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1 INTRODUÇÃO GERAL

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2 Análise de sementes

A análise de sementes teve sua origem pela necessidade de regulamentar o comércio de diásporos, além das funções de avaliar e definir padrões, detectar fraudes, bem como gerar informações à elaboração de leis (LIMA JUNIOR et al., 2011). Assim, esses definem que para se conhecer a qualidade real de um lote de sementes, realizam-se as análises física, fisiológica e sanitária, sendo possível também estabelecer as peculiaridades inerentes de cada espécie.

Os procedimentos relativos às análises de sementes estão descritos nas Regras de Análise de ementes (RAS) e no Manual de Análise Sanitária de Sementes (BRASIL, 2009a; BRASIL, 2009b). Além, das Instruções Normativas 35/2011, 26/2012, 17/20171 (BRASIL,

2011; BRASIL, 2012; BRASIL, 2017) e, das Instruções para Análise de Sementes Florestais, conhecida também por RAS florestal (BRASIL, 2013).

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2.2.1 Qualidade física, fisiológica e sanitária

A partir do beneficiamento das sementes, essas devem ser homogeneizadas, a fim de compor o lote, a partir do qual serão realizados testes referentes, principalmente, à qualidade física e fisiológica (LIMA JUNIOR et al., 2011). A partir do lote devem ser retiradas amostras de sementes destinadas às análises de pureza física, grau de umidade e peso de mil sementes.

A qualidade fisiológica de um lote de sementes está relacionada ao entendimento de fatores que influenciam a germinação, os quais são importantes não apenas sob a ótica da tecnologia de sementes, mas também sob o ponto de vista ecofisiológico (FIGLIOLIA; AGUIAR; SILVA, 2009). Deste modo, o teste de germinação tem como objetivo obter informações sobre a qualidade das sementes, visando à produção de mudas, e o fornecimento de dados que possam ser utilizados, juntamente com outras informações, para comparar diferentes lotes (MEDEIROS; ABREU, 2005).

Nas RAS são indicadas as condições ideais de temperatura, substrato, aeração e umidade para os testes de germinação de várias espécies (BRASIL, 2009a). Na RAS a semente é considerada germinada quando apresenta as estruturas essenciais do embrião, demonstrando sua aptidão para produzir uma planta normal sob condições favoráveis (BRASIL, 2013). O teste de germinação possibilita conhecer o índice de velocidade de germinação (IVG). O IVG significa que quanto mais rápido for o processo germinativo, maior será a expressão de vigor da semente (MAGUIRE, 1962), nesse caso geralmente, tomando como base a avaliação da emissão da radícula e não a formação da plântula normal. Além disso, O IVG permite a compreensão da fisiologia da germinação de sementes (SHIMONO; WASHITANI, 2004).

A condutividade elétrica também avalia o progresso de deterioração das sementes, o qual se inicia com a redução da fluidez das membranas celulares, tornando-as permeáveis à água, o que possibilita que o conteúdo celular passe à solução, elevando a leitura aferida e, confirmando a perda de vigor (COPELAND; MCDONALD, 1995). A realização de testes de vigor, durante o armazenamento, regularmente é importante, uma vez que as sementes perdem a capacidade germinativa ao longo do tempo (KIM; HAN; SONG, 2011).

O teste de condutividade elétrica (CE) é reconhecido como um dos melhores à avaliação da perda de integridade da membrana celular, mensurada pela concentração de eletrólitos liberados durante a embebição (KIM; HAN; SONG, 2011). O dano à integridade da membrana celular é considerado, como um dos principais eventos fisiológicos do processo de deterioração das sementes (MATTHEWS; POWELL, 2006).

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A perda de eletrólitos (constituintes inorgânicos) em sementes está mais estreitamente correlacionada com o vigor das sementes (RODRIGUES-JUNIOR et al., 2015). O potássio é o principal íon lixiviado por sementes durante a embebição, seguido de sódio e cálcio, os quais podem ser usados como um indicador da integridade da membrana celular em milho (MIGUEL; MARCOS FILHO, 2002). Além disso, existe forte relação positiva entre a razão K+/Na+ na germinação da soja, por exemplo (CHENG et al., 2005).

As análises sanitárias de sementes se destinam a avaliação dos patógenos, bem como elucidar a avaliação das plântulas e as possíveis causas de uma baixa germinação e vigor (BRASIL, 2009a). Conforme Brasil (2009b) as sementes podem conter microrganismos ou agentes patogênicos de todos os grupos taxonômicos, causadores ou não de doenças, os quais podem ser agrupados em organismos de campo e de armazenamento, predominando gêneros de fungos fitopatogênicos e, outros que deterioram as sementes, respectivamente.

A infecção de sementes de espécies florestais por patógenos pode ocorrer tanto naturalmente, no seu local de produção, sobretudo, na floração, formação das sementes, como também na colheita e beneficiamento, tendo como consequência a diminuição na germinação e transmissão às mudas produzidas (JACCOUD-FILHO; DABUL, 2011). A observação e, a identificação das características morfológicas de cada patógeno deve ser feita após um período de incubação de 7 a 10 dias sobre papel filtro (blotter test) a 20±2 ºC, em câmaras com fotoperíodo de 12 horas (BRASIL, 2009a).

Além dos testes previamente mencionados existem outros que também visam estimar a qualidade (vigor) de um lote de sementes, podendo ser classificados em físicos, fisiológicos, bioquímicos e de resistência (KRZYNANOWSKI; VIEIRA; FRANÇA NETO, 1999). Os mesmos autores ainda relatam que esses podem ser obtidos de maneira indireta (envelhecimento acelerado, primeira contagem, tetrazólio, crescimento de plântula, dentre outros), ou de forma direta (teste de frio, velocidade de emergência de plântulas, peso da matéria seca e, outros) (Tabela 1).

Silva et al. (2013) por meio da análise das imagens radiográficas de sementes de Acca sellowiana mensuraram as áreas internas livres, assim como a determinação da relação entre estas e a germinação. Esses autores ainda afirmaram que danos internos, que afetam a germinação das sementes, são detectados por meio de testes de raios X.

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Tabela 1 – Classificação dos testes de vigor

Classificação Teste Descrição

Físicos

-Tamanho das sementes

Avaliam aspectos morfológicos ou características físicas das sementes -Peso unitário das sementes

-Densidade das sementes -Coloração de sementes

-Raios-X

Fisiológicos

-Vigor de plântula

Determinam as atividades fisiológicas específicas

-Primeira contagem -Velocidade de germinação -Transferência de matéria seca

-Teste de exaustão -Crescimento de plântula

Bioquímicos

-Respiração

Avaliam alterações bioquímicas associadas ao vigor

-Atividade da descarboxilase do ácido glutâmico (ADAG)

-Tetrazólio -Condutividade elétrica -Lixiviação de potássio

-Aldeídos voláteis -Ácidos graxos livres

Resistência

-Germinação a baixas temperaturas

Avaliam o desempenho de sementes expostas a estresse

-Imersão em água quente -Submersão

-Imersão em solução osmótica -Imersão em soluções tóxicas

-Tijolo moído -Envelhecimento acelerado

-Frio

Fonte: Krzynanowski; Vieira; França Neto (1999)

2.2.2 Armazenamento

A conservação de sementes deve levar em conta a maturidade fisiológica, pois após esse período se inicia o processo de deterioração, o qual compromete a qualidade fisiológica, sobretudo, se essas não forem armazenadas corretamente (SILVA; FERRAZ, 2015). Além disso, deve-se conhecer a classificação fisiológica das sementes de espécies florestais nativas brasileiras quanto à capacidade de armazenamento, a qual permite a adoção de condições de estocagem adequadas (PINHO et al., 2009) (Quadro 1).

As sementes recalcitrantes, preferencialmente, devem ser utilizadas imediatamente no viveiro (FONSECA; FREIRE, 2003). Os autores ainda tratam de outra categoria intitulada sementes subortodoxas, que podem ser armazenadas sob as mesmas condições das ortodoxas, contudo, perdem a viabilidade após certo período de tempo.

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Caso as sementes não sejam utilizadas logo após a coleta, essas devem ser armazenadas para uso futuro em função da sazonalidade de produção (FOWLER, 2000). Segundo o mesmo autor, em função disso há a necessidade de se manter o potencial de germinação das sementes armazenadas, minimizando-se a velocidade de deterioração, visto que cada espécie possui diferenças no período de estocagem.

Quadro 1 – Classificação, tolerância ao dessecamento, teor de água, temperatura, tempo e umidade do ambiente de armazenamento das sementes

Classificação dessecamento Tolerância ao água (%) Teor de

Armazenamento Umidade relativa do ambiente de armazenamento (%) Temperatura Tempo

Ortodoxas Toleram 5 a 10 Até -18 ºC Longo 45

Intermediárias Toleram menos que as ortodoxas e mais que as recalcitrantes 9 a 12 - Zonas tropicais: 10 a 15 ºC - Zonas temperadas: 5 a 10 ºC Médio -

Recalcitrantes Não toleram - baixas temperaturas Não suportam Curto 98-99 Fonte: Hong; Ellis (2003); Silva e Ferraz (2015)

Devido à falta de conhecimento das condições ideais para o armazenamento de sementes, torna-se difícil manter a viabilidade por longos períodos, devido a ocorrência natural do processo de envelhecimento após a dispersão (FERREIRA et al., 2004). O entendimento sobre a germinação de sementes permite, também, entender sobre a fisiologia e, verificar o efeito do armazenamento sobre a qualidade dos diásporos (BASKIN; BASKIN, 2014). A longevidade das sementes é variável de acordo com o genótipo, mas o período de conservação do potencial fisiológico depende, em grande parte, do teor de água e das condições do ambiente de armazenamento (MARCOS FILHO, 2015).

Durante o armazenamento a conservação das sementes também é influenciada por outros fatores: qualidade inicial da semente (vigor da planta-mãe, condições climáticas durante a maturação, grau de maturação, ataque de pragas e doenças, grau de injúria mecânica, secagem); condições do ambiente de estocagem (umidade relativa, temperatura do ar, ação de fungos e insetos e, o tipo de embalagem) (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012). Fonseca e Freire (2003) salientam que quanto menor a temperatura e umidade relativa, maiores são as possibilidades de aumentar o tempo de vigor das sementes, levando em consideração as especificidades de cada espécie em relação ao dessecamento.

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