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Equação 2 –Explicitação do cálculo da média ponderada

4 CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA

4.3 Descrição dos aspectos físico-naturais

4.3.1 Análise dos aspectos geológicos e geomorfológicos

Neste tópico, leva-se em consideração a estrutura geológica do espaço territorial que compreende a sub-bacia do Rio Pirapora e a interação com os fatores de formação que dão resultados no formato do relevo.

Faz-se importante perceber que o modelado superficial (geomorfologia) é o resultado das ações integradas internas e externas atuantes na crosta terrestre. Portanto, é reflexo das características do substrato rochoso (tipo e características do material) que interagem com os fatores de formação/forças endógenos (internos) e exógenos (externos). Tais forças são as responsáveis pelas diferenças fisionômicas do relevo (CORDEIRO, 2013).

Neste contexto, a ação do tempo, as características de gênese e os tipos e formas de processos que atuam e atuaram no passado, respondem pelo formato do relevo que se vê na superfície terrestre (ROSS, 2010). Souza (2000) afirma que a geologia influencia na composição ambiental de outros fatores físicos como a pedologia, considerando para tanto os tipos de solo, localização e disposição dos recursos hídricos e da fitoecologia. É, portanto, um importante viés de análise, tendo em vista seu caráter regulador do desenvolvimento de outros elementos.

Em se tratando mais especificamente da área objeto desse estudo, Medeiros et al. (1995), Brandão (1995), Souza (1988, 2000 e 2007) e Cordeiro (2013), afirmam que a composição geológica referente à sub-bacia do Rio Pirapora compreende os depósitos sedimentares Cenozóicos, ou coberturas sedimentares recentes, bem como ao domínio dos terrenos cristalinos: escudos e maciços

antigos e Depressão Sertaneja.

Faz-se um adendo informando que são os depósitos sedimentares Cenozoicos os terrenos que representam as áreas que mais interagem com o meio socioeconômico, mediante as ações antrópicas constatadas (BRANDÃO, 1995 apud CORDEIRO, 2013). Isso de deve as características de declividade, fertilidade dos solos ali existentes e proximidade com os recursos hídricos, principalmente, favorecendo um maior uso e ocupação dessas áreas, seja para produção agrícola, seja para moradia, ou para outros usos.

A problemática envolta dessa informação está posta nos conflitos socioambientais resultantes do processo de uso e ocupação. Do ponto de vista legal, incide sobre grande parte dessas áreas as medidas protetivas previstas na Lei

n° 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a preservação da vegetação nativa, especialmente, daquela situada às margens de recursos hídricos perenes, intermitentes, efêmeros, lóticos ou lênticos. Tal área protegida é denominada de Área de Preservação Permanente (APP) e sua área varia conforme as condições previstas na referida lei.

Salienta-se que a coexistência entre o uso e ocupação de ordem antrópica com a restrição legal, remete a um dos maiores problemas contemporâneos em termos de proteção de recursos hídricos urbanos.

Quanto aos terrenos cristalinos, Souza (2011) afirma que as exposições mais nítidas dessa porção geológica estão representadas pelas serras de Maranguape e da Aratanha. Tais componentes são considerados importantes atrativos naturais, o que favorece a busca pelo uso, especialmente turístico e de veraneio (por meio da existência de sítios particulares). Isso provoca uma intensificação nos processos de degradação ambiental, que compromete as características naturais da biodiversidade, dos recursos hídricos, dos componentes da paisagem e do equilíbrio ambiental, de uma maneira em geral.

A figura 28 apresenta a espacialização dos aspectos geológicos referentes à sub-bacia hidrográfica em questão, que, de acordo com Cordeiro (2013), com base nos trabalhos desenvolvidos por IPECE (2011), FUNCEME (2011), SRH (2008) e Brandão (1995), estabelece-se:

a) Depósitos Flúvio-aluvionares: são compostos por areias finas a grosseiras, argilas e cascalhos, podendo haver presença de matéria orgânica. São os sedimentos existentes nos leitos e terraços fluviais; b) Formação Barreiras: compostos por sedimentos areno-silto-argilosos,

alaranjados e/ou avermelhados, com granulação de fina a média e a presença de horizontes laterizados na base;

c) Complexo Granitóide-Migmatítico: formado por ortognaisses graníticos e migmatítos diversos.

Figura 29 – Mapa geológico

Em relação às características geomorfológicas, Cordeiro (2013), tomando como base os trabalhos de Almeida (2005) e Souza (1998, 2000 e 2007), afirma que a compartimentação geomorfológica presente na região é formada por áreas de

Maciços Residuais Pré-Litorâneos (ou Domínios Montanhosos, segundo a

classificação dada pela CPRM), de Depressão Sertaneja Dissecada em Colinas (ou Domínio de Colinas Dissecadas e Morros Baixos – CPRM), Depressão

Sertaneja Aplainada (ou Superfícies Aplainadas Degradadas – CPRM) e Planícies

Fluviais, com lineamento de orientação Nordeste – Sudeste.

Figura 30 – Perfil seguindo o curso principal da sub-bacia hidrográfica do Rio Pirapora

Figura 31 – Visualização 3D da sub-bacia hidrogrráfica do Rio Pirapora

Fonte: próprio autor, 2017.

Ao considerar tais características, destacam-se as feições geomorfológicas, de acordo com Cordeiro (2013):

 Maciços Residuais Pré-Litorâneos: considera-se o formato de

compartimentos elevados isolados, existente sobre o pediplano sertanejo cearense, próximos às regiões costeiras e com altitudes entre 600 e 900 metros.

 Depressão Sertaneja Dissecada em Colinas: consideram-se

características de uma superfície parcialmente dissecada em colinas rasas e sertões pé-de-serra, associados a recuos de vertentes.

 Depressão Sertaneja Aplainada: considera-se a existência de um perfil

topográfico plano, rebaixado, com caimento para o litoral e existência de rampas de erosão.

 Planície Fluvial: considera-se a existência de áreas planas e/ou

topografia pouco acidentada, resultantes de acumulação sedimentar fluvial, sujeitas a inundações periódicas e que bordejam as calhas dos rios.

Dadas as particularidades do relevo da área em estudo, estruturou-se o mapa geomorfológico visualizado na figura 31.

Figura 32 – Mapa geomorfológico.

No que se refere aos aspectos topográficos, como apresentado anteriormente, a sub-bacia hidrográfica do Rio Pirapora encontra-se em condições predominantes de baixas altitudes, cujas cotas topográficas estão para além de 240 metros na área de Domínio Montanhoso, mas abaixo dos 140 metros nas Superfícies Aplainadas Degradadas, percebendo-se uma transição referente ao Domínio das Colinas Dissecadas e Morros Baixos. A menor cota altimétrica está no vertedouro do açude de contenção de cheias do Rio Maranguapinho (Barragem), com 62 metros e a maior cota está na Pedra da Rajada com 920 metros de altitude.

Em síntese, percebe-se que a maior parcela do relevo é considerada como sendo suave-ondulado, cujas ondulações são iguais ou inferiores a 8% de declividade. Vale ressaltar que a zona de transição acima descrita consolida uma ruptura topográfica em termos de declividade, tendo em vista que nas áreas montanhosas a maior parte dos declives são superiores a 45%, contrastando com os relevos menos acentuados (CORDEIRO, 2013).

De acordo com Cordeiro (2013), os efeitos dessa disparidade de características topográficas entre os compartimentos geomorfológicos são diretamente percebidos na velocidade do escoamento e na velocidade dos picos de vazão a jusante dos recursos hídricos lóticos. Tal característica associa-se ao fato da região estar numa zona úmida (zona de barlavento), fazendo com que as chuvas orográficas sejam importante fator de manutenção da perenidade das nascentes dos recursos hídricos na Serra de Maranguape.

Figura 33 – Rio Pirapora registrado no período da estação chuvosa

Figura 34 – Mapa da declividade observada na sub-bacia hidrográfica.

Figura 35 – Mapa das curvas de nível

A análise dos aspectos morfoestruturais por meio da observação e descrição da paisagem consolida-se como importante devido a capacidade de se resgatar o ontem e o hoje, suas modificações ao longo do tempo e espaço, numa interação entre variáveis naturais e sociais (SOARES in SILVA et al., 2006).