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Análise de conteúdo vertical da entrevista nº8 Sexo: Feminino

Idade: 31 anos

Grau de escolaridade: Licenciatura Formação: Canto lírico

Profissão principal: Professora de música Local de residência: Marco de Canaveses

Implementação Orquestra Geração de Amarante

“ (…) o tipo de trabalho é estipulado pela orquestra, pelas orquestras geração a nível nacional, há um programa que é estipulado por Lisboa, pelo Conservatório Nacional de Música que eles têm que cumprir, há metas (…) E há objetivos por período, num primeiro período (…) depois há uma semana de estágio que, também, está noutro programa estipulado, é intensiva a semana de estágio com várias horas que eles fazem durante a semana, também, outro tipo de programa estipulado e eles têm que chegar ao final e apresentar (…)”

Características da Orquestra Geração de

Amarante

“A nível de prioridades o projeto da orquestra geração, embora seja um projeto de inserção social virado para a parte musical, a prioridade é a parte social e não a parte musical (…) É obvio que colmatamos as coisas de uma cajadada só… nós temos alunos que estão no projeto que estão a ser excelentes alunos, quer a nível musical e quer a nível de componente social, estão a ficar fantásticos (…)e com esses alunos (…) já se trabalha mais a parte musical, depois temos alunos do projeto que não conseguem sair da componente social tão favorecida. O que é que acontece? (…) tentamos que acompanhem a orquestra, mas (…) acabam por não ter a nível musical resultados tão bons (…) para nós tanto faz, o importante é que eles estejam cá todos, é lógico que a nível musical é bom ter uma boa orquestra, mas sabemos como o objetivo

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como é social complementamos com outros objetivos que tem o projeto (…) o projeto não é virado para o sucesso musical, mas sim para o sucesso social (…)”

“ (…) a pedagogia é completamente diferente da pedagogia que nós utilizamos no conservatório, nos no conservatório nós começamos a trabalhar do individual e depois é que vamos para o coletivo, aqui não, aliás a primeira aula que este alunos têm é sempre a aula da orquestra, vêm do coletivo e depois vêm a trabalhar para o individual (…)”

“Inicialmente, quando nós fizemos as formações e começamos a ver como é que nós tínhamos que trabalhar com os miúdos, assustou-me (…) Vamos imaginar em português (…) eles tinham de começar primeiro a escrever palavras, só depois aprender a fazer letrinhas, as vogais e as consoantes (…) para nós que aprendemos música de outra forma diferente duvidámos, agora não.”

“ (…) eles têm uma carga horária muito intensiva, são 6 a 7 horas semanais, na aula de instrumento eles trabalham a peça, na aula de naipe juntam com outro colega e estão a trabalhar a peça, na aula de orquestra juntam a peça com toda a gente e acaba por dar algum sucesso.”

“ (…) Nós trabalhamos na orquestra como ano letivo, mas o financiamento é ano civil, ou seja, chegou em dezembro, nós começamos em janeiro a fazer trabalho de campo na escola, a fazer a seleção de alunos e, efetivamente, as aulas começaram em maio, ou seja, começaram no terceiro período (…) quando faz um ano de etapa de aulas de orquestra é quando são inseridos todos os outros novos (…)”

“A nível de atividades isto funciona como se fosse, é inserido no plano de escola (…) Como disse, todos os finais do período eles têm metas, eles fazem todo o tipo de

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trabalho que tem de ser apresentado, ou seja, têm de fazer sempre a audição final de cada período, depois têm que fazer sempre estágio, é obrigatório, faz parte do plano, geralmente, é de uma semana, nós temos feito cá em Amarante, no Natal três dias, porque calha sempre a meio da semana é complicado alargarmos mais esse prazo, na Páscoa fazemos sempre uma semana intensiva, no ano anterior, na Páscoa, para ter uma ideia, nós juntamos com a orquestra de Mirandela, este ano isso não foi possível, porque estamos numa fase já mais adiantada, porque fomos a primeira orquestra do Norte a arrancar e fizemos intercâmbio com a orquestra e no final fizemos na mesma intercâmbio com a orquestra de Mirandela e fomos a Lisboa. Este ano temos ficado cá por Amarante, no final do ano teremos que os juntar e, também, vamos participar no concerto em Lisboa, porque são metas, já estão estipuladas com Lisboa (…) fora isso convites, nós já fizemos várias atividades, já tocamos em atividades organizadas por Juntas de Freguesia, por exemplo (…) vamos tendo vários convites e vamos tocando (…) ou seja, fora da audição obrigatória de cada período, no final de cada estágio, também, recebemos convites.”

Alunos

“Neste momento, 43, ou seja, nós temos 29 da área das cordas, temos 10 da área dos sopros e (…), já foram selecionados os 4 alunos que vão ser da percussão e que vão iniciar as aulas no início do terceiro período.”

“ (…) são alunos que estão sinalizados pelos diretores de turma, são referências dadas pela psicóloga que vão ao encontro das metas que estão estipuladas no projeto sempre.”

“Além do ensino da música gratuito, nós fazemos um trabalho, aliás, nós temos uma psicóloga que faz um trabalho fantástico com eles, todas as vezes que há

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qualquer tipo de problema ela tenta resolver, a nível de famílias também, quando há um miúdo que se queixa ou acontece alguma situação em casa, nós temos situações um bocadinho graves na orquestra, miúdos que têm um contexto familiar muito grave e estão numa posição social não muito boa, não muito favorecida os próprios pais vêm falar com a psicóloga, vêm falar comigo, muitas vezes, pronto, nós tentamos ajudar da melhor maneira.”

“Sim, eles, geralmente, quando entram, entram para continuar são um pouco aqueles alunos, lá está, os que desistiram são aqueles alunos que saíram (…) Ou então foram aqueles que entraram e não sabiam muito bem se queriam e, de repente, desistiram. Não há grandes desistências a nível de orquestra, os que desistiram foi mesmo porque não queriam mesmo (…) quando nós percebemos que ocorre algum caso, nós tentamos falar com ele, olha que isto é bom para ti (…)”

“O comportamento para mim é a primeira (…) o comportamento é uma das coisas mais visíveis (…) a orquestra ajuda a discipliná-los, ajuda a saber estar, ajuda a cumprir regras, se não estiveram não conseguem fazer o trabalho de grupo, o espírito de grupo, também, é uma das coisas fundamentais (…) e depois muitos deles o sucesso escolar, muitos deles tinham bastantes negativas (…) mas o comportamento e o aproveitamento sim.” “ (…) Posso dizer que a vida deles mudou mesmo muito, passaram a ter uma forma diferente de estar na vida, a forma de comportarem, passaram a ter outro tipo de responsabilidades (…)”

Escolas

“Neste momento, a única escola que faz parte do projeto são alunos do Agrupamento de Escolas Amadeo de Souza- Cardoso, (…) só os alunos da Souza-Cardoso, do 5º ao 9º ano (…)”

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Encarregados de Educação

“Os pais (…) quando lhes foi apresentado o projeto, começaram ok, será que é, será que não é? Pronto eu vou deixar ir nem que seja para ele se entreter (…)”

“ (…) muitos deles que não apareciam na escola, nem sequer punham os pés na escola para saber informações dos filhos, começaram a aparecer, porque eles gostam de ver os miúdos a tocar (…) para eles é um orgulho (…) começaram a acompanhar a vida escolar dos seus filhos.”

Professores

“Os professores são professores do Centro, a maior parte deles, os outros professores que não são do Centro que (…) nós sabemos por referência convidamos, (…) mas, geralmente, são professores do Centro que já estão cá e que têm se mantido (…)”

“A formação que nós todos temos é a nossa formação de música, só que nós todos temos que fazer formação antes de iniciar o projeto. Tivemos uma formação intensiva em Lisboa que nos foi explicada o tipo de pedagogia que nós tínhamos de aplicar e durante o ano fazemos várias formações (…)”

Comunicação e divulgação das atividades

“Geralmente, quem nos convida divulga sempre (…) E depois nós, também, através do nosso site, através do facebook e depois os miúdos também (…)”

Recetividade

“É muito boa… no início do projeto, pronto, foi complicado a parte dos professores, porque, tipo, nós cá no conservatório é fácil, o professor vai dar aula de violino, porque o aluno quer aprender violino, não está ali (…) porque tem um problema grave em casa, alguns têm, não é por aí, não quer dizer que os outros alunos que vêm de livre vontade não tenham problemas em casa, não quero dizer isso (…)”

“No início (…) por causa do tipo da pedagogia, alguns professores ficaram um bocadinho, pronto, acreditamos nisto, não acreditamos, por aí, não foram tão recetivos

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assim, mas à medida que o projeto foi decorrendo (…) começaram a ter uma opinião completamente diferente (…)”

Relação do entrevistado com o projeto

“Eu acho que é uma boa forma de inclusão (…) a música é boa não só para a inclusão social, mas também para muitas outras áreas… através da inclusão torna-se muito mais fácil (…) É muito mais fácil cativar seja lá quem for, quem gosta de música, à partida, ser cativado para qualquer coisa (…)”

“Para mim tem sido excelente (…) os professores na escola tinham muito a noção deste tipo de realidades que existem com as crianças e que não existem, temos muito essa perceção, mas estando no projeto eu tenho a perceção total (…) A realidade que, às vezes, sabemos que elas acontecem, mas não estão tão próximas, de repente passaram a estar próximas de mim (…)”

“ (…) às vezes, não é fácil… (…) a nível de recursos, é fácil, não tem faltado nada, todas as expetativas que eu criei para o projeto, que eu achei à partida, temos conseguido atingir, até temos superado bastante bem, às vezes, há algum caso, tipo, acontecem coisas do género de alguém que está com um problema de continuar na orquestra, acontece muitas vezes e o pai quer tirá-lo, porque ele se anda a portar mal (…) esse tipo de dificuldades acontecem (…) mas mais só por aí (…)” “Pela positiva… pela negativa, não me lembro de nada, sinceramente, não tenho nada a nível negativo que me tenha marcado no projeto, muito pelo contrário, a nível positivo posso nomear uma série delas (…) eu gostei logo da nossa apresentação do projeto de orquestra, foi aí que eu vi que este trabalho iria para frente e nós poderíamos acreditar que, realmente, o projeto iria ter sucesso, que ia ter futuro, depois gostei muito de o ano passado ter ido

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com os miúdos para Lisboa, porque eles nunca tinham ido a Lisboa, partilhar com eles essa experiência (…) gostei muito do concerto da Aula Magna, acho que foi espetacular, eles tiveram lá um momento muito marcante e depois no final tocaram (…) gostei, também, muito do nosso concerto para o Presidente da República, na Fundação EDP, acho que foi marcante, porque acho que eles portaram-se mesmo muito bem, (…) foram capazes de fazer, de cumprir com o objetivo que eles tinham combinado connosco, de forma muito boa até (…)”

“O balanço que eu faço é mesmo muito positivo, não estou a ver estes miúdos que isto um dia pode acabar, não estou muito bem a ver, porque muitos deles começam a dizer, vamos continuar, começo a acreditar que muitos deles se tivessem vindo para a música há muito mais tempo poderiam ser um dia músicos, temos lá muito bons alunos.”

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Anexo xxvi- Análise de conteúdo vertical da entrevista nº9