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A RELAÇÃO ENTRE AS TAXAS DE CÂMBIO E OS FUNDAMENTOS MACROECONÔMICOS – NÃO LINEARIDADES

VARIAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO NOMINAL (VALORES NORMALIZADOS) BRICS PERÍODO: 01/01/2000 A 31/12/

3 REVISÃO DA LITERATURA – O ESTUDO DO

3.3 A RELAÇÃO ENTRE AS TAXAS DE CÂMBIO E OS FUNDAMENTOS MACROECONÔMICOS – NÃO LINEARIDADES

E CAOS DETERMINÍSTICO

Ainda em relação ao estudo da taxa de câmbio e os fundamentos macroeconômicos, Das e Das (2007) investigam a propriedade caótica das taxas de câmbio de vários países. Os autores afirmam que alguns trabalhos anteriores relacionados encontraram evidências de estruturas caóticas nas taxas de câmbio, enquanto outros encontraram pouca evidência de caos; no entanto, muitos deles mostraram evidências de estruturas não lineares. Esses tipos de afirmações conflitantes são comuns em análises não lineares de dados financeiros, segundo os autores. Em seu trabalho, os autores utilizaram os dados diários de taxas de câmbio de doze países (Austrália, Canadá, China, Índia, Japão, Malásia, Singapura, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia e Reino Unido), principalmente no período de janeiro de 1971 a dezembro de 2005. Reúnem, assim, uma série temporal de mais de 8500 pontos para cada país. De acordo com Das e Das (2007), as alterações na taxa de câmbio estão relacionadas a notícias nos fundamentos, mas estudos anteriores mostraram que a natureza da relação não é linear. Os autores testam a não linearidade para as taxas de câmbio pelo método de dados sub- rogados e encontram diferentes graus de não linearidade para diferentes

países. Ao medir o Maior Expoente de Lyapunov (MEL), encontram indicação de caos determinístico em todas as séries da taxa de câmbio.

Segundo Das e Das (2007), mudanças na taxa de câmbio estão relacionadas a notícias nos fundamentos. O conjunto de fundamentos abrange: (i) a inflação para o país em questão, (ii) a oferta de moeda para o país sob escrutínio, (iii) a Taxa do Mercado Monetário, que é usada como uma proxy da taxa de juros de curto prazo, (iv) a taxa de empréstimos e a taxa de retorno dos títulos de longo prazo do governo, que são ambos proxies da taxa de juros de longo prazo (o último está disponível, segundo os autores, apenas para os países de inflação baixa), (v) a produção industrial e (vi) o saldo da balança comercial em relação ao PIB. Caracterizar a natureza da relação entre a variação cambial e as inovações em seus subjacentes fundamentos tem sido um objetivo da macroeconomia internacional empírica (Grauwe, Vansteenkiste, 2001).

Após testes empíricos intensivos concluiu-se que a relação não é linear, pelo menos para as taxas de câmbio de países com níveis relativamente baixos de inflação. Estudos do início dos anos 1980 documentaram que não há relação estável entre os movimentos da taxa de câmbio e as inovações nas variáveis fundamentais. A taxa de câmbio parece estar desconectada de seus fundamentos subjacentes na maioria das vezes (Bacchetta, van Wincoop, 2003; Lyons, 2001), enquanto Faust et al. (2003) descobriram que a maioria das mudanças nas taxas de câmbio ocorre quando não há inovações observáveis nas variáveis econômicas fundamentais. Este achado contradiz os modelos teóricos, que afirmam que a taxa de câmbio só se move quando há inovações nos fundamentos. Quando há dramático aumento da volatilidade da taxa de câmbio, tal aumento não seria detectado na volatilidade das variáveis econômicas subjacentes (Grauwe, Grimaldi, 2005).

A possível natureza não linear da relação entre a variação cambial e as inovações nos fundamentos subjacentes é explorada no trabalho de Das e Das (2007). A primeira não linearidade estudada por Obstfeld e Rogoff (1996) foram os custos de transação. Uma segunda característica não linear foi devida aos vários agentes heterogêneos que utilizam diferentes conjuntos de informações (Grauwe, Grimaldi, 2006).

De acordo com Das e Das (2007), o regime adotado para as taxas de câmbio dos principais países industrializados se aproxima do regime identificado como sendo o único a produzir complexidade, ruídos especulativos e quebras estruturais entre as taxas de câmbio e os fundamentos subjacentes. A relação entre a taxa de câmbio e os fundamentos de países de inflação baixa é caracterizada por regimes com frequentes mudanças. Verificou-se que os coeficientes desses

fundamentos mudam ao longo do tempo, muitas vezes a partir de valores significativos para insignificantes, e vice-versa. De acordo com os autores, essa característica está ausente nas equações de taxa de câmbio dos países de inflação elevadas. Para esses países, os autores constatam que os coeficientes dos fundamentos são bastante estáveis. Os movimentos das taxas de câmbio desses países podem ser explicados de forma mais consistente por movimentos nos fundamentos subjacentes (por exemplo, os diferenciais de inflação (Grauwe, Grimaldi, 2006)). O foco de Das e Das (2007) é tentar relacionar a taxa de câmbio com outro fundamento, qual seja, o balanço de pagamentos (Importação – Exportação) com os EUA.

De Grauwe e Vansteenkiste (2001) descobriram que na maior parte do tempo a hipótese da existência de dinâmica caótica nos mercados de câmbio deve ser rejeitada. Há apenas alguns episódios onde a dinâmica caótica pode ser detectada. Eles salientam que é geralmente difícil conclusivamente encontrar evidências da existência de dinâmica caótica, porque as técnicas disponíveis não permitem separar o ruído exógeno do caos.

Das e Das (2007) seguem a abordagem de Theiler et al. (1992). O sinal sub-rogado é produzido pelo embaralhamento das fases dos dados disponíveis. Esse sinal possui propriedades espectrais semelhantes aos dados originais, isto é, a sequência de dados sub-rogados tem a mesma média, a mesma variância, a mesma função de autocorrelação, e, por conseguinte, o mesmo espectro de potência da sequência original, mas as relações de fase (não lineares) são destruídas. No caso do embaralhamento de dados, os histogramas da sequência sub-rogada e da sequência de referência também são idênticos.

Das e Das (2007) constatam que a diferença entre o Maior Expoente de Lyapunov (MEL) dos dados originais e a qualquer um de seus cinco sub-rogados é grande para alguns países, o que indica alta não linearidade no conjunto de dados. Para alguns outros, a diferença é ou moderada ou pequena, indicando não linearidade fraca. O que ocorre é que a diferença entre os valores de MEL do conjunto de dados originais e sua contraparte sub-rogada será elevada no caso do conjunto original possuir não linearidade suficiente, a qual é destruída pelo processo sub-rogado.

Para todos os países considerados, a existência de não linearidade e caos foi confirmada, embora existam diferenças no grau de não linearidade entre eles. Das e Das (2007) encontram o que segue:

Grupo B: (Austrália, Malásia, Tailândia), a diferença é moderada. Grupo C: (Canadá, Japão, Singapura, Suécia, Suíça, Reino Unido), a diferença é pequena.

* Países que fazem parte do bloco BRICS

3.4 ANÁLISE DE NÃO LINEARIDADE PELO MÉTODO DE