, com conseqüente alteração do mercado imobiliário e seus custos, desapropriações, com movimentação da população do seu habitat natural.

No entanto, de acordo com Higham (1999) existe um crescente número de pesquisas acadêmicas sobre os efeitos negativos ou ambivalentes dos megaeventos, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Estas críticas, em sua maioria, estão centradas no processo de escolha da cidade para o evento, que de acordo com o autor, pode estar desviando parte dos benefícios econômicos e sociais da comunidade onde o evento será realizado para agradar aos interesses de patrocinadores e organizadores que, em sua maioria, tem pouco conhecimento referente à realidade local. Outra crítica também realizada, principalmente para os países em desenvolvimento, é que os megaeventos estão associados com a criação de uma grande infraestrutura de apoio, o que na visão de finanças públicas significa uma grande quantidade de recursos ou dívidas de longo prazo, que podem sobrecarregar as contas públicas, além de prejudicar algumas áreas com maior necessidade de curto prazo, como a saúde, educação e bem estar social.

Essas afirmações alertam para o fato que a construção de uma visão objetiva e técnica sobre os megaeventos pode ser prejudicada pela descontinuidade política; conflito de interesses entre a sociedade local, os organizadores e patrocinadores; incapacidade da comunidade manter a infraestrutura esportiva do legado operacional para o público esportivo desde o usuário ao espectador.

2.2 IMPACTOS DE MEGAEVETOS

Os megaeventos normalmente geram impactos profundos a longo prazo, tanto positivos quanto negativos sobre as comunidades de acolhimento (MIHALINK; CUMMINGS, 1995; MIHALIK ; SIMMONETTE, 1998; RITCHIE; AITKEN, 1985). De acordo com Ritchie (1984) os impactos de megaeventos podem ser divididos na seguintes áreas: economia, turismo/ comercial, física, sociocultural, psicológica, político.

(18)

A avaliação dos impactos econômicos de qualquer megaevento, principalmente, de uma Copa do Mundo é uma tarefa complexa que envolve estimativas dos seus potenciais gastos versus receitas. É necessário compreender as dimensões dos conceitos supracitados e as fases que envolvem um evento. Segundo Barbosa (2003), um evento é dividido em três fases distintas: o pré-evento, o evento e pós evento.

Os impactos na etapa do pré-evento estão relacionados à fase anterior a realização do evento, onde se incluem os gastos e os impactos de atividades como: estudos e planejamento para a realização do evento; investimentos para o processo de licitação; gastos com treinamento; gastos com marketing; investimentos realizados para a construção das arenas esportivas; investimentos em infraestrutura de apoio e logística para a realização do evento; aumento dos preços de imóveis. Os impactos econômicos desta fase tendem a uma dimensão temporal de longo prazo.

Durante a realização do evento os impactos derivam dos gastos realizados pelos espectadores, equipes esportivas e jornalistas nas mais diversas atividades relacionadas com o evento e com a atividade turística gerada: hotelaria, transporte, alimentação, souveniers, impostos, entre outras. Além destes gastos, podem-se incluir os aluguéis de espaço físico e publicitário, as taxas cobradas e os salários pagos aos prestadores de serviço no evento. Os impactos econômicos desta fase tendem a uma dimensão temporal finita.

Na última fase os impactos são considerados a partir do legado da infraestrutura disponível após a realização do evento; a exposição na mídia internacional e o consequente aumento do número de turistas para a cidade, a capacidade instalada para sediar futuros eventos, entre outros. O impacto econômico desta etapa, em caso de sucesso do evento pode ter a dimensão temporal infinita, dificultando a sua mensuração.

No que tange a mensuração de impactos de eventos e megaeventos, o World Travel and Tourism Council – WTTC (OMT, 2003) identifica os impactos gerados sobre a economia, sejam eles diretos (através dos gastos realizados pelo visitante, com hospedagem, transporte, lazer e demais serviços turísticos), indiretos (associados ao investimento de capital das empresas turísticas, como gastos em edifícios e equipamentos) ou os induzidos (como por exemplo, o comércio exterior gerado pelos

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gastos internacionais dos turistas fora de seu país, as compras turísticas, assim como gastos gerais pelas companhias e pelo governo em matéria de viagens e novas frentes de negócios). (Apud Lohmann, 2008).

Esse efeito multiplicador do turismo, sobretudo no segmento de eventos, mostra a extensa cadeia de serviços que a atividade movimenta e os benefícios que pode causar. Segundo Mathieson e Wall (1982), o turismo gera efeitos primários, que são os fluxos de dinheiro recebidos pelos estabelecimentos de primeira linha (hotéis, restaurantes, transporte...), efeitos secundários, produzidos pelos gastos turísticos que se infiltram na economia local, e terciários, que são fluxos monetários que se iniciaram diretamente pelos gastos turísticos e desenrolaram outros negócios.

2.3 PANORAMA DE EVENTOS INTERNACIONAIS NO BRASIL

Tendo em vista os impactos da fase de pré-evento supracitada, identifica-se que a marca por ser um destino sede de um megaevento como a Copa do Mundo da FIFA influencia na captação de eventos internacionais tal como a Soccerex Global Convention1 2010 que é um evento com mais de 15 anos de tradição no cenário global com atuação em 5 continentes e realização de 24 eventos, atraindo mais de 25.000 participantes da indústria do futebol que aprendem, trocam informações e fazem negócios, e sempre é realizado no país sede da próxima Copa do Mundo FIFA. Eventos como estes e outros motivam os agentes envolvidos na realização de eventos a ter mais qualificação e testam a infraestrutura da cidade que de acordo com o planejamento já estariam sendo incrementados ou construídos para recepção do megaevento.

Para compreender o panorama de eventos internacionais sugere-se a utilização dos parâmetros da International Congress and Convention Association (ICCA) 2 que é a principal entidade mundial de eventos associativos e seu ranking é referência para todo

1

Disponível em: http://www.soccerex.com/events/convencao-global-2010/ Acesso em: 02 de nov 2010

2

(20)

o segmento de turismo de eventos no mundo. A entidade só contabiliza eventos itinerantes (que acontecem em diferentes países), com periodicidade definida e número mínimo de 50 participantes e com critérios bem definidos. O ranking de realização de eventos internacionais é divulgado anualmente e o levantamento mais recente, o de 2009 foi o mais completo feito pela entidade até hoje, com registro da realização de 8.315 eventos, 815 a mais do que em 2008 (7.500 eventos).

O posicionamento do Brasil teve significativo aumento no número de eventos internacionais realizados em 2009 e, pelo quarto ano consecutivo, se consolida entre os dez países que lideram o ranking da ICCA, ocupando a 7ª posição. Com 39 eventos a mais que no ano 2008 é o primeiro único país latino-americano a ocupar esta posição, desde 2006. De acordo com dados consolidados pelo estudo da ICCA, o Brasil cresceu 15,4% enquanto o mundo cresceu 10,8%. A tabela 1 apresenta o ranking mundial, segundo ICCA:

Tabela 1: Os 10 principais países no mundo sede

de eventos internacionais em 2009

Posição País Nº de Eventos 1º Estados Unidos 595 2º Alemanha 458 3º Espanha 360 4º Itália 350 5º Reino Unido 345 6º França 341 7º Brasil 293 8º Japão 257 9º China 245 10º Áustria/ Holanda 236

Fonte: Elaboração própria a partir de dados ICCA (2010)3

3

(21)

Além disso, foi registrada a forte descentralização na realização de eventos no país. Pois, em 2008 apenas 45 cidades brasileiras realizaram eventos internacionais, enquanto em 2009 foram 48 cidades. Este resultado é conseqüência de um trabalho realizado desde 2003 pela EMBRATUR que tinha um cenário, onde o Brasil ocupava a 19ª posição no ranking da ICCA e apenas 22 cidades sediaram pelo menos cinco eventos internacionais ao ano. A política de descentralização praticada pela EMBRATUR, o crescimento de novos equipamentos para eventos em várias regiões do país e a melhoria da imagem do Brasil no exterior fizeram com que, nos últimos anos, cidades brasileiras como: Salvador, Florianópolis, Foz do Iguaçu, Recife, Búzios, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Gramado, Campinas, Fortaleza e Porto Alegre fossem incluídas no ranking da ICCA entre os destinos para eventos, segundo critérios, previamente, mencionados.

No ranking das Américas as cidades brasileiras que mais se destacam estão nas 2ª e 3ª posições, respectivamente ocupadas, por São Paulo com 79 eventos e Rio de Janeiro com 62 eventos realizados em 2009, tal como se observa na tabela 2:

Tabela 2: As 10 principais cidades nas Américas sede

de eventos internacionais em 2009

Posição Cidade Nº de Eventos

1º Buenos Aires 90 2º São Paulo 79 3º Rio de Janeiro 62 4º Montreal 57 5º Vancouver 46 6º Santiago do Chile 41 7º Toronto 36 8º Boston 35 9º Lima 34 10º Cidade do México 33

(22)

Percebe-se que ao realizar uma comparação com dados supracitados e os que foram divulgados em 20084pela mesma entidade, a cidade São Paulo realizou quatro eventos a mais, ocupando a primeira posição entre as cidades brasileiras no ranking e o 18ª lugar no ranking mundial de cidades. O Rio de Janeiro registrou um salto de 10 posições no ranking global de cidades já que em 2008 realizou 41 eventos, enquanto em 2009, 62 eventos, respectivamente, 36º e 26º posições.

O desenvolvimento do segmento de eventos internacionais no Brasil motivou a EMBRATUR solicitar uma Pesquisa de Perfil e Impacto Econômico de Eventos Internacionais (2008) 5 a Fundação Getulio Vargas. Esse estudo (Tabela 3) aponta que, dentre os turistas pesquisados que viajam para o Brasil para participar de eventos relacionados ao setor de esporte6, a permanência média deles no país é de 10,29 dias e que seu gasto médio diário é de 249 dólares americanos (incluindo gastos com hospedagem, alimentação, compras e presentes transporte, cultura e lazer e telecomunicação).

Tabela 3: Número de participantes, permanência média e número de pernoites,

por segmentos

Segmentos Nº de

Participantes Permanência Média

Número de Pernoites Absoluto Participação (%) Total 18.878 - 122.453 100 Medicina 8.476 5,96 50.518 41 Tecnologia e Meio Ambiente 5.116 6,35 32.487 27 Educação, Social e Esporte 2.1333 10,29 21.949 18 4

Disponível em: http://www.iccaworld.com/cnt/docs/2008-Statistics-Report-CountryCity-Rankings.pdf Acesso em 16 jan 2010

5

Disponível em:

http://200.143.12.93/export/sites/default/dadosefatos/anuario/downloads_anuario/anuario_estatistico_200 9___ano_base_2008.pdf

6 O dado da pesquisa não está desagregado e considera uma única categoria para turista que viaja para participar de um evento de educação, social ou esporte.

(23)

Segmentos Nº de

Participantes Permanência Média

Número de Pernoites Absoluto Participação

(%)

Outros 3.153 5,55 17.499 14

Fontes: FGV e EMBRATUR, 2008

Ao analisar os gastos de turistas que participam de eventos esportivos, apresentados na tabela 4, verifica-se que o gasto com hospedagem refere-se a 42% do gasto total, sendo que com compras e presentes significa 19,71% e com cultura e lazer 12,79% do total. Ao comparar os gastos dos turistas que participam de eventos esportivos com aqueles que visitam o Brasil para participar de evento do segmento médico ou de tecnologia e meio ambiente, pode-se observar uma diferença significativa.

Tabela 4: Gasto médio diário por categoria – visitante por tipo de evento (em US$) Categorias de Gasto Medicina Tecnologia e Meio Ambiente Educação, Social e Esporte Outros Média de Gastos por Pernoite Total 304,44 290,07 244,92 270,46 285,10 Hospedagem e Alimentação 185,30 192,68 102,88 205,12 175,32 Compras e Presentes 38,05 24,58 48,28 20,08 33,74 Transporte 26,20 21,19 27,84 14,13 23,44 Cultura e Lazer 25,91 20,09 31,33 11,53 23,28 Telecomunicações 12,01 8,88 12,06 5,66 10,28 Outros Gastos 16,97 22,65 22,53 13,94 19,04 Fontes: FGV e EMBRATUR, 2008

Apesar do gasto médio diário dos turistas que participam de eventos esportivos ser menor, o tempo de permanência deles no país visitado é maior, fazendo com que

(24)

esse tipo de turista tenha um gasto significativo no total da viagem, se comparado aos turistas que viajam para participar de eventos médicos ou de tecnologia e meio ambiente (Tabela 5).

Tabela 5: Gasto médio total da viagem- visitante por tipo de eventos (Em US$) Tipo de Evento que

o Turista Participa

Gasto Médio Diário (USD) Permanência Média (dia) Gasto Médio Total Durante a Viagem Medicina $304,44 5,96 $1.814,46 Tecnologia e Meio Ambiente $290,07 6,35 $1.841,94 Educação, Social e Esporte $244,92 10,29 $2.520,23 Fontes: FGV e EMBRATUR, 2008

De fato, esses dados encontram-se agregados em uma única categoria (Educação, Social e esporte), mas ainda assim o mesmo deve ser considerado. O turismo de esporte movimenta comitivas de diversos países, imprensa entre outros, sendo ainda um tema que interessa muitos leitores e que gera mídia sobre a atividade esportiva e o local onde ocorre o evento.

2.4 RELEVÂNCIAS ECONÔMICAS DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS

Considera-se que o turismo de eventos esportivos é responsável por diversos impactos nas suas cidades-sede desde impactos econômicos a impactos ambientais, os resultados de uma política de desenvolvimento deste setor tendem a variar de forma significativa e alterar todas as etapas do evento, principalmente, o legado.

A partir de 1950, os investimentos em megaeventos esportivos têm crescido notavelmente e grande parte destes está diretamente relacionada às variáveis tangíveis. Os custos para sediar os Jogos Olímpicos, por exemplo, são maiores hoje.

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Os gastos com a operacionalização dos Jogos Olímpicos de Verão de Munique em 1972 chegaram a 550 milhões de dólares, enquanto nos Jogos de Sydney em 2000 ultrapassaram 1,2 bilhão de dólares (PREUSS, 2000). O Comitê Organizador dos Jogos de Pequim em 2008 estimou um investimento total de 33,7 bilhões de dólares (LIN, 2003). Consequentemente, a mensuração dos impactos diretos de tais eventos em todo o sistema em que este se envolve é tarefa complexa, começando pelo tamanho do evento. De acordo com Heinemann (2003), podemos apenas medir com acuidade os custos e benefícios tangíveis diretos, tais como os investimentos necessários, custos administrativos de planejamento, organização e realização do evento. Os outros impactos são conseqüências e podem apenas ser medidos e calculados com certo grau de incerteza. Kèsenne (1999) enfatiza que apesar de todas essas dificuldades, claro está que existem aspectos políticos envolvidos nos estudos sobre custos e benefícios. Interesses políticos podem predominar levando a erros de cálculos e apresentação de dados tendenciosos.

O comitê organizador da Olimpíada de Atlanta (1996) estimou um impulso de 5,1 bilhões de dólares na economia e um aumento de 77.000 empregos (BARCLAY, 2009). Na maioria das vezes tais argumentos têm por base os relatórios de impactos econômicos oriundos de estudos encomendados pelos governantes ou empresas esportivas para justificar seus investimentos, uma vez que os custos para realizar tais megaeventos são cada vez maiores. O custo de realizar os jogos olímpicos em Atenas foi de aproximadamente 12,2 bilhões de dólares, enquanto que em Londres 2012, 16,7 bilhões de dólares representaram somente a parcela de financiamento público (Golden Goal, 2010).

Roche (2000) enfatiza que megaeventos esportivos são organizados, geralmente, pelo esforço conjunto de organizações não-governamentais internacionais, tais como o Comitê Olímpico Internacional (COI) ou da FIFA junto aos governos nacionais e os seus organismos associados. E, que para estes, cada vez mais, é necessário o apoio de empresas globais a fim de patrocinar os para megaeventos, fornecendo a contribuição financeira e generalizada para exposição do evento com divulgação do país sede.

(26)

Segundo o estudo Baade e Matheson (2004) a Copa do Mundo FIFA, é o segundo maior evento esportivo do mundo e o impacto econômico deste não pode justificar a magnitude dos gastos e as perdas entre 5,5 e 9,3 bilhões dólares na Copa do Mundo de 1994 realizada nos Estados Unidos, enquanto as previsoes eram de lucros no entorno de 4 bilhões de dólares projetados pelos promotores do evento. O estudo também analisa os anfitriões da Copa de 2002, o Japão e a Coréia do Sul, que gastaram no total 4 bilhões dólares na construção ou reforma de antigas instalações a fim de adequar-se ao evento e torna evidente o quanto Copa do Mundo pode ser uma honra ou fardo para o país-sede.Em relação à Copa do Mundo de futebol de 2002 (Coréia e Japão) encontram-se dois trabalhos que apresentam dados referentes ao número de turistas atraídos para a competição. Primeiramente, Lee & Taylor (2005) afirmam que entraram na Coréia, durante o período do evento, 403 mil turistas, sendo que destes 232 mil tinham como interesse principal da viagem acompanhar os jogos. Foi estimado por estes autores, que aproximadamente 500 milhões de dólares foram injetados na economia local, sendo que destes, a metade foi no setor de cultura e recreação. Os autores frisam que os gastos com ingressos foram computados dentro deste setor, o que pode ter o superestimado.

Gelan (2003) que identifica maiores gastos em acomodação, mas o gasto com souvenir está na segunda posição, à frente da alimentação, enquanto, Horne e Manzenreiter (2004) apresentam dados que clareiam mais a discussão relacionada ao impacto econômico proporcionado por turistas em megaeventos esportivos. Segundo estes autores, utilizando-se de dados provenientes dos Ministérios do Turismo dos países sedes, durante o período da Copa do Mundo entraram no Japão 482 mil turistas, enquanto que na Coréia entraram 463 mil. Os dados demonstram que o número de turistas não foi significativamente maior ao ano anterior, obviamente, sem a edição da Copa do Mundo. O autor ainda afirma que o acréscimo do número de turistas no Japão foi de 30 mil, enquanto que na Coréia os números se mantiveram iguais, portanto, afirmando que a edição da Copa do Mundo não produziu um impacto econômico diferenciado se comparado ano anterior a realização do evento.

Conforme Barclay (2009), a construção de novos estádios pode aumentar atividade econômica, mas também pode elevar os custos de oportunidade para o setor

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público e, geralmente, tem por conseqüência a redução de outros serviços públicos, um maior empréstimo do governo ou impostos mais altos. Aliado a esse aspecto negativo da dívida pública, a falta de planejamento após o megaevento esportivo pode provocar a subutilização das infraestruturas construídas e, com isso, produzir alto custo de manutenção. Existem grande riscos para os países em desenvolvimento e os estádios construídos para o megaevento se tornem “elefantes brancos”.

Brenke e Wagner (2006), ao analisarem os efeitos da Copa do Mundo em 2006 na Alemanha, constataram que as expectativas estavam sobrevalorizadas, de forma que os empregos adicionais eram somente temporários e os custos de infraestrutura e promoção da Copa 2006 foram significativos. Eles concluíram que os principais beneficiários dos eventos foram a FIFA e a German Foootball Association (DFB). Pillay e Bass (2008) apontam que, ao contrário que se espera na Copa da África do Sul, os empregos gerados pela construção de estádios fora, temporários e após o evento esportivo o desemprego urbano poderá subir.

Apesar de algumas considerações desfavoráveis aos aspectos de impactos econômicos na realização de grandes eventos, Noll e Zimbalist (1997) identificam que os organizadores geralmente alegam que eventos, como a Copa do Mundo, geram estímulos para os negócios domésticos (e.g. restaurantes, hotéis e outros negócios) e, portanto, benefícios econômicos maiores que os custos.

Clarck (2008) aponta que o interesse de diferentes países para sediar eventos globais como megaevento esportivo é crescente e cada vez mais visto como uma forma de acelerar o desenvolvimento da economia:

A enorme variedade e interesse em tais eventos está muito crescente. Uma nova era das nações e localidades em sediar eventos mundiais está sobre nós. A rivalidade ao palco dos Jogos Olímpicos, Copas do Mundo e Campeonatos, Festivais Culturais, Exposições, Global e cimeiras é mais intensa do que

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nunca. Apesar da comunicação virtual generalizada, grandes encontros de escala desse tipo tornaram-se novamente extraordinariamente popular. China em breve hospeda sua primeira Olimpíada e a primeira EXPO (Beijing e Shanghai 2008, 2010). A Índia sediará os Jogos da Commonwealth (Delhi 2010), a Rússia a sua primeira Olimpíada de inverno (Sochi 2014) e África do Sul sua primeira Copa do Mundo (2010). A realização de tais eventos mundiais é uma maneira que as cidades de globalização das economias em rápido crescimento podem acelerar o seu desenvolvimento em "papéis de entrada” para suas nações. Tais papéis exigem alta especificação de edifícios, logística avançada, infra-estrutura avançada, e uma grande qualidade do lugar. Além disso, a concorrência para sediar as Olimpíadas de 2012 foi o mais intensa que nunca. A eventual vitória de Londres para Madrid, Paris, Nova York e Moscou, enfatizou a noção de que tais jogos globais são para as principais cidades globais hospedarem, deu os jogos em si um impulso, e assegurou que Chicago, Madri, Tóquio, Rio e outros teriam mais chances de se candidatar e concorrer para sediar os jogos de 2016. (CLARCK, 2008, p.124)

No próximo capítulo é feita uma análise da Copa do Mundo FIFA 2014 desde o processo de captação a mensuração de seus impactos tendo em vista a relevância apresentada nos demais países sedes de megaeventos esportivos e o atual cenário mundial de interesses econômicos e promoção de imagens.

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3 COPA DO MUNDO FIFA 2014 – DA CAPTAÇÃO A REALIZAÇÃO

Esse capítulo apresenta o processo de captação de eventos, a estrutura institucional brasileira para este segmento, além disso, analisa as etapas para captação da Copa do Mundo FIFA 2014 e os critérios na escolha da cidade sede com respectivas influências para realização do megaevento.

3.1 PROCESSO DE CAPTAÇAO DE EVENTOS

Os agentes que podem fomentar a captação de eventos para um destino são: o poder público, a iniciativa privada e o Convention & Visitors Bureau (CVB) locais. Estes órgãos deverão “[...] trabalhar juntos somando esforços para conseguir captar o maior número de eventos nacionais e internacionais e, conseqüentemente, de turistas para as localidades-sedes.” (MATIAS, 2007, p.99)

Os eventos passíveis de serem captados possuem algumas características particulares e deve ser rotativos, isto é sem uma sede fixa, dessa forma cada edição é realizada em uma cidade distinta. São promovidos geralmente por entidades de classe ou associações que possuem filiados em diversas localidades. O fato de os membros da associação não estarem concentrados em um único local justifica a mobilidade do evento.

As ações de captação podem ser direcionadas para candidatura de um evento nacional ou internacional. Os eventos nacionais são promovidos por entidades de classe nacionais e em função disso ocorrem em cidades Brasileiras.

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Nos eventos internacionais, as entidades promotoras possuem membros em diferentes países. Dessa forma, têm abrangência internacional e seus eventos podem, em tese, ser sediados em qualquer país onde existam associados da entidade.

Os benefícios e oportunidades gerados pelo Turismo Internacional de Eventos fazem com que a concorrência entre os destinos para sediar esses eventos seja intensa. As cidades brasileiras que se candidatam a sediar um evento internacional enfrentam a concorrência de destinos estrangeiros. Assim, faz-se necessário um planejamento de candidatura bem estruturado para obter mais chances de sucesso.

Para Britto (2002) o processo de captação envolve três atividades fundamentais: análise das condições do destino para sediar eventos, avaliação dos eventos que podem ocorrer no destino e definição da estratégia de captação de eventos. Segundo a EMBRATUR (1995, p. 11) “O planejamento para a captação de eventos é constituído por uma série de etapas [...] tendo como objetivo principal consolidar-se como o destino vencedor.”

A análise interna de um destino é um dos primeiros passos para o trabalho de captação de eventos. Devem ser avaliados os fatores que influenciam a competitividade do destino perante a concorrência do mercado internacional de eventos. É primordial que os responsáveis por fomentar a captação, agentes de captação (AC), tenham ciência das verdadeiras condições deste núcleo para sediar eventos e receber turistas.

Para atender de forma satisfatória a demanda dos visitantes os AC devem ter uma visão sistêmica da localidade que atuam e preocupar-se com todas as múltiplas ofertas de lazer e serviços oferecidos aos turistas e também com a soma dessas partes. “Em síntese, o conjunto das organizações que compõem o sistema de turismo produz uma resultante em termos de geração de valor para cada cliente.” (PETROCCHI, 2001, p.15).

Uma premissa fundamental para realizar um evento é a existência de oferta de espaço apropriado para tal. Dessa forma, centros de convenções são equipamentos fundamentais para as localidades desenvolverem o Turismo de Eventos

Conservação e modernização destes equipamentos, localização próxima à rede hoteleira, boa acessibilidade e existência de espaços versáteis capazes de adequar-se

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para atender às necessidades de diferentes eventos, são diferenciais competitivos dos centros de convenções.

O porte destes estabelecimentos deve estar de acordo com a capacidade hoteleira da região. Eventos internacionais recebem obrigatoriamente participantes estrangeiros, fazendo com que a rede hoteleira obedeça aos padrões e serviços internacionais de hospedagem.

Boa acessibilidade aérea é outra premissa imprescindível para as cidades desenvolverem o Turismo Internacional de Eventos. De acordo com o relatório consolidado da Pesquisa de Impacto Econômico dos Eventos Internacionais realizados no Brasil entre setembro de 2007 e janeiro de 2008 (EMBRATUR/FGV), 97,7% dos turistas de eventos internacionais utilizam transporte aéreo regular para chegar à localidade do evento. A relevância da acessibilidade aérea é observada pela EMBRATUR (2007) “todos os participantes do evento devem ter condições de chegar ao local, por via aérea, entre 2 e 3 dias que antecedem ao mesmo, devendo haver um aeroporto internacional num raio de 150 km em relação ao local do evento”. Assim a capacidade de voos de uma cidade está diretamente ligada com a viabilidade deste lugar em sediar um evento internacional.

Para Petrocchi (2001), a análise macro ambiental interna é uma fotografia do sistema de turismo, onde tudo deve ser analisado. A observação destes fatores permite que os AC avaliem quais eventos o destino tem estrutura turística e de serviços adequadas para sediar.

Além dos fatores relativos à infraestrutura dos equipamentos turísticos e de apoio, a capacidade de um destino em atrair eventos internacionais é influenciada pelo (a):

Singularidade do destino. Esta singularidade está relacionada com atratividade do destino, seus atrativos turísticos naturais e culturais.

Histórico de eventos da região. A expressividade de eventos já realizados com sucesso garante credibilidade ao local como um destino de eventos. Custo acessível de realização do evento e para participação do público

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Qualificação da mão de obra utilizada para dar suporte à execução dos eventos. Para atender os turistas do exterior de forma adequada deve existir a disponibilidade de mão de obra com conhecimento de idiomas estrangeiros.

Pouca restrição de ingresso de turistas ao país. Estabilidade política e econômica.

Após averiguar as condições do destino para sediar eventos internacionais, os AC devem avaliar os eventos internacionais que podem ocorrer no destino. Para isso é necessário realizar um levantamento dos eventos internacionais existentes, passíveis de ser captados para a localidade.

Essa pesquisa pode ser feita em diferentes fontes como calendário de eventos de associações de classe internacionais, de CVBx, de centros de convenções e hotéis. Existem ainda bases de dados de eventos internacionais da ICCA e Union of International Associations (UIA). O acesso a essas bases de dados é condicionado ao pagamento de uma quantia estipulada e possibilita a obtenção de informações detalhadas de eventos de entidades internacionais.

Ao buscar eventos que percorrem diferentes países, deve-se verificar o número de participantes das últimas edições e avaliar se a expectativa de público das edições futuras pode ser acomodada adequadamente na localidade em questão. Os destinos devem sempre buscar captar eventos com necessidades de serviços que possam ser atendidas por sua oferta turística.

Cidades que porventura possuam uma infra-estrutura turística moderada podem não estar aptas para receber eventos de grande porte, entretanto podem atender as exigências de serviços necessários para sediar um acontecimento de porte menor.

É importante constatar se para o evento escolhido a entidade internacional promotora possui associação Brasileira filiada e representatividade no Brasil. Devem ser avaliadas ainda a quantidade de membros e a eventual presença de Brasileiros integrantes da diretoria internacional da entidade.

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3.2 ESTRUTURA INSTITUCIONAL PARA CAPTAÇAO DE EVENTOS NO BRASIL

A EMBRATUR (1995, p.11) observa que “é importante conhecer a força e o reconhecimento político-científico dos Membros Brasileiros junto a Entidade Internacional”. A força e o reconhecimento dos membros Brasileiros influenciam diretamente na chance do Brasil sediar o evento da entidade tal como aconteceu em nosso processo de captação da Copa do Mundo de 2014.

Os AC também devem investigar o histórico do rodízio do evento e sua periodicidade. Ao conhecer as características do evento, a entidade de classe Brasileira deve ser contatada e o respectivo representante Brasileiro motivado a tentar captar uma edição do evento para o destino e liderar o processo de captação.

Dado o interesse da entidade Brasileira em propor a candidatura do evento internacional, esta deve entrar em contato a entidade internacional promotora do evento para averiguar o critério de seleção e a possibilidade de inserção do Brasil na candidatura. Em seguida, a entidade nacional deve formalizar da candidatura Brasileira juntamente a entidade internacional.

Normalmente, a defesa de candidatura de um evento futuro ocorre em uma edição anterior do evento. Nos casos dos congressos mundiais, a antecedência mínima costuma ser de três anos. (EMBRATUR, 1995). No caso da Copa do Mundo, geralmente, antecede duas edições do evento (oito anos).

As entidades internacionais promotoras do evento entregam às candidatas um manual com os requisitos e procedimentos necessários para o processo de candidatura.

As exigências e procedimentos variam de acordo com cada entidade e evento. Por isso, os AC devem estudar cada caso particular e elaborar suas estratégias, isto é um plano de como alcançar as metas estabelecidas (KOTLER, 2000).

O estabelecimento de uma estratégia para a captação de um evento tem por objetivo comunicar aos membros da entidade internacional a singularidade da cidade

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candidata e seus respectivos serviços (BRITTO, 2002). Uma estratégia eficiente deve ser direcionada para propiciar sucesso da candidatura de um destino.

De acordo com a EMBRATUR (1995), a estratégia de atuação para captação de um evento deve atentar-se para:

Identificar os pontos fortes e fracos das cidades candidatas concorrentes. Verificar como é a tomada de decisão para a cidade sede do evento. É

importante identificar as pessoas que possuem direito a voto na eleição das cidades candidatas e estabelecer formas para sensibilizá-los diretamente. Em geral os responsáveis pela eleição são os membros da diretoria, e/ou os conselheiros ou ainda todos os membros da entidade. Atender todas as exigências propostas pela entidade internacional.

Uma das exigências mais comuns estabelecidas no processo de candidatura de um evento é a elaboração dossiê de candidatura ou bidding book. Este dossiê é um dos principais instrumentos para a defesa de candidatura, por isso é importante que seja elaborado com elevado padrão de qualidade e informações bem redigidas, precisas e completas. Os dados expostos não devem ser apenas os solicitados pela entidade promotora. Deve-se buscar enaltecer os pontos fortes da cidade candidata.

A EMBRATUR (1995) esclarece que o dossiê além de contemplar os requisitos mínimos exigidos pela entidade deve conter as seguintes informações:

Cartas de apoio ao evento de autoridades para fortalecer a candidatura tais como: Governador e prefeito da cidade candidata; Ministério das Relações exteriores, Ministério correspondente a temática do evento, instituições ligadas ao turismo (Ministério do Turismo, EMBRATUR, secretaria de turismo local, CVB, Companhias Aéreas), sociedades científicas nacionais e latino-americanas, outras entidades que possam fortalecer a candidatura.

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Dados claros e objetivos referentes à infra-estrutura turística e de apoio da cidade

Justificativa do interesse da cidade ou país em sediar o evento, ressaltando a importância científica e o potencial da cidade ou país na especialidade do evento.

Viabilidade econômica do projeto, demonstrando a previsão de receitas e despesas.

Fotos dos locais disponíveis para sediar o evento, atrativos turísticos e informações da cidade candidata e do Brasil.

Esse dossiê deve ser confeccionado no idioma solicitado pela entidade promotora. Normalmente é exigido o idioma espanhol para a postulação de eventos latino-americanos e o inglês para as edições mundiais, tal como foi o dossiê apresentado a FIFA.

Além do dossiê de candidatura, outros procedimentos podem ser utilizados pela entidade internacional para avaliar os destinos candidatos. Dentre eles uma visita de inspeção dos membros da diretoria da entidade internacional para constatar pessoalmente como é a infra-estrutura local do destino postulante.

A entidade internacional pode solicitar a realização de uma apresentação sobre o destino, proferida pelo responsável da candidatura nacional para os demais membros da associação. Neste momento devem ser embasadas as razões científicas que motivam a realização do evento e os aspectos positivos, culturais e turísticos, para os participantes do evento. Para a EMBRATUR (1995) a excelência nesta apresentação é relevante para a escolha dos votantes na eleição da futura sede do evento.

Outra demanda que pode ser fixada é a confecção de um projeto que contemple a viabilidade financeira do evento.

Para cumprir as exigências da entidade internacional de forma plena devem-se identificar quais os órgãos públicos e privados podem formar parcerias para a captação de um evento, e de que forma cada um pode contribuir para o sucesso da postulação.

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3.3 AS ETAPAS PARA CAPTAÇAO E ESCOLHA DAS CIDADES-SEDE DA COPA DO MUNDO FIFA 2014

O processo de captação do evento da Copa do Mundo FIFA 2014 seguiu o envolvimento dos agentes descritos acima pelo manual da EMBRATUR (1995) e as etapas e relevantes deste processo podem ser observadas na figura 1:

Figura 1 - Etapas da FIFA para escolha país sede Copa do Mundo 2014 Fonte: Brazil BID Inspection Report for the 2014 FIFA World Cup™7

7Disponível em: http://pt.fifa.com/mm/document/affederation/mission/62/24/78/inspectionreport% 5fe %5f24841.pdf: Acessado em 12 abr 2010.

Escolha do Brasil como país sede da Copa do

Mundo FIFA 2014 (30/10/2007)

Projeto das cidades-sede

Escolha das cidades-sede (01/2010)

Execução dos projetos

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Segundo Porter (1999), um importante argumento que os governos candidatos utilizam para captar um megaevento refere-se aos benefícios econômicos que podem ser gerados.

As 12 cidades-sede escolhidas em meados de 2009 8para receber os jogos de 2014 são: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). Dezoito cidades foram candidatas. Além das 12 escolhidas ainda participaram da disputa: Rio Branco (AC), Belém (PA), Maceió (AL), Goiânia (GO), Florianópolis (SC) e Campo Grande (MS).

Segundo o secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke, 9a escolha obedeceu a critérios técnicos, com base nas visitas feitas por técnicos da entidade, no começo de 2009, e nos projetos entregues pelas cidades. Além dos estádios, aspectos como a rede hoteleira, sistema de transporte urbano, aeroportos, segurança pública e opções de lazer também foram levados em conta na hora da escolha. A FIFA prefere menos sedes por uma questão de economia. Cada cidade sede tem de ter seu próprio centro de imprensa, hotéis oficiais, campos de treinamento, equipe de voluntários, por exemplo. Em um torneio como a Copa, com 64 jogos, dez sedes seria um número bom. Em média, cada cidade receberia seis jogos em um mês.

De acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o fato de o Brasil ter, aproximadamente, 47% do território da América do Sul, buscou-se privilegiar cada uma das regiões geográficas do país, conseqüentemente, aumentando número de sedes comparado as Copas anteriores.

Entre os critérios exigidos pela FIFA é que os estádios que receberão os jogos da Copa tenham pelo menos 40.000 lugares. Além disso, o estádio da abertura do mundial deverá ter no mínimo 60.000 assentos; o de encerramento, mais de 80.000. A FIFA recomenda ainda que todos os espectadores tenham cadeiras individuais numeradas, com encosto de pelo menos 30 centímetros de altura. Banheiros limpos e em número suficiente, corredores de entrada e saída largos e tribunas de imprensa

8

Disponível em: http://pt.fifa.com/worldcup/brazil2014/destination/cities/index.html Acessado em 27 de jun. de 2010.

9

Disponível em: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/cidades-copa-2014/cidades-sede-copa-2014-estadios-capitais-fifa-cbf-abertura-final.shtml Acesso em: 10 fev 2010

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bem equipadas - raridades nos campos brasileiros - são outras exigências. Também é preciso haver hospitais e estacionamentos nas imediações das arenas.

Segundo Ricardo Teixeira, as reformas dos estádios particulares como, por exemplo, o Morumbi em São Paulo (SP) são de inteira responsabilidade dos seus donos. Já as obras dos estádios públicos, como Maracanã e Mineirão, serão pagas através de parcerias público-privadas. As reformas ou construções dos estádios devem começar no máximo até o dia 31 de janeiro de 2010. Já o prazo final para a entrega definitiva de todos os estádios em plenas condições de uso será o dia 31 de dezembro de 2012. Em 2013, o país deverá receber a Copa das Confederações, que serve como uma espécie de ensaio geral para o Mundial. Outro aspecto relevante, é que a cidade sede do primeiro jogo da Copa receberá o Congresso Anual da FIFA, uma semana antes do mundial. Com isso, a cidade terá a visita de mais de 200 dirigentes de todo o mundo, consequentemente, gerando muitos benefícios financeiros para o município e para a cidade.

No entanto, a maximização dos benefícios econômicos e financeiros gerados pelo evento Copa FIFA 2014 no Brasil dependerá da eficácia e eficiência do planejamento e execução dos projetos de infraestruturas relacionados à preparação do país para receber o evento.

Sendo assim, o próximo capitulo apresenta uma análise dos possíveis impactos econômicos relacionados com o evento.

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4 POSSÍVEIS IMPACTOS DA COPA DO MUNDO FIFA 2014 NO BRASIL

Este capítulo apresenta os possíveis impactos da Copa do Mundo de 2014 com base na análise da Copas do Mundo FIFA do século XXI ; nos projetos e investimentos para a realização deste megaevento no Brasil a fim de apresentar as consequências econômicas por sediar este evento .

4.1 ANÁLISE DAS COPAS DO MUNDO FIFA DO SÉCULO XXI

A FIFA realiza este tipo de megaevento desde 1930 em diferentes continentes. As Copas do mundo do século XXI são: Japão-Coréia em 2002, primeira copa na Ásia e marca o rodízio mundial do torneio com dois países-sede; Alemanha, 2006 pós-queda do Muro de Berlim; a África do Sul em 2010, primeira no continente africano e a próxima acontecerá no Brasil em 2014, a 20ª edição do evento que marca o retorno à América do Latina após 18 anos, pois a última foi no México em 198610.

A Copa do Mundo tem um significado simbólico enorme e pode formar, reposicionar ou solidificar a imagem de um país. Um dos objetivos que norteou a Copa do Mundo FIFA 2006 foi reposicionar o estereótipo dos alemães como sendo povo receptivo e que sabe fazer boas festas (Lewis, 2006). Os organizadores, o governo e o Deutsche Zentrale für Tourismus (DZT) lançaram uma iniciativa de hospitalidade em nome do governo alemão, que incluía recursos de manutenção do governo, marketing

10

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local para a Alemanha, um programa cultural e um serviço de campanha e simpatia (IMC, 2005, p .15).

Na Copa de 2006 na Alemanha, conforme a FIFA, se podem destacar os seguintes pontos dos impactos: estímulo a dois milhões de visitantes na Alemanha durante os jogos, as diárias para estrangeiros nos hotéis cresceram 31%, as vendas avulsas de ingressos geraram dois bilhões de euros, investimento no valor de 1.5 bilhões de euros nos estádios a fim de adequá-los no padrão do evento, o “Green Goal”

11

com a preocupação na sustentabilidade e crescimento Econômico (GDP) no país sede ficou estimado de 0.3%.

Segundo Watts (2002) após a Copa do Mundo de 2002, Coréia do Sul e o Japão se preocupam com o baixo uso e altos custos de manutenção dos estádios.

Segundo Kim; Gursoy; Lee (2004)12, apesar dos benefícios econômicos serem abaixo da expectativa, o saldo do intercambio social e cultural é alto após a realização do evento, pois nações que antes estavam envolvidas em problemas políticos, desenvolveram afinidades e valorizaram suas respectivas culturas.Os dados divulgados pela FIFA relacionados à Copa do Mundo da África do Sul indicam que: 3,1 milhões de espectadores assistiram aos 64 jogos do mundial nos 10 estádios situados em 8 das 9 províncias do país: Gauteng, Mpumalanga, Limpopo, Free State, Kwa-Zulu Natal, Western Cape, Northwest e Eastern Cape. E, que esta foi a terceira maior participação agregada depois dos Estados Unidos, em 1994, e da Alemanha, em 2006.

De acordo com o governo sul africano13 o orçamento para a Copa do Mundo de 2010 foi norteado por um protocolo de financiamento do tesouro nacional que priorizou o investimento em infraestrutura, logística, comunicação e segurança, itens necessários para garantir um legado duradouro. Assim, o investimento de 2,24 bilhões de dólares americanos direto do governo fez parte de um programa em que os gastos foram concentrados entre os anos de 2006 e 2010. Durante esse período, o governo investiu mais de 57,14 bilhões de dólares americanos na infraestrutura do país, com transporte

11 “Green Goal”, ou “Gol Verde” foi criado pelo governo alemão junto a FIFA e outros parceiros desde 2001, portanto cinco anos antes da Copa, estabelecendo entre outras coisas, a redução de 20% do consumo de energia e água e do volume de resíduos.

12

KIM, H.J., GURSOY, D. and LEE, S. (2006) 'The impact of the 2002 World Cup on South Korea: comparisons of pre- and post-games', Journal of Tourism Management, Vol. 27, No. 1, pp.86-96. 13

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ferroviário de mercadorias, produção de energia, comunicações, aeroportos e portos de entrada.

Este orçamento também contemplou a construção e a reforma de estádios, além de programas de esportes e recreação, artes e cultura, policiamento e serviços médicos de emergência, afinal, os financiamentos do governo nacional foram suplementados por contribuições dos governos provinciais, locais e outros parceiros de forma a contribuir com as necessidades de todos os envolvidos.

A preocupação ambiental também fez parte da Copa do Mundo de 2010, já que o projeto foi baseado na experiência da Alemanha, onde se experimentou o primeiro evento “Green Goal”. As cidades de Johanesburgo e a Cidade do Cabo se adaptaram ao projeto que visa à sustentabilidade.

O impacto econômico, segundo pesquisa realizada pela Grant Thornton, a Copa do Mundo FIFA 2010 tende a contribuir na geração de 415.400 empregos e aumento do fluxo em impostos de renda com 19.3 bilhões rands (2,5 de dólares americanos) a mais para o governo. O legado desta Copa ainda é difícil ser avaliado, pois o evento ocorreu há apenas quatro meses da confecção deste trabalho e muitos dados econômicos de 2010 ainda não foram divulgados pelo governo. No entanto, é importante observar a gestão dos recursos e investimentos realizados pelo governo, pois dentro dos três mundiais realizados no século XXI, este reune características semelhantes às que o Brasil tende a enfrentar já que ambos são países ainda em desenvolvimento e necessitam focar os investimentos em infraetsrutura urbarna.

A metodologia freqüentemente utilizada nos estudos de impactos de eventos esportivos é a análise de insumo-produto, que pode estimar os efeitos diretos e indiretos desses eventos na economia. Alguns autores consideram, entretanto, que os efeitos multiplicadores obtidos superestimam os efeitos reais, pois a metodologia utiliza hipóteses de oferta ilimitada de fatores de produção e desconsideram os efeitos de substituição e custos de oportunidade, tal como foi supracitado neste trabalho. Além disso, haja vista que os multiplicadores estão baseados numa estrutura de produção vigente da economia, não captam as mudanças que a realização do evento esportivo pode provocar nas relações produtivas. Existem também casos em que o método de

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insumo-produto não é capaz de captar certos vazamentos durante o evento esportivo (Barclay, 2009; Madden, 2006; Porter, 1999).

Swinnen e Vandemoortele (2008) destacam algumas diferenças entre a Alemanha e a África do Sul como sedes da Copa do Mundo. A primeira diferença repousa no custo de investimentos em infraestruturas. Enquanto que, na África do Sul os investimentos requeridos foram altos para construir novos estádios, a Alemanha já possuía a maior parte da infraestrutura esportiva. Uma segunda diferença recai sobre o custo do capital e custo do trabalho nos dois países, uma vez que, o primeiro é maior nos países em desenvolvimento enquanto que o segundo é maior nos países desenvolvidos.

Contrapondo Barclay (2009) avalia que a construção de novos estádios pode aumentar a atividade econômica, mas também pode elevar os custos de oportunidade para o setor público, implicando na redução de outros serviços públicos, endividamento do setor público e/ou aumento dos impostos.

A falta de planejamento pode refletir negativamente no legado do evento, provocado pela subutilização das infraestruturas construídas e, com isso, produzir alto custo de manutenção. Existem grandes riscos para os países em desenvolvimento e os estádios construídos para o megaevento se tornem “elefantes brancos” (BARCLAY, 2009) tal como aconteceu na Coréia e tende a ocorrer na África do Sul, devido a pouca tradição no esporte e falta de planejamento a fim de que os estádios se tornem aptos a receberem outros esportes ou eventos que sejam mais de acordo com os costumes dos moradores das cidades-sede.

A infraestrutura deficiente, que frequentemente restringe o crescimento econômico de uma região, quando revitalizada em virtude de Copa do Mundo, pode produzir uma redução de custo e fornecer um impulso de produtividade à própria economia (SWINNEN; VANDEMOORTELE, 2008). Ainda de acordo com Barclay (2009), a Coréia do Sul despendeu 2 bilhões de dólares americanos em dez novos estádios e o Japão 4 bilhões na construção de sete novos estádios. A figura 2 elaborada pela Match Service,14 agencia da FIFA, contém as principais áreas de

14 A Match Service é agência responsávelé a empresa de serviços escolhida pela FIFA para fornecer os serviços de bilheteria, hospedagem e tecnologia da informação (TI) para a Copa das Confederações da FIFA, a Copa do Mundo da FIFA nas Copas de 2006, 2010 e 2014.

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impacto nas cidades-sede durante a realização de uma Copa do Mundo: SPORTE GIONAL E LOCAL

Figura 2 - Áreas de impacto da realização da Copa do Mundo FIFA Fonte: Elaboração própria a partir dados Match Services15

A Copa do Mundo de 2014 representa outro grande evento esportivo programado para o Brasil16. Na sua preparação, uma série de obras de infraestrutura, reformas e construção de estádios estão sendo programadas. Em meados de 2009 as 12 cidades-sede da Copa, que abrigarão jogos da competição, foram escolhidas, tal como supracitado no item 3.4 deste trabalho. É provável que o Brasil tenha grande visibilidade com a promoção dos megaeventos esportivos agendados, contudo os benefícios econômicos que tais eventos proporcionam ao país-sede são difíceis de estimar, pois envolvem obras de infraestrutura urbana, reformas/construção de estádios, fluxos turísticos, investimentos privados (rede hoteleira, por exemplo) e divulgação internacional do país.

15

Disponível em: http://pt.fifa.com/worldcup/organisation/matchag/index.html Acessado em 15 ago 2010

16

O Brasil, em 30 de outubro de 2007, foi escolhido pela FIFA como país sede da Copa das

Confederações FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014. Além de ser sedeOlimpíadas Militares de 2011, Jogos Olímpicos de 2016 (Ministério do Esporte, 2010).

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