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4 METODOLOGIA

4.2 COLETA DE DADOS

Segundo Gil (1991), o elemento mais importante para a identificação de um delineamento de pesquisa é o procedimento adotado para a coleta de dados, sendo esta, a etapa que destaca a maneira como os dados serão obtidos. Nesse sentido, a presente pesquisa utilizou as técnicas de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas.

Gil (1991) afirma que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de materiais já elaborados, principalmente de livros e artigos científicos, permitindo ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Marconi e Lakatos (2010) afirmam ainda, que a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi escrito sobre determinado

tema, mas proporciona um exame de um assunto sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

Já a pesquisa documental é descrita por Marconi e Lakatos (2010) como aquela em que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos. Assemelha-se assim, à pesquisa bibliográfica, que se utiliza fundamentalmente das contribuições de diversos autores sobre determinados assuntos. No entanto, diferencia-se pelo fato de valer-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico (GIL, 1991). Roesch (1999, p. 165) ressalta que “uma das fontes mais utilizadas em trabalhos de pesquisa em Administração, tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa, é constituída por documentos”. A autora cita como exemplos os relatórios anuais da organização, materiais utilizados em relações públicas, políticas de marketing e recursos humanos e documentos legais. Richardson (2008) complementa afirmando que a pesquisa documental pode ser definida como a pesquisa que tem como objeto não os fenômenos sociais, quando e como se produzem, mas as manifestações que registram estes fenômenos e as ideias elaboradas a partir deles.

Sobre a entrevista como instrumento de coleta de dados, Marconi e Lakatos (2010) destacam que seu objetivo básico é entender e compreender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações, em contexto que não foram estruturados anteriormente, com base nas suposições e conjecturas do pesquisador. Segundo Boni e Quaresma (2005), as formas de entrevistas mais utilizada nas Ciências Sociais são a entrevista estruturada, semiestruturada, aberta, entrevistas com grupos focais, história de vida e também a entrevista projetiva. Para a presente pesquisa, destacou-se a entrevista semiestruturada, na qual “o pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal” (BONI; QUARESMA, p.75). O que garante certa flexibilidade com o uso deste instrumento ao permitir que novos elementos possam surgir ao longo de seu desenvolvimento, trazendo novas perspectivas à pesquisa.

No desenvolvimento do trabalho, primeiramente, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, a fim de obter conhecimentos específicos sobre os temas Educação, Formação Profissional, Gestão Cultural, Formação em Administração, Gestão Social e Gestão Estratégica, que auxiliaram na compreensão teórica necessária para o desenvolvimento da pesquisa. Além deste levantamento, também se realizou pesquisa documental, uma vez que foram utilizados documentos relacionados ou pertencentes aos

cursos analisados e entrevistas semiestruturadas com coordenadores dos cursos.

Como objeto de estudo para este trabalho, foram selecionados três cursos de gestão cultural financiados pelo MinC, de forma a compor um conjunto que atenda a diversidade de cursos existentes e possibilite uma análise representativa do universo de cursos de extensão realizados, no que tange a ideia de Administração dessas formações em gestão cultural. Para tanto, foi considerado: (i) o direcionamento do curso, se trata da gestão da cultura de forma ampla ou se, por exemplo, trata apenas da administração pública da cultura; (ii) o número de vagas disponibilizadas, visto que há uma amplitude de 50 a 1400 vagas ofertadas nos diferentes cursos; e (iii) a modalidade do curso, se é presencial, semipresencial ou a distância. Os cursos foram selecionados a partir dos cursos de extensão apresentados no quadro 2 a seguir.

Quadro 2 – Cursos de Extensão de Gestão Cultural

CURSO UF ANO VAGAS CARGA HORÁRIA

EAD PRESENCIAL TOTAL Curso para Formação

de Gestores Culturais da Bahia BA 2010 61 202h 127h 329h Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura RS 2013 64 40h 168h 208h Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura (EAD) RS 2015 1400 63h - 63h Curso de Gestão Cultural - Formação de Gestores Culturais do Estado da Paraíba PB 2013 320 70h 136h 206h Curso de Capacitação ao Sistema Municipal de Cultura SP 2013 64 - 72h 72h Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais - edição 2013 RJ 2013 800 135h 16h 151h

Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais - edição 2015

RJ 2015 390 148h 32h 180h

Metodologia para a Formação de Gestores Culturais dos Estados do Centro-Oeste DF, GO, MT, MS 2014 210 112h 128h 240h Curso de Extensão e Aperfeiçoamento em Gestão Cultural PA 2015 50 - - 200h Curso de Formação de Conselheiros de Cultura e Patrimônio de Minas Gerais

MG 2016 320 160h - 160h Curso de Extensão e

Aperfeiçoamento em Gestão Pública da Cultura

AC 2015 60 - - 200h Curso de Aperfeiçoamento para

Gestores Públicos de Cultura CE 2016 132 76h 74h 150h Curso de Extensão em Gestão

Cultural RR 2015 60 - 160h 160h

Fonte: elaboradora pela autora.

A partir dessas informações, os três cursos selecionados foram: o Curso para Formação de Gestores culturais da Bahia, o Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura do Rio Grande do Sul e o Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais do Rio de Janeiro. O curso da Bahia foi selecionado por representar a implementação de um processo formativo piloto base para outras iniciativas de formação de gestores culturais, contendo um número pequeno de vagas disponibilizadas e uma modalidade semipresencial com uma boa parte das horas em atividades presenciais.

O Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura do Rio Grande do Sul, por sua vez, representa o curso com o maior número de vagas disponibilizadas de forma nacional, com modalidade à distância. Já o Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais do Rio de Janeiro foi selecionado por ter o segundo maior número de vagas disponibilizadas, no entanto, apenas no estado do Rio de Janeiro, com modalidade semipresencial, com o maior número de horas destinadas à atividades à distância.

Para analisar o Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura do Rio Grande do Sul, foram utilizados como fonte documental

o Relatório Final do Curso, o material referente ao primeiro módulo do curso, intitulado “Introdução ao Ensino EAD: procedimentos básicos” e um documento intitulado “O Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura”, que diz respeito a uma proposta de um novo termo de cooperação entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Ministério da Cultura, para o oferecimento de uma terceira edição do curso. Além disso, foram utilizadas informações contidas no blog do curso e no ambiente virtual Moodle, ao qual se teve acesso com função de tutor, permitindo a visualização completa do mesmo.

A análise do Curso para Formação de Gestores culturais da Bahia se deu com base em um documento de 193 páginas intitulado Relatório Final do Programa de Formação em Gestão Cultural. Já a análise do Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais do Rio de Janeiro, baseou-se em 4 documentos do curso: uma proposta do curso elaborada pelo Instituto Multidisciplinar de Formação Humana com Tecnologias da UERJ; o Guia do Aluno do curso; um relatório de avaliação produzido ao final do processo formativo; e o caderno de ementas do curso.

A fim de aprofundar o conhecimento sobre essas experiências, três entrevistas semiestruturadas foram realizadas. No Curso para Formação de Gestores culturais da Bahia foi entrevistado o consultor José Marcio Barros, que participou da coordenação do curso. No Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura do Rio Grande do Sul foi entrevistada a coordenadora geral do curso Rosimeri Carvalho da Silva e no Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais do Rio de Janeiro foi entrevistada a coordenadora do curso Cleisemery Campos da Costa. Assim como os documentos utilizados, os entrevistados também foram codificados nas análises realizadas.

Ressalta-se que o roteiro de perguntas para as referidas entrevistas – anexado ao final do documento, foi elaborado a partir das categorias analíticas do trabalho, previamente verificadas na pesquisa documental, como forma de sanar dúvidas e aprofundar as informações sobre os cursos contidas nos documentos utilizados.

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