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Caracterização da população escolar

AVALIAÇÃO PROCESSUAL

No final de cada sessão o investigador preenchia, sempre que possível em colaboração com o Director de Turma, uma Ficha de Avaliação Global da sessão (Anexo B) em que eram avaliados diversos parâmetros: a atenção e interesse dos alunos (de 1 – Pouco a 5 –

Muito), o seu grau de participação nas actividades (de 1 – Passivo a 5 – Activo), em que

medida as actividades serviram os objectivos propostos (de 1 – Nenhum a 5 – Na totalidade), se os alunos terminaram as actividades no tempo previsto (de 1 – Nenhum a 5 – A maioria), se o material utilizado pareceu cativar os alunos (de 1 – Pouco a 5 – Muito), em que medida o clima em que decorreu a sessão permitiu a expressão aberta de opiniões (de 1 – Só de alguns a 5 – Da maioria) e se foram alcançados os objectivos da sessão (de 1 – Nenhum a 5 – Na

103 A ficha incluía ainda dois campos em aberto, respectivamente para registar comportamentos/incidentes críticos observados durante a sessão e sugestões para sessões futuras.

Na última sessão do programa foi pedido a todos os alunos presentes que preenchessem, anonimamente, uma Ficha de Avaliação Final do Programa (Anexo C). A ficha era constituída essencialmente por questões abertas, havendo no entanto duas questões fechadas; a primeira referia-se ao grau de satisfação do aluno relativamente ao programa, e a segunda questionava se os alunos gostariam de continuar a frequentar, no futuro, uma actividade semelhante.

Para caracterização sócio-demográfica dos alunos participantes na investigação o protocolo incluiu algumas questões que procuraram descrever a amostra em termos das seguintes variáveis: sexo, idade, ano de escolaridade, número de retenções e indicação de se era ou não repetente no ano lectivo corrente, naturalidade, benefício de ASE, profissão, local de trabalho e escolaridade do pai e da mãe (Anexo D). Sempre que necessário, as informações facultadas pelos alunos foram confirmadas com a consulta dos dados constantes no seu registo biográfico e processo individual.

O estatuto socio-económico (ESE) de cada sujeito foi calculado a partir do cruzamento da profissão, local de trabalho e grau de instrução dos pais, de acordo com a escala de Graffar (Carvalhosa, et al., 2001; Matos et al., 2003; Raimundo, 2005). Esta escala é constituída por cinco categorias para a profissão8 e cinco categorias para os graus de instrução9. O local de

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Categoria profissional, segundo a escala de Graffar (Carvalhosa et al., 2001; Raimundo, 2005):

1° nível - licenciados, directores de empresas, profissionais com títulos universitários e militares de alta patente;

2° nível - chefes de secção administrativa, subdirectores, peritos e técnicos;

3° nível - adjuntos técnicos, desenhadores, caixeiros, contra-mestres, oficiais de primeira, encarregados, capatazes e mestres de obras;

4° nível - operários especializados, motoristas, polícias, cozinheiros, dactilógrafos;

5° nível - trabalhadores manuais ou operários não especializados, jornaleiros, porteiros, contínuos, ajudantes de cozinha, mulheres de limpeza.

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104 trabalho, sugerido por Carvalhosa (citado por Raimundo, 2005), permitiu esclarecer a classificação a atribuir relativamente a esta variável, quando a mesma se tornou difícil de realizar, apenas através da profissão e do grau de instrução.

Nas situações em que só foi possível recolher informação relativamente a um dos progenitores (situações em que o aluno não tinha contacto com o outro progenitor ou este já tinha falecido) ou quando o aluno vivia com outras pessoas que não os seus pais, apenas o Encarregado de Educação foi considerado para efeitos do cálculo do estatuto sócio- económico do aluno.

Feitos todos os cálculos, os alunos foram distribuídos por cinco níveis, em que 1 corresponde ao nível sócio-económico mais elevado e 5 ao mais baixo.

Aproximadamente a meio da implementação do programa foi pedido a todos os alunos participantes que respondessem a uma Ficha de Avaliação dos Conhecimentos (Anexo E) que, até à data, tinham sido trabalhados no programa. A ficha incluía questões fechadas e abertas, que cobriam tópicos de todas as sessões já realizadas, e apresentava situações problemáticas próximas da realidade diária dos alunos, para avaliar em que medida estes conseguiriam aplicar correctamente os conceitos discutidos nas sessões.

O registo da assiduidade dos alunos foi feito num campo específico incluído na Ficha de Avaliação Global das sessões (Anexo B). Nesse campo já estavam previamente registados os números de turma e nomes dos alunos, em função da turma.

1° grau - catedráticos e assistentes, doutores ou licenciados, títulos universitários ou de escolas superiores ou especiais, diplomados, economistas, notários, juízes, magistrados, agentes do Ministério Público, Militares de Academia;

2° grau - técnicos e peritos;

3° grau - cursos de liceu, industrial ou comercial militares de baixa patente ou sem academia; 4° grau - ensino primário completo;

105 No estudo 2 foi utilizada a escala de avaliação do coping adolescente ACS (Adolescent

Coping Scale), na forma geral longa, de Frydenberg & Lewis (1993), traduzida e adaptada

por Sena Neves e Marques Pinto (2007).

Esta escala destina-se a ser usada com jovens entre 12 e 18 anos e é composta por 79 itens fechados que permitem avaliar dezoito estratégias de coping: Procurar Apoio Social

(e.g. “Falar com outras pessoas para saber o que elas fariam se tivessem o mesmo problema”), Concentrar-se na Resolução do Problema (e.g. “Dedicar-me a resolver as situações que estão a provocar o problema”), Esforçar-se e ter êxito (e.g. “Trabalhar intensamente”), Preocupar-se (e.g. “Preocupar-me com o que está a acontecer”), Investir em Amigos Chegados (e.g. “Passar mais tempo com o rapaz/rapariga com quem saio”),

Procurar Pertença (e.g. “Melhorar a minha relação pessoal com os outros”), Criar ilusões

(e.g. “Esperar que corra tudo bem”), Não Lidar com o Problema (e.g. “Não tenho forma de lidar com a situação”), Reduzir a Tensão (e.g. “Tentar sentir-me melhor bebendo álcool, fumando ou tomando outras drogas”), Agir Socialmente (e.g. “Juntar-me a pessoas que têm o mesmo problema”), Ignorar o Problema (e.g. “Ignorar o problema”), Auto-Culpabilizar- se (e.g. “Sentir-me culpado”), Guardar o Problema para Si (e.g. “Guardar para mim os meus sentimentos”), Procurar Apoio Espiritual (e.g. “Deixar que Deus se ocupe do meu problema”), Concentrar-se no Positivo (e.g. “Fixar-me no aspecto positivo das coisas e pensar em coisas boas”), Procurar Ajuda Profissional (e.g. “Pedir conselho a uma pessoa competente”), Procurar Distracções Relaxantes (e.g. “Encontrar uma forma de me relaxar; por exemplo, ouvir música, ler um livro, tocar um instrumento musical, ver televisão”) e

Procurar Distracção Física (e.g. “Manter-me em forma e com boa saúde”).

A resposta aos itens da ACS é dada numa escala tipo Likert de 5 pontos, que varia entre 1 (“Nunca penso nisso ou nunca o faço”) e 5 (“Penso nisso e faço-o com muita frequência”). O resultado de cada escala é dado pelo somatório das respostas aos itens que lhe

106 correspondem, multiplicado por 4, 5 ou 7, dependendo do número de itens da escala (respectivamente, cinco, quatro ou três itens).

A escala inclui ainda um item final aberto, em que se pede ao jovem que indique qualquer outra coisa que costume fazer para lidar com os seus problemas.

Do ponto de vista psicométrico, todas as dezoito subescalas que constituem o ACS apresentaram no estudo original alfas de Cronbach considerados satisfatórios pelos autores da escala, variando entre 0.54 e 0.85 (Frydenberg & Lewis, 1993). A precisão teste-reteste, embora moderada (entre 0.34 e 0.85), é satisfatória dada a natureza dinâmica do coping (Frydenberg & Lewis, 1993).

Estudos posteriores (Frydenberg & Lewis, 1993) sugeriram a existência de três factores mais globais ou estilos de coping: Dirigido à Resolução do Problema (que inclui as subescalas Concentrar-se na Resolução do Problema, Esforçar-se e ter Êxito, Investir em Amigos Chegados, Procurar Pertença, Concentrar-se no Positivo, Procurar Distracções Relaxantes e Procurar Distracção Física), Referência a Outras Pessoas (Procurar apoio social, Agir Socialmente, Procurar Ajuda Profissional, Procurar Apoio Espiritual) e Coping Não Produtivo (Preocupar-se, Criar Ilusões, Não lidar com o Problema, Reduzir a Tensão, Ignorar o Problema, Auto-culpabilizar-se, Guardar o Problema para Si). Estes factores mais gerais apresentam, todos eles, alfas de Cronbach acima de 0.80 (Frydenberg & Lewis, 1993; Frydenberg et al., 2006).

Ainda no estudo 2 tentou criar-se um instrumento de avaliação da percepção que os Directores de Turma têm das estratégias de coping utilizadas pelos seus alunos, sensível às dimensões trabalhadas no BOC. A opção foi, a partir do ACS, construir um questionário constituído por dezoito itens correspondentes às definições conceptuais das dezoito estratégias de coping avaliadas pelo ACS. Para cada aluno, o Director de Turma deveria

107 indicar, numa escala de 1 (“Não utiliza”) a 5 (“Utiliza muito frequentemente”), em que medida este utiliza as estratégias de coping referidas para lidar com problemas.

A criação deste instrumento justifica-se pela necessidade de, numa avaliação de resultados, cruzar os dados obtidos de diferentes fontes de informação. Quando são utilizados métodos múltiplos para recolher os dados, a comparação da informação recolhida a partir dos alunos, professores e Encarregados de Educação pode ajudar a clarificar a percepção que os diferentes grupos têm do problema e da intervenção (Orpinas & Horne, 2006). Os Directores de Turma são aqueles que, de entre os professores de uma turma, melhor conhecem os alunos nos seus vários contextos, não só por passarem mais tempo com eles mas também por manterem contacto com as suas famílias. Além disso, na presente investigação foram eles que colaboraram na dinamização do BOC. No entanto, e apesar da designação “versão Directores de Turma”, em futuros estudos este questionário poderá ser eventualmente (também) aplicado a outros docentes que não os Directores de Turma.

Da igual forma, e pelo mesmo motivo, foi criada uma versão para avaliar a percepção que os Encarregados de Educação têm das estratégias de coping utilizadas pelos seus educandos, constituída pelos mesmos itens do questionário para Directores de Turma e com a mesma escala de resposta; apenas as instruções foram simplificadas, na versão para os Encarregados de Educação (Anexo G).