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Equação 2 –Explicitação do cálculo da média ponderada

4 CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA

4.2 Descrição dos aspectos sociais

Neste tópico serão apresentadas observações feitas durante a construção da pesquisa relacionadas aos aspectos sociais da população residente na sub- bacia, ressaltando tratar-se do município de Maranguape. Nesse quesito, é válido iniciar trazendo a informação de que nas áreas levantadas, pode-se perceber a existência de uma quantidade significativa de famílias vivendo em situações desfavoráveis de habitação, reflexo da ausência de uma infraestrutura pública, bem como a ausência da oferta de serviços básicos essenciais. Porém, como em toda cidade, é notório o contraste social se considerarmos que também foram observadas condições ótimas de vida, mesmo que para uma parcela menor da população.

Figura 18 – Condições precárias de habitação, reflexo da situação de vulnerabilidade.

Fonte: próprio autor, 2017.

Figura 19 – Fotografia retirada de um anúncio de venda em um site de anúncios classificados (ce.olx.com.br), que expõe uma casa a venda, no condomínio Colinas, Maranguape/CE.

Fonte: OLX-CE, 2017. Disponível em: http://ce.olx.com.br/fortaleza-e-regiao?q=casa+condom %C3%ADnio+colinas+maranguape. Acesso em: 11 jul. 2017.

Dessa forma, pode-se perceber que há uma disparidade social no âmbito da sub-bacia, reflexo do modelo econômico vigente, resultando na segregação socioespacial, inerente as grandes cidades contemporâneas. Essa segregação socioespacial é ratificada pela realidade encontrada nos distritos do município, com habitações menos estruturadas, que comportam uma quantidade grande de pessoas por família. Em contraponto, há residenciais melhor estruturados, seja do tipo condomínio fechado ou não.

A existência de um condomínio de luxo contrasta com a expansão urbana verificada, sendo essa última caracterizada principalmente pelo desordenamento, precariedade nas vias, ausência de infraestrutura de saneamento ambiental (coleta de esgoto, tratamento de esgoto, coleta de lixo e drenagem urbana). Tal expansão urbana é razão para a existência de áreas com ocupação inadequada, uma vez que foram observadas situações de moradia inapropriada por estar nas planícies fluviais ou em zonas de elevada declividade.

Figura 20 – Padrão observado nas habitações situadas nos centros de distritos.

Figura 21 – Residências observadas no centro urbano e histórico de Maranguape.

Fonte: próprio autor, 2017.

Os problemas sociais visualizados estão associados, sobretudo, aos seguintes pontos: precariedade nas habitações, precariedade nas vias, coleta irregular de lixo, ausência de infraestrutura de saneamento básico na grande parte da sub-bacia (a exceção é apenas nas áreas do centro urbano), ausência de coleta e tratamento de esgoto na grande parte da sub-bacia, ocupação irregular de áreas devido a expansão urbana, ausência de drenagem urbana e quantidade insuficiente de equipamento públicos de atenção à população, sobretudo a mais carente. Podemos ver nas imagens a seguir a confirmação da informação.

Figura 22 – Residência situada as margens do Rio Pirapora, com traços de ruralidade, que ocupa uma área suficiente para provocar problemas de drenagem por ocasião das chuvas.

Fonte: próprio autor, 2017.

Figura 23 – Drenagem urbana deficiente.

Figura 24 – Coleta de lixo deficiente.

Fonte: próprio autor, 2017.

Figura 25 – Ocupação irregular, as margens do Rio Pirapora.

Figura 26 – Casas em situação de risco por estarem nas planícies fluviais.

Fonte: próprio autor, 2017.

Figura 27 – Casas em situação de risco por estarem em áreas de elevação topográfica.

Figura 28 – Susbtituição de vegetação fixadora de solo por monocultura da banana em áreas de elevação topográfica na Serra de Maranguape.

Fonte: próprio autor, 2014.

Apesar de não ser uma problemática estritamente social, vale ressaltar a predominância da monocultura da banana nas áreas de declividade da Serra de Maranguape. Considerada como um vetor econômico, esse tipo de produção, além de ser comum, faz parte do processo de formação histórica do município, permitindo renda para diversas famílias, desde as produtoras até as que disponibilizam sua força produtiva nos processos de coleta do produto, transporte e comercialização. Mesmo proporcionando renda, a produção de banana está associada a um problema socioambiental, haja vista que:

a) Os verdadeiros ganhadores de renda considerável são os proprietários de terras na serra, cabendo às famílias mais pobres a disponibilização de trabalho braçal, sem garantias trabalhistas e salário nos moldes da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Não caracteriza-se, portanto, como agricultura de subsistência ou agroecologia;

b) Caracteriza-se como uma monocultura de um produto que, dentre suas características principais, possui raízes rasas, baixo porte, alta produtividade e que deve ser plantada em áreas bem drenadas. Os problemas ambientais referem-se ao fato desse tipo de produção não garantir a fixação dos solos, além de ser substituto da vegetação nativa do local. Dentre os principais efeitos têm-se o carreamento de sedimentos e água, rápido escoamento superficial e subsuperficial e efeitos secundários como movimentos de massa. Dentre os efeitos

indiretos, podemos elencar o desmatamento de áreas para o plantio de banana e uso de técnicas rudimentares de agricultura que provocam efeitos ao meio ambiente e aos trabalhadores a serviço da produção agrícola em questão.

Obviamente, outros levantamentos podem ser elencados, no entanto, julga-se que fica clara a existência de condições socioespaciais que proporcionam a existência de famílias em situação de Vulnerabilidade Social. Isso poderá ser corroborado por meio do estudo estatístico-quantitativo dos dados referentes a população residente na sub-bacia. Vale ressaltar que as informações estatísticas que corroboram a determinação das áreas de Vulnerabilidade Social no âmbito da sub-bacia estão detalhadas no Capítulo 5 – Construção e espacialização das vulnerabilidades e riscos.