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V Discussão dos Resultados

5.1 Análise Descritiva

Ao analisarmos a frequência do consumo de tabaco verificamos que a maioria dos adolescentes não fuma (81,2%), o consumo diário é feito por 6,3% dos jovens. Relativamente ao consumo, feito às vezes, é de 5,9% sendo o consumo semanal de 6,7%. Verificamos assim que o número de alunos que não fuma é superior ao de alunos que fumam.

Quando comparámos os resultados de Pinhel com os de Pereira (2005), em Seia, verificamos que são idênticos visto que o consumo regular de tabaco é (cerca de 10%). Por sua vez, Gaudêncio (2003), num estudo em Bragança apresenta um consumo de (24,3%) e Pinto (2004), num estudo na Guarda e em Pinhel (13,5%), apresentavam valores superiores.

Estão também em concordância com os resultados obtidos por Silva (2006), que refere que 87,8% dos jovens não fuma, havendo 7,2% que o fazem 1 vez ou mais e 5% que fumam todos os dias.

Com a análise da frequência do consumo de cerveja, vinho e bebidas espirituais e licores concluímos que o vinho é a bebida menos consumida, havendo 74,5% dos alunos a afirmar que nunca beberam. Verificamos que a cerveja é a bebida mais consumida diariamente (2%) e semanalmente (14,9%). Por sua vez, as bebidas que têm um consumo mensal mais elevado são as bebidas espirituais e licores com 14,5% de consumo feito pelos jovens.

Estes resultados estão de acordo com os de Silber et al., (1998), que menciona que 18,6% dos jovens bebe frequentemente.

Com a análise da frequência do consumo de droga constatámos que 94,9% nunca consumiu esta substância, havendo 2,7% dos jovens que o fizeram 1 ou 2 vezes; 1,2% consumiram cerca de 3 a 5 vezes, havendo apenas

63 0,4% a ter um consumo regular.

Os resultados obtidos são inferiores aos de Silber el al., (1998), em que 22,8% dos jovens afirma já ter consumido 1 ou 2 vezes na vida, 3,1% o faz frequentemente.

5.2 Analise Comparativa 5.2.1 Segundo o género

No que respeita à comparação entre o consumo de tabaco e o género, verificámos que o consumo feito pelos alunos do sexo masculino é semelhante ao consumo realizado pelos alunos do sexo feminino. Desta forma apurámos que dos alunos que não fumam 74,8% são rapazes e 86,4% são raparigas; concluímos também que dos alunos que fumam todos os dias 7,8% são do sexo masculino e 5% do sexo feminino.

Os estudos apontam para um aumento do consumo de tabaco nos dois géneros, sendo esse aumento mais significativo no sexo masculino.

Desta forma, o nosso estudo vai de encontro ao de Pereira (2005), que apresenta uma prevalência de consumo regular de tabaco superior nos rapazes quando comparados com as raparigas, apesar dessa diferença se estimar em apenas 2,5%. Assim sendo, Pinto (2004), apresenta resultados muito semelhantes. Por sua vez, Albuquerque (2004), Frazão (2004) e Teixeira (2003), expõem resultados contraditórios indicando as raparigas como maiores consumidoras, quando comparadas com os rapazes.

Gaudêncio (2003), não encontrou diferenças estatisticamente significativas entre os rapazes e as raparigas.

Considerando o consumo de cerveja, vinho, bebidas espirituais e licores comparamos com o género e chegamos à conclusão que a cerveja é consumida com maior frequência pelos rapazes 23,5%, as raparigas apresentam um consumo de 7,9%. No consumo de vinho, verificamos que 6,1% do consumo é feito pelos rapazes e 0,7%, pelas raparigas. Assim sendo, nas bebidas espirituais, com 18,3% do consumo os rapazes continuam a ser os maiores consumidores, para 11,4% das raparigas que nesta bebida

64 apresentam um consumo muito idêntico.

Os resultados deste estudo vão de encontro com a maioria dos estudos que aponta os rapazes como maiores consumidores (Albuquerque, 2004; Frazão, 2004; Gaudêncio, 2003, Pinto, 2004 e Teixeira, 2003).

No que concerne ao consumo de droga em comparação com o género, concluímos que o consumo é feito na sua grande maioria pelos alunos do sexo masculino. Desta forma, 89,6% dos rapazes nunca tiveram contacto com droga para 99,3% das raparigas. Verificando-se que 5,2% dos rapazes já consumiram pelo menos uma vez para 0,7% das raparigas. O consumo diário é feito por alunos do sexo masculino.

De acordo com os valores por nós alcançados Pinto (2004), tem mais de 90% dos inquiridos a afirmar nunca ter consumido droga (haxixe), os restantes elementos da amostra (cerca de 9%) encontram-se em índices de consumo que vão da experimentação sem continuação de consumo até ao consumo regular.

5.2.2 Segundo o ciclo de escolaridade

Relativamente ao ano de escolaridade, em relação ao consumo de tabaco podemos constatar que os valores são bastante idênticos. Desta forma, verificámos que são os alunos com mais escolaridade, com 10,8% realizam um consumo diário mais elevado para 3,3% nos alunos com menos escolaridade.

Segundo (Albuquerque, 2004; Frazão, 2004; Gaudêncio, 2003; Pereira, 2005; Pinto, 2004; Teixeira, 2003; Tomás & Atienza, 2002) o consumo de tabaco aumenta com a idade, esta evidência foi também constatada em estudos internacionais e nacionais.

No que diz respeito ao consumo de cerveja, vinho e bebidas espirituais e licores relativamente ao ano de escolaridade, apurámos que são os alunos que se encontram numa escolaridade inferior que realizaram menos consumos. Relativamente ao consumo sistemático, verificamos que na cerveja diariamente existe um consumo de 1,3% nos alunos do 3º ciclo e 2,9% nos do secundário,

65 por sua vez, no vinho o consumo é de 0,7% nos alunos do 3º ciclo e 1% nos do secundário, por último nas bebidas espirituais ou licores o consumo diário é de 0% no 3º ciclo e 1% nos alunos do secundário.

Os resultados obtidos vão de encontro com os resultados evidenciados pela literatura que afirma que o consumo de álcool aumenta com a idade (Albuquerque, 2004; Frazão, 2004; Gaudêncio, 2003; Pereira, 2005; Pinto, 2004 e Teixeira, 2003).

No que se refere ao consumo de droga no ano de escolaridade, apurámos que são os alunos com maior escolaridade que realizam um maior consumo. Desta forma, relativamente ao consumo realizado 1 ou 2 vezes 0,7% são alunos do 3º ciclo e 5,9% do secundário, assim sendo, no consumo de 3 a 5 vezes 0% refere-se ao 3º ciclo e 2,9% ao secundário.

De acordo com estas conclusões está Pinto (2004), que menciona os jovens mais novos como sendo os que menos consomem droga e dos mais velhos cerca de 5% consomem com regularidade, sendo este valor superior ao por nós encontrado.

5.2.3 Segundo a prevalência de obesidade

Ao compararmos a prevalência de obesidade e consumo de tabaco, concluímos que não existem diferenças significativas. Desta forma concluímos que, são os alunos com menos prevalência de obesidade quem mais fuma.

Assim sendo, temos 12 alunos com o peso normoponderal que fumam todos os dias para 4 alunos que se encontram em sobrepeso/obesidade. Dos alunos que fumam semanalmente 6,2% são alunos mais magros e 8,7% são obesos.

Desta forma, são também os alunos obesos os que não fumam (71,7%) para 83,3% dos alunos mais magros.

Na comparação entre prevalência de obesidade e consumo de álcool, observamos que não existem diferenças estatisticamente significativas. Desta forma, apurámos que 9,6% são os alunos que se encontram no nível

66 normoponderal para 6,5% do nível obeso; estes apresentam um consumo mensal de cerveja. Podemos também observar que os alunos do nível normoponderal têm um consumo maior que os alunos do nível de obesidade.

Relativamente ao consumo de vinho, voltamos a verificar o mesmo que no consumo de cerveja; em que o consumo é feito com maior regularidade pelos alunos mais magros. Com um consumo mensal de 3,3% pelos alunos do nível normoponderal e 2,2% pelos alunos obesos.

Da mesma forma, as bebidas espirituais continuam na mesma categoria que a cerveja e o vinho, apresentando um valor mensal de 15,3% para o normoponderal e 10,9% para o sobrepeso/obesidade.

Assim, aferimos que são os alunos com menos prevalência de obesidade que efectuam um maior consumo de bebidas alcoólicas.

Posteriormente, com a comparação entre prevalência de obesidade e consumo de droga chegámos à conclusão que não há qualquer diferença estatisticamente significativa.

Assim, apurámos que dos alunos que já consumiram 1 ou 2 vezes, 2,9% encontra-se no patamar normoponderal e 2,2% no do sobrepeso/obesidade.

Seguidamente, todos os consumos são feitos pelos alunos do nível normoponderal, não havendo qualquer consumo pelo sobrepeso/obesidade.

Concluímos desta forma que são os alunos com um nível de prevalência de obesidade inferior que executam um maior número de consumos.

5.2.4 Segundo a prática de actividade física

Relativamente à comparação entre IAFH e consumo de tabaco não existem diferenças significativas.

Constatámos que os alunos com IAFH médio são os que fazem um maior consumo diário com 5,2% no nível baixo, 0,8% no médio e 0% no alto.

Verificámos também que os inquiridos com IAFH mais elevado são os que menos consomem tabaco, com 81,9% no nível baixo, 79,2% no médio e 92,9% no alto. Por sua vez os alunos que apresentam um IAFH médios são os

67 que fazem um consumo mais excessivo de tabaco.

No que concerne à comparação entre IAFH e consumo de álcool verificámos que não existem diferenças estatisticamente significativas.

O consumo de cerveja é feito com maior afluência pelos alunos que se encontram no nível médio de IAFH com 8,8% no consumo mensal, posteriormente encontra-se o nível baixo com 8,6% e por último o nível alto apenas 2 alunos a realizar este consumo.

No que se refere ao consumo de vinho, a conclusão é igual, temos um consumo mensal de 2,6% para o nível baixo de IAFH, 3,2% para o nível médio e no nível alto um inquirido a efectuar este consumo. Em todos os outros patamares referentes ao consumo encontramos o nível médio de IAFH com um consumo superior.

Relativamente, ao consumo de bebidas espirituais, o cenário apresentado anteriormente repete-se, assim sendo, no consumo mensal temos 9,5% no nível baixo, 16,8% no médio e 35,7% no alto com apenas 5 alunos a realizar o consumo. Voltando a repetir-se nas outras variáveis, onde o consumo excessivo se encontra no nível médio de IAFH.

Desta forma, concluímos que os alunos que praticam actividade física têm um menor consumo de bebidas alcoólicas.

Por último, na comparação entre IAFH e consumo de droga, verificamos que os alunos que se encontram no nível alto de IAFH têm um consumo de 0% em todas as variáveis, por sua vez, os alunos do nível médio continuam a ter um maior consumo relativamente aos alunos que se encontram no nível baixo.

No que diz respeito aos alunos que consumiram 1 ou 2 vezes temos 2,6% no nível baixo e 3,2% no médio. No consumo feito de 10 a 19 vezes com 0% no nível baixo e 0,8% no médio. Desta forma é no consumo de 3 a 5 vezes que encontramos valores superiores no nível baixo, com 1,7% no nível baixo e 0,8% no médio, e também no consumo de 20 a 39 vezes que observamos valores de 0,9% para o nível baixo e 0% no médio.

68 Assim sendo, podemos constatar que os alunos com uma prática de actividade física (IAFH) têm uma vida mais saudável com menos consumo de tabaco, álcool e droga.

Nos resultados apresentados por Castillo e Balaguer (2002), conclui-se que a prática desportiva e a prática de actividade física está associada a menor consumo de tabaco, de álcool e de haxixe.

70 6 – Conclusão

Esta investigação permite-nos tirar as seguintes conclusões:

No que diz respeito ao consumo de tabaco, álcool e drogas podemos concluir que no tabaco 6,3% dos alunos realizam um consumo diário, havendo 81,2% que não fumam; no álcool verificámos que a cerveja é a bebida mais consumida com 2% de consumo diário e 14,9% semanal; na droga o consumo é inferior comparativamente com o tabaco e com o álcool, havendo um consumo de 2,7%.

As experiências de consumo destes adolescentes são, na globalidade, bastante semelhantes às encontradas em estudos de âmbito nacional.

No consumo de substâncias (tabaco, álcool e droga) em relação ao género, concluímos que são os alunos do sexo masculino que efectuam um maior consumo.

Relativamente aos mesmos consumos em relação ao ano de escolaridade são os alunos mais velhos, que se encontram no secundário, os que realizam um maior consumo.

No que diz respeito à prevalência de obesidade, em relação a estes consumos, concluímos que quanto menos prevalência de obesidade estiver presente nos inquiridos mais consumo se vai verificar.

Tanto a prevalência de obesidade como os diferentes níveis de actividade física vão diferenciar o consumo de tabaco, álcool e drogas.

Este estudo possibilitou um conhecimento melhorado de alguns comportamentos dos jovens que frequentam a escola Secundária de Pinhel, uma escola situada no interior centro, no distrito da Guarda.

Com este estudo, ficam em aberto novas questões e problemas que carecem resposta. Desta forma, parece-nos claro que o estudo dos estilos de vida não acaba na análise de uma ou outra variável, mas sim na análise

71 integrada de todas as variáveis que sejam consideradas importantes para caracterizar o estilo de vida dos jovens.

É de grande importância salientar os estudos longitudinais, estes que poderão possibilitar pontos de evolução e também novos problemas.

Ao nível da intervenção junto destes alunos, é já conhecido que a forma tradicional não resulta a 100% na mudança de comportamentos. O melhor seria partir das ideias e significados atribuídos pelos adolescentes aos diferentes comportamentos de consumo assim como das suas experiências concretas, promovendo a interacção em grupos de discussão, e tentar encontrar possíveis factores protectores sem sobrevalorizar os efeitos negativos dos consumos, parece ser um passo importante.

Os profissionais devem salientar as vantagens de não consumir as várias substâncias e da prática de actividade física.

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