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EXTRATO 80 REGISTRO Nº 1 DE ATIVIDADE, RETIRADA DO PBWORKS, DA PROFESSORA C

4.3 P ROCESSO DE RECONSTRUÇÕES DA PROFESSORA C

4.3.2 Análise das reconstruções da professora C a partir do Curso

Os dados analisados a partir de agora são os registrados pela professora C durante o curso. Nosso objetivo foi o de encontrar indícios que nos levassem a compreender se houve alguma reconstrução em sua concepção epistemológica e nos seus conceitos matemáticos.

A professora posta no primeiro fórum do curso:

“Para mim, a criança constrói a noção de espaço, desde a vida intrauterina, pois a medida que este corpinho vai crescendo, vai ajustando-se lentamente dentro do mesmo. Após, ela irá interagir com os espaços externos de sua própria casa, ou fora dela... Tentando entrar e sair de caixas, tubos... com ou sem amigos... ou seja brincando. Tentando encaixar e tirar objetos um de dentro do outro. Após, penso que ela tentará reproduzir tudo que experimentou, desenhando em uma folha plana de papel. A criança aprende mais, na medida em que tiver mais experiências desafiadoras, sozinha ou com colegas, sendo incentivada por familiares ou professores!”

Extrato 77 - Postagem nº 1 da professora C em fóruns

A pesquisadora pede no fórum que a professora C explique melhor o que quer dizer, uma vez que na entrevista havia dito que a criança só aprende se alguém “passa” para ela os conhecimentos e a motivação de fazer as tarefas para aprender. A pesquisadora formulou esta questão, pois a ideia do extrato 73 nos pareceu contraditória em relação a esta fala do extrato 77. A professora diz:

“Na entrevista eu estava falando da sala de aula, e agora eu estou falando da criança antes da escola. Eu não me lembro bem, mas na entrevista acho que eu deveria estar pensando sobre o que eu ensino para meus alunos, que são as

continhas. Por que é bem diferente né? Uma coisa é o que a criança aprende com a vida, e outra coisa bem diferente é aquilo que ensinamos para a criança na escola. Na escola passamos para elas os conteúdos, na vida elas vão aprendendo com as coisas que acontecem”.

Extrato 78 - Postagem nº 2 da professora C em fóruns

A professora C, no extrato 78, nos mostra que no seu entendimento o que se aprende na escola é passado pelo professor e fora da escola aprendemos com a experiência. A pesquisadora ainda pergunta como ocorre este aprendizado com “as coisas que acontecem” e a professora explica:

“assim, se a criança pisa na pedrinha e finca no pé, ela aprende que as pedrinhas podem machucar e ela precisa colocar chinelo, ou se a criança corre e pisa no tapete da cozinha e escorrega, aprende que tem de ter mais cuidado e não correr dentro de casa”.

Extrato 79 - Postagem nº 3 da professora C em fóruns

Entendemos por esta postagem (extrato 79), que a professora se refere a “aprender com as coisas que acontecem”, no sentido de o que a criança vai aprendendo o que pode ou não fazer de acordo com o que vai acontecendo. Parece-nos que a professora se refere a um aprendizado de comportamentos. Segundo seus últimos comentários vemos que possivelmente a professora divide a aprendizagem em duas: a escolar, onde a professora passa o conhecimento aos alunos, e a não escolar, onde o aluno aprende com erros e acertos a como se comportar. Até aqui a professora C parece seguir uma pedagogia diretiva. Além disso descreveu a aprendizagem não escolar como um comportamento que pode ser observado e relacionado com fatos que o antecedem, estímulos, e o sucedem, resultados.

Em uma atividade quando a foi apresentado o Jogo de lá para cá23, pedimos que as professoras experimentassem e registrassem o que fariam diferente no jogo ou o que associariam ao jogo. A professora C respondeu: “Sinceramente eu jogaria

com a turma primeiro o "FECHE A CAIXA", por achar de mais fácil compreensão”. A

pesquisadora, então, questiona: “Oi professora C, Ali em cima comentaste que o "de lá para cá" é um pouco difícil, e que preferias jogar com os alunos o "feche a caixa".

Podes me dizer o que dá para trabalhar de espaço e forma no feche a caixa? ”. A professora C explica:

“Pesquisadora! O Feche a Caixa não só oportuniza a aprendizagem ou consolidação de operações matemáticas, ao jogarem com 2 dados, como também permite ao aluno prestar atenção na trilha de resultados que o aluno vai colorindo, dentro dos quadradinhos, (formas geométricas), e assim respeitando a organização espacial da folha de papel onde tais quadradinhos com os números dentro, estão inseridos. Sem contar que coloca a criança em situação de pensar estratégias para vencer”.

Extrato 80 - Registro nº 1 de atividade, retirada do pbworks, da Professora C

No Jogo feche a caixa24 referido pela professora C as crianças precisam fazer cálculos mentais de adição, multiplicação. Apesar de todos os detalhes que a professora nos deu no extrato 80, do que poderia ser desenvolvido neste jogo sobre espaço e forma, não é este o objetivo, e, além disso, a professora precisaria envolver as crianças nestas ideias que ela mesmo sugere, uma vez que a criança estará com foco na competição, em fazer os cálculos mentais e provavelmente nem terá tempo de observar o formato do tabuleiro do jogo. Quando a professora C se refere a algum conteúdo do bloco Espaço e forma, na maioria das vezes cita figuras geométricas e seus nomes, como as professoras A e B também.

Em outra atividade, sugerimos que as professoras utilizassem a estratégia de os alunos, sem ver, dissessem as características do objeto que estava tocando dentro de uma caixa ou uma sacola, aos colegas. E depois poderiam ainda pedir que os alunos desenhassem os objetos em uma folha. A professora C desenvolveu a atividade, mas com outro objetivo, funcionou como um jogo de adivinhação e memória. Os alunos primeiro adivinhavam qual era o objeto que estavam tocando. Havia um dicionário, um esparadrapo, uma cola e uma caixa de remédio. E depois que todos adivinharam, então ela distribuiu folhas e eles precisavam lembrar e desenhar os objetos. A professora compreendeu parcialmente o objetivo da atividade, assim como parece ter uma compreensão parcial dos conteúdos de espaço e forma.

Dos registros feitos pela professora C, conseguimos inferir compreensões parciais dos conteúdos do bloco de espaço e forma, mas não conseguimos inferir reconstruções, mesmo que parciais, desta professora.

4.3.3 Síntese das reconstruções das concepções pedagógicas da professora