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COMUNICAÇÃO: A CHAVE PARA O SUCESSO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

No documento INSTITUTO POLITÉCNICO DE (páginas 35-39)

I- ENQUADRAMENTO TEÓRICO

6. COMUNICAÇÃO: A CHAVE PARA O SUCESSO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Para que o ser humano se desenvolva e evolua com dignidade, necessita de

comunicar com o mundo que o rodeia. As características da sua personalidade serão

fruto das trocas que tem com a sociedade à qual pertence, porém a sua condição de

saúde influenciará o modo como irá desenvolver a sua comunicação.

Segundo Vayer e Destrooper (1976:20) “é através da ação, primeiramente

funcional depois intencional e refletida, que a criança aprende a realidade do mundo

envolvente e se apropria dele. Do mesmo modo, é através da ação lúdica e funcional,

aquela ação em que a criança age pelo prazer de agir e pelo prazer de ser, que exerce e

desenvolve as suas aptidões neurofisiológicas”.

A falta de experiências que as crianças com NEE apresentam, devido às suas

condições físicas e intelectuais ditará as carências, que inevitavelmente se refletem no

seu desenvolvimento, na sua forma de comunicar.

A fala é a forma de comunicação humana, mais comum, preferida pelos

indivíduos com audição normal, no entanto, nem todos têm as mesmas capacidades para

falar. Para muitas crianças, a necessidade de uma forma alternativa de comunicação é

transitória e desaparecerá com o desenvolvimento da fala, enquanto outras necessitam

de um sistema alternativo de comunicação durante toda a vida, devido a problemas

motores que as impedem de falar, dificultando a sua participação nalgumas atividades e

ditando a dependência das tecnologias de apoio, bem como do auxílio de outras pessoas.

Segundo Tetzchner e Martinsen (2000) os indivíduos que necessitam de um

meio de expressão apresentam uma diferença significativa entre a capacidade de

compreensão da linguagem e a capacidade de se expressarem através da fala. Neste

órgãos da fala de modo a conseguirem articular sons inteligíveis. Porém, podem ter um

bom nível de compreensão da linguagem. Pessoas com deficiência mental ou

perturbações da linguagem podem apresentar também uma diferença significativa entre

a compreensão e a expressão da linguagem e poderão enquadrar-se neste grupo.

Estas pessoas necessitam de recorrer à comunicação aumentativa e alternativa

(CAA) para poderem comunicar. A CAA implica o uso de formas não faladas como

complemento ou substituto da linguagem falada e é definida como:

“qualquer forma de comunicação diferente da fala e usada por uma pessoa em

contextos de comunicação frente a frente. Os signos gestuais, os signos gráficos, o

código Morse, a escrita, entre outros, são formas alternativas de comunicação (…)”

Tetzchner e Martinsen (2000:22).

Na perspetiva dos mesmos autores a comunicação aumentativa ou comunicação

complementar/de apoio tem como objetivo melhorar e promover a capacidade de

expressão e compreensão dos indivíduos com dificuldades a este nível. A palavra

“aumentativa” sublinha o facto de o ensino das formas alternativas de comunicação

terem o duplo objetivo: promover e apoiar a fala e garantir uma forma de comunicação

alternativa a indivíduos que carecem da capacidade de falar.

Os indivíduos que pertencem ao grupo que manifesta necessidade de uma

linguagem de apoio podem dividir-se em dois subgrupos. Para o primeiro, a

aprendizagem de uma forma de comunicação alternativa constitui essencialmente, um

passo no caminho do desenvolvimento da fala. O uso mais frequente da comunicação

alternativa como linguagem de apoio está relacionado com crianças das quais se espera

que venham a falar no futuro, mas que apresentam um atraso grave no desenvolvimento

da linguagem. As crianças com perturbações específicas da linguagem pertencem a este

grupo, tal como muitas crianças com deficiência mental (cf. Von Tetzchner, 1984a;

Launonen, 1996; Romsky e Sevick, 1996; citados por Tetzchner e Martinsen, 2000).

O segundo subgrupo inclui crianças e adultos que aprenderam a falar mas que

têm dificuldades em fazer entender-se em diferentes situações. Este subgrupo é similar

ao grupo que necessita de um meio de expressão, mas distingue-se do mesmo por não

utilizar um sistema alternativo de comunicação como meio principal de comunicação. A

inteligibilidade da fala difere em função do conhecimento que as pessoas têm desse

indivíduo, do tema de conversa e dos ruídos. Assim, estes indivíduos podem precisar de

usar sinos gestuais, apontar signos gráficos, palavras escritas ou letras para completar o

que o interlocutor não compreendeu (Tetzchner e Martinsen, 2000).

Os elementos que constituem os sistemas alternativos de comunicação são

signos gestuais, gráficos e tangíveis.

Os Signos gestuais incluem a língua gestual dos surdos e outros signos

realizados com as mãos. A língua gestual só se refere aos signos gestuais usados por

surdos.

Por sua vez os signos gráficos incluem todos os signos produzidos graficamente

(Bliss, SPC, PIC, Rebus, etc.).

No que respeita aos signos tangíveis, estes são geralmente feitos de madeira ou

plástico apresentando formas e texturas diferentes (exemplo: fichas Premack), usados

no ensino de pessoas com deficiência mental ou autismo. Os signos tangíveis

elaborados para cegos ou pessoas com deficiência visual são designados como signos

tácteis.

As tecnologias de apoio para a comunicação mais recentes baseiam-se em

dispositivos que utilizam tecnologia dos computadores. Após a difusão de

computadores portáteis, com baterias com uma autonomia significativa, tornou-se

comum o uso de programas especiais no computador pessoal.

Segundo Smith-Lewis (1994) citado por Tetzchner e Martinsen (2000:59)

As tecnologias de apoio para a comunicação devem proporcionar ao indivíduo

possibilidades de desenvolvimento (…) é importante que existam outros modos de

comunicação caso a tecnologia de apoio para a comunicação não se mostre eficaz”.

Deste modo facultar uma forma de comunicação alternativa a indivíduos que não

podem expressar-se através da fala, deve fazer-se com base na avaliação da sua situação

global e tem como consequência melhorar a sua qualidade de vida, proporcionando-lhes

um maior controlo sobre a sua vida e melhorar a autoestima, enaltecendo os direitos de

igualdade e de participação na sociedade.

7. A AÇÃO MEDIADORA NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA/JOVEM

No documento INSTITUTO POLITÉCNICO DE (páginas 35-39)