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Capítulo 4: ANÁLISE DOS DADOS

4.2 ANÁLISE DESCRITIVA DAS ELEIÇÕES EM 2006

A corrupção foi um tema marcante nas eleições de 2006 devido a acontecimentos como o escândalo do mensalão, o caso dos “sanguessugas” e a compra de dossiês. Dessa forma, visa-se avaliar quão impactante foram esses escândalos de corrupção no voto dos eleitores. Para tanto, utilizou-se dados do Estudo Eleitoral Brasileiro (ESEB).

Diferente das eleições de 2002, em 2006 a corrupção foi bastante citada como principal problema do país ou como segundo maior problema. As porcentagens foram de 39,4% e 5,4%, respectivamente. Apesar disso, a porcentagem de votos recebidos por Geraldo Alckmin (principal concorrente de Lula) foi de apenas 26,7% dentre os que apontaram a

corrupção como o maior problema nacional. O candidato à reeleição Lula foi votado por 63% dos entrevistados que apontaram a corrupção como maior problema do Brasil e por 60,9% dos que disseram ser o segundo maior problema.

Tabela 13 - Frequências e Porcentagens de votos aos candidatos do 1º turno em 2006, segundo identificação da corrupção como maior problema do Brasil.

Corrupção

Candidatos do 1º turno

Lula Geraldo

Alckmin Heloísa Helena Cristovam Buarque

Não voto Maior problema 215 (63,0%) 91 (26,7%) 20 (5,9%) 7 (2,1%) 8 (2,3%) 2º Maior problema 28 (60,9%) 12 (26,1%) 2 (4,3%) 2 (4,3%) 2 (4,3%) Não citado 319 (71,5%) 100 (22,4%) 17 (3,8%) 1 (0,2%) 9 (2,0%) Fonte: ESEB, 2006.

No segundo turno a situação foi semelhante. Interessante notar que mais de 70% dos entrevistados que não citaram a corrupção entre os dois maiores problemas do Brasil votaram em Lula (em ambos os turnos).

Tabela 14 - Frequências e Porcentagens de votos aos candidatos do 2º turno em 2006, segundo identificação da corrupção como maior problema do Brasil.

Corrupção

Candidatos do 2º turno

Lula Geraldo Alckmin Não voto Maior problema 219 (66,2%) 96 (29,0%) 16 (4,8%) 2º Maior problema 30 (66,7%) 14 (31,1%) 1 (2,2%)

Não citado 314 (71,7%) 112 (25,6%) 12 (2,7%) Fonte: ESEB, 2006.

Avaliou-se, também, como foi citada a corrupção como problema nacional de acordo com o nível de instrução dos entrevistados. Novamente os entrevistados com 2º grau tiveram as maiores porcentagens.

Figura 9 - Distribuição dos entrevistados que citaram a corrupção como maior problema do Brasil e como segundo maior problema em 2006, segundo grau de instrução.

Analisando a citação da corrupção de acordo com o gênero, observou-se uma distribuição mais próxima entre homens e mulheres, diferentemente do que aconteceu em 2002, ano em que a maioria era do sexo masculino.

Figura 10 - Distribuição dos entrevistados que citaram a corrupção como maior problema do Brasil e como segundo maior problema em 2006, segundo o sexo.

Segunda a idade dos entrevistados, a Figura 11 ilustra que aqueles que citaram a corrupção como maior e segundo maior problema do Brasil estão concentrados ligeiramente em idades inferiores às do ano de 2002.

Figura 11 - Distribuição dos entrevistados que citaram a corrupção como maior problema do Brasil e como segundo maior problema em 2006, segundo faixa etária.

Ao contrário do que aconteceu em 2002, onde a distribuição dos que citaram a corrupção como maior e segundo maior problema era praticamente simétrica entre esquerda e direita, em 2006 há uma maior concentração de entrevistados de direita para os dois itens.

Figura 12 - Densidade da ideologia dos entrevistados que citaram a corrupção como maior e segundo maior problema do Brasil, em 2006.

A economia foi menos citada como sendo um dos principais problemas do Brasil durante as eleições de 2006, diferentemente do que ocorreu no período das eleições de 2002. Em 2002, 53,2% dos entrevistados apontaram a economia como maior problema do Brasil e

20% como o segundo maior problema, já em 2006 essas porcentagens diminuíram para 14,5% e 8,3% respectivamente. Mais da metade dos eleitores que citaram o desempenho da economia como sendo o maior ou segundo maior problema do Brasil votaram em Lula no primeiro turno (Tabela 15).

Tabela 15 - Frequências e Porcentagens de votos aos candidatos do 1º turno em 2006, segundo a identificação da economia como maior problema do Brasil.

Desempenho da economia Candidatos do 1º turno Lula Geraldo Alckmin Heloísa Helena Cristovam Buarque Luciano

Bivar Não voto Maior problema 41 (57,7%) 15 (21,1%) 4 (5,6%) 1 (1,4%) 0 (0,0%) 10 (14,1%) 2º Maior problema 50 (54,3%) 26 (28,3%) 3 (3,3%) 1 (1,1%) 0 (0,0%) 12 (13,0%) Não citado 471 (63,9%) 162 (22,0%) 32 (4,3%) 8 (1,1%) 2 (0,3%) 62 (8,4%) Fonte: ESEB, 2006.

Situação semelhante e com ainda mais votos ao candidato do PT foi observada no segundo turno.

Tabela 16 - Frequências e Porcentagens de votos aos candidatos do 2º turno em 2006, segundo a identificação da economia como maior problema do Brasil.

Desempenho da economia

Candidatos do 2º turno

Lula Geraldo Alckmin Não voto Maior problema 77 (66,4%) 36 (31,0%) 3 (2,6%) 2º Maior problema 39 (60,0%) 23 (35,4%) 3 (4,6%) Não citado 447 (70,6%) 163 (25,8%) 23 (3,6%) Fonte: ESEB, 2006.

Analisando a hipótese de que mesmo com escândalos de corrupção as chances de o resultado ser favorável ao governo são maiores quão maior for a avaliação do governo, a tabela e figura abaixo confirmam essa análise.

Entre aqueles que avaliaram o governo de maneira positiva, as porcentagens de voto para Lula e Geraldo Alckmin foram de 82,9% e 11,8% respectivamente, enquanto para os que avaliaram de maneira negativa, esses valores mudam para 19,3% e 63,5% respectivamente. A quantidade de votos recebidos pouco se altera para os demais candidatos. No segundo turno, a situação se mantém semelhante.

Tabela 17 - Frequências e Porcentagens dos votos aos candidatos do 1º turno em 2006, segundo a avaliação do então governo do Brasil.

Avaliação do Governo Candidatos do 1º turno Lula Geraldo Alckmin Heloísa Helena Cristovam

Buarque Não voto Bom 520 (82,9%) 74 (11,8%) 21 (3,3%) 6 (1,0%) 6 (1,0%) Ruim 38 (19,3%) 125 (63,5%) 17 (8,6%) 4 (2,0%) 13 (6,6%) Fonte: ESEB, 2006.

Figura 13 - Porcentagens dos votos aos candidatos do 2º turno em 2006, segundo a avaliação do então governo do Brasil.

Os dois gráficos abaixo ilustram como se comportam a densidade do conhecimento político segundo os votos no primeiro e segundo turnos. O conhecimento político era medido com quatro perguntas, de forma que a medida utilizada foi o número de acertos. Vê-se pela Figura 14 que a maioria dos votos dos eleitores com nota 4 em conhecimento político foram para Lula e Alckmin. Nenhum eleitor com conhecimento nota 4 votou em Heloisa Helena, ou votou branco e nulo. Interessante, também, que nenhum eleitor com conhecimento de nota zero votou em Cristovam Buarque. No segundo turno, as distribuições de Lula e Alckmin foram parecidas, com Lula tendo mais votos de todos os eleitores de acordo com o conhecimento político.

Figura 14 - Distribuição dos votos dos entrevistados no 1º turno em 2006, segundo nível de conhecimento político.

No segundo turno, não se notou uma discrepância de conhecimento político entre os eleitores de Lula e de Alckmin. Tanto o eleitor do PT quanto o do PSDB concentram-se majoritariamente no nível de informação política 2 e 3. A maior concentração dos eleitores com pouco conhecimento, entretanto, está entre aqueles que votaram no PT.

Figura 15 - Distribuição dos votos dos entrevistados no 2º turno em 2006, segundo nível de conhecimento político.

As distribuições de frequências, no que tange ao conhecimento político, trazem informações importantes para esse estudo. Nota-se, em uma primeira análise das figuras acima (14 e 15), que o eleitor brasileiro é medianamente informado. A maior concentração encontra-se na pontuação 2, o que significa que o eleitor acertou duas perguntas factuais sobre política o Brasil. O nível de informação factual, portanto, encontra-se em um nível intermediário.