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Capítulo 4 Método e Resultados da Pesquisa de Campo

4.2 Análise dos dados

A etapa seguinte à aplicação do questionário destina-se à compreensão dos dados coletados, sendo:

• Confirmação ou não dos pressupostos;

• Responder as questões formuladas;

• Ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado.

Foi identificado que a permacultura, como é desenvolvida no Distrito Federal, apresenta a preocupação primordial de preservação do cerrado. A partir do estudo e observação das características desse bioma, os permacultores exercem suas atividades de maneira adequada ao tipo de solo disponível, ao índice pluviométrico e às características da vegetação.

Os permacultores consideram as práticas permaculturais as mais adequadas para a conservação e sustentabilidade das atividades humanas. Para tanto procuram pensar no ciclo das suas ações, do ponto de vista holístico, tendo conhecimento dos impactos do uso de determinada matéria-prima, preferindo materiais que podem ser reutilizados ou que possuem vida útil maior, evitando desperdício de energia para produção de insumos ou produtos.

A maioria dos permacultores conheceu a permacultura na Universidade, quando cursavam a graduação ou pós-graduação, e com o contato com estudantes que cursaram o PDC – Permaculture Design Course na Austrália. Para eles, ser permacultor é exercer e pensar a permacultura em vários aspectos, e em considerar, para a vida, seus princípios éticos de respeito às pessoas, à natureza e à forma de produção.

Interessante notar que mesmo os entrevistados que não são proprietários de estação permacultural, afirmaram atuar em estações que são ligadas à outras redes de permacultores, prestando serviços voluntários e desenvolvendo novas técnicas.

Um dos entrevistados afirmou que, apesar de morar no Plano Piloto, procura aplicar a permacultura como estilo de vida, a partir dos princípios permaculturais de cuidado com o que está à sua volta.

A partir da observação das 4 (quatro) Estações permaculturais visitadas, pode-se afirmar que foi notado um estado de preservação muito bom. No caso das propriedades que

apresentavam um estágio de degradação anterior ao início do design permacultural, a Chácara Santa Rita e o Sítio Tamanduá, percebeu-se um aumento da vegetação nos diferentes períodos de visita que ocorreram em três momentos, com intervalo de 6 meses, principalmente nas Áreas de Preservação Permanente, como resultado do trabalho de plantio de mudas nativas que houve na área.

Na Chácara Asa Branca existem dois tanques para armazenamento de água da chuva que é utilizada na propriedade para irrigação, banho e atividades domésticas.

No Brasil, as primeiras manifestações da permacultura começaram na década de 1990. No Distrito Federal, desde o ano 2000 as estações permaculturais vem desenvolvendo e aprimorando técnicas específicas para o cerrado. Todos os entrevistados fazem parte de alguma rede de permacultores. Das pessoas entrevistadas, 12,7% moram em ecovila. A maioria mora na propriedade ou tem pessoas da família que construíram suas casas na estação.

Todos os entrevistados disseram que possuem e utilizam seus veículos automotores, mas procuram articular a carona solidária como forma de economia de combustível, redução do número de veículos transitando e consequentemente contribuindo com a redução das emissões de dióxido de carbono. Quando é possível, preferem utilizar bicicleta. Quando perguntado sobre a situação ambiental do Distrito Federal após os próximos 20 anos, um dos entrevistados afirmou que um passo importante foi dado: ações para conter as invasões e grilagem de terra no DF. No entanto, por outro lado, novos bairros estão sendo implantados, aumentando, da mesma maneira, a concentração populacional, a impermeabilização de espaços que hoje são remanescentes de cerrado, como é o caso do setor noroeste.

Todos os entrevistados afirmaram que consomem o que é produzido na estação permacultural, geralmente frutíferas e hortaliças, ou os produtos orgânicos produzidos no comércio local. Para eles, a permacultura pode mostrar novos caminhos, apresentar uma nova forma de ver as coisas, produzir, consumir, etc. A experiência do parque da asa sul demonstra que pode haver uma expansão para espaços urbanos. A permacultura pode ajudar as pessoas a explorar novas escolhas. Escolha por alimentos saudáveis, redução do consumo desnecessário, buscar formas de transporte solidário, ter uma horta em casa, enfim, ter atitudes que simbolizam aquilo que é bom.

As estações permaculturais do DF têm, em média, 2 hectares. Muitas delas têm um histórico de degradação ambiental ou sofreram pressão pela urbanização das áreas vizinhas.

Levantou-se que as estações permaculturais produzem o que será consumido pelas famílias e o excedente é distribuído entre parentes e amigos.

As estações possuem técnicas para tratar a água cinza da cozinha, uma delas é o espiral de bananeira, técnica que será descrita com detalhas mais adiante. Quanto ao lixo, o que pode ser reutilizado, como caixa de leite, por exemplo, pode ser usado no viveiro de mudas.

Como é possível perceber pelas imagens de satélite (Anexo 1), as estações permaculturais estão em áreas que estão passando por um processo de urbanização e crescente pressão antrópica. Mesmo estando em áreas rurais, há uma tendência dos proprietários das áreas circunvizinhas para efetuarem o parcelamento do solo para vender os lotes.

As quatro estações visitadas recebem estudantes do Distrito Federal e pessoas interessadas em visitação, que é guiada. Há também a realização, ao longo do ano, de curso de Agrofloresta, biocontruções e o PDC – Permaculture Design Course.

Os entrevistados disseram que pretendem continuar os trabalhos com a comunidade, continuar na pesquisa e implantação de técnicas sustentáveis e aumentar a preservação do cerrado.