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ANÁLISE DE NECESSIDADES

No documento INSTITUTO POLITÉCNICO DE (páginas 69-75)

II- ESTUDO EMPÍRICO

7. ANÁLISE DE NECESSIDADES

Para prosseguir o estudo torna-se importante estabelecer as linhas de ação. Para

tal é necessário confrontar os dados recolhidos pela revisão da literatura e apresentados

na primeira parte deste trabalho, os quais permitem-nos delinear o enquadramento ideal

para a problemática em estudo, com os dados apresentados até ao momento na parte

empírica, que testemunham a situação real que encontrámos e a qual queremos

modificar.

Para mais facilmente sinalizar as necessidades achou-se por bem apresentar o

quadro seguinte.

Quadro XI- Apresentação da Análise de Necessidades

Situação Real Situação Ideal Necessidades

-Há pouca participação em

contextos sociais de

literacia;

-Grande interesse por

histórias;

-Contacto com histórias

pouco frequente quer em

casa quer proporcionado

pela escola;

- O DVD e o computador

são apontados como

recurso principal;

- O conto tradicional é o

tipo de narrativa mais

utilizada com o objetivo de

promover a estimulação

dos participantes;

-A inclusão educativa deve

de acompanhar a inclusão

social;

-Devemos valorizar a

importância da pessoa em

sociedade, como fator

impulsionador de uma

educação mais justa para

todos, independentemente

do seu grau de inteligência

e da sua destreza física;

-As atividades de leitura,

dirigidas a crianças/jovens

com NEE, deverão ser

programadas tendo em

conta a diferenciação e a

flexibilidade;

-A chave para o sucesso em

literacia reside na criação

de oportunidades plurais de

interação com os materiais

-Incluir alunos com NEE

severas em contextos

sociais de literacia,

nomeadamente no

programa de mediação

leitora da Biblioteca

Municipal de Beja – José

Saramago;

-Programar atividades de

leitura dirigidas a crianças

e jovens com NEE, de

acordo com as suas

competências;

-Seleccionar o materiais de

leitura do núcleo

documental da Biblioteca

Municipal de Beja, mais

apropriados para as

atividades de leitura com

crianças e jovens com NEE

severas;

quer visionadas, são pouco

exploradas e pouco

relacionadas com as

vivências dos alunos e com

os saberes funcionais;

- Não há a valorização da

mediação leitora.

literários;

-A Literacia Especial

presume a capacidade de

comunicar e interpretar

significados usando a

linguagem dos gestos, dos

sinais e dos símbolos, dos

sons, das imagens, distintos

em cada criança/jovem,

para percecionar e

converter mensagens em

significados;

- Os materiais visuais

podem ser usados

pedagogicamente para

alterar comportamentos e

explorar as construções

sociais e culturais dos

alunos;

- Para a programação de

atividades de leitura é

necessário estabelecer

objetivos, determinar

necessidades, planificar

situações de aprendizagem

e concomitantes

componentes, bem como

sequencializá-las por

mudanças sucessivas e

decidir sobre as

prioridades.

capacidade de compreensão

e expressão da população

alvo;

-Integrar na narrativa

objetos, imagens e música,

para tornar mais fácil e

atraente a mensagem;

-Relacionar práticas

pedagógicas com a

potencialidade dos

materiais de leitura no

desenvolvimento de

competências

comunicativas, cognitivas e

sociais destas crianças e

jovens;

-Criar oportunidades

efetivas de participação nas

atividades de leitura;

- Promover atividades de

leitura na Biblioteca

Municipal de Beja que

garantam a socialização.

Para responder às necessidades apresentadas e tendo em conta os objetivos a

que nos propomos começámos por estabelecer duas grandes linhas de ação:

- Incluir crianças e jovens no programa de mediação leitora da Biblioteca Municipal de

Beja- José Saramago.

- Adaptar e selecionar os materiais de leitura que melhor servem esta população.

Para levar a cabo estas ações começámos por delinear uma primeira sessão,

abaixo descrita, que serviu como pré-teste para avaliar a participação; comunicação;

mobilidade e relacionamentos interpessoais dos alunos participantes.

Escolheu-se a história Quando eu nasci porque se podia adaptar a história aos diferentes

grupos etários e se podia explorar as vivências de cada um. Além disso, simbolicamente

correspondia ao nascimento do projeto.

Quadro XII- Atividade: Quando eu nasci

Quando eu nasci…

Participantes -Grupo 1- alunos da Escola de Ensino Especial do CPCB

-Grupo 2- alunos da Unidade de Multideficiência do 1º Ciclo do

Agrupamento de Escolas n.º 2- Mário Beirão

-Grupo 3- alunos da Unidade de Multideficiência do 2º Ciclo do

Agrupamento de Escolas n.º 2- Mário Beirão

(será realizada uma sessão por grupo)

Palavras – Chave Literacia Visual/ Comunicação/ Interação

Material Exemplar de O meu pai - Anthony Browne

Exemplar de A minha mãe - Anthony Browne

Exemplar de Quando eu nasci - Planeta Tangerina

Matrioskas

Objetivos -Avaliar as crianças e jovens participantes ao nível da participação;

comunicação; mobilidade e relacionamentos interpessoais;

- Identificar quais os materiais de leitura que melhor servem a

mediação leitora com esta população;

-Averiguar o tempo de escuta dos alunos participantes.

Guião da actividade 1-Bom dia! Chamo-me…e venho da Biblioteca Municipal de Beja.

-Sabem o que há nas bibliotecas?

Nas Bibliotecas há muitos… dar tempo para que os participantes

cheguem à resposta: “Livro”.

-Hoje venho aqui contar-vos uma história muito especial - a história do

meu nascimento.

Alguém sabe onde é que nós estávamos antes de nascer?

Espera-se que respondam nomeando ou apontando: na barriga da mãe.

No lugar de apresentar o livro Quando Eu Nasci, uma vez que a sua

ilustração, apesar de apelativa, se torna de difícil leitura para estes

grupos pela quantidade de informação que apresenta em cada página,

proceder à projeção de imagens simples que têm a ver com o conteúdo

do livro.

2- Para nascer é preciso existir o pai e a mãe.

-Eu gosto muito do meu pai, por isso ando sempre com o seu álbum de

fotografias. Querem conhecer o meu pai? Prometem que não se riem?

Apresentar o livro O Meu Pai.

Já agora querem conhecer a minha mãe? É que eu também gosto muito

dela. Apresentar o livro A Minha Mãe.

- Para além de serem muito especiais, os pais costumam dar-nos

presentes ou outras coisas das quais gostamos muito.

-O presente que os meus pais me ofereceram, do qual, eu mais gostei

foi esta boneca:

3- Apresentar a Matrioska e cantar a história.

Havia uma boneca

Que mãe queria ser

Chorou tanto, tanto

Que outra fez nascer…

Canta-se esta canção à medida que de dentro das bonecas vão surgindo

outras bonecas, terminando com o nascer de um boneco:

Nasceu um boneco

Muito pequenino

Deixou de chorar

Porque era um menino.

Crianças e Jovens -Devem escutar, dirigir e concentrar a atenção de forma a estabelecer

relação entre o texto e a imagem e responder quando solicitados a

participar.

Espera-se ainda que a criança ou jovem transporte as suas vivências

para as histórias apresentadas, revendo ou identificando o seu pai e a

sua mãe nalgumas situações representadas.

Fecho Perguntar às crianças/jovens se têm algum objeto que lhe tenha sido

oferecido e do qual gostam muito.

Tempo 40 minutos

Trabalho para

realizar com a

docente até à

próxima sessão

- Explorar um objeto de que gosto muito, para apresentar ao grupo na

próxima sessão.

A dinamização desta atividade de leitura facultou-nos informações relevantes

quanto ao grau de funcionalidade dos participantes, que deverão ser tidas em conta na

seleção do material e programação das atividades de leitura.

Verificou-se que os materiais de leitura selecionados se adequam aos três grupos

participantes, constituídos por crianças e jovens de faixas etárias diferentes, com

problemáticas próximas. A diferenciação reside na adequação da linguagem em

consonância com a faixa etária e nível de compreensão.

Dos materiais apresentados, a projeção de imagens alusivas ao conteúdo do livro

Quando eu nasci, foi apelativa e inteligível para os participantes, que conseguiram

identificar nas imagens elementos concretos e ações.

Por sua vez, os álbuns de imagem O meu pai e A minha mãe levaram os

participantes A., J.; A.S.; M. e Ce. a transportar as suas vivências para os referidos

álbuns. É de salientar que o grupo I identificou situações do ridículo, manifestando riso

e gargalhadas perante as mesmas.

A apresentação das Matrioskas acompanhada da melodia suscitou o interesse e

captou a atenção de todos os participantes, principalmente dos grupos II e III, revelando

que quer o objeto, quer a melodia têm impacto positivo nestas atividades, na medida em

que prendem ou trazem de volta, os participantes à atividade.

Apesar da seleção de materiais se ter revelado adequada, percecionámos que o

tempo de programação foi superior ao tempo de escuta dos participantes, verificando-se

que esta população necessita de ações repetidas e de mais tempo para responder às

questões para participar nas inferências levantadas durante e após a leitura. É de

salientar que em determinados momentos da atividade, as possibilidades de resposta

facultadas aos participantes foram insuficientes, na medida em que A. manifestou por

várias vezes agitação motora, causada pela impossibilidade de se fazer compreender e

de responder no tempo certo.

As ilações retiradas desta sessão levaram-nos a repensar a adequação das

atividades e dos materiais de leitura a dirigir a esta população e serviram o desenho das

atividades que se seguiriam, por forma a colmatar as necessidades encontradas e

viabilizar a participação destas crianças e jovens.

A partir desta atividade acrescentámos uma terceira ação que se interliga com as

duas traçadas: – Adequação da forma de comunicação do mediador à capacidade de

compreensão e de mobilização da atenção do “leitor”.

No documento INSTITUTO POLITÉCNICO DE (páginas 69-75)