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4 METODOLOGIA

4.3 ANÁLISE DE DADOS

Analisar, de acordo com Marconi e Lakatos (2010), significa estudar, decompor, dissecar, dividir, interpretar. É a análise que permite observar os componentes de um conjunto e perceber suas possíveis relações. A análise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade e implica o exame sistemático dos elementos, decompondo um todo em suas partes, a fim de possibilitar um estudo mais

completo. Para a realização da análise dos dados no presente trabalho se adotou a análise de conteúdo, conforme orientação de Bardin (1994), para o qual a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações, que tem como objetivo ultrapassar as incertezas e enriquecer a leitura dos dados coletados. Segundo o autor, o processo de análise é composto pelas etapas: pré-análise; exploração do material; e interpretação.

Dellagnelo e Silva (2005) destacam a flexibilidade da etapa de pré- análise, em atividades como a escolha dos documentos, a formulação dos objetivos, a referenciação de índices, a elaboração de indicadores e a preparação do material. Nessa primeira etapa, busca-se então, de acordo com Bardin (1994), fazer uma leitura geral do material, a fim de escolher e organizar os materiais a serem analisados. Dellagnelo e Silva (2005) esclarecem que essa consideração é referente a utilização de documentos, mas também é válida para a utilização de entrevistas, uma vez que a definição dos entrevistados equivale a esses procedimentos. Assim, a preparação do material pode envolver a transcrição de fitas, ordenação, classificação de documentos e entrevistados, ou qualquer outra elaboração necessária para tornar o conteúdo pronto para ser analisado.

Concluída a primeira etapa, passa-se para a etapa de exploração e análise do material, a qual, segundo Bardin (1994), constitui-se em um momento fundamental na pesquisa, visto que as possibilidades de inferências e interpretações são dependentes do que for feito nessa etapa. De acordo com Dellagnelo e Silva (2005), tendo os resultados a sua disposição, o pesquisador pode apresentar suas inferências e interpretações relativas aos objetivos, sejam eles propostos previamente ou emergidos no trabalho, ou ainda, especular possibilidades de investigações futuras.

A exploração inclui a codificação, apontada por Bardin (1994) como um importante processo dessa etapa, que corresponde: (i) ao recorte das unidades de registro, que, dependendo do tipo de análise, podem ser a palavra, o tema, o objeto, o personagem, o documento ou item; (ii) a enumeração das regras, que, para pesquisas qualitativas podem ser a intensidade – presença/ausência no texto, a direção – favorável, desfavorável ou neutra – e o tamanho ou quantidade de espaço; e (iii) a segregação ou escolha das categorias, em que, dentre as possibilidades de categorização, que pode se dar tanto antes como após o trabalho de campo, a mais utilizada é a análise temática, isolando temas de um texto e extraindo as partes utilizáveis em relação ao objetivo pretendido (DELLAGNELO; SILVA, 2005).

Já a última etapa, segundo Bardin (1994), consiste no tratamento dos resultados, inferência e interpretação, em que ocorre a condensação e o destaque das informações para análise, culminando nas interpretações inferenciais. Para Dellagnelo e Silva (2005), é o momento da intuição, da análise reflexiva e crítica, baseada nos materiais empíricos e nos referenciais teóricos disponíveis. Busca-se então, estabelecer relações, verificar contradições e compreender os fenômenos, na intenção de dar sentido aquilo que os dados tratados revelam. Como destacam as autoras, a interpretação contará, sobretudo, com os conhecimentos teóricos do pesquisador e sua capacidade de questionar aquilo que vê imediatamente, as evidências e ideias prontas, buscando novas interpretações.

Com base nestas etapas da análise de conteúdo e a partir do entendimento sobre formação profissional e formação em administração e também da gestão social e da gestão estratégica trabalhadas anteriormente, elaborou-se dois quadros de análise para a pesquisa. Assim, no quadro 3 estão propostas as dimensões de análise dos dois tipos de gestão e no quadro 4, na sequência, apresentam-se as categorias de análise para os cursos na pesquisa.

Destaca-se que nem todas as dimensões contidas na revisão bibliográfica sobre gestão social e gestão estratégica foram incluídas como dimensões para a análise dos cursos. Isso deve-se ao fato de não se ter analisado a gestão como prática de organizações, como essa abordagem é normalmente utilizada, e sim, perspectivas de formação em gestão cultural.

Quadro 3 – Gestão Estratégica e da Gestão Social

Dimensões Gestão Estratégica Gestão Social

Racionalidade Utilitária/formal/instrument al /monológica Comunicativa/dialógica Esfera de atuação Esfera privada, organizações do tipo empresarial Esfera pública, interorganizações, comunidades de prática Finalidade da gestão Minimização de custos e maximização de resultados (Minimax), Melhoria do desempenho Interesse bem compreendido/bem comum, Participação/bem viver

Epistemologia Positivismo lógico, teoria

tradicional Teoria crítica Concepção de estrutura organizacional Hierarquia/heterogestão Heterarquia

Premissas Individualismo, solução ótima, razão técnica

Pluralismo, integração, inclusão, autonomia, solidariedade

Modus operandi Competitividade Cooperação

Benefícios Lucros e resultados

empresariais Melhoria na qualidade de vida Dimensão temporal Preferencialmente curto prazo; médio e longo prazos baseados em planejamento

Sustentabilidade - longo prazo

Foco Mercadocêntrico Sociocêntrico

Consequências Reificação Emancipação

Fonte: adaptado de Cançado, Sausen e Villela (2013).

Destaca-se que a elaboração das categorias constantes do quadro 4 deu-se com base nas pesquisas em formação em administração abordadas no subtópico 2.4 e de informações contidas em documentos relacionados aos cursos de gestão cultural.

Quadro 4 – Categorias de Análise dos Cursos de Gestão Cultural

Categorias Aspectos

Objetivos - Abrangência e direcionamento - Espaço/foco de atuação profissional - Perfil do egresso

Metodologia - Abordagem das aulas - Atividades do discente - Material instrucional - Recursos tecnológicos

- Forma de acompanhamento do discente Conteúdo programático - Conteúdo das aulas, temas

- Aportes teóricos, referencial bibliográfico - Atividades complementares

Corpo docente - Titulação (gestores, pesquisadores, professores) - Atuação (tipo e local da organização)

- Tempo de experiência na área - Produção técnica e intelectual Forma de avaliação - Tipo de atividade exigida

- Critérios de avaliação - Responsáveis pela avaliação - Momentos da avaliação

Modalidade e duração - Presencial, semipresencial ou a distância e distribuição da carga horária

- Tempo de duração: Curto, médio e longo prazo Fonte: elaboradora pela autora.

A partir disso, buscou-se analisar os cursos relacionando as categorias do quadro 4 com a distinção entre gestão social e gestão estratégica apresentada no quadro 3, de forma a possibilitar a aproximação dos aspectos do curso com uma ideia de gestão mais próxima à gestão social ou à gestão estratégica.

5 A IDEIA DE ADMINISTRAÇÃO EM CURSOS DE

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