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Demanda de energia

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O método de ACV se demonstrou eficiente para a avaliação de ambos os sistemas. A construção do inventário, apesar da indisponibilidade de alguns dados primários, atendeu o objetivo do estudo. Porém, se faz necessário a expansão dos limites aqui empregados.

A propriedade caracterizada pela produção de leite em sistema intensivo possui melhor desempenho ambiental quando comparado a propriedade de sistema semi extensivo. Comprovou-se a hipótese de que o sistema semi extensivo possui desempenho ambiental inferior ao outro sistema.

Para as emissões de gases de efeito estufa, o rebanho do sistema intensivo é responsável por emissões superiores ao do sistema semi extensivo devido a alimentação e a maior produção de leite. Entretanto, como a produtividade deles é superior, estes animais possuem menos kg de GEE por UF produzida.

As estações do sistema intensivo, apesar de ser em confinamento, não possuem similaridade devido aos diferentes insumos que são ofertados para a alimentação. Este fato pode ser verificado no verão 2009 e verão 2010, onde todas as categorias da primeira estação se demonstraram bem superiores as demais. Já para o sistema extensivo devido a variedade da oferta de alimentos diferenciada, assim como no outra propriedade, os impactos estão mais distribuídos ao longo das estações, não caracterizando uma específica para todas as categorias.

Para o sistema semi extensivo, a síntese de leite é o maior responsável pelas emissões de todas as categorias em estudo, ou seja, está ligado a tudo o que é necessário ofertar ao animal para que a produção de leite ocorra, especialmente, a produção da alimentação do rebanho. Isto também ocorre no sistema intensivo.

A produção de alimentos em ambos os sistemas são os grandes responsáveis pelas emissões da maioria das categorias. Sendo que no sistema semi extensivo, a produção de pastagem é a principal responsável pelas emissões em 4 das 6 categorias de estudo (exceção da acidificação e do aquecimento global). Para o sistema intensivo, o farelo de gérmen de milho mostrou-se como um produto com grande carga ambiental associada a ele, em virtude do alto consumo de grãos de milhos para a sua produção. Este fato pode ser observado em todas as

estações em que o rebanho foi alimentado com este insumo, entretanto, a produção de concentrados para os animais possuem grande contribuição.

A alimentação do rebanho está associada com a categoria de aquecimento global, quanto maior a digestibilidade dos alimentos, maior as emissões oriunda da eructação. Logo, deve-se oferecer alimento com digestibilidade baixa, porém, com alta qualidade nutricional para atender a demanda diária do animal.

Para a categoria acidificação o processo de produção dos concentrados é o maior contribuinte em virtude da composição de cada um deste alimento, ou seja, se deve ao cultivo dos grãos de cada ingrediente e em função das adubações utilizadas na lavoura.

A categoria de impacto aquecimento global possui como a principal fonte as emissões entéricas dos animais e de seus dejetos. A dieta alimentar, o peso, o tamanho do rebanho e gerenciamento dos seus dejetos interfere diretamente nas emissões.

Provavelmente a ineficiência (baixa produtividade do rebanho) do sistema semi extensivo é a principal contribuição para os impactos ambientais associados a este sistema de produção quando comparado ao intensivo. Neste caso, se faz necessário a produção de mais alimentos para o rebanho devido a baixa conversão da alimentação em leite. Melhorias nas eficiências agronômica (maior produção de alimento por área) e zootécnica (animais com melhores indicies de conversão) da propriedade amenizariam a carga ambiental atribuída ao mesmo.

O maior potencial de conversão de alimentos em leite do rebanho da propriedade intensiva interfere diretamente nas categorias de impacto. Se dois animais produzem quantidades diferentes de leite e ingerem a mesma quantidade de alimentos, o animal que produz menos está associando mais impactos por litro de leite produzido por ele, ao contrário do animal com melhor produtividade.

Para a redução de impactos ambientais associados ao sistema semi extensivo deve-se substituir os fertilizantes químicos utilizados no cultivo das pastagens, principal fonte de alimentação do rebanho, por menos impactantes. Umas das alternativas para a redução dos impactos ambientais associados ao sistema intensivo é a exclusão ou substituição do farelo de gérmen de milho da alimentação do rebanho.

A comparação dos resultados do estudo foi dificultada em função de que os trabalhos já publicados sobre a ACV da produção de leite possui diversas UF adotadas, em muitos casos, impossibilitando a comparativo com alguns. Porém, os valores são similares em algumas categorias a pesquisas publicadas sobre o assunto.

As recomendações para trabalhos futuros são:

• Expansão dos limites dos sistemas adotado neste trabalho para dar continuidade à avaliação da cadeia produtiva do leite e poder atribuir corretamente os impactos associados ao leite e seus derivados;

• Adotar dados primários dos insumos e de processos que neste trabalho foram considerados como secundários para dar maior confiabilidade aos resultados e se possível realizar novamente a análise deste, empregando os novos processos e insumos; • Desenvolver pesquisas relacionadas à construção de um

inventário com dados dos cultivos de grãos e demais insumos utilizados na produção de leite para a realidade brasileira; • Desenvolver pesquisas relacionadas à produção de

concentrados principalmente quanto à composição e cultivo dos grãos para avaliar se ocorre a interferência direta nos impactos associados a este processo e nas emissões oriundas do rebanho leiteiro;

• Desenvolver pesquisas também quanto ao emprego de adubo orgânico em cultivos e compará-los com os químicos para uma avaliação ambiental de qual insumo deve ser empregado nas lavouras ocasionando mesmos impactos;

• Adotar uma UF única para todos os trabalhos sobre ACV da produção de leite para seja passível a comparação dos resultados, mesmo que sejam de climas, sistema de produção, manejo do rebanho diferenciados.