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Análise e discussão dos resultados

Relativamente ao diagnóstico da situação, o HCP pretende demarcar-se pela positiva dos res- tantes hospitais da Administração Regional de Saúde do Norte, E.P.E., à qual pertence, tentando para isso implementar projetos que por um lado lhe permitam uma visibilidade junto dos meios de comunicação social, resultando numa maior procura pelos clientes, e, por outro, receber incentivos do Estado. Este hospital é constituído por 70 serviços, com 897 camas, tendo 1559 enfermeiros a prestarem cuidados. Por se querer candidatar em 2014 a um Programa de Acre- ditação do King’s Fund Health Quality Service, o Conselho de Administração do HCP decretou a abertura de um concurso público para dar resposta ao objetivo referido anteriormente. O HCP estabeleceu ainda como orçamento para o projeto 50.000€. Neste contexto, surge a Equipa de Prevenção de Úlceras por Pressão (EPUP), constituída por cinco enfermeiros do HCP, que detêm habilitações académicas específicas no âmbito da SCE, e que pretende candidatar-se ao concurso.

Relativamente à definição de prioridades, a EPUP definiu as seguintes: reduzir a taxa de in- cidência de UP no HCP; promover um programa de prevenção de UP no HCP; promover um programa de SCE no HCP; incrementar a qualidade dos cuidados de enfermagem no HCP. No que concerne à fixação de objetivos, a EPUP delineou como estratégia atuar nos cinco ser- viços do HCP em que a taxa de incidência de UP é maior: Serviço de Medicina Homens, Serviço de Medicina Mulheres, Unidade de Cuidados Intermédios de Cirurgia, Unidade de Cuidados Intermédios de Medicina e Traumatologia. O seu pensamento baseou-se no facto de, se se dimi- nuir a taxa de incidência de UP nos cinco serviços com maior taxa, através de estratégias de SC, esses valores irão refletir-se na taxa de incidência de UP total do hospital. A EPUP definiu que vai reduzir para metade a taxa de incidência desses cinco serviços, uma vez que, dessa forma, reduz a taxa de incidência de UP do HCP para 24,48%, superando em 0,52% o objetivo do HCP.

Para a concretização dos objetivos a que a EPUP se propôs recorrer-se-á a diversas estratégias com o intuito de auxiliar os supervisionados (enfermeiros chefes de equipa) a adquirirem competências supervisivas em relação aos seus pares, resultando desta relação uma mudança de comportamento e atitude, com vista a melhorar a qualidade dos cuidados, nomeadamente no que se refere à diminuição da taxa de incidência de UP. De uma forma geral, poder-se-ão elencar as seguintes atividades: identificação dos problemas de saúde que afetam o contexto que pretendemos abordar; sessões de SC junto dos enfermeiros chefes de equipa e, posterior- mente, das respetivas equipas; momentos formais de discussão entre o líder da EPUP e os seus colaboradores; jornadas da EPUP; avaliação da taxa de incidência de UP; avaliação da efetividade da SC através da Manchester Clinical Supervision Scale. As estratégias de super- visão clínica que se irão utilizar neste projeto foram selecionadas de acordo com a evidência científica, e encontram-se sistematizadas e agrupadas na tabela 1 de acordo com as funções do Modelo de Supervisão Clínica de Proctor.

Tabela 1 – Estratégias de SC agrupadas segundo as funções do Modelo de Supervisão Clínica de Proctor

Função formativa • Estimulação da análise e do pensamento crítico através de estratégias baseadas na observação, na escrita e na ação;

• Leitura e discussão de casos;

• Narrativas; roleplaying; análise de casos; brainstorming e perguntas pedagógicas.

Função restaurativa • Oferta de auxílio e suporte, sendo o supervisor clínico o responsável por questionar o supervisio- nado sobre o tipo de apoio que necessita, transmitindo-lhe conforto, segurança e motivação.

Função normativa • Encorajar a discussão com o supervisionado, sobre os padrões da prática profissional e ética.

Relativamente à preparação da execução do nosso projeto ir-se-ia utilizar uma metodologia essencialmente ativa, em que se visa o envolvimento dos enfermeiros na prevenção das UP através de sessões de supervisão de pares. É de ressalvar que, ao longo da fase de execução, se- ria efetuada a colheita de dados de forma a possibilitar a adequação das estratégias definidas anteriormente aos resultados que se vão obtendo.

Na última fase seriam realizadas as três avaliações sugeridas por Clark (1996, Cit. por Carva- lho & Carvalho, 2006): a avaliação formativa (a realizar no decorrer das sessões, através do

feedback dos participantes), a avaliação de processo (em que o supervisor deverá questionar-

se se os participantes estão preparados como desejava, se a sessão manteve o interesse por parte dos supervisionados, se a estratégia de ensino/aprendizagem, materiais e conteúdos selecionados eram apropriados às necessidades de aprendizagem) e a avaliação de resulta- do (a efetuar no final do projeto, com o intuito de avaliar se os objetivos de resultado foram atingidos).

De salientar é o facto de este projeto poder ser implementado nos contextos de saúde atuais, trazendo importantes contributos quer para a melhoria dos cuidados, quer para os interve- nientes envolvidos no processo. De facto, estas iniciativas teriam não só o intuito de reduzir a médio/longo prazo a taxa de incidência de UP num hospital, mas também melhorar as práticas dos profissionais de saúde, de forma a promover a sua motivação e a segurança dos cuidados.

Conclusões

Após a elaboração deste projeto verifica-se a importância da implementação de programas de SCE na prática clínica, o que é corroborado pelos estudos de Lyndsey (1997 Cit. por Dias, 2006), que refere que a SC assume um papel preponderante nas organizações de saúde, cons- tituindo um importante veículo de motivação e empenho, essenciais para a concretização de um trabalho efetivo, bem como para a sustentabilidade de qualquer projeto.

Considera-se que a qualidade ao nível dos cuidados deve ser uma preocupação constante das organizações de saúde e a SC um conceito que deve ser enraizado, uma vez que a sua compo- nente reflexiva e experimental permite aos enfermeiros o desenvolvimento de saberes es- senciais ao seu bem-estar e, consequentemente, ao correto funcionamento das organizações. De acordo com Levett-Jones e FitzGerald (2005), por não se realizar a avaliação sistemática dos programas de SC, ainda não existem provas sólidas da sua eficácia. No entanto, autores como Goode e Williams (2004) referem que os programas de SC são frequentemente conside- rados bons investimentos dados os custos significativos associados com a rotação de pessoal – por não serem orientados e apoiados desistem de ser enfermeiros – e outros benefícios,

como maior motivação e produtividade, o que é corroborado por Halfer (2007). Constatamos,

mais uma vez, que o processo de SC constitui a matriz essencial que visa assegurar cuidados de qualidade e segurança aos utentes e profissionais.

Referências bibliográficas

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DIAS, S. – Educação pelos Pares: Uma Estratégia na Promoção da Saúde. Lisboa: Universidade Nova de Lis- boa, 2006.

GARRIDO, A.; SIMÕES, J.; PIRES, R. – Supervisão Clínica em Enfermagem: perspectivas práticas. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2008.

GOODE, C.; WILLIAMS, C. – Post-baccalaureat nurse residency programme. Journal of Nursing Adminis- tration. Vol 34, 2004, p. 71-77.

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LEVETT-JONES, T.; FITZGERALD, M. – A review of graduate nurse transition programmes in Australia. Australian Journal of Advanced Nursing. Vol 23, 2005, p40-45.

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Satisfação do cidadão face aos cuidados de

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