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Análise dentro dos diferentes grupos entrevistados

CAPÍTULO VI: APRESENTAÇÃO DOS MODELOS ORGANIZADORES DO

2. Análise das perguntas da pesquisa

2.2. De que maneira a crença religiosa de uma pessoa influencia a

2.2.2. Variação intrapessoal dos modelos organizadores

2.2.2.2. Análise dentro dos diferentes grupos entrevistados

A seguir, o Gráfico 8 contém a freqüência de sujeitos que mantiveram ou alteraram o modelo organizador aplicado nas respostas às questões 01 e 05, dentro dos diferentes grupos entrevistados:

Gráfico 8: Distribuição, por grupo entrevistado, dos sujeitos que aplicaram o mesmo modelo organizador e modelos diferentes nas questões 01 e 05.

20 12 6 1 5 13 19 17 7 0 5 10 15 20 25

Católicos Adventistas Espíritas Estudantes

Mesmo modelo organizador Modelos diferentes

Não respondeu à quest.05

No gráfico que acabamos de apresentar observamos que:

• Dentre os católicos, 20 sujeitos (80%) mantiveram o mesmo modelo organizador ao responderem às duas questões apresentadas.

• No grupo de adventistas, este número cai para 12 sujeitos, e passa a representar menos da metade do grupo considerado (48%).

• No caso do grupo espírita, apenas 6 sujeitos (24%) mantiveram o mesmo modelo organizador em suas respostas a ambas as questões.

• Dentre os estudantes, apenas 1 sujeito (4%) manteve-se coerente nas duas respostas dadas, enquanto que 17 deles (68%) mudaram o modelo organizador utilizado e o restante (7 sujeitos, ou 28%) não respondeu à Questão 05, por alegar não possuir nenhuma religião.

O Gráfico 8 – o qual contém a quantidade de sujeitos, por grupo entrevistado, que mantiveram ou alteraram seu raciocínio diante das questões 01 e 05 – reflete grandes diferenças na distribuição dos quatro grupos que compõem nossa investigação.

Assim sendo, no grupo católico, há uma grande disparidade entre a maioria dos sujeitos que mantiveram a coerência nas duas respostas (80%) e aqueles que alteraram seu raciocínio (20%). Nos adventistas, esta distribuição aparece de forma mais equilibrada sendo que, no entanto, a maioria da amostra (52%) é constituída de sujeitos que aplicaram modelos organizadores diferentes nas duas questões. No grupo de espíritas, temos novamente a disparidade na distribuição, mas neste caso a maioria dos sujeitos (76%) corresponde àqueles que alteraram seu raciocínio. Quanto aos estudantes, apenas 4% mantiveram o mesmo raciocínio, contra 68% que alteraram a organização do pensamento e mais 28% que não responderam à Questão 05.

Fica claro, com isso, que, dentro de cada uma das três religiões consideradas, a relação entre a quantidade de sujeitos que mantiveram e aqueles que alteraram o raciocínio diante das questões 01 e 05 foi substancialmente diferente. Deste modo, podemos inferir que as crenças religiosas influenciaram de forma diferenciada os sujeitos em cada um dos grupos. Discutiremos mais a respeito deste ponto no próximo item.

Se enfocarmos agora o grupo de estudantes, veremos que apenas 1 sujeito manteve a coerência em seu raciocínio. Lembremos que, a partir da metodologia utilizada em nossa pesquisa, o grupo de estudantes foi constituído para

representar, em nossa amostra, um grupo “neutro” em termos de religião, e os sujeitos foram entrevistados no espaço da Universidade, de forma que a influência das crenças religiosas no contexto da entrevista fosse a mínima possível. Nossa leitura é de que esta estratégia pode ter contribuído para que estes sujeitos apresentassem menor conservação do raciocínio aplicado diante das questões 01 e 05, o que nos conduz mais uma vez à suposição de que o contexto social e cultural ao qual pertence o indivíduo – e que está vinculado às crenças pessoais – efetivamente influencia a organização do pensamento humano.

Enfim, para sintetizar a análise de natureza intrapessoal que fazemos levando-se em conta os diferentes grupos entrevistados, interessa salientar que é apenas no grupo católico que encontramos a maioria dos sujeitos mantendo seu raciocínio diante das questões apresentadas. Nos demais grupos, a quantidade de sujeitos que alterou a organização do pensamento, isto é, aplicou modelos organizadores com princípios diferentes entre si ao responderem à Questão 01 e depois à Questão 05, foi sempre maior do que a quantidade de sujeitos que manteve o raciocínio nas duas respostas.

Diante disso tudo, finalizando a análise da segunda pergunta que compõe nossa investigação, temos que, em um mesmo sujeito, as crenças religiosas exerceram, em certo grau, uma influência nas respostas dadas às questões apresentadas, levando-o a manter o mesmo raciocínio. Entretanto, esta não foi a regra geral, pois os sujeitos da amostra, em sua maioria, aplicaram raciocínios diferentes ao responderem sobre o papel da relação sexual, primeiramente segundo sua opinião pessoal e em seguida sob a postura de sua religião. Sendo assim, notamos que uma parte dos sujeitos recorreu a elementos religiosos apenas quando a religião esteve explicitamente presente no contexto (caso da Questão 05).

Além disso, podemos dizer, a partir de nossos dados, que as crenças religiosas – enquanto aspecto vinculado à cultura – embora influenciem a organização do pensamento, não são suficientes para definir, por si só, a forma de pensar de um grupo de indivíduos, uma vez que, no funcionamento psíquico e

mental do ser humano, a influência das crenças acaba sendo atenuada em meio a outros fatores. Apenas para destacar alguns deles, podemos citar, por exemplo, os valores do sujeito, a influência do contexto familiar, sua relação com a religião, os sentimentos vinculados a experiências pessoais.

Nas discussões acerca da relação entre a cultura e o indivíduo, os dados da investigação sugerem, uma vez mais, que a cultura, internalizada pelos sujeitos, embora influencie a individualidade de cada membro da sociedade, não anula os demais aspectos subjetivos que se manifestam na dinâmica do funcionamento psíquico. Ao mesmo tempo, os resultados obtidos denotam que tal funcionamento deve ser entendido a partir de uma visão de complexidade, a qual, ao considerar as diferentes variáveis que podem atuar no pensamento humano de forma não previsível, ajuda a explicar a tendência à mudança no raciocínio dos sujeitos, verificada em nossa amostra.

Por outro lado, os dados demonstraram também que cada uma das três religiões aqui consideradas influenciou de forma diferente a organização do pensamento, levando em conta as variações intrapessoais diante das questões analisadas. Este fato anuncia que o grau de influência exercida pelas crenças na organização do pensamento de um sujeito pode também estar, de alguma maneira, relacionado à própria natureza da crença. Isso será melhor abordado no próximo item desta análise.

2.3. As diferentes crenças religiosas influenciam da mesma maneira