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DOS RESULTADOS ... 161

3.1 RESULTADOS GERAIS ... 161 3.2 RESULTADOS PARA A PRIMEIRA METADE

DO SÉCULO XIX ... 165 3.2.1 Sobre TU e O SENHOR ... 167 3.3 RESULTADOS PARA A SEGUNDA METADE

DO SÉCULO XIX ... 177 3.3.1 Sobre TU e O SENHOR ... 178 3.4 RESULTADOS PARA A PRIMEIRA METADE

DO SÉCULO XX ... 188 3.4.1 Sobre VOCÊ e TU ... 190 3.4.2 Sobre VOCÊ e O SENHOR ... 197 3.4.3 Sobre TU e O SENHOR ... 201 3.4.4 Sobre TU, VOCÊ e O SENHOR ... 206 3.5 RESULTADOS PARA A SEGUNDA METADE

DO SÉCULO XX ... 211 3.5.1 Sobre VOCÊ e TU ... 213 3.5.2 Sobre VOCÊ e O SENHOR ... 218 3.5.3 Sobre TU e O SENHOR ... 225 3.5.4 Sobre TU, VOCÊ e O SENHOR ... 230

37 3.6 (RE)VENDO ALGUMAS QUESTÕES: O QUE DIZEM

OS RESULTADOS?... 233 3.6.1 Os grupos de fatores linguísticos ... 234 3.6.2 Os grupos de fatores socioestilísticos... 237 3.6.3 A questão da neutralidade ... 249 3.6.4 Formas de tratamento: variantes de uma mesma variável? ... 250 3.6.5 Retomando os cinco problemas ... 252

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 257 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 263 ANEXOS ... 271

ANEXO 1: A DISTINÇÃO T-V EM DIVERSAS LÍNGUAS ... 271 ANEXO 2: BREVE SINOPSE DAS PEÇAS DE TEATRO UTILIZADAS COMO AMOSTRA ... 278

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INTRODUÇÃO

As formas de tratamento têm sido objeto de estudo de alguns trabalhos variacionistas, em especial na última década (MENDES, 1998; LOPES e DUARTE, 2003, 2007; PAREDES SILVA, 2003; LUCCA, 2005, 2007; MACHADO, 2006; MODESTO, 2006; LOPES, 2008; RUMEU, 2008; TEIXEIRA, 2008, entre outros). Na região Sul do Brasil, entretanto, poucos têm se dedicado a esse objeto, e os que o fazem, (como GUIMARÃES, 1979; ABREU, 1987; RAMOS, 1989; MENON, 2000 e MENON E LOREGIAN-PENKAL, 2002) à exceção de Coelho e Görski (no prelo), adotam uma perspectiva sincrônica.

Dada a escassez de estudos diacrônicos sobre esse tema na região Sul e, mais precisamente em Florianópolis, e dada a variação que o português falado nessa cidade conhecidamente apresenta na expressão de segunda pessoa do singular, com TU e VOCÊ “disputando” esse lugar, neste trabalho são propostas uma identificação das formas de tratamento utilizadas no período compreendido entre os séculos XIX e XX, por meio de dados encontrados em textos escritos de 12 peças de teatro de autores florianopolitanos, e uma análise dessas formas a partir de sua correlação com fatores linguísticos e extralinguísticos.

Procura-se, ainda, situar as formas de tratamento na distinção T- (N)-V1 e verificar como e partir de que fatores sociais disponíveis nas peças de teatro se daria a constituição das dimensões de poder e solidariedade na sociedade florianopolitana em 4 diferentes períodos de 50 anos dos séculos em questão. Este estudo contribuirá, portanto, para a identificação de formas linguísticas ainda não analisadas e se somará a outros estudos sobre as formas de tratamento realizados no português brasileiro (doravante PB), com outros corpora.

A fim de se atingirem os objetivos descritos acima, são adotadas como aporte teórico-metodológico a Teoria da Variação e Mudança, postulada por Weinreich, Labov e Herzog (2006 [1968]), e a proposta para análise estilística dos pronomes de segunda pessoa do singular de Brown e Gilman (2003 [1960]), complementada pelas considerações e os acréscimos de Cook (1994, 1997).

Esta pesquisa está assim organizada. No capítulo I, é definido o objeto de estudo e são retomados trabalhos variacionistas acerca do

1 A distinção T-(N)-V será apresentada em detalhes na seção 2.2. Por ora, pode-se dizer que, no que diz respeito às formas de tratamento, T tem a ver com informalidade e intimidade, V está relacionado à formalidade e cerimônia e N estaria associado à neutralidade.

40 tema. Ainda nesse capítulo são introduzidos os objetivos, as questões e as hipóteses desta pesquisa. No capítulo seguinte, são apresentados os pressupostos teórico-metodológicos em que se baseia este estudo. O capítulo II tem início com a apresentação dos pressupostos básicos da Teoria da Variação e Mudança, passa pela proposta de análise de Brown e Gilman (2003 [1960]), Os pronomes de poder e solidariedade2, pelo delineamento de um perfil sócio-histórico da cidade de Florianópolis, pela delimitação da amostra de peças de teatro utilizada e do envelope de variação, e é finalizado com a descrição do tratamento estatístico realizado com as ocorrências de formas de tratamento. No capítulo III, são apresentados, analisados e discutidos os resultados. Por fim, são apresentadas algumas considerações, a título de conclusão desta pesquisa.

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CAPÍTULO I – O FENÔMENO EM ESTUDO

Neste capítulo, é delimitado o objeto de estudo desta pesquisa e é apresentada uma revisão de trabalhos que já abordaram o tema, divididos entre aqueles realizados na região Sul do Brasil, aqueles realizados em outras regiões do Brasil e uma breve descrição do sistema de tratamento do português europeu. Além disso, são apontados os objetivos deste estudo e as questões que se pretendem com ele responder, assim como são delineadas, com base nos estudos anteriores e em análises empíricas preliminares, as hipóteses gerais que aqui são testadas.

1.1 DEFINIÇÃO DO OBJETO

As formas de tratamento, como o nome sugere, são “palavras ou sintagmas que o usuário da língua emprega para se dirigir e/ou se referir à outra pessoa” (SILVA, 2003, p. 170). Pode-se inferir, portanto, que sejam indicadores da relação entre os interlocutores e de seus papéis sociais, tanto os que desempenham na sociedade de maneira mais geral, como aqueles que se constrõem em contextos mais específicos de comunicação. Sobre a estreita relação entre as formas de tratamento e a estrutura social, Faraco (1996) afirma que “mudanças nas formas de tratamento estão correlacionadas com mudanças nas relações sociais e valores culturais” (p. 52). Segundo esse autor,

[A] dinâmica inter-relação entre fatores sociais e verbais pode ser particularmente visível no sistema de tratamento do interlocutor, já que esse sistema representa talvez da forma mais direta alguns dos fundamentos axiológicos da organização do status social. Assim, se uma sociedade passou ou está passando por rápidas mudanças que se refletem nas relações interpessoais possíveis, pode-se esperar que mudanças lingüísticas na área do tratamento venham a ocorrer, com possíveis conseqüências para outros aspectos da estrutura da língua. (FARACO, 1996, p. 57)