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4 ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO ALTERNATIVA DE TRABALHO PARA O

4.1 CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA

4.1.4 Análise das Informações

A análise das informações coletadas foi realizada a partir da técnica de Análise de Conteúdo, com vistas a sistematizar e organizar os dados qualitativos coletados e responder as questões investigadas desta pesquisa. Isto é, como matéria-prima tem-se as informações coletadas a partir do formulário de entrevista e da realização de grupos focais. Contudo, os dados oriundos dessas fontes chegam à pesquisadora em estado bruto, necessitando ser processados para facilitar o trabalho de compreensão, interpretação e inferência a que almeja a análise de conteúdo (MORAES, 1999).

Compreende-se análise de conteúdo como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 1977 p. 42).

A análise de conteúdo, então, conduz a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, auxiliando a “reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além da leitura comum” (MORAES, 1999 p. 9).

Na operacionalização da análise de conteúdo, em sua vertente qualitativa109, parte-se de uma literatura superficial para atingir um nível mais aprofundado. Isto é, busca-se ultrapassar os significados manifestos articulando o primeiro plano dos textos descritos e analisados com fatores que determinam suas características, tais como o contexto e o processo de produção da mensagem (MINAYO, 1993).

Cabe destacar, nesse processo de análise dos dados, a impossibilidade de uma leitura neutra do pesquisador. Em sua proposta original, a análise de conteúdo preocupava-se mais com o significado das mensagens para os receptores, mas,

109 Com o desenvolvimento da técnica de análise de conteúdo, passa-se a problematizar as

abordagens qualitativas e quantitativas. Em relação à abordagem quantitativa, predomina a busca por medidas para as significações, como critério de cientificidade. Já para a vertente qualitativa, coloca- se em xeque a análise de frequência como critério de cientificidade, tentando ultrapassar a mera descrição do conteúdo da mensagem para atingir uma interpretação mais profunda por meio da inferência (MINAYO, 1993).

com a evolução de tal técnica, desenvolve-se a importância das investigações com ênfase tanto no processo quanto no produto, considerando emissor e receptor (MORAES, 1993). As correntes teóricas que alimentam a pesquisa não podem ser desconsideradas nesta fase da pesquisa, bem como os seus objetivos, já que estes é que levam a determinados rumos a interpretação.

A análise de conteúdo é constituída por cinco etapas: 1) preparação das informações; 2) unitarização; 3) categorização; 4) descrição; e 5) interpretação (MORAES,1993).

O processo de preparação das informações consiste em identificar as amostras de informação a serem analisadas. Neste caso, serão investigados as entrevistas e os relatos dos grupos focais realizados com os sujeitos da pesquisa. Posteriormente, inicia-se o processo de codificação dos materiais, estabelecendo um código, que foi numérico, para que se possa identificar rapidamente cada elemento dos materiais a serem analisados. Em cada momento em que se julgar necessário voltar aos documentos originais, esta enumeração facilitará à pesquisadora o acesso.

A unitarização consiste em reler cuidadosamente os materiais com vistas a definir a unidade de análise, que também pode ser denominada de unidade de registro ou unidade de significado.

A unidade de registro é “a unidade de significação a codificar e corresponde ao segmento do conteúdo a considerar como unidade de base, visando à categorização (...)” (BARDIN, 1979, p. 98). Essas unidades podem ser constituídas por palavras, expressões, frases, entre outros; nesta dissertação, serão utilizados segmentos das falas.

Todos os materiais foram relidos objetivando então a identificação das unidades de análise. Estas unidades também foram codificadas, de forma que se associem às codificações elaboradas anteriormente. Neste momento, foram utilizadas letras.

Após esta segunda codificação, cada unidade de registro foi isolada, com vistas à sua classificação. Este processo exigiu que estas unidades fossem reescritas ou reelaboradas, de modo que possam ser compreendidas fora do contexto original em que estavam. Cabe destacar que elas devem representar

informações que contenham um significado completo em si mesmas para que possam ser interpretadas sem o auxílio de informações adicionais, já que, nas fases posteriores, foram tratadas fora do contexto original, construindo novos conjuntos de informações, devendo ser interpretadas mantendo-se o contexto original.

Para manter o contexto original, criam-se então as unidades de contexto. Estas servirão de referência para a fixação de limites contextuais para interpretar a unidade de registro.

A justificativa para a proposição das unidades de contexto se fundamenta na convicção já manifesta de que, ainda que se possa dividir uma mensagem em unidades de significado independentes, as unidades de análise, sempre se perderão significados neste processo. Por isso, é importante poder periodicamente retornar ao contexto donde cada unidade de análise provém, para assim poder explorar de forma mais completa todo seu significado (MORAES, 1999 p. 18).

Dentro de uma unidade de contexto, têm-se diversas unidades de análise. Depois de constituídas as unidades de registro e de contexto, desenvolve-se a categorização.

A categorização é o procedimento de agrupar as informações, considerando o que há de comum entre elas. As informações da pesquisa serão classificadas por semelhança, segundo critérios temáticos.

Os critérios para a classificação das unidades em categorias são:

1) Validade: todas as categorias criadas necessitam ser úteis e significativas aos objetivos e problematizações propostas pela pesquisa;

2) Exaustividade: cada conjunto de categorias deverá possibilitar a categorização de todo conteúdo significativo, possibilitando a inclusão de todas as unidades de análise;

3) Homogeneidade: a organização será realizada segundo um único critério de classificação;

4) Exclusividade: uma informação não será incluída em mais de uma categoria;

5) Objetividade: as regras de classificação serão explicitadas para que possam ser aplicadas consistentemente em toda a análise.

Neste processo, leva-se em consideração que, além das categorias explicativas da realidade definidas a priori, serão buscadas categorias construídas a partir do material coletado. Para tanto, faz-se necessário considerar esta etapa como circular e cíclica.

Os dados não falam por si. É necessário extrair deles o significado. Isso, em geral, não é atingido num único esforço. O retorno periódico aos dados e o refinamento progressivo das categorias, dentro da procura de significados cada vez melhor explicitados, constituem um processo nunca inteiramente concluído, em que a cada ciclo podem atingir-se novas camadas de compreensão (MORAES, 1999 p. 19).

O processo de categorização não é, portanto, sequencial e linear. Para um aprofundamento das informações, faz-se necessário o retorno frequente às entrevistas e aos relatos dos grupos focais realizados.

Por fim, salienta-se que as categorias foram agrupadas dentro de vários níveis de categorização. As categorias resultadas de um primeiro esforço foram denominadas de categorias iniciais. Estas foram reagrupas progressivamente em categorias intermediárias e, quando reduzidas a um menor número possível, serão constituídas as categorias finais.

Depois da categorização das unidades de registro, foi desenvolvida a etapa da descrição. Nela, para cada categoria foi construído um texto síntese que expressará o conjunto de significados presentes nas unidades incluídas. Sua organização será determinada pelas categorias criadas ao longo da análise.

A quinta e última etapa desenvolvida consiste na interpretação dos dados. Para realizar a interpretação, faz-se necessário aprofundar as informações obtidas, seja por meio de teorias precedentes, seja pelos conteúdos latentes. Considera-se esta fase uma das principais para a pesquisa, já que, a partir dela, desenvolve-se uma nova compreensão diante das informações coletadas (MORAES, 1993).

Deste modo, o quadro 1 objetiva sintetizar os caminhos metodológicos desta pesquisa.

Quadro 1

Síntese dos caminhos metodológicos da pesquisa:

Fonte: Elaboração Própria

Após a contextualização da metodologia utilizada para a realização desta pesquisa, os próximos itens visam abordar os resultados encontrados, tendo em vista a resolução do problema de pesquisa. Para tanto, em um primeiro momento foi realizada uma breve contextualização da organização, a partir de materiais disponíveis a respeito dela, bem como da fala do coordenador do empreendimento.

Objetivo Geral

Analisar a participação de jovens e adolescentes em conflito com a lei em um empreendimento econômico e solidário, com vistas a contribuir com o debate acerca das políticas sociais para a juventude.

Problema Como se caracteriza a inserção dos jovens e adolescentes em conflito com a lei em empreendimento de Economia Solidária?

Quais as características

socioeconômicas dos sujeitos que compõem o empreendimento econômico e solidário?

Como os sujeitos do grupo estudado realizam processos de articulação, organização e gestão do empreendimento de Economia Solidária?

Quais as condições ofertadas pelo empreendimento estudado para contribuir para a inserção social dos sujeitos?

Qual a contribuição desta experiência econômica e solidária na vida dos sujeitos?

Verificar as condições socioeconômicas dos jovens e adolescentes em conflito com a lei membros do empreendimento

Identificar a articulação, a organização e a gestão realizadas pelos sujeitos que participam do empreendimento

Analisar as condições econômicas e sociais ofertadas pelo empreendimento econômico e solidário

Investigar as possíveis contribuições desta experiência econômica e solidária para a inserção social de jovens e adolescentes em conflito com a lei. Entrevistas Entrevistas e grupo focal Entrevistas e grupo focal Entrevistas e grupo focal Método dialético- crítico Análise de conteúdo