A Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76) determina a estrutura
básica das quatro demonstrações financeiras: Balanço Patrimonial (BP),
Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Lucros/Prejuízos
Acumulados (DLPA) e Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR). A legislação fiscal tornou essas determinações obrigatórias também para
os demais tipos de sociedades (MATARAZZO, 2007, p.41).
Por essa razão, todas as empresas, no Brasil, divulgam suas demonstrações
financeiras sob a forma prevista na Lei das S.A. Essa lei trouxe consideráveis
aperfeiçoamentos contábeis em relação às práticas anteriormente vigentes e
tornou-se um marco na história da Contabilidade no Brasil, apesar de ainda não incorporar
todos os aperfeiçoamentos que seriam possíveis.
Basicamente, suas disposições referem-se às Demonstrações Financeiras
obrigatórias (MATARAZZO, 2007, p. 42):
Conteúdo das Demonstrações Financeiras;
Critérios de avaliação de Ativo e Passivo;
Correção Monetária do Balanço;
Determinação do Lucro Liquido;
Consolidação de Demonstrações Financeiras.
A necessidade de analisar as demonstrações contábeis é tão antiga quanto à
própria origem. O homem há 3.000 a.C já realizava os inventários, a fim de anotar as
variações quantitativas e qualitativas dos bens.
Para efeito de Análise de Balanços, a Lei das S.A. representou notável
avanço. O conteúdo e a forma de apresentação das demonstrações financeiras
atendem às necessidades da Análise de Balanços.
Devem ser elaboradas no final de cada exercício social. Com base na
escrituração mercantil (contábil), as seguintes demonstrações (MATARAZZO, 2007,
p. 42):
1) Balanço Patrimonial;
2) Demonstração do Resultado do Exercício;
3) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, que poderá ser
substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (visto
que esta contém aquela);
4) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
Embora a exigência das demonstrações seja para as S.A., a legislação do
IRPJ tornou obrigatórias para todos os contribuintes sujeito ao regime de apuração
pelo Lucro Real: as demonstrações do balanço patrimonial, do resultado do
período-base e dos lucros e prejuízos acumulados, determinando ainda que o lucro líquido
do período-base deverá ser apurado com observância das disposições da lei nº.
6.404/76 (art. 274 do RIR). Por essa razão, a lei das sociedades por ações é a lei
comercial básica para a contabilidade (MATARAZZO, 2007, p. 42):
Essas disposições referem-se às Demonstrações Financeiras obrigatórias
com determinados conteúdos (MATARAZZO, 2007, p. 42):
Critérios de avaliação de Ativo e Passivo;
Correção Monetária do Balanço;
Determinação do Lucro Líquido;
A seguir apresentam-se as demonstrações.
3.4.1 Balanço Patrimonial (BP)
A lei das sociedades por ações foi muito bem elaborada quanto aos conceitos
e classificações do ativo e passivo (art. 178), ou seja, deixa claro o que juridicamente
é ativo real e passivo real quando classifica os seguintes grupos (FRANCO, 2004):
No Ativo:
Ativo Circulante;
Ativo Realizável a Longo Prazo;
Ativo Permanente;
No Passivo:
Passivo Circulante;
Passivo Exigível a Longo Prazo.
Não denomina de Passivo, embora fique em seu lado:
Resultado de Exercícios Futuros;
Patrimônio Líquido.
Ainda Franco (2004, p. 141) diz que o Balaço Patrimonial “é a demonstração
que apresenta todos os bens e direitos da empresa”.
Entende-se que a diferença entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio
Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através
de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerado por esta em suas operações e
retidos internamente. As fontes de onde provieram os recursos utilizados para a
empresa operar Passivo e Patrimônio Líquido, e os bens e direitos em que esses
recursos se acham investidos (FRANCO, 2004).
Sendo assim, verifica-se que os termos fontes e investimentos de recursos, o
que é altamente desejável do ângulo da Análise de Balanços, visto que analisar
balanços é, em grande parte, avaliar a adequação entre as diversas fontes e os
investimentos efetuados.
É interessante notar que o Ativo mostra o que existe concretamente na
empresa. Todos os bens e direitos podem ser comprovados por documentos,
tocados ou vistos. As únicas exceções são as despesas antecipadas e as diferidas,
as quais representam investimentos que beneficiarão exercícios seguintes, e, por
isso, se acham no balanço (é algo que aumenta o valor da empresa sem ter um
valor objetivo ou de mercado). O Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido mostram a
origem dos recursos que se acham investidos no Ativo. Especificamente, o
Patrimônio Líquido não representa nada de concreto. Quando a empresa é
constituída, os sócios entregam determinado Capital representado por dinheiro ou
bens. Nesse momento, a empresa possui apenas esses bens e o numerário que
recebeu dos sócios. O Capital mostra apenas a origem desses bens e dinheiro. É
apenas um elemento informativo e não algo de concreto (FRANCO, 2004).
Por outro lado, o Passivo Exigível tem valor líquido e certo no que se refere
àquelas dívidas assumidas junto a terceiros, como bancos, fornecedores,
empregados. No que se refere, porém, a débitos fiscais e previdenciários em atraso,
praticamente nenhuma empresa os atualiza corretamente.
Todas as variações do Ativo e do Passivo Exigível em relação ao que
deveriam registrar os seus valores corretos são refletidas no Patrimônio Líquido, que
assim estará mais próximo ou menos próximo da realidade segundo as eventuais
distorções desses Ativos e Passivos.
3.4.2 Demonstração de Resultado do Exercício (DRE)
A Demonstração do Resultado do Exercício é uma demonstração dos
aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa.
As receitas representam normalmente aumento do Ativo, através de ingresso de
novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das
transações. Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimônio Líquido. As despesas
representam redução do Patrimônio Líquido, através de um entre dois caminhos
possíveis: redução do Ativo ou aumento do Passivo Exigível.
Enfim, todas as receitas e despesas se acham compreendidas na
Demonstração do Resultado, seguindo uma forma de apresentação que as ordena
de acordo com a sua natureza, fornecendo informações significativas sobre a
empresa. A Demonstração do Resultado é, pois, o resumo do movimento de certas
entradas e saídas no balanço, entre duas datas. Por isso, há autores clássicos
americanos que chamam a Demonstração do Resultado de Fluxo (movimento) de
Renda (MATARAZZO, 2003).
3.4.3 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR)
Essa demonstração tem como finalidade indicar aos acionista-sócios a
situação do capital circulante líquido (capital de giro, esta é a diferença positiva entre
o ativo circulante menos o passivo circulante).
Art. 188 da Lei n.º 6.404/76, a demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará as modificações na posição financeira da companhia,
discriminando:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros; b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital; c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de
investimentos e direitos do ativo imobilizado.
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:
a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido;
d) redução do passivo exigível a longo prazo.
III - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido.