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Intervenientes na Avaliação de Programas

Fase 5: Análise de Dados

O objectivo essencial da análise de dados é sintetizar as informações obtidas para dar resposta aos propósitos da avaliação. O tipo de análise requerido dependerá tanto da natureza dos dados como das perguntas relevantes que tenham sido formuladas.

Alguns aspectos devem ser tidos em consideração:

1) Como vai ser armazenada a informação obtida? Para a informação ser

devidamente analisada é fundamental a sua prévia organização e codificação.

2) Que tipos de análise se podem realizar em função dos dados e das perguntas relevantes? Brinkerhorff et al. (1983; citados por Fernández-Ballesteros, 2001) fornece

um guia muito útil através de quatro etapas fundamentais relacionadas com os propósitos da avaliação:

Revisão das questões colocadas. As questões formuladas continuam a ser

relevantes à luz do encontrado até ao momento? As questões colocadas estão claramente formuladas para guiar as análises? Podem ser formuladas novas questões?

Preparar análises descritivas. No que se refere aos dados quantitativos as

80 tendência central (médias, modas, medianas), descrição da dispersão dos dados (amplitude, desvio-padrão, variância), distribuição de frequências, comparações das pontuações directas com pontuações normativas (percentis, quartis, pontuações T, etc), entre outros procedimentos estatísticos. Quanto aos dados qualitativos, permitem as análises seguintes: análise de conteúdo, análise sintética pela qual a informação narrativa é resumida.

Exame de descobertas e avaliação sobre novas análises. O objectivo básico é

a revisão das análises realizadas e, com base nas perguntas a responder, realização de novas análises através das seguintes etapas:

o Com base no obtido, formulação de suposições, hipóteses, questões, etc.

o Consulta aos membros da equipa de avaliação e, em caso disso, a implicados e especialistas com o fim de contrastar a relevância de tais suposições e questões.

o Preparação de novas análises descritivas e inferenciais com o fim de verificar as suposições/hipóteses colocadas (análises de variância, provas não paramétricas de contrastação, etc.).

o Realização de análises programadas.

Avaliação da evidência final disponível. As perguntas relevantes são as

seguintes:

- Os resultados obtidos são suficientes no momento de responder às perguntas formuladas pelo cliente ou implicados?

- Os resultados obtidos sugerem a necessidade de os aprofundar, mediante novas análises?

- É necessário voltar a recolher novos dados e, por isso, voltar à etapa dois

81 3) Que critérios devem guiar as análises? Os quatro critérios propostos por

Brinkerhorff et al. (1983), são os seguintes:

a) Não ser simplista. Na selecção de provas estatísticas deverá ser tida em

conta a complexidade e não se deverá adoptar, em nenhum caso, uma posição simplista mesmo que esta seja revestida de elaborações matemáticas, se estas não forem adequadas.

b) Enfatizar os efeitos e condições diferenciais presentes no objecto a avaliar e na avaliação. Evitar medidas e análises globais dos dados que

possam levar a ser inferida uma uniformidade irreal. As análises a efectuar devem permitir a comparação entre subgrupos.

c) Utilizar estatísticas múltiplas. Não só em termos da utilização de múltiplas teorias, variáveis, técnicas e implicados mas, também, análises de dados múltiplas.

d) Adequação às condições dos testes estatísticos utilizados. Cada tipo de

dado recolhido é-o segundo uma determinada escala (nominal, ordinal ou de intervalo/razão), e tem associado umtipo de análise específica. Logo, não se devem violar os pressupostos das técnicas estatísticas paramétricas (normalidade na representação dos dados). A norma será respeitar os requisitos de cada técnica.

e) Não cair em sofisticações desnecessárias. Utilizar procedimentos

estatísticos sofisticados não enriquece os dados e até pode complicar a interpretação dos mesmos.

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Fase 6: Informação

Finalmente, os resultados obtidos devem ser divulgados a todos os interessados (incluindo todos os que estiveram implicados na avaliação) ou potenciais beneficiários.

Obviamente, e como já foi referido anteriormente, todo o processo de avaliação deve decorrer em espiral (Orpinas & Horne, 2006), num processo de contínua melhoria, com constantes re-avaliações e re-ajustes.

Para terminar, apresentam-se esquematicamente, de uma forma sintética, as orientações do Centers for Disease Control (Fink, 1993), dos E.U.A., para a planificação e implementação de avaliações de programas (Figura no 5). Embora na prática contemple todos os aspectos atrás referidos, apresenta-se como um quadro teórico inclusivo, que encoraja o avaliador a dar atenção às origens e desenvolvimento do programa a avaliar e incorpora normas para uma “boa” avaliação, entre elas a correcção5 do programa.

Figura no 5

Planificação e implementação prática de avaliações de programas do Centers for Disease Control (adaptado de Fink, 1993) Utilidade Envolver signatários Praticabili- dade Correcção Precisão Descrever o programa Definir o desenho de avaliação Reunir evidência credível Justificar conclusões Garantir o uso e partilhar o aprendido

NORMAS PARA “BOAS” AVALIAÇÕES PASSOS NA AVALIAÇÃO

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2.9. A Avaliação do Coping

Embora o stress e o coping estejam intimamente ligados, vários autores sugerem que estes dois conceitos devem ser avaliados de modo independente, de forma a evitar sobreposições entre as medidas e, assim, poder esclarecer o significado das relações encontradas (Marques Pinto, 2000). Por outro lado, o coping deverá ser avaliado separadamente dos seus resultados, para que a eficácia de cada estratégia de coping possa ser avaliada de forma apropriada (Lazarus, 1999; Skinner, 2001).

Uma vez que é reconhecido que o coping não pode ser separado das tensões da vida (Folkman & Lazarus, 1980; Stone & Neale, 1984) é muitas vezes investigado no contexto do problema com o qual se tem de lidar, sendo estudado em relação a várias preocupações (Frydenberg, 1996). Assim, muitos dos estudos sobre coping são relativos a um problema específico, ou seja, o coping é analisado em relação a uma preocupação particular, como o divórcio ou uma mudança qualquer. No entanto, também é possível tentar perceber de que modo as pessoas lidam, em geral, com uma variedade de problemas do dia-a-dia (Frydenberg, 1996).

Um problema que se coloca na avaliação do coping é a confusão que existe na sua terminologia. Podem considerar-se comportamentos de coping (o que uma pessoa faz, pensa ou sente), frequentemente agrupados em estratégias de coping (comportamentos idênticos) que por sua vez podem ser agrupadas em estilos de coping de acordo com a semelhança conceptual dos comportamentos. No entanto, por vezes os termos comportamentos, estratégias e até tácticas de coping são utilizados como sinónimos, enquanto que os estilos de coping se referem às estratégias ou comportamentos utilizados de forma consistente por uma pessoa para gerir o stress. Já o termo recursos de coping é habitualmente entendido como aparentado a um constructo de traço (tem a ver com facetas da

84 personalidade) ou ao coping geral. São os recursos de coping que operam para afectar a situação de coping, condicionando o tipo de estratégia adoptada, o leque de respostas considerado, a interpretação do acontecimento ou o esforço dispendido no coping (Frydenberg, 1996).

Por fim, é importante ter em conta que os estilos de coping parecem ser menos sensíveis à intervenção do que as estratégias de coping específicas (Ryan-Wenger, 1996), o que deverá ser tido em consideração aquando da elaboração e avaliação de programas de promoção de competências de coping.