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2.4 Revisão e Compilação das Funções de Gerenciamento das Redes

2.4.1 Análise das funções de gerenciamento de rede

Após a revisão das tipologias foi possível elencar e agrupar algumas funções conforme o escopo de cada uma destas. A começar pela função seleção, esta foi inicialmente proposta por Sydow e Windeler (1994) e bastante replicada posteriormente, à exemplo do trabalho de Heidenreich et al., (2016). Em linhas gerais esta função refere-se à escolha, inclusão e remoção de participantes da rede, considerando o potencial de recursos e oportunidades que estes podem representar (Bartelings et al., 2017; Dagnino et al., 2016; Molina-Morales, 2005).

Sob o mesmo aspecto, a função ativação foi inicialmente discutida no estudo de Agranoff e McGuire (2001) e posteriormente replicada por McGuire (2002), McGuire e Silvia (2009) e Jarvensivu e Moller (2009) dentre outros. Também como um critério de seleção, nessa função são considerados os comportamentos empregados para identificar e incorporar pessoas e recursos necessários para alcançar os objetivos da rede, envolvendo a identificação de participantes-chave para estruturação e desempenho do arranjo (Coletti, 2010; Matinheikki et

al., 2017). É válido ressaltar que o processo de ativação de laços perpassa pela definição da identidade da rede e estabelecimento de um senso de coletividade entre os envolvidos (Planko et al. (2017), Dagnino et al. (2016) e Macciò & Cristofoli (2017).

Por estarem direcionadas a identificação de parceiros potenciais (Dagnino et al., 2016) e introdução estratégica de atores relevantes (Paquin & Howard-Greenvile, 2013) e recursos necessários a rede (Coletti, 2010; Klijn et al., 2010) envolvendo estratégias de conexão e ativação destas relações, propõe-se que o escopo da função “seleção e ativação” é definido por:

D1. A função “Seleção e ativação” compreende a seleção e incorporação de atores e recursos importantes e potenciais, estrategicamente relevantes para a rede.

Como já argumentado anteriormente uma condição indispensável para que a rede possa funcionar é que haja uma coesão mínima entre seus participantes, portanto estes necessitam estar conectados e comprometidos com a ação conjunta (Jarvensivu & Moller, 2009; Saz- Carranza & Ospina, 2011). Nesse aspecto os gestores de rede devem facilitar espaços de interação (Paquin & Howard-Greenvile, 2013) defininindo estruturas dentro das quais a colaboração possa ocorrer (Markovic, 2017). Neste âmbito ao buscarem engajar os atores nas atividades da rede (Paquin & Howard-Greenvile, 2013), os gestores atuam como construtores de capacidade colaborativa (Weber & Khademian, 2008), desenvolvendo infraestrutura de relacionamentos, promovendo e expandindo a cooperação e confiança entre os atores (Ingstrup & Damgaard, 2013).

O processo de envolvimento/engajamento dos membros nas atividades da rede, estende- se à alocação de recursos e distribuição de tarefas (Sydow & Windeler, 1994; Heidereich et al., 2016), determinando quem é responsável pelo quê (McGuire & Silvia, 2009; Planko et al., 2017). A alocação eficiente de recursos e tarefas na rede (Sydow & Windeler, 1994; Planko et al., 2017) pode ajudar a driblar a complexidade de coordenação destes arranjos. Além de atrair e mobilizar recursos para a rede (Gagne et al., 2010) os gestores também são responsáveis por promover a transferência, recebimento e integração do conhecimento em toda a rede (Weber & Khademin, 2008). Isto posto, a função de Engajamento e Alocação pode ser operacionalmente definida como:

D2. A função “Engajamento e alocação” compreende a criação de infraestrutura relacional favorável à interação e distribuição de recursos e tarefas entre os membros da rede.

A mediação, como o próprio termo indica, refere-se à intermediação de interesses e pontos de vistas divergentes entre os membros da rede (Macciò & Cristofoli, 2017). Esta função, via de regra, envolve a criação de um entendimento mútuo, na definição de um denominador comum sob o qual fundamentar os propósitos da rede (Mesquita, 2007).

Assim, o princípio norteador da função de mediação é aliviar as tensões entre os participantes e fortalecer o compromisso e parceria entre os mesmos, buscando ajustes formais por meio de barganhas e negociações, reorganizando os processos e alinhando os interesses dos parceiros (Markovic, 2017). Assim, propõe-se a seguinte definição para a função de mediação:

D3. A função “Mediação” compreende a negociação e alinhamento de interesses entre os parceiros da rede tendo em vista o mútuo entendimento.

Outra função igualmente relevante que diz respeito ao gerenciamento da rede é a função de liderança estratégica, a qual ocupa-se em localizar e avaliar oportunidades, bem como estabelecer metas e visões para a rede (Dagnino et al., 2016; Ingstrup & Damgaard, 2013; Mesquita, 2007) fornecendo orientação e apoio estratégico para o desenvolvimento do arranjo (Jarvensivu & Moller, 2009; Gagné et al., 2010).

A liderança está diretamente atrelada as funções anteriores pois ao estabelecer o desenvolvimento de uma visão e direcionar estrategicamente a rede, tem-se condições para ativar atores, recursos e membros para a realização de objetivos comuns (Markovic, 2017; Macciò & Cristofoli, 2017; Planko et al., 2017). Dado ao seu caráter de fornecer orientação e apoio estratégico para identificação de oportunidades, promoção e desenvolvimento geral da rede e seus atores, assume-se que a função liderança pode ser definida como:

D4. A função “Liderança” compreende o fornecimento de orientação e apoio estratégico para identificação de oportunidades, promoção e desenvolvimento geral da rede e seus atores.

As funções de regulação e enquadramento ou framing ficam na retaguarda das demais atribuições gerenciais pois envolvem regras básicas de comportamento e interação na rede com vistas a proteger os valores centrais de cada ator (Klijn et al., 2010) definindo os comportamentos usados para organizar e integrar uma estrutura de rede, facilitando o acordo sobre funções dos participantes, regras de cooperação e valores da rede em geral (Agranoff &

McGuire, 2001). Portanto, a conjugação destas funções fornece o palco para criação de acordos e regras básicos de cooperação, garantindo comunicação clara e transparente entre os participantes da rede (Sydow & Windeler, 1994) no contexto da interação esperada e apropriada (Saz-Carranza & Ospina, 2011). Propõe-se, portanto, que a função de Regulação e Enquadramento seja definida como:

D5. A função “Regulação e Enquadramento” compreende a implementação de regras e acordos básicos para regular e monitorar o comportamento e as interações na rede.

Supervisionar e tomar decisões importantes em relação à rede apoiando sua funcionalidade, levando em conta interesses individuais e coletivos dos membros (Wincentet al., 2010) requer avaliação e monitoramento constante destas atividades, capturando contribuições de desempenho dos membros e da rede como um todo, monitorando indicadores (Sydow & Windeler, 1994) e provendo adaptações e mudanças sempre que necessárias (Dagnino et al., 2016) no intuito de assegurar a eficácia da rede (Planko et al., 2017). Considerando a necessidade emergente do contexto das redes de avaliar constantemente sua funcionalidade e eficácia, propõe-se o seguinte escopo para função Avaliação:

D6. A função “Avaliação” compreende a avaliação e o reporte, de forma constante e sistemática da funcionalidade e eficácia da rede.