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UM OLHAR MULTIMODAL SOBRE

3.4 Análise do website „Livemocha‟

Para facilitar a análise dos aspectos selecionados, seguirei a seguinte agenda de procedimentos:

a) Apresentação do website;

b) Apresentação da lógica organizacional da homepage;

c) Análise da composição Espacial do Significado por meio da observância do sistema de valor da informação; do sistema de saliência e do sistema de framing e do real e ideal; d) Análise da trajetória de leitura da homepage para as webpages subsequentes por meio

dos clusters e phases da homepage.

Segundo texto de apresentação constante na homepage do “Live Mocha”, ele é definido como: “A maior comunidade de aprendizado de idiomas online do mundo, oferecendo cursos de idiomas pagos e gratuitos em 35 línguas para mais de 9 milhões de membros em mais de 195 países ao redor do mundo”.8

Com esse alcance, o site em questão torna-se um recurso semiótico de grande representatividade, pois se revela um espaço de interação no qual viewers/usuários de website compartilham o interesse global na aprendizagem de línguas e creditam, a essa mídia, o papel de sala de aula para as tarefas propostas.

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Fala-se ainda nessa apresentação em “mundo faminto por novas competências linguísticas”, o que revela o objetivo do website que é de oferecer aos seus viewers/usuários “maneira mais acessível e atraente para aprender uma língua”. Aqui ressalto perguntas que direcionam esta análise:

 o que torna este website mais atraente aos olhos dos usuários?

 que formas estão neles dispostas que possibilitam uma interação mais agradável que uma sala de aula presencial?

 como essa proposta pode ser agregada à sala de aula sem que se demarquem fronteiras de uso entre o ambiente online e o ambiente offline?

 o que um professor deve conhecer para explorar as possibilidades de significação nesse website?

Essas perguntas de análise levam em conta a proposta da Gramática Visual em que Kress e van Leeuwen (1996 [2006]) advogam a necessidade de um letramento visual, na medida em que a comunicação visual está se tornando cada vez mais um domínio crucial nas diversas redes de práticas sociais das quais participamos, entre elas o consumo de comodidades abstratas e de informações públicas como as encontradas em websites. Por isso, “não ser „visualmente letrado‟ começará a atrair sanções sociais. „Letramento visual‟ começará a ser uma questão de sobrevivência, especialmente no ambiente de trabalho”(KRESS e van LEEUWEN, 1996, p.3).

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Figura 22: Homepage do website Livemocha

Fonte: www.livemocha.com

PARTICIPANTE

REPRESENTADO/PARTICIPA NTE INTERATIVO: a foto remete ao participante representado que é ao mesmo tempo o viewer/usuário do website e portanto também desempenha o papel de participante interativo

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A primeira observação analítica que faço sobre esse primeiro website diz respeito à categoria da multimodalidade proposta por Kress e van Leeuwen (1996): a categoria dos participantes. De acordo com essa categoria, temos dois tipos de participante: o representado e o interativo. O participante representado refere-se àquele que está presente na imagem e sobre o qual a mensagem é construída e o interativo refere-se ao leitor de textos imagéticos, portanto a quem a mensagem é direcionada.

No caso do website, há uma situação diferenciada. O participante representado e o interativo podem ser a mesma pessoa, uma vez que, ao acessar o ambiente do website, o viewer/usuário deve fazer o login e com essa ação, é direcionado à sua homepage. Isso significa que a homepage (página inicial) do Livemocha tem uma configuração que prevê especificidades de acordo com o viewer/usuário. De forma análoga, podemos dizer que o viewer/usuário ocupará a sua cadeira dentro da sua sala de aula virtual.

O espaço destinado à foto, localizado no canto superior esquerdo da tela do website será preenchido de acordo com a identidade de quem acessa o Livemocha e isso define tanto o participante representado como o participante interativo. Assim, ao mesmo tempo em que a pessoa que navega no Livemocha é o viewer/usuário é também representado no ambiente online por se tratar de um participante em torno do qual todas as ações previstas no website são organizadas, ou seja, é em torno do participante representado que as mensagens são construídas. Agora, passo a tratar com mais detalhes sobre como essas ações dentro do website podem ser realizadas.

Nas opções iniciais, em destaque, localizadas no topo, temos os seguintes componentes: cursos, procurando praticar, pessoas, ajudar os outros, loja, início, perfil, conta, buscar, sair.

Ao clicar em cada uma dessas opções, o viewer/usuário será direcionado a uma webpage subsequente que apresentará informações específicas sobre o que procura. Essa possibilidade de direcionamento mostra o que Costa (2005, p.172) diz sobre as mídias digitais não serem mídias de massa, em suas palavras:

cada usuário, ao fazer uso do seu computador, o utiliza segundo seu interesse e motivação, sem se processar o contágio típico de mídias analógicas. Além disso, cada acesso a um computador, a um programa ou a um site tem caráter único e performático – é aqui e agora.

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O simples clique no mouse inicia uma “cascata semiótica”, definida por Baldry e Thibault (2006, p. 126) como: “uma espécie de narrativa de múltiplas potencialidades criada pela sinergia entre diversos gêneros multimídia, como a trajetória de hipertexto passa a revelar”.

Nessa óptica, o chamado “esquema de gênero” é definido por Baldry e Thibault (2006, p.117) como ferramenta semiótica que possibilita que apenas um dos componentes que interage com todos os outros componentes envolvidos na rede de atividades distribuídas faça surgir os textos desejados. Isso significa, entre outras coisas, que o viewer/usuário reconheça o percurso gerativo de sentido que determinado item lexical possibilita. Em outras palavras, nessa perspectiva, o gênero é definido como uma tecnologia com a qual o escritor interage no processo de criação de um texto e com a qual exerce sua própria gerência dentro do processo. Assim, a trajetória de geração de sentido de uma dada instância de um gênero como uma narrativa ou argumento deve passar por certo numero de estágios em determinada sequência e deve atingir algum tipo de encerramento semântico. Vejamos isso textualmente:

Figura 23: webpage de „cursos‟ do website Livemocha

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Ao clicar com o mouse no componente “cursos”, o viewer/usuário será direcionado para os seguintes componentes: “meus cursos” e “matricule-se em um curso”, nesse ponto se ele já estiver estudando irá para o curso que já tiver escolhido, caso ainda não esteja matriculado, deverá matricular-se primeiro. Assim, revela-se o fechamento semântico esperado desse esquema de gênero, em outras palavras, há direcionamento lógico, não há escolhas aleatórias nesse percurso.

Vejamos outro exemplo desse fechamento semântico que resulta em algumas tarefas comunicativas, definidas por Nunan (1989, p.10) como:

uma parte do trabalho de sala de aula que envolve os alunos na compreensão, manipulação, produção ou interação na língua alvo enquanto a atenção está principalmente focalizada no significado e não na forma.

Se entendermos o website como uma sala de aula virtual e que nessa condição deve prever a realização de tarefas com propósitos específicos, o usuário, que nesse momento, passa a assumir a identidade de aluno, é levado a selecionar entre os componentes que aparecem desse novo clique no mouse em “procurando praticar” entre: cursos de vocabulário, clipes de vídeo e áudio; flashcards; pratique escrevendo; pratique falando e jogos.

Figura 24: Cluster do website Livemocha

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