• Nenhum resultado encontrado

4. Apresentação e discussão dos resultados

4.3. Amostras retangulares

4.3.2. Análise de propriedades Mecânicas

Um dos resultados que se pode retirar do ensaio de resistência ao corte são as micrografias da zona onde ocorreu a fratura da amostra, como se pode verificar entre as figuras 45 a 49.

Figura 45 – Micrografias, obtidas por MEV, da superfície de fratura da amostra com 100% Ti6Al4V.

Figura 46 - Micrografias, obtidas por MEV, da superfície de fratura da amostra com 5% HAP.

Dissertação de Engenharia de Materiais Página 47

Figura 48 - Micrografias, obtidas por MEV, da superfície de fratura da amostra com 15% HAP.

Figura 49 - Micrografias, obtidas por MEV, da superfície de fratura da amostra com 20% HAP.

Através destas micrografias foi possível verificar a presença bem visível da HAP, amostras sem qualquer tipo de preparação de superfície. Nas amostras em que a superfície foi tratada com o desbaste e polimento, a HAP é removida da superfície, pois nas micrografias da análise microestrutural (figura 38 até a figura 41), esta não se encontra de forma tão visível.

Para a análise da resistência mecânica foi também necessário utilizar uma amostra de referência, amostra com 100% Ti6Al4V.

Na figura 50 encontram-se ilustrados os resultados dos ensaios de resistência ao corte das amostras com diferentes percentagens de HAP.

Figura 50 - Resultados das diferentes amostras no ensaio de resistência ao corte.

Com base nos resultados obtidos verifica-se o que seria previsto, o valor da resistência ao corte das amostras diminui com o aumento da percentagem da HAP, devido as baixas propriedades mecânicas dos cerâmicos, mais precisamente da resistência mecânica.

As amostras com 100% Ti6Al4V são as que apresentam um valor superior de resistência ao corte. O valor teórico da resistência ao corte para a liga de Ti ronda os 960 - 970 MPa e o valor obtido para as amostras processadas foi de 826 MPa, notavelmente mais baixo, considerando-se que foi algum parâmetro de processamento que não esteja correto [7][45].

O valor teórico da resistência ao corte para a HAP densa é de 38 - 300 MPa, mas se a HAP for porosa este valor desce drasticamente para os 3 MPa. Então ao ser adicionada a HAP ao Ti6Al4V, o valor da resistência ao corte do compósito também desce e quanto maior a percentagem de HAP utilizada maior será a descida do valor da resistência ao corte. Como se verifica na figura 50, em que amostra com 5% HAP apresenta um valor de 344 MPa e a amostra com 20 %HAP apenas apresenta um valor de 33 MPa [46].

Comparando ainda os valores obtidos com o valor de resistência ao corte do osso humano, que tem um valor de 90 - 140 MPa, verifica-se que para se alcançar um valor semelhante, tem que se utilizar uma percentagem de HAP entre os 10% e os 15% [7].

Dissertação de Engenharia de Materiais Página 49

de HAP, há também um aumento consideravel na porosidade, deixando assim, as amostras com uma menor resistência mecânica. A amostra com 20% HAP é a amostra com uma maior quantidade de poros sendo está também a que apresenta um valor mais baixo de resistência ao corte.

4.3.2.2. Microdurezas

Para as diferentes amostras obtiveram-se valores distintos de microdureza de Vickers como se pode verificar na figura 51.

Figura 51 – Resultados das diferentes amostras no teste de microdureza.

Como é possível verificar, a HAP não vai reduzir o valor da microdureza das amostras, pelo contrário, tem o efeito oposto aumenta o valor da microdureza.

Apesar de a HAP ter um valor baixo valor de resistência mecânica, teoricamente o valor de microdureza da HAP é superior ao valor da microdureza do Ti, 480 e 250, respetivamente [40].

Então quando se introduz partículas de HAP com partículas de Ti6Al4V num compósito, a HAP vai ser adicionada como um reforço, provocando assim, um aumento significativo na microdureza mesmo estando em pequenas percentagens, indo quase para o dobro do valor.

Dissertação de Engenharia de Materiais Página 51

5. Conclusão

Com os resultados obtidos neste trabalho pode-se concluir que:

 O limite máximo de HAP que se pode utilizar para o manuseamento e respetiva caracterização das amostras será de 25% HAP, sendo que as amostras de 30% HAP já se desintegravam, não mostrando assim propriedades de coesão necessárias para se obter uma peça sólida;

 Ao recorrer ao estudo de MEV averiguou-se que há uma distribuição heterogénea das partículas de HAP na mistura, pode-se considerar que a mistura não esta otimizada, sendo assim necessário um tempo de mistura mais elevado ou uma forma de mistura diferente da utilizada;

 Através da análise de EDS verifica-se que não há presença de compostos inesperados, ou seja, não há qualquer tipo de contaminação existente;

 Consegue-se verificar ainda que não há uma degradação acentuada da HAP durante o processamento das amostras;

 Com a análise de DRX confirma-se que há interação entre os elementos do Ti6Al4V e da HAP havendo assim a formação de novos compostos, como Ti3P e Ti2P;

 Ainda através de DRX a amostra com 10 %HAP é a que tem um maior número de picos representantes da HAP;

 Das amostras obtidas e comparativamente com a bibliografia, as amostras com 10% e 15% HAP são as que apresentam um valor de resistência ao corte semelhante ao valor de resistência do osso humano;

 Relativamente ao ensaio de microdureza de Vickers, as amostras com 10% e 15% HAP são as que apresentam um valor mais elevado de 732 e 749 HV, respetivamente.

Dissertação de Engenharia de Materiais Página 53

6. Proposta para trabalhos futuros

Uma vez que neste trabalho se focou nas diferentes percentagens de HAP utilizadas, agora seria necessário uma nova investigação com a mudança dos parâmetros de processamento, como exemplo, os que parecem ser mais relevantes são a atmosfera utilizada durante o processamento e ainda as taxas de aquecimento e arrefecimento devido aos diferentes coeficientes de expansão térmica dos materiais.

Relativamente a caracterização mecânica, seria necessário uma caracterização mais alargada como ensaios de desgaste, ainda ensaios de tribocorrosão e de toxicidade para assim se poder verificar se as amostras estavam conformes para a sua respetiva aplicação.

Produção do FGM com as respetivas percentagens adequadas para as propriedades desejadas e seguidamente efetuar uma simulação numérica.

Dissertação de Engenharia de Materiais Página 55

7. Bibliografia

[1] A. Mechay, H. Elfeki, F. Schoenstein, F. Tétard, and N. Jouini, “Effect of spark plasma sintering process on the microstructure and mechanical properties of Nano crystalline hydroxyapatite ceramics prepared by hydrolysis in polyol medium,” Int. J. Adv. Chem., vol. 2, no. 2, pp. 80–84, Feb. 2014.

[2] “Biomedical Implants - Implants.” [Online]. Available:

http://www.biomedicalimplants.net/implante.php. [Accessed: 03-Jun-2014]. [3] “Densified Metals | Biomedical Implants, Artificial Joints.” [Online]. Available:

http://www.pressuretechnology.com/hip-applications-biomedical.php. [Accessed: 28-Jul- 2015].

[4] A. Arifin, A. B. Sulong, N. Muhamad, J. Syarif, and M. I. Ramli, “Material processing of hydroxyapatite and titanium alloy (HA/Ti) composite as implant materials using powder metallurgy: A review,” Mater. Des., vol. 55, pp. 165–175, Mar. 2014.

[5] M. T. P. Silva, “Métodos de Projeto Para o Acoplamento Indutivo Aplicado a Implantes Biomédicos,” Universidade Federal de Minas Gerais, 2012.

[6] R. L. M. Jason A. Burdick, Biomaterials for Tissue Engineering Applications. 2011. [7] M. Long and H. J. Rack, “Titanium alloys in total joint replacement--a materials science

perspective.,” Biomaterials, vol. 19, no. 18, pp. 1621–39, Sep. 1998.

[8] A. K. Khanra, H. C. Jung, K. S. Hong, and K. S. Shin, “Comparative property study on extruded Mg–HAP and ZM61–HAP composites,” Mater. Sci. Eng. A, vol. 527, no. 23, pp. 6283–6288, Sep. 2010.

[9] C. Q. Ning and Y. Zhou, “In vitro bioactivity of a biocomposite fabricated from HA and Ti powders by powder metallurgy method.,” Biomaterials, vol. 23, no. 14, pp. 2909–15, Jul. 2002.

[10] E. Champion, “Sintering of calcium phosphate bioceramics,” Acta Biomater., vol. 9, no. 4, pp. 5855–75, Apr. 2013.

[11] C. J. Liao, F. H. Lin, K. S. Chen, and J. S. Sun, “Thermal decomposition and

1807–13, Oct. 1999.

[12] T. K. Chaki, “Sintering behaviour and mechanical properties of hydroxyapatite and dicalcium phosphate,” vol. 4, pp. 150–158, 1993.

[13] C. Chenglin, Z. Jingchuan, Y. Zhongda, and W. Shidong, “Hydroxyapatite–Ti functionally graded biomaterial fabricated by powder metallurgy,” vol. 271, pp. 95–100, 1999. [14] M. Özcan and C. Hämmerle, “Titanium as a Reconstruction and Implant Material in

Dentistry: Advantages and Pitfalls,” Materials (Basel)., vol. 5, no. 12, pp. 1528–1545, Aug. 2012.

[15] M. Dewidar, H. F. Mohamed, and J. Lim, “A New Approach for Manufacturing a High Porosity Ti-6Al-4V Scaffolds for Biomedical Applications,” vol. 24, no. 6, pp. 931–935, 2008.

[16] R. Van Noort, “Review Titanium : the implant material of today,” vol. 22, 1987.

[17] J. C. Williams and G. Lutjering, Titanium, 2nd editio. Springer, 2007.

[18] V. K. Balla, J. Soderlind, S. Bose, and A. Bandyopadhyay, “Microstructure, mechanical and wear properties of laser surface melted Ti6Al4V alloy.,” J. Mech. Behav. Biomed. Mater., vol. 32, pp. 335–44, Apr. 2014.

[19] a. Najdahmadi, a. Zarei-Hanzaki, and E. Farghadani, “Mechanical properties

enhancement in Ti–29Nb–13Ta–4.6Zr alloy via heat treatment with no detrimental effect on its biocompatibility,” Mater. Des., vol. 54, pp. 786–791, Feb. 2014.

[20] E. B. Taddei, V. a. R. Henriques, C. R. M. Silva, and C. a. a. Cairo, “Production of new titanium alloy for orthopedic implants,” Mater. Sci. Eng. C, vol. 24, no. 5, pp. 683–687, Nov. 2004.

[21] S. William F, Princípios de Ciência e Engenharia dos Materiais. 1999.

[22] Krishan K. Chawla, Composite Materials: Science and Engineering, Third Edit. USA: Springer, 2012.

Dissertação de Engenharia de Materiais Página 57

[24] A. Shahrjerdi, F. Mustapha, M. Bayat, S. M. Sapuan, and D. L. A. Majid, “Fabrication of functionally graded Hydroxyapatite- Titanium by applying optimal sintering procedure and powder metallurgy,” vol. 6, no. 9, pp. 2258–2267, 2011.

[25] M. A. F. Afzal, P. Kesarwani, K. M. Reddy, S. Kalmodia, B. Basu, and K. Balani,

“Functionally graded hydroxyapatite-alumina-zirconia biocomposite: Synergy of toughness and biocompatibility,” Mater. Sci. Eng. C, vol. 32, no. 5, pp. 1164–1173, Jul. 2012. [26] S. C. Ferreira, P. D. Sequeira, Y. Watanabe, E. Ariza, and L. a. Rocha, “Microstructural

characterization and tribocorrosion behaviour of Al/Al3Ti and Al/Al3Zr FGMs,” Wear, vol. 270, no. 11–12, pp. 806–814, May 2011.

[27] S. El-Hadad, H. Sato, and Y. Watanabe, “Wear of Al/Al3Zr functionally graded materials fabricated by centrifugal solid-particle method,” J. Mater. Process. Technol., vol. 210, no. 15, pp. 2245–2251, Nov. 2010.

[28] F. Watari, A. Yokoyama, M. Omori, T. Hirai, H. Kondo, M. Uo, and T. Kawasaki, “Biocompatibility of materials and development to functionally graded implant for bio- medical application,” Compos. Sci. Technol., vol. 64, no. 6, pp. 893–908, May 2004. [29] C. Chu, J. Zhu, Z. Yin, and P. Lin, “Optimal design and fabrication of hydroxyapatite Á Ti

asymmetrical functionally graded biomaterial,” vol. 348, pp. 244–250, 2003. [30] G. S. UPADHYAYA, POWDER METALLURGY TECHNOLOGY. Cambridge International

Science Publishing, 2002.

[31] A. Lawley and H. A. Kuhn, Powder Metallurgy Processing. Academic Press, 1978. [32] H. Gericke, Mixing of Solids. Suiça: Springer, 2000.

[33] S.-J. L.Kang, Sintering: Elsevier, 2005.

[34] C. Chu, P. Lin, Y. Dong, X. Xue, J. Zhu, and Z. Yin, “Fabrication and characterization of hydroxyapatite reinforced with 20 vol % Ti particles for use as hard tissue replacement.,” J. Mater. Sci. Mater. Med., vol. 13, no. 10, pp. 985–92, Oct. 2002.

[35] C. Chu, X. Xue, J. Zhu, and Z. Yin, “Mechanical and biological properties of hydroxyapatite reinforced with 40 vol. % titanium particles for use as hard tissue replacement.,” J. Mater. Sci. Mater. Med., vol. 15, no. 6, pp. 665–70, Jun. 2004.

[36] S. Nath, R. Tripathi, and B. Basu, “Understanding phase stability, microstructure development and biocompatibility in calcium phosphate–titania composites, synthesized from hydroxyapatite and titanium powder mix,” Mater. Sci. Eng. C, vol. 29, no. 1, pp. 97– 107, Jan. 2009.

[37] C. Chu, J. Zhu, Z. Yin, and P. Lin, “Structure optimization and properties of

hydroxyapatite-Ti symmetrical functionally graded biomaterial,” vol. 316, pp. 205–210, 2001.

[38] “Capítulo 4 – Técnicas de Caracterização de Revestimentos.” pp. 26–56, 1982. [39] C. R. Brundle, S. Wilson, and J. Charles A. Evans, Encyclopedia of Materials

Characterization Surfaces, Interfaces, Thin Films. USA, 1992.

[40] K. Niespodziana, K. Jurczyk, J. Jakubowicz, and M. Jurczyk, “Fabrication and properties of titanium-hydroxyapatite nanocomposites,” Mater. Chem. Phys., vol. 123, no. 1, pp. 160–165, 2010.

[41] D. Bovand, M. Yousefpour, S. Rasouli, S. Bagherifard, N. Bovand, and A. Tamayol, “Characterization of Ti-HA composite fabricated by mechanical alloying,” Mater. Des., vol. 65, pp. 447–453, 2015.

[42] Z. Gronostajski, P. Bandoła, and T. Skubiszewski, “Argon-shielded hot pressing of titanium alloy (TI6AL4V) powders,” Acta Bioeng. Biomech., vol. 12, no. 1, pp. 41–46, 2010. [43] L. Bolzoni, I. M. Meléndez, E. M. Ruiz-Navas, and E. Gordo, “Microstructural evolution and

mechanical properties of the Ti-6Al-4V alloy produced by vacuum hot-pressing,” Mater. Sci. Eng. A, vol. 546, pp. 189–197, 2012.

[44] P. Balbinotti, E. Gemelli, G. Buerger, S. A. De Lima, J. De Jesus, N. H. A. Camargo, V. A. R. Henriques, and G. D. D. A. Soares, “Microstructure development on sintered Ti/HA biocomposites produced by powder metallurgy,” Mater. Res., vol. 14, no. 3, pp. 384– 393, Sep. 2011.

[45] “Titanium Ti 6AL 4V - AMS 4911.” [Online]. Available:

http://www.aerospacemetals.com/titanium-ti-6al-4v-ams-4911.html. [Accessed: 06-Jul- 2015].

[46] S. Dorozhkin, “Bioceramics of calcium orthophosphates,” Biomaterials, vol. 31, no. 7, pp. 1465–85, 2010.

Documentos relacionados