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4 Procedimentos metodológicos

4.4 Análise de dados

A primeira etapa da análise de dados da pesquisa, procedimento de tratamento de dados obtidos com o questionário, foi realizada com o auxílio da estatística descritiva.

Segundo Marconi e Lakatos (2010), o objetivo da estatística descritiva é o de representar, de forma concisa, sintética e compreensível, a informação contida num conjunto de dados. Esta tarefa, que adquire mais importância quando o volume de dados é grande,

concretiza-se na elaboração de tabelas e de gráficos e no cálculo de medidas ou indicadores que representam convenientemente a informação contida nos dados.

As técnicas de análise descritiva usadas na presente pesquisa foram a apuração de médias aritméticas e medidas de dispersão (distribuição de frequência acumulada, absoluta e relativa, desvio médio, desvio-padrão) e elementos de variância das medidas.

Já para analisar as entrevistas de survey utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que consiste numa técnica de análise de dados que vem sendo utilizada com frequência nas pesquisas no campo da administração (FLICK, 2009).

Bardin (2011) refere que a análise de conteúdo consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, tendo como objetivo enriquecer a leitura dos dados coletados.

Assim, a análise de conteúdo trata de trazer à tona o que está em segundo plano na mensagem que se estuda, buscando outros significados intrínsecos na própria mensagem, como demonstrado na figura 30.

Figura 30: Perspectiva temática da análise de conteúdo.

Fonte: baseado em Bardin (2011).

Tecnicamente, a análise de conteúdo, segundo Freitas (2000), obedece a lemas de uso, sendo os principais:

 Objetividade, uma vez que existem regras e diretrizes que conduzem o analista;

 Sistematização, pois todo o conteúdo deve ser ordenado e integrado nas categorias escolhidas, em função dos objetivos perseguidos;

 Viés quantitativo, por meio da evidenciação de elementos significativos.

Bardin (2011) aponta 4 fases para a análise de conteúdo clássica, as quais são exibidas na figura 31.

 Pré-análise, fase em que identificam-se os procedimentos que serão adotados para que a análise de conteúdo se desenvolva;

 Exploração do material, onde se realiza a intenção de transformar os dados brutos do texto, seguindo regras precisas, por recorte, agregação, e enumeração, a fim de atingir uma representação do conteúdo ou da sua expressão;

 A categorização, que consiste na classificação de elementos construtivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento, segundo o gênero (analogia), de acordo com os critérios previamente definidos, visando agrupar os itens levantados para facilitar a análise da informação.

 Inferência e interpretação, onde a partir de uma especialidade de análise escolhida se procede a categorização e a articulação dos temas, guiando a interpretação.

Figura 31: Etapas para análise de conteúdo clássica.

Fonte: baseado em Bardin (2011).

Dentre as especialidades utilizadas para a articulação de codificação e categorização, o pesquisador pode utilizar vários procedimentos, procurando identificar o mais apropriado para o material a ser analisado, entre os quais destacam-se: a análise léxica, a análise temática, a análise de direcionamento, a análise de enunciação, a análise de conotações e a categorização (BARDIN, 2011).

Nessa pesquisa, sobre os dados coletados foram utilizadas algumas das técnicas enunciadas acima. Primeiramente realizou-se a análise temática, na qual se buscou recortar e codificar os textos em unidades de registro. Como unidade de registro escolheu-se o tema, sendo os textos recortados em elementos portadores de significações isoláveis (BARDIN, 2011), orientando esta prática a identificar temas que pudessem ser uma expressão dos constructos apresentados no modelo geral da TVP e do MOP. Assim, expressões que pudessem posteriormente ser associadas àqueles constructos, foram delineadas como uma preparação para uma posterior categorização, codificando-se como temas, expressões que se repetiam nos textos transcritos durante as análises.

Para a análise de direcionamento, houve, a partir do recorte do texto em temas, o agrupamento do que se exprimia em termos constatados, ou seja, o sentido da opinião do

entrevistado segundo um par bipolar (ora positivo ora negativo), existindo eventualmente um estado intermediário, de neutralidade conforme orienta Bardin (2011). Com essa análise foi possível identificar se os requisitos identificados na análise temática foram preenchidos (sendo avaliados positivamente) ou não preenchidos (sendo avaliados negativamente), bem como se o serviço de delivery, como um processo virtual, demonstrava as capacidades de representação, alcance e monitoramento (sendo avaliadas positivamente) ou não as demonstrava (sendo avaliadas negativamente).

As unidades temáticas assim geradas, foram então devidamente avaliadas e serviram para a formação de unidades de sentido estabelecidas, como uma categorização criada com base na TVP e no MOP, tendo em vista a finalidade de garantir se as capacidades das TIC estavam associadas ao preenchimento ou não preenchimento dos requisitos de processo.

Partindo-se então desses constructos propostos pelo modelo geral, apresentado na revisão da literatura e balizados pela construção da TVP, utilizou-se um modelo de categorização por caixas, em que as categorias decorrem diretamente da teoria utilizada (BARDIN, 2011). Optou-se, porém, por categorizar não apenas temas diretamente relacionados àqueles constructos, mas temas que tinham como referência indicadores de virtualização e outros fatores presentes na virtualização do processo do serviço de delivey.

O esboço deste esforço de análise de dados é retratado na figura 32.

Figura 32: Modelo de análise de conteúdo da pesquisa.