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VARIAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO NOMINAL (VALORES NORMALIZADOS) BRICS PERÍODO: 01/01/2000 A 31/12/

5 RESULTADOS EMPÍRICOS

5.1.1 Análise do Comportamento da Equação TCCHINA

Da Tabela B.3, observa-se (ao nível de significância de 1%) que, no longo prazo, a equação do modelo VAR referente a D_TCCHINA (primeira diferença de TCCHINA) é submetida a ajustes positivos em relação ao seu nível de equilíbrio representados por variações positivas de TCINDIA e TCBRASIL, além da própria TCCHINA. Isso significa que os aumentos dessas variáveis influenciam TCCHINA positivamente no que se refere ao longo prazo (ou seja, depreciações nas taxas cambiais TCHINA, TCINDIA e TCBRASIL causam depreciação na taxa de câmbio da China, e vice-versa). Ao mesmo nível de significância de 1%, verifica-se que o oposto ocorre, para essa variável, quando a análise de influência recai sobre TCAFS e TCRUSSIA. Portanto, aumentos dessas variáveis tendem a influenciar de forma negativa a variável TCCHINA no longo prazo (ou seja, depreciações nas taxas de cambiais da TCAFS e da TCRUSSIA causam apreciação na taxa de câmbio da China, e vice-versa).

Realizando um cotejamento entre os comportamentos de curto prazo e de longo prazo da variável TCCHINA, encontramos algumas diferenças relevantes. Verifica-se que no curto prazo D_TCCHINA é submetida a um aumento em torno de seu nível de equilíbrio quando ocorrem variações positivas nas defasagens de números 1 a 4 e 7 de TCCHINA, ao nível de significância de 1%. Para o nível de significância de 5%, o mesmo ocorre para as defasagens 5 de TCAFS e 1 de TCRUSSIA. Já ao nível de significância de 10%, é encontrada a mesma relação com a defasagem 1 de TCINDIA e 1 de TCAFS. O oposto (reduções em torno de seu nível de equilíbrio quando ocorrem variações positivas) é encontrado em relação às defasagens 5 de TCCHINA e 7 de TCAFS, ao nível de significância de 1%. A variável TCBRASIL não apresentou qualquer influência sobre TCCHINA no curto prazo. De uma forma geral, observa-se nesses resultados que a taxa de câmbio da China deprecia, no curto prazo, induzida por qualquer sinal de depreciação das taxas cambiais nas outras economias do bloco

(com exceção da taxa de cambio brasileira), especialmente, com depreciações relativas às taxas cambiais de países que mantêm posições geográficas mais próximas, por exemplo, Índia e Rússia.

Em seguida, na análise das funções impulso-resposta ortogonalizadas (FIROs), tomando-se primeiramente TCCHINA como a variável de resposta ao impulso representado por inovações (choques) de um desvio padrão nas outras variáveis (gráficos à esquerda da Figura 5.1), verifica-se que as variáveis TCBRASIL, TCRUSSIA e TCAFS geram pequenos efeitos positivos sobre TCCHINA, constituindo-se em pequenas tendências estocásticas de longo prazo na taxa de câmbio da China. Já os efeitos de TCINDIA, com impactos de magnitudes mais acentuadas, desenvolvem notadamente tendências permanentes (estocásticas de longo prazo). Da mesma forma, o efeito de TCCHINA sobre si mesma também evolui para uma significante tendência estocástica permanente.

Observa-se nos resultados relativos à taxa de câmbio chinesa que, tanto no curto prazo como no longo prazo, a política de gestão cambial da China conduz a um processo de depreciação (ou apreciação), sempre acompanhando os indicativos de depreciação das taxas cambiais das demais economias do bloco; mas demonstra forte política de depreciação de sua taxa de câmbio, pois se observa nos gráficos da Figura 5.1 que impactos de depreciação na taxa de câmbio da China evoluem para tendências de longo prazo com impactos significantes de depreciação. Esses resultados são condizentes com a política do sistema cambial chinês. Como explicitado no capítulo 2, a China possuía até 2005 uma taxa cambial fixa administrada e, a partir de 2005, passou para um sistema cambial flutuante administrado com uma banda restrita. Com base nesse sistema, esse país adotou uma política de intervenção nos mercados de câmbio para limitar ou impedir a valorização de sua moeda em relação ao dólar dos EUA e outras moedas. Como um dos maiores países exportadores do mundo, a China tem experimentado uma grande quantidade de excedentes comerciais durante as últimas décadas. Por isso, a administração da sua taxa de câmbio tem sido permitida tanto pelo crescente e enorme volume de reservas internacionais, quanto pela existência de controles na entrada e saída na conta de capitais, sobretudo através de proibições e limites quantitativos. Portanto, constata-se claramente que, a partir dos resultados descritos no curto e longo prazo apresentados anteriormente, a apreciação ou depreciação das taxas de câmbio das economias do BRICS induzem a China a reagir com apreciação ou depreciação de sua taxa de câmbio, havendo, portanto, relações de causalidade de longo prazo entre as economias do bloco.

Analisando TCCHINA como variável de impulso (gráficos à direita da Figura 5.1), verifica-se que todos os efeitos gerados a partir dessa variável evoluem para tendências estocásticas permanentes39, no longo prazo, sendo que para TCAFS, TCINDIA e TCRUSSIA a tendência gerada é positiva (embora oscilando os seus efeitos, quando evoluem para o estado permanente). No entanto, o efeito de um impacto positivo na taxa de câmbio da China impacta positivamente a variável TCBRASIL, mas o processo de evolução do efeito permanente dá-se de forma mais suave. O efeito positivo de TCCHINA sobre si mesma, de maior magnitude em comparação às outras variáveis, é esperado intuitivamente.

Considerando os resultados apresentados acima, tanto no curto como no longo prazo, pode-se conjecturar que o sistema de gestão cambial chinês se caracteriza como um processo líder na determinação das taxas de câmbio das demais economias do bloco BRICS. No entanto, esta conclusão exige maiores reflexões, pois pode ser entendido que a economia chinesa, devido à sua forte inserção na economia internacional, esteja influenciando a dinâmica cambial das economias em desenvolvimento. Mas, por outro lado, também é possível conjecturar que a dinâmica cambial dos países do BRICS reage de forma sistemática, no curto e longo prazo, a efeitos não observáveis não inclusos no modelo, intrínsecos à economia internacional.

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Entende-se que quando choques em inovações evoluem para tendências estocásticas de longo prazo, esses efeitos estão interagindo com as condições de equilíbrio no longo prazo, atuando no sentido do sinal da tendência estocástica, elevando ou reduzindo o nível de equilíbrio da taxa de câmbio da economia em análise.

Figura 5.1 – Funções Impulso-Resposta Ortogonalizadas (FIROs) de TCCHINA

Fonte: Elaboração própria, com o uso do programa STATA 12