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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 Análise de Parâmetros

A partir do levantamento dessas informações iniciais de usos dos poços foi possível monitorá-los tomando como referência os Valores Máximos Permitidos – VMP – indicados na legislação vigente. A Tabela 6 traz um resumo dos Padrões de Potabilidade de água destinada ao consumo humano proveniente de solução alternativa de abastecimento de água – uma modalidade de abastecimento coletivo que fornece água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Tabela 6 - Parâmetro monitorados e seus respectivos Valores Máximos Permitidos

Parâmetro Monitorado VMP

Alcalinidade* < 100 mg/L Coliforme Totais Ausência em

100 mL Cloreto 250 mg/L Condutividade** 100 – 1000µS/cm Cor 15 uH Dureza Total 500 mg/L E. Coli Ausência em 100 mL Nitrito 1 mg/L Nitrato 10 mg/L pH 6 – 9,5 Salinidade*** < 0,5‰ Sólidos Totais 1000 mg/L Sulfato 250 mg/L Turbidez 5 uT

* Não apresenta padrão de potabilidade nas legislações vigentes.

** Não apresenta padrão de potabilidade nas legislações vigentes, entretanto mantém relação com a salinidade. *** Valor limite para água doce, segundo a Resolução nº 357 do CONAMA, art. 2º, § I.

Alguns parâmetros analisados não têm padrão de potabilidade previstos na legislação vigente, tais como alcalinidade e condutividade, entretanto têm forte influência na aceitabilidade da água pela população, pois estão relacionados com outras propriedades.

Os resultados seguintes, mostrados das figuras 11 a 21, indicam os valores dos parâmetros obtidos ao longo do monitoramento. Os gráficos foram construídos utilizando os resultados do parâmetro em questão mostrando as cinco coletas realizadas em cada um dos poços. As coletas são representadas pelos agrupamentos de 5 barras e a numeração de 1 a 10 representa os dez pontos monitorados. Entretanto podem ser notadas lacunas nos resultados em alguns pontos, isso ocorre devido à impossibilidade de coleta de amostras por motivos diversos (falta de bomba e ausência de moradores, por exemplo).

Figura 11 – Teor de alcalinidade (mg/L CaCO3)

Fonte: próprio autor, 2013

Na Figura 11 observa-se que dos poços monitorados somente os de número 2, 7 e 9 não excederam o limite comumente encontrado de alcalinidade (até 100 mg/L CaCO3), tendo valores menores ou iguais a 50 mg/L em todas as coletas. Entretanto valores acima desse limite (100 mgCaCO3/L) são aceitáveis em águas subterrâneas, pois as rochas presentes contêm carbonatos e bicarbonatos na sua constituição. Também pode ser observado que há uma tendência de crescimento nas três primeiras coletas e de decréscimo nas últimas, período que coincide com a diminuição do volume de precipitação mensal, ver Figura 06, página 40. O poço 6 foi o que apresentou o resultado mais alto, entorno de 450 mgCaCO3/L na segunda coleta, e foi observado odor desagradável durante as primeiras coletas.

As análises de Coliformes Totais foram positivas em todas as amostras analisadas dos 10 poços monitorados. Houve presença de Escherichia Coli em todos os poços em pelo menos uma coleta, com exceção do número 3 (que não é utilizado para consumo humano, mas somente para lavagem de roupas e irrigação de uma praça). A Tabela 7 ilustra que as amostras referentes às coletas 2 e 3 foram as que tiveram uma maior quantidade de poços contaminados com E. Coli, período bastante influenciado pelo aumento no volume de precipitação mensal. Também pode ser observado pela Tabela 7 que na coleta de número 4 apenas dois poços estavam contaminados com E. Coli, os poços 6 e 8, e que na coleta de número 5, período sem precipitação pluviométrica, nenhum poço estava contaminado com E. Coli.

Os resultados de E. Coli demonstram uma contaminação do lençol freático com as fossas dos moradores, pois foi observado que grande parte das residências tem poços abertos sem nenhuma preocupação com a localização das fossas, e os poucos moradores que têm esse

cuidado acabam por ter seus poços contaminados por fossas de vizinhos que não observaram a distância mínima de 15m, conforme recomenda VALIAS (2001).

Tabela 7 - Presença de Escherichia Coli nos poços

Escherichia Coli

Poço Col. 1 Col. 2 Col. 3 Col. 4 Col. 5

1 A P A A - 2 P A P A A 3 A A A A A 4 A P P A A 5 A P - - A 6 A - P P A 7 A P P A A 8 A A P P - 9 A A P A A 10 A P P A - A: Ausência em 100mL de amostra; P: Presença em 100 mL de amostra.

Células em branco representam coletas não realizadas.

Na Figura 12 estão representados os valores de Cloreto. O limite de 250 mg/L aceito pela legislação é excedido de forma recorrente nos poços 1, 3, 6, 8 e 10. Provavelmente devido à forte influência da água do mar nesses poços devido à proximidade dos mesmos com a faixa litorânea. Não foi possível verificar uma relação clara entre as variações nas precipitações atmosféricas e os resultados obtidos ao longo do período de coleta de amostras. Dos poços em questão os mais preocupantes em relação ao teor de cloreto são os de número 1 e 8, pois são utilizados para consumo humano e apresentaram concentrações de cloreto não inferiores a 1000mg/L em algumas coletas. O poço de número 3, poço que em nenhuma coleta realizada estava contaminada com E. Coli, não teve nenhuma amostra com concentração de cloreto inferior a 1000mg/L, o que torna a água imprópria para ingestão.

Figura 12 – Teor de cloreto em águas de poços do Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

A Figura 13 mostra os resultados do parâmetro cor em todos os poços monitorados. Nesta observa-se que as águas dos poços analisados apresentaram resultados acima do limite aceito pela legislação (15uH), sobretudo durante os períodos de maiores precipitações mensais (crescimento durante as três primeiras coletas e decréscimo durante as duas últimas). Resultados satisfatórios foram encontrados nos poços 2, 7 e 9, todos utilizados para consumo humano. Entretanto o poço 6, também utilizado para consumo humano, apresentou resultados de cor mais elevados. É importante ressaltar que mesmo os poços com os melhores resultados de cor não podem ser considerados adequados para consumo humano durante todo o ano, pois mantiveram- se dentro do limite aceitável somente no período da última coleta.

Figura 13 – Cor em águas de poços do Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

Com relação aos valores de dureza total, Figura 14, os poços 2, 4, 5, 7 e 9 apresentam resultados dentro dos limites aceitáveis (500 mg/L CaCO3) ao longo do período de todo o monitoramento. Somente o ponto 7 pode ser considerado, segundo classificação presente

(SUETÔNIO, 1997) de dureza branda (<50 mg/L CaCO3); os pontos 2 e 9 têm dureza moderada (entre 50 e 150 mg/L CaCO3); os pontos 4, 5 e 10 são considerados duros (entre 150 e 300 mg/L CaCO3); ao passo que os pontos 1, 3, 6 e 8 muito duros (>300 mg/L CaCO3).

Geralmente as águas subterrâneas têm alta dureza como uma de suas características, entretanto valores acima do permitido pela legislação podem trazer conseqüências fisiológicas adversas, tais como efeito laxativo. Nesse estudo não foi possível observar uma relação entre as variações da dureza e a precipitação média mensal.

Figura 14 – Dureza em águas de poços do Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

Com relação ao parâmetro nitrito, dos poços monitorados somente os pontos 7 e 9 não excederam o limite de previsto na legislação (1 mg/L). A Figura 15 mostra que após o período de chuvas todas as coletas tiveram resultados dentro do nível aceitável.

Figura 15 – Nitrito em águas de poços do Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

Com relação ao nitrato, os poços 1, 3 e 4 apresentaram resultados acima do limite permitido (10 mg/L). Pela Figura 16 é possível notar um decréscimo nos valores de nitrato, adequando-se a faixa aceitável após o fim do período de maiores precipitações. Dessa forma, após o período chuvoso todos os poços apresentaram concentrações de nitrato abaixo de 10m

g/L. Também pode ser observado nos poços que estavam com concentrações de nitrato abaixo de 10mg/L que há uma diminuição gradual no teor de nitrato a medida em que diminui a precipitação mensal.

Figura 16 – Nitrato em águas de poços do Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

Os poços monitorados apresentaram valores de pH dentro da faixa aceitável – de 6,0 a 9,5 – ao longo de todo o período de monitoramento. A única exceção foi o ponto de número 7, com variações de pH entre 5,1 e 5,8. O poço de número 2 apresentou valor de pH aproximadamente igual 6 – limite inferior aceitável – em três coletas. É importante destacar que os poços com maior captação de água para consumo humano, poços 2 e 7, são os que têm menores valores de pH.

Também não foi possível verificar, Figura 17, uma relação entre o volume de precipitação mensal e as flutuações no pH dos poços.

Figura 17 – valores de pH em águas de poços do Iguape

Com relação ao parâmetro sólido totais, Figura 18, os pontos 2, 5, 7 e 9 não ultrapassaram o limite de potabilidade estabelecido pela legislação (1000 mg/L) e o ponto 4 extrapolou esse limite em apenas uma coleta realizada. É importante destacar que os pontos 4 e 5 não são utilizados para consumo humano, entretanto tiveram resultados mais aceitáveis do que os obtidos nos poços 1, 6 e 8, que são destinados ao consumo humano. No período de estiagem foram obtidas menores concentrações de sólidos totais do que no período de chuvas. Também pode ser observado na Figura 18 que os poços 1 e 10, inicialmente estavam fora do padrão de potabilidade, entretanto se adequaram com concentrações de sólidos totais dentro da faixa aceitável durante o período de menores precipitações pluviométricas.

Figura 18 – Sólidos nas águas de poços do Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

A Turbidez – Figura 19 – apresenta um valor limite de 5 uT o qual foi superado nos pontos 2, 5, 6 e 7. Dentre esses pontos o único que superou esse valor de forma recorrente foi o ponto 6. É possível também verificar um aumento nos valores de turbidez durante o período com maiores precipitações mensais e em seguida decréscimo de turbidez após esse período. Os valores de Turbidez observados no ponto 7 foram os menores, com exceção da segunda coleta, pois, segundo relatos dos moradores da região, ocorreu um deslizamento de terra para dentro do poço na semana anterior a coleta. Provavelmente esse fato tenha sido a causa deste desvio.

Figura 19 – Turbidez nas águas de poços do Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

Apesar de não haver previsão de padrão de potabilidade na Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde e nem na Resolução 396/2008 do CONAMA, a condutividade (Figura 20) não extrapolou a faixa comumente encontrada de 100 a 1000 µS/cm em nenhum dos poços ao longo do monitoramento.

Figura 20 – Condutividade das águas dos poços no Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

O Sulfato (Figura 21) também não extrapolou o limite de 250 mg/L em nenhum poço analisado durante o monitoramento.

Figura 21 – Teor de sulfato das águas dos poços no Iguape

Fonte: próprio autor, 2013

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