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Análise de exemplos da seta no “Código de Trânsito Brasileiro”

Capítulo 3: Os signiicados da seta em sistemas de sinalização

3.4 Análise de exemplos da seta no “Código de Trânsito Brasileiro”

Existe uma normatização brasileira nomeada de “Sistema de Sinalização do Código de Trânsito Brasileiro”, idealizada pelo “Conselho Nacional de Trânsito” a partir de 1986. A mesma encontra-se dividida em três categorias: sinalização de regulamentação, sinalização de advertência e sinalização de indicação.

A sinalização de regulamentação tem por inalidade informar aos usuários as condições, proibições, obrigações ou restrições no uso das vias. [...] A sinalização de advertência tem por inalidade alertar os usuários da via para condições potencialmente perigosas, indicando sua natureza. [...] A sinalização de indicação, tem por inalidade identiicar as vias e os locais de interesse, bem como orientar condutores de veículos quanto aos percursos, os destinos, as distâncias e os serviços auxiliares. (BRASIL, 2008, p. 58, 61 e 66).

É possível encontrar exemplos do símbolo gráico seta no manual de “Código de Trânsito Brasileiro” para as três categorias citadas.

Examinando as imagens dos exemplos de placas de sinalização de regulamentação juntamente com os textos explicativos colocados no próprio manual (igura 29), é possível perceber a seta com um signiicado puro de direção nos casos R-3, R-5a, R-8a, R-25c e R-33, no qual mostra claramente um sentido de deslocamento, um traçado a ser seguido pelo automóvel.

Figura 28: Pictograma do sistema de sinalização da “Berlim Serviços de Transporte”. Ponto de encontro. Fonte: ABDULLAH;

Figura 29: Exemplos de placas de regulamentação do “Código de Trânsito Brasileiro”. Da esquerda para a direita e de

cima para baixo: sentido proibido, proibido retornar à esquerda, proibido mudar de faixa ou pista de trânsito “da esquerda para a direita”, conserve-se à direita, siga em frente ou à esquerda, sentido de circulação na rotatória, inicio da proibição de estacionamento, faixa exclusiva para ônibus. Fonte: BRASIL (2008, p. 60 e 61).

Já a placa R-23 apresenta uma variação: não é a indicação de que algo deve se dirigir “da esquerda para a direita” em direção ao automóvel até atingi-lo (sentido direcional literal da seta, com movimento intrínseco a ela). Segundo o texto didático, a seta da igura indica a posição em que o automóvel deve permanecer, à direita, não realizando nenhum movimento para tanto. Se a seta fosse utilizada em seu signiicado original, puramente direcional, neste desenho, talvez ela devesse ser aplicada “da direita para a esquerda” em conjunto com um sinal de proibido (conforme igura 30), caracterizando o sentido do movimento que não deve ser realizado pelo automóvel a im de que ele se conserve à direita.

Figura 30: Placa R-23 com alteração em seu desenho. Fonte: Imagem da autora (2012).

É claro que não se deve entender a igura 30 como uma nova proposta para este símbolo, pois ela é mais complexa que a original e, portanto, menos clara e objetiva. O desenho inicial satisfaz o conteúdo a que se propõe. A igura criada pela autora é utilizada apenas para a discussão dos signiicados da seta, objeto desta dissertação.

Nos exemplos das placas de sinalização de advertência A-3a, A-12, A-25, A-42c e na placa de última saída (igura 31) também é clara a função de direção da seta indicando o caminho a ser seguido no trecho da via que está por vir. No exemplo A-42b o batente indica o im da pista dupla (ou seja, da seta indicativa de direção nos dois sentidos).

Já a placa identiicadora de lombada, contém uma seta com um signiicado que vai além do direcional. A seta tem a função de indicação do local onde está a lombada, não mostrando nenhum movimento de deslocamento espacial a ser realizado. A mesma explicação pode ser dada ao símbolo gráico inserido na primeira placa da igura 32, indicativa do local onde devem trafegar os automóveis utilitários.

Os outros dois exemplos das placas deinidas para sinalização de indicação são guias de trajetórias de direção a ser seguidas, tanto para se chegar ao destino desejado (CEAGESP e Instituto Butantã) quanto para se atravessar a avenida.

Figura 32: Exemplos de placas de indicação do “Código de Trânsito Brasileiro”. Da esquerda para a direita: faixa exclusiva

para automóveis utilitários a ultrapassar o pedágio, direções dos destinos, indicação da travessia para pedestres. Fonte: BRASIL (2008, p. 70, 71 e 75). mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

A origem de todos os signiicados da seta estaria então, após essa discussão sobre os sistemas de sinalização, no movimento intrínseco à sua forma. Ela indica direção

mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

Figura 31: Exemplos de placas de advertência do “Código de Trânsito Brasileiro”. Da esquerda para a direita e de cima para

baixo: pista sinuosa à esquerda, interseção em círculo, mão dupla adiante, lombada aqui, im da pista dupla, pista dividida e

em razão deste movimento. A seta só atinge seu alvo se o olhar se movimentar ao longo de seu traçado.

Quando é um símbolo gráico isolado em placas de sinalização, a seta tem

signiicado puro de direção, orientando e conduzindo o sentido do movimento e do

deslocamento espacial a ser realizado.

Quando inserida em pictogramas de sistemas de sinalização, a seta também indica

direção, mesmo que não seja aquela a ser seguida pelo observador e sim uma

colaboradora na representação do conteúdo da mensagem a ser produzida.

Quando em conjunto com outros elementos gráicos, além de direção e movimento,

a seta pode também mostrar uma posição de localização de um objeto e assumir

as funções de encontro, reunião e a indicação de um ponto.

A igura 33 resume e esquematiza as grandes categorias de signiicados da seta conforme vistas nos sistemas de sinalização. Os desenhos criados pela autora têm a função de ilustrar os conceitos exempliicando algumas situações particulares.