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Análise do princípio do acesso ou identidade

Aplicando o princípio de acesso ou identidade, é possível reconhecer que “O Cornão da literatura” faz referência à obra machadiana Dom Casmurro, por compreendemos que essa alcunha refere-se ao personagem Bentinho. reconhecermos pragmaticamente que personagem e livro pertencem ao mesmo frame. Além disso, compreendemos também que “O Cornão da literatura” serve de

Gatilho A O CORNÃO DA LITERATURA! Alvo B DOM CASMURRO

guia para reconhecermos o personagem chamado Bentinho da obra machadiana. Portanto a partir da semiose linguística no domínio A, é possível reconhecer que o personagem é tomado pela obra representada no domínio B.

4.3.2.3 Análise das projeções entre domínios

Nesta seção analisamos as projeções entre domínios que, de acordo com Fauconnier (1997, p. 11), operam a relação entre domínios. Por meio das projeções configuramos os domínios conceptuais estruturados (metáforas e analogias), as funções pragmáticas (sinédoques e motonímias) e as projeções de esquema.

Fragmento 13 -corpus 1 – Comunidade do Orkut - Ensino médio

Júlia!: MAS QUE A CAPI TU BOTO UM PÁ DE GAI A COLOCO VI U !!!!

Cássia: nao, ela nao t raiu, agora o Bent inho tinha um a am izade m to suspeita c ESCOBAR.

Júlia!: PRONTOOOOOOOOOOO!! BENTI NHO É BAI TOLA AGORA? TA MASSA!!!!

NAO I NTENDO!!! BENTI NHO BAI TOLA POMBI NHA...

ESSES ESCRI TORES SAO TUDO DOI DO!!! AHCO QUE ELES SAO DO MUNDO COLORI DO!! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

( ...)

Cássia: E ae baby, j á tirou da kbça essa historia de que Bentinho eh hom ossexual?

Júlia!: m ai m ai!!!!!! !! nunca !!!!!!

oxe essa am izade de bentinho e escobar e m t estranha pow!!!!!! !!!!!! ( ...)

Júlia!: huahuahuahuaha

aff esse livro é um a putaria!!!!!!!!!!! m as qeu ele é frango é!!!!

Na discussão sobre o suposto adultério, trama da obra Dom Casmurro de Machado de Assis, a professora e a aluna conceptualizam de diferentes maneiras a sexualidade de Bentinho. Essas diferentes formas de conceptualizar podem ser mapeadas pela projeção entre domínios como visto no esquema abaixo:

Como podemos visualizar no input 1, o termo usado pela professora é dicionarizado, utilizado para se referir a pessoas que sentem atração por outra do mesmo sexo. Já no input 2, a aluna usa duas expressões (baitola e frango), de certo modo, concebidas em nível de calão, ativadas pelo seu conhecimento de mundo, para conceptualizar a sexualidade de bentinho. De acordo com a teoria dos espaços mentais, baseadas’ no princípio de identidade, as projeções entre domínios acima, visualizadas são estruturadas de maneira a apresentar a construção de sentidos a partir do esquema genérico (homossexual) para o particular (baitola, frango).

4.3.2.4 Análise da Mesclagem Conceptual

No fragmento 14, do recorte 1, nos parágrafo 3 ao 6, observamos a tentativa de o professor convencer a aluna A, que falar difícil, não é falar bem, apresentando como argumento uma anedota de Rui Barbosa:

Fragmento 14 -corpus 2 – UFPB-Virtual - Ensino Superior – Fórum – Recorte 1

03 ROFESSOR - quarta, 23 janeiro 2008, 18:05 Antes disso, me respondam:

1. O que é falar bem?

2. O que é uma palavra bonita?

04 LUNA A - quarta, 23 janeiro 2008, 20:29

" Falar bem", em meu ver é usar corretamente a norma culta em todas as situações. 'Palavra bonita", uma palavra incomum usada apenas pelos intelectuais. Professor É uma opinião sujeita as críticas e sugestões. Obrigada.

05 PROFESSOR - sábado, 26 janeiro 2008, 09:25 Baitola Frango Homossexual

Então, ALUNA A, Rui Barbosa, na anedota abaixo fala extremamente bem, apesar de poucos saberem sobre o que está falando. É isso?

Rui Barbosa, ao chegar em sua casa, ouviu um barulho esquisito vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou que havia um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo, surpreendendo-o tentando pular o muro com seus amados patos. Batendo nas costas do tal invasor, disse-lhe: -- Ô bucéfalo, não é pelo valor intrínseco dos bípedes palmíferes e sim pelo ato vil e sorrateiro de galgares as profanas de minha residência.

Se fazes isso por necessidade, trânsito; mas se é para zombares de minha alta prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica no alto de tua sinagoga que reduzir-te-á à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada. E então o ladrão disse:

-- Ô moço, eu levo ou deixo os patos? 06 ALUNA A - segunda, 28 janeiro 2008, 22:53

É professor, o senhor me convenceu, fala bem e usar corretamente a norma Culta da Língua Portuguesa, é se fazer entendido, é conseguir transmitir a mensagem com eficácia e eficiência. O que me ajudou foi o texto sobre língua materna, que me esclareceu a diferença entre gramática tradicional e norma culta. Mas, vamos concordar, não é porque estamos entre pessoas sem escolaridade que vamos falar frases como essa: "Agente vamos barrê o colégio "Não é???

Para provar que falar difícil não é falar bem, o professor lançou mão de uma ilustração em que uma pessoa extremamente culta faz uso de palavras pouco usuais, mostrando assim um elevado grau de competência linguística, mas que apesar de “falar bem”, não se fez entender pelo interlocutor. Este, surpreendido por não ter assimilado o significado de tais lexemas, fica em dúvida se está sendo apreendido ou recebendo a benevolência do outro. Com isso o professor quis passar para os alunos a sua concepção de que falar bem não significa falar difícil, mas o objetivo maior é ser compreendido.

Mapeando o falar bem, valendo-nos do processo de mesclagem conceptual, teremos dois espaços mentais que funcionam como inputs. O primeiro apresentando a concepção do professor e o segundo apresentando a concepção da aluna, de maneira que da mescla desses doisinputs surgirá uma estrutura emergente, oriunda das projeções dos inputs, estabelecida a partir de novas relações, antes não existente nos inputsem separados.

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