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Análise das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) no Brasil

1 O PROBLEMA DE PESQUISA

2.5 Contexto das empresas pesquisadas

2.5.1 Análise das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) no Brasil

Segundo a ABIMAQ (2007), os seus associados do setor de bens de capital no Brasil são formados por:

- 10 % de grandes empresas; - 25 % de médias empresas; - 35% de pequenas empresas; - 30% de microempresas.

Além disso, as empresas não-associadas constituem 2/3 do total, estimando-se que 90% delas sejam micro e pequenas empresas. A entidade avalia também que, contrariamente às grandes e médias empresas, conforme já citado no item 1.2.2, por volta de metade das pequenas e microempresas nem possuam sistema de informatizado para a produção (MRP, CAD/CAM, e/ou outros).

Com essa configuração do mercado de bens de capital mecânicos, faz-se importante uma análise mais detalhada sobre as micro, pequenas e médias empresas.

- As MPMEs

O site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2007) apresenta as seguintes definições para as MPMEs:

A Resolução Mercosul GMC nº 90/93, que institui a política de apoio às MPMEs, traz os parâmetros de definição para essas empresas, diferenciados por setor: (i) indústria e (ii) comércio e

serviços. A Resolução Mercosul GMC nº 59/98, que dispõe sobre a Etapa II da referida política, mantém os mesmos parâmetros, a saber:

Tabela 1 – Definição de MPMEs segundo o Mercosul

Microempresa Pequena Empresa Média Empresa Indústria Comércio e Serviços Indústria Comércio e Serviços Indústria Comércio e Serviços N. de

Empregados 1-10 1-5 11-40 6-30 41-200 31-80

Faturamento

Anual U$$ 400 mil U$$ 200 mil U$$ 3,5 milhões U$$ 1,5 milhões U$$ 20 milhões U$$ 7 milhões Fonte: MERCOSUL/GMC/RES nº 90/93 e MERCOSUL/GMC/RES nº 59/98

As MPMEs não deverão estar controladas por outra empresa ou pertencer a um grupo econômico que, em seu conjunto, supere os valores estabelecidos. Além disso, deixarão de pertencer à condição de MPMEs se, durante dois anos consecutivos, superarem os parâmetros estabelecidos.

No Brasil, além dos parâmetros Mercosul, utilizados para fins de apoio de crédito à exportação, há ainda as definições do Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Lei nº 9.841/99) e do SIMPLES (Lei nº 9.317/96)1, que usam o critério da receita bruta anual, além dos critérios utilizados pela RAIS/MTE (Relação Anual de Informações Sociais) e pelo SEBRAE, nos quais o tamanho é definido pelo número de empregados:

1 Essencialmente um sistema de simplificação tributária, o SIMPLES prevê restrições à inclusão de inúmeros segmentos de MPEs (Micro e Pequenas Empresas), não se aplicando, pois, a todo o universo de MPEs do Brasil. Deve-se considerar esse fato ao se trabalhar com as estatísticas obtidas por meio desse sistema.

Tabela 2 – Definições pelas leis n. 9.841/99 e n. 9.371/96

Microempresa Pequena Empresa Média Empresa ESTATUTO MPE

Receita bruta anual R$ 244.000,00 R$ 1.200.000,00 _ SIMPLES*

Receita bruta anual R$ 120.000,00 R$ 1.200.000,00 _ RAIS/MTE N. de empregados 0-19 20-99 100-499 SEBRAE Indústria 0-19 20-99 100-499 SEBRAE Comércio e serviços 0-19 10-49 50-99 Fonte: RAIS/MTE Lei nº 9.317/96 e IN SRF nº 034/01 Lei nº 9.841/99

PUGA, Fernando Pimentel. Experiências de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas nos Estados Unidos, na Itália e em Taiwan. DEPEC/BNDES. Textos para Discussão nº 75. RJ, fev/2000.

Segundo dados do IBGE, no ano de 2000, existiam cerca de 4,1 milhões de empresas no Brasil, e as MPEs respondiam por cerca de 98% desse total. Em relação ao mercado de trabalho, existiam cerca de 30,5 milhões de trabalhadores no Brasil, nas empresas formais, e as MPEs respondiam por cerca de 45% desse total, sendo que, na indústria, a participação era de 46,20%, no comércio, 79,73%, e nos serviços, 28,96%.

No que concerne especificamente à participação no setor de comércio e serviços, o IBGE afirma que, no ano de 2001, as PMEs (Pequenas e Médias Empresas) ocupavam cerca de 7,3 milhões de pessoas, representando 95,5% do total de empresas desse setor. O estudo constatou que, do total de dois milhões de MPEs, 1,1 milhão era do tipo empregadora e 926,8 mil do tipo familiar. Com relação ao setor industrial, dados do Cadastro Central de Empresas do IBGE, ano base 2000, apontam que existiam 550 mil micro e pequenas empresas, empregadoras de 46% da mão-de-obra formal.

Em 2000, 16.016 empresas exportaram, das quais 63,7% eram micro e pequenas empresas, tendo participado com 12,4% no valor total exportado. (FUNCEX, 2002).

- As MPEs no Brasil

Segundo Indriunas (2007), no Brasil, surgem cerca de 460 mil novas empresas por ano. A grande maioria é de micro e pequenas empresas. As áreas de serviços e comércio são as que possuem maior concentração desse tipo de empresa. Cerca de 80% das MPEs trabalham nesses setores. Essa profusão de empresas deve-se a vários fatores, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

Desde os anos 1990, grandes empresas instaladas no Brasil, acompanhando uma tendência mundial, incentivaram o processo de terceirização de áreas que não são consideradas essenciais para o seu negócio. Assim, começaram a surgir empresas de segurança patrimonial, de limpeza geral e

outras. Além disso, empresas menores, tentando fugir dos encargos trabalhistas altíssimos do País (um funcionário chega a custar 120% a mais que seu salário mensal), optaram por dispensar seus funcionários e contratar micro e pequenas empresas. O Estatuto da Micro e Pequena do Brasil, de 1998, facilitou essa política empresarial.

Além disso, a taxa de desemprego brasileira, que historicamente gira em torno de 14%, segundo a metodologia do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), contribuiu para que surgissem mais MPEs. Apesar do sonho do seu próprio negócio ser um dos discursos mais comuns entre assalariados brasileiros, ser empreendedor (seja micro ou pequeno) é uma atividade que ainda tem vários percalços.

- Morte precoce

Um dos principais problemas das pequenas e microempresas brasileiras é a sua vida curta. Levantamento do SEBRAE, feito entre 2000 e 2002, mostra que a metade das micro e pequenas empresas encerra suas atividades com menos de dois anos de existência. A mesma entidade levantou o que seriam as principais razões, segundo os próprios empresários, para tal. A falta de capital de giro foi apontado como o principal problema por 24,1% dos entrevistados, seguida dos impostos elevados (16%), falta de clientes (8%) e concorrência (7%).

Segundo La Rovere (2000), há quatro dificuldades principais existentes para as pequenas e médias empresas no Brasil:

- O uso de máquinas obsoletas é generalizado entre as MPMEs devido às dificuldades que essas empresas encontram em obter crédito. Tanto os países desenvolvidos como países em desenvolvimento têm mecanismos de crédito específicos para essas empresas, mas nem sempre elas podem utilizá-los. No Brasil, por exemplo, existem diversas linhas de financiamento especiais para empresas pequenas. Entretanto, a simples exigência de estar em dia com as obrigações fiscais para obter crédito exclui a maioria das MPMEs. Nos países desenvolvidos, as garantias exigidas para a concessão de empréstimos são, por vezes, elevadas, inibindo os empresários, em particular os de microempresas, a utilizar esses recursos. Assim, as MPMEs também têm condições de crédito menos favoráveis que as grandes empresas e, portanto, são mais sensíveis aos ciclos econômicos, fato que inibe os seus esforços de atualização tecnológica;

- A capacidade de inovação das MPMEs, apesar de favorecida pela maior agilidade e flexibilidade em relação às grandes empresas, é limitada tanto pela maior dificuldade de

obtenção de financiamentos quanto pela menor consciência dos possíveis ganhos de competitividade trazidos pelas inovações;

- Baixa capacitação gerencial decorrente do fato de essas empresas serem, em sua maioria, familiares. Além disso, o tamanho reduzido das empresas faz que seus proprietários/ administradores tenham um horizonte de planejamento de curto prazo, ficando presos num círculo vicioso em que a resolução de problemas diários impede a definição de estratégias de longo prazo e de inovação (VOS et al, 1998 apud LA ROVERE, 2000). Essa baixa capacitação é responsável também pelas dificuldades que MPMEs têm em conquistar novos mercados;

- As limitações acima apontadas são agravadas quando essas empresas se encontram isoladas no mercado em vez de estarem em redes de empresas. Por exemplo, estudos nos países em desenvolvimento mostram que as MPMEs que se localizam em clusters têm mais chances de sobrevivência e de crescimento que empresas similares isoladas (LEVISTKY, 1996). Isso porque, no novo paradigma técnico-econômico, há necessidade de intenso investimento em conhecimento, que depende de processos de aprendizado interativos (LEMOS, 1999). Os clusters e as alianças estratégicas permitem o estabelecimento de laços de cooperação que possibilitam às empresas, principalmente as MPEs, um maior acesso a informações e conhecimento. Convém esclarecer que o cluster se caracteriza por aglomerações setoriais e espaciais de empresas (LA ROVERE, 2000), enquanto as alianças estratégicas são realizadas por empresas de uma cadeia produtiva dispersas geograficamente.

2.5.2 O setor de bens de capital no Brasil

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