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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA

A Análise do Ciclo de Vida é uma metodologia que proporciona uma avaliação qualitativa e quantitativa dos impactos provocados pelos produtos, porém, não apenas durante os processos produtivos, mas também ao longo dos demais estágios da vida do produto, como na obtenção de matérias-primas elementares e a produção de energia necessária para suprir o sistema de produto (NBR ISO 14040, 2009).

Conforme a mesma norma, a ACV é realizada em quatro fases distintas: definição de objetivo e escopo, análise de inventário do ciclo de vida, avaliação de impactos ambientais e interpretação, as quais são apresentadas na

Figura 5, assim com as aplicações diretas que a metodologia proporciona.

Figura 5: Estrutura da ACV. Fonte: NBR ISO 14040, (2009).

As considerações que cada uma dessas etapas deve abranger são apresentadas a seguir, de acordo com a NBR ISO 14040 e NBR ISO 14044, (2009):

2.3.1 1º Fase: Objetivo e escopo

O objetivo de uma ACV deve ser claramente definido, contendo os seguintes itens: aplicação pretendida, as razões para a execução do

estudo e qual o público-alvo e a intenção de utilizar os resultados em afirmações comparativas a serem divulgadas publicamente, os mesmos devem ser declarados de forma não ambígua.

A abrangência do estudo é demonstrada no escopo do trabalho, onde devem ser descritos: o sistema de produto a ser estudado, a função, a unidade funcional, quais as fronteiras do sistema, os fluxos de referência, assim como, todas as informações e procedimentos julgados necessários para a garantia da qualidade do estudo.

2.3.2 2º Fase: Análise de Inventário do Ciclo de Vida

A análise de inventário do ciclo de vida (ICV) visa quantificação de todas as variáveis, como matéria-prima, transporte, emissão atmosférica, efluentes, resíduos sólidos, entre outros envolvidos no ciclo de vida do produto.

Nesta fase deve-se verificar a necessidade de se realizar a alocação, que consiste na divisão adequada dos fatores de impacto do processo entre o produto principal e os subprodutos que são gerados pelo sistema. A sua utilização se faz necessária, por exemplo, quando um sistema a ser estudado gera mais de um produto, emissão atmosférica gerada por meio de tratamento de resíduos ou ainda a reciclagem (ISO 14040, 2009). Neste caso, o leite não é gerado de forma individual, existem coproduto como a carne, chifres, bezerros, couro, etc, que são produzidos pelos bovinos de leite, ocasionando o uso de alocação para distribuir de forma adequada os impactos desses coprodutos e do produto principal. Para Ramirez (2009), há 50 métodos para se fazer alocação, porém, em seu estudo foi observado que deste número há muitos repetidos, em virtude de ser o mesmo procedimento e possuir diferentes nomeações, reduzindo-se a 26 métodos, classificados da seguinte forma:

Métodos de alocação para sistemas de coprodutos: possuem

como característica a entrada de um fluxo no sistema e a saída de diversos fluxos de produtos e aspectos ambientais;

Métodos de alocaçãopara sistemas de múltiplas entradas:

possuem como característica a entrada de diversos fluxos no sistema e a saída de um fator de impacto;

Métodos de alocação para sistemas de reciclagem: geralmente

empregam-se os métodos de reciclagem de ciclo aberto, pois estes ultrapassam as fronteiras do estudo entrando em outros ciclos de produtos.

2.3.3 3º Fase: Avaliação dos impactos ambientais

A avaliação dos impactos ambientais (AICV) tem como objetivo estudar a significância dos impactos ambientais potenciais, envolvendo as associações dos dados obtidos no inventário com as categorias de impacto específicas e indicadores de categoria. Esta fase também fornece informações para a fase de interpretação do ciclo de vida.

Esta fase possui como objetivos:

• Tornar os resultados mais relevantes, compreensíveis e fáceis de comunicar;

• Melhorar a legibilidade dos resultados, reduzindo o número de parâmetros, um por categoria ou um índice único, permitindo desta maneira a comparação entre sistemas.

A AICV possui como elementos obrigatórios:

• A seleção de categorias de impacto, indicadores de categoria e modelos de caracterização;

• A classificação ou correlação dos resultados do ICV às categorias de impacto selecionadas;

• A caracterização ou cálculo dos resultados dos indicadores de categoria.

E como elementos facultativos:

Normalização:cálculo da magnitude dos resultados dos

indicadores de impacto são relacionados a informações de referência;

Agrupamento: envolve a ordenação dos resultados

caracterizados, e normalizados, em um ou mais conjuntos;

Ponderação: atribuição de pesos (fatores de ponderação) a

cada categoria de impacto ou conjunto, destacando sua importância relativa com relação aos demais;

Análise da qualidade dos dados: melhor entendimento da

Podem ainda ser requeridas técnicas adicionais de análise da qualidade dos dados, compostas por estudos de incidência, incerteza e sensibilidade.

2.3.4 4º Fase: Interpretação dos resultados

É a fase da ACV em que as constatações da análise do inventário e da avaliação de impacto dão consideradas em conjunto. É conveniente que esta fase apresente os resultados que sejam consistentes com o objetivo e escopo definidos e que levem a conclusões, expliquem limitações e provejam recomendações.

Devem ser consideradas as seguintes técnicas nesta fase do estudo:

Completeza: assegura que todas as informações e dados

relevantes estejam disponíveis e completos;

Sensibilidade: avalia a confiabilidade dos resultados finais

e conclusões;

Consistência: determina se as suposições, métodos e

dados são consistentes com o objetivo e escopo do estudo. A interpretação é uma fase independente, onde são feitas as conclusões, identificadas as limitações e feitas as recomendações ao público-alvo. Devem ser baseadas nas conclusões finais do estudo e devem refletir uma consequência lógica e razoável das conclusões.

A metodologia de ACV já traz a sua contribuição para a avaliação dos produtos em que se emprega, porém, a partir de seus resultados podem-se criar indicadores tanto para a área social, econômica ou ambiental, conforme é apresentando no item 2.4.